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Polônia, o verdadeiro significado de resistência

Após os resultados das últimas eleições presidências no Brasil, vários jovens em suas redes sociais passaram a se auto intitularem membros de uma suposta resistência contra o presidente eleito Bolsonaro. Mas que resistência é essa que apenas publica fotos  chorando na internet? Que falsa resistência é essa que resiste contra nada? Afinal, o que é resistência?

Na história da civilização ocidental encontramos várias exemplos de verdadeiras resistências, mas principalmente de católicos que resistiram às mais diversas ameaças contra a fé, como os primeiros mártires romanos, ou os cruzados na luta pela Terra Santa e a Reconquista Ibérica, ou os Cristeros no México.

Porém hoje devido a nova estratégia de manipulação e subversão que o progressismo adotou, a resistência é diferente. A luta hoje se dá de maneira menos física e mais social e moral, é uma luta mais suja e que ataca o interior e o espírito humano, afastando o homem cada vez mais de Deus. 

Contudo, ainda é possível encontrar sociedades  capazes de fazerem frente a essas ameaças. E admirável é o exemplo da Polônia!

A Polônia teve seu inicio como pais no século X e já surgiu como um país católico.Durante sua história sofreram invasões de hordas mongóis e russas. No período mais moderno a polônia conquistou sua independência do império russo e alemão apenas após a primeira guerra mundial. Porém, já em 1919 sofreram uma invasão soviética que ameaça sua soberania nacional e visava implantar o socialismo soviético na recém independente Polônia. E recebendo apoio de países vizinhos, como a Ucrânia, os poloneses conseguiram rechaçar a invasão soviética em 1921.

Entretanto, em 1 de setembro de 1939, compactuando com a URSS, forças nazistas invadiram e dividiram o domínio do país recém conquistado com os soviéticos. Várias atrocidades foram cometidas pelos nazis e soviéticos contra os poloneses, assassinatos, como o massacre de militares poloneses na floresta de Katyn  e deportações em massa para as campos de trabalhos forçados na Sibéria.

A Polônia foi sem sombra de dúvidas o país mais afetado pelos males da Segunda Guerra Mundial, foram mais de 5 milhões de civis poloneses mortos, totalizando quase 16% da população polonesa na época. Apesar disso, decidiu-se na  Conferência de Yalta, que decidiria os novos rumos da Europa pós guerra, que o novo governo polonês seria sancionado pela URSS, e mesmo após uma guerra que destruiu o país muitos poloneses ainda tiveram coragem e ânimo para pegarem em armas e resistirem bravamente contra a ocupação soviética. E gradativamente foram conquistando sua liberdade política da URSS, até o fim desta em 1991.

Atualmente, a Polônia continua sua luta, mas dessa vez  contra as agendas globalistas e anti cristãs, defendidas pela comunidade internacional e a ONU. No começo deste ano de 2018 os poloneses conseguiram restringir ainda mais o aborto no país, assim como lutam contra os males da ideologia de gêneros e do “casamento ” homossexual, e principalmente contra a islamização de seu país. Exemplo disso são as várias manifestações patrióticas que ocorrem em todo o país, mas principalmente ações de fé e orações, como a que ocorreu no ano passado chamada de “Rosário nas fronteiras”, uma genuína demonstração de fé, amor a Igreja, defesa de seus ideais e valores morais e culturais tão ameaçados.

Milhares de fiéis rezam o Rosário nas fronteiras da Polônia

Em tempos em que o mundo vê o Ocidente afundar de maneira tão rápida, acentuado pela islamização dos países europeus, ideologias imorais destrutivas de valores,que corroem com muito mais rapidez e que são mais nocivas e perigosas que uma invasão soviética, ainda encontra-se resistência em seu verdadeiro sentido, resistência ao errado, resistência ao imoral, resistência ao mundo.

Aborto – A gravidez como doença

Segundo a lei numero 12.845, de 1º de agosto de 2013, qualquer mulher vítima de estupro pode procurar uma unidade de saúde e fazer o aborto da criança no seu ventre. Ora, acontece que tal ato é pecado grave[1] e fere diretamente nossa Constituição que garante a “inviolabilidade do direito à vida” [2].

 

Aborto – o que a Lei diz

Art. 3º O atendimento imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS, compreende os seguintes serviços:

IV – profilaxia da gravidez;

Imediato, pois a mulher não precisa fazer nenhum tipo de boletim de ocorrência ou corpo de delito. Basta dizer que foi vítima de violência sexual – o que a lei entende por “qualquer forma de atividade sexual não consentida” [3]. Ou seja, o dia em que a desculpa da “dor de cabeça” não funcionar, o marido pode ser considerado como um molestador. E uma eventual gravidez dessa relação, encontra apoio legal para a prática aborto. Ou ainda, qualquer gravidez, desde que a mulher afirme ser fruto de um estupro – mesmo que não seja, poder ser interrompida gratuitamente pelo SUS.

Obrigatório, pois “ai” daquele médico católico que se recuse a assassinar uma vida. Assim, esta lei, além de legalizar o aborto na prática, abre brecha para a perseguição religiosa.

Assim como compramos um remédio profilático contra uma bactéria ou vírus, também podemos fazê-lo agora para a gravidez

Entretanto, é o inciso IV que mais chama a atenção. Dentre as medidas que o SUS deve adotar, está a “profilaxia da gravidez”; aborto, em outras palavras. Isso já foi discutido acima. O que chama atenção é o termo profilaxia, definido pelo dicionário Aurélio como:

Uso de procedimentos e recursos adequados para evitar doenças ou a sua disseminação

Sim! Gravidez é agora considerada doença e contagiosa, por sinal.

______________________

[1] “Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae” CIC, cân. 1398.

[2] Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[3] Art. 2º Considera-se violência sexual, para os efeitos desta Lei, qualquer forma de atividade sexual não consentida.

Jeans que não é preciso lavar e tribalismo

1463780957887-300x300Para o homem cristão, o traje não é apenas um agasalho para o corpo. Ele tem ainda a função de proteger o pudor que está no instinto humano.

Uma empresa brasileira acaba de lançar uma espécie de jeans que, segundo ela, não precisa ser lavado. A ideia é bastante chocante, mas está na lógica da revolução nos costumes, a que já se propõe o uso habitual do blue jeans, ou seja, um igualitarismo por baixo que leva para uma espécie de tribalismo.

Para o homem cristão, o traje não é apenas um agasalho para o corpo. Ele tem ainda a função de proteger o pudor que está no instinto humano. Esse instinto apareceu com o pecado original. Narra a Sagrada Escritura que Adão, após ter comido o fruto proibido, no Paraíso Terrestre, se escondia de Deus porque se encontrava nu. Deus, então, vestiu o primeiro casal: “E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.” Gênesis 3:21

Ademais, a civilização cristã, ao longo dos séculos, foi lentamente aprimorando os trajes de acordo com os costumes, mas sempre recatados. Assim, os homens passaram a usar trajes diferentes de acordo com a sua posição social ou mesmo com as suas profissões.

Com o advento da Revolução na Sorbonne de 1968, e mesmo antes, produziu-se uma decadência cada vez mais acentuada nos costumes. Conta o articulista da Revista Catolicismo, Nelson Fragelli, que “o blue jeans surgiu no mundo operário. Jakob W. Davis, trabalhador nas minas de Comstock, em Nevada (Estados Unidos), é reconhecido como o criador das “calças azuis rebitadas”, no fim dos anos 60 do século XIX. Ele criou uma roupa resistente usando o mesmo tecido das tendas de acampamento, com um tipo de costura aparente utilizada então para selas e arreios (…)”.

Eric Hobsbawn, historiador marxista, disse que a mais importante mudança do século não era a revolução comunista de 1917, nem sequer a revolução de Sorbonne: “Ao discorrer sobre os movimentos estudantis dos anos 1960, ele chegava a argumentar que ‘a marca distintiva realmente importante na história da segunda metade do século XX não é a ideologia nem as ocupações estudantis, e sim o avanço do jeans’ (…)” [1].

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O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira salienta a importância do traje para o espírito: “quem sabe que o homem não é só matéria, sabe também que o traje não é apenas um agasalho, que segundo a ordem natural das coisas ele deve também prestar serviço ao espírito.

Que serviço? Por uma propriedade que não é apenas convencional ou imaginativa, mas que crava raízes no âmago da realidade, certas formas, certas cores, as qualidades de certos tecidos, produzem no homem determinadas impressões, que são mais ou menos as mesmas para todos os homens. Impressões e, pois, estados de espírito, atitudes mentais, em certos casos todo um pendor da personalidade. É este um dos fundamentos da arte. Assim pode o homem, por meio do traje, exprimir até certo ponto sua personalidade moral, o que facilmente se pode notar no vestuário feminino, tão apto a espelhar o feitio mental da mulher.” [2]

Referências:

[1] Nelson Ribeiro Fragelli, “Breve história do blue jeans”, Revista Catolismo, Fevereiro de 2010.

[2] http://lepanto.com.br/catolicismo/revolucao-cultural-catolicismo/o-traje-espelho-de-uma-epoca/

 

Finados: lição de profundidade, força de alma, coragem e grandeza

2 de novembro de 1966

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

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Finados_Gisante_Saint_Denis
O túmulo (gisante) de Luís XII e de sua esposa Ana de Bretanha, na igreja de Saint Dénis (Paris). Pintura de Emil Pierre Joseph de Cauwer (1867)

O dia de Finados representa para nós muito e até muitíssimo. Porque diretamente é o dia no qual rezamos por todos os fiéis e por todas as almas que morreram e que porventura estejam no Purgatório. Mas é também o dia em que a Igreja – com aquele tato que Lhe é próprio e que é qualquer coisa de absolutamente inconfundível – nos recorda a realidade da morte.

Ela como que abre um precipício debaixo de nossos pés e nos faz ver uma multidão de almas que se encontram em estado de pena, de sofrimento, de um lado. E, de outro, a miséria da morte, a destruição da morte, a aniquilação da morte, a miséria da alma quando ela não vai diretamente para o Céu.

Seria bonito ver na liturgia de Finados – eu não sei se ela sofreu alguma reforma – as frases de Jó, as lamentações que lembram o homem levado até às beiras da loucura e que depois entra pelas fauces da morte adentro, inteiramente isolado, em que os ossos se calcificaram, a carne virou pó, um imenso pranto inunda sua alma separada do corpo, e aquela miséria daquela criatura pecadora posta numa atmosfera de punição, e esperando a misericórdia de Deus e a misericórdia dos vivos. Isso faz muito bem.

De quando em quando nós devemos meditar sobre a morte, para compreendermos o que há de profundamente real naquela advertência que o sacerdote faz na Quarta-feira de Cinzas: “Lembra-te, homem, de que és pó e que pó voltarás a ser”. Nós não somos outra coisa a não ser pó e voltaremos a ser pó.

E isso nos faz dar uma dimensão exata a todas as coisas dessa vida. Nós todos aqui, nessa sala, nesse momento, podemos estar movidos por desejos tão vários. Mas o que são esses desejos, quando a gente calcula o que a gente é? É uma coisa tremenda! 

“Quando eu passo pelo cemitério, eu vejo ali o meu destino” 

Outro dia estive lendo uma notícia em um volumoso periódico a respeito de morte súbita, e o Dr. “X” me disse que a coisa é assim mesmo como narrava essa matéria jornalística. Eu tinha sempre a idéia de que a gente antes de morrer precisava adoecer, ao menos de morte natural, não digo com um acidente qualquer, por exemplo, um caminhão que nos colhe. E que, portanto, enquanto a gente se sente bem, teria uma relativa segurança de que não vai morrer. Mas não é verdade. Pode-se estar passando perfeitamente bem, de repente forma-se no calcanhar ou na ponta do dedo, por exemplo, um coágulo determinado por razões que não se sabe quais são, e lá vai uma embolia… que se dirige ao cérebro e determina um efeito “X”, cujo fruto mais palpável é a morte. E isso pode dar-se com qualquer um de nós, a qualquer momento.

No momento em que eu estou falando aos Srs., é possível que esteja um coágulo a um centésimo de segundo do meu cérebro e que eu não acabe de pronunciar essa frase e caia morto.

Os Srs. até diriam muito erradamente, que eu estava prevendo minha morte quando eu falei, mas não é verdade. Eu estou prevendo senão a possibilidade de minha morte. E pode ser, entretanto, que eu não termine a frase.

Se eu sou algo de tão inconsistente, se um coágulo partido de meu calcanhar liquida com todos os meus desejos, todas as minha aspirações, todos os movimentos que eu tenha em relação às coisas dessa vida, se sou uma coisa tão, tão débil que, em ultima análise, eu sei que morrerei, quando eu passo pelo cemitério, eu vejo ali o meu destino que está fixado: é virar pó, ser corroído pelos vermes! É uma coisa horrorosa o modo pelo qual se dá a corrosão dos vermes. Dr. “Y”, uma ocasião, me deu umas informações a respeito de como isso se passava, descrita nas aulas de medicina legal que teve: é uma coisa tremenda. Porque primeiro o corpo começa a tomar, muito freqüentemente, um estado de sebo, de manteiga ou de gelatina e depois apodrece…

Olhem-se no espelho, pensem nos seus traços definidos e pensem quando tudo aquilo tiver um caráter repugnante e gelatinoso, virando a queijo mau cheiroso; quando o nariz, quando isso, quando aquilo tudo estiver horroroso… 

A meditação sobre a morte é benfazeja para criar desapegos, humilhar orgulhos e fazer compreender que podemos cair de um momento para o outro no julgamento de Deus

E vem a figura de vermes que devoram aqueles ossos… Assim como, por exemplo, na Revolução Francesa os terroristas devoraram os girondinos, que afinal, eram menos indecentes do que eles.

Os girondinos devoraram a velha monarquia francesa, já em estado de queijo, de sebo e de liquidação. Assim é a marcha inexorável das coisas…

Isso (decomposto e tragado pela morte) vou ser eu! É essa carne aqui, esses ossos cujo impacto eu estou sentindo vão ficar reduzidos a esqueleto; eu vou ficar esticado numa sepultura e não vou ser mais nada. Muita gente passará perto e dirá: “Que alívio!…” Um ou outro passará perto e dirá: “Coitado!” Algum se lembrará de rezar por mim. Eu peço que rezem bem… E isso é o desfecho de minha vida. Em certo momento estarei reduzido a ossos que causam horror a todo o mundo.

Eu pergunto: não é boa essa meditação para refrigerar muitos ardores, para criar muitos desapegos, para humilhar muito orgulho e para fazer compreender que nós podemos cair de um momento para o outro no julgamento de Deus vivo? Mas de um momento para o outro! Porque quem de nós sabe se vai chegar em casa hoje? Quem de nós sabe se daqui a uma hora não estará sendo julgado por Deus? E que não estará sendo queimado pelas chamas do Purgatório?

Ora, sem essas incertezas a vida não tem grandeza nenhuma. Nada é belo, nada na vida é atraente, a não ser com um pano mortuário no fundo. Porque é só pelo contraste que o homem conhece as coisas dessa vida. E é só pelo contraste com essa miséria fundamental é que a gente compreende como tudo quanto nós queremos aqui é pouco, e a grandeza de um outro destino que nos espera. 

A “civilização” moderna tem pavor do luto 

E por isso também que os liturgicistas querem acabar com tudo quanto na liturgia representa a morte. Eu já vi um deles advogar paramentos brancos para essa ocasião dizendo: “É um dia de alegria! O sujeito vai para o Céu. Toda a família deve estar satisfeita!…”

Eu não quis dizer a ele, mas a vontade que tive foi de lhe dizer: “Seu cândido, eu conheço bem seu carnaval. O que você quer é não olhar o pano preto, porque você tem medo que o pano preto caminhe junto a você e te envolva como um sudário. Você tem medo de pensar na noite escura para onde todos nós vamos. Mas você, na realidade, está com medo, porque sua consciência está intranqüila. Aqui é que está a verdade e é por isso que você não quer o preto.”

Então, como a civilização moderna tem pavor do luto…

Eu conheci o tempo em que umas viúvas retardatárias – não sei no Chile ou no Uruguai como era o luto – que usavam um luto que era todo de preto, de alto a baixo, um véu preto atrás, outro véu preto na frente, naturalmente transparente, diáfano, para a viúva poder ver por onde caminhava. E quando elas iam fazer visita para agradecer os pêsames, iam com tudo aquilo e levantavam o véu para conversar. Depois, abaixavam-no. Depois ia para outra visita…

Havia também o que se chamava “luto aliviado”, ou seja o luto diminuído em função do grau de parentesco com a pessoa falecida e do tempo transcorrido de sua morte: se esposo, pai, mãe, etc. Era, então, de branco e preto. E, finalmente, ao cabo de um ano ou dois anos se suprimia completamente o luto. 

A Revolução tem pavor da morte – Nós devemos encará-la com serenidade, com grandeza, inclusive no que ela tem de aflitivo e de tremendo 

Quanta gente diz: “Ah, isso é formalidade pura, eu não gosto disso!” Não é verdade. Você tem medo da morte e tem um tal pânico que tem medo até da cor preta. E tem medo de se sepultar naqueles lutos. No fundo, você tem medo de morrer. E é por causa disso que você não quer o luto.

É o pavor da morte que tem a Revolução. E é claro. Ela tem todas as razões de ter medo da morte…

Nós devemos encarar a morte com serenidade, com grandeza, inclusive no que ela tem de aflitivo, de tremendo.

Há uma miséria grandiosa na morte, onde a gente poderia dizer o seguinte: o ser inteligente, capaz de morrer, capaz de passar tão grande catástrofe, tem uma tal capacidade de grandeza que certamente uma outra vida e um outro destino o espera. E nisso então compreender bem toda a nossa grandeza.

Eu digo mais: para minha caríssima geração nova – já não digo da minha geração que já está rifada – não é só a consideração da morte que faz bem: a visão da dor também é benfazeja. Às vezes tenho vontade de fazer papel de turista, levando alguns dos Srs. para um hospital do câncer, para uma Santa Casa, para hospitais onde tem, como aqui na Santa Casa, gente que sofre de úlcera exposta assim na mão, no rosto, num membro, para nós compreendermos qual é o papel da dor na vida, o que é o papel do sofrimento na vida. E compreendermos que não se pode levar uma vidinha de boneca de louça, ignorando essas coisas e não tendo coragem de as ver de frente

“Nem Luís XIV em todo o seu esplendor teve a majestade de Jó no seu monturo” 

Eu já tive vontade também, mas acho a coisa aventurosa, de um dia fazer comentários de alguns trechos do livro de Jó, o qual tem umas descrições as mais faustosas da dor. Eu nunca vi tanta majestade na dor e nunca vi tanta majestade fora da dor, como no livro de Jó.

Se é verdade que Nosso Senhor disse que Salomão, em toda a sua glória, não se vestiu como um lírio do campo – sentença admirável e inteiramente verdadeira! – eu acho que se pode dizer que Luís XIV em todo o seu esplendor não teve a majestade de Jó no seu monturo!

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Representação de Jó

As lamentações de Jó são das coisas mais majestosas que tenha havido na terra. E aí a gente compreende a majestade da tragédia, a majestade da tragédia grossa, que chega aos últimos limites, a grandeza que o homem tem conservando a serenidade sapiencialmente diante dessa tragédia.

Sei que as lamentações de Jó são de um gênero de literatura muito singular e muito pouco apreciado. Mas foi inspirado pelo Espírito Santo. É um excelente Autor, eu garanto aos Srs… 

Rezar pelas almas do Purgatório pelas quais ninguém inclui em suas preces 

Tudo isso a propósito do dia dos mortos. É a lição que os mortos nos dão e que a morte nos dá. É uma lição de profundidade, uma lição de força de alma, uma lição de coragem, uma lição de grandeza, que é incomparável.

Antigamente havia reportagens sobre a morte até em jornalecos ordinários, em que o cronista, quando descrevia alguém que morreu, para dizer que tinha falecido, dizia: “Por fim,  expirou e a majestade da morte revestiu os seus traços”. Era uma idéia muito bonita.

Há uma majestade da morte e, sobretudo, de certos mortos que tomam uma majestade que é a própria imagem da majestade de Deus puniente, de Deus enquanto castiga, é a majestade do trovão, a majestade do relâmpago, a majestade do terremoto, é a majestade dos cataclismos; é algo que é preciso conhecer e amar. Porque quem não conhece isso, não ama isso, e não é capaz de ver Deus inteiro: na sua afabilidade sem fim, na sua meiguice sem fim e na grandeza de sua justiça também sem fim.

Todas essas são meditações úteis para se fazer a respeito do dia de finados.

Vamos rezar para os mortos numa proposta a eles, que eu faço assim: que as orações dessa noite – desde que Nossa Senhora, que é detentora de todo o valor de nossas orações nisso consinta – sejam para as almas do purgatório que mais estejam abandonadas e para as quais ninguém reza; almas talvez que tenham mil anos para cumprir ainda, no fogo, etc., e ninguém reza por elas. Mas com uma condição: que elas nos obtenham a compreensão, o amor e o entusiasmo por toda as sombras com que a morte enriquece a estética do Universo e os panoramas verdadeiros da vida humana.

(Santo do Dia de 2 de novembro de 1966 http://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_661102_finados.htm#.VjEcEdKrTIU)

O traje, espelho de uma época

Quando uma época se preocupa em elevar o homem, é sedenta de dignidade, de grandeza, de seriedade, dispõe o vestuário – comum ou profissional – de maneira a acentuar em cada pessoa a impressão desses valores.

ACC_1952_020_1O traje, de um ponto de vista meramente material, isto é, quanto ao serviço que presta ao corpo, não é senão um agasalho. Quando muito se lhe pode reconhecer a função de proteger um certo pudor que brota das profundezas do instinto.

Mas quem sabe que o homem não é só matéria, sabe também que o traje não é apenas um agasalho, que segundo a ordem natural das coisas ele deve também prestar serviço ao espírito.

Que serviço? Por uma propriedade que não é apenas convencional ou imaginativa, mas que crava raízes no âmago da realidade, certas formas, certas cores, as qualidades de certos tecidos, produzem no homem determinadas impressões, que são mais ou menos as mesmas para todos os homens. Impressões e, pois, estados de espírito, atitudes mentais, em certos casos todo um pendor da personalidade. É este um dos fundamentos da arte. Assim pode o homem, por meio do traje, exprimir até certo ponto sua personalidade moral, o que facilmente se pode notar no vestuário feminino, tão apto a espelhar o feitio mental da mulher.

ACC_1952_020_11-227x300O traje profissional tende a exprimir mais do que o feitio mental de um indivíduo, o feitio mental próprio à profissão: será sóbrio como uma batina de Sacerdote, grave como uma beca de professor, imponente como um manto de Rei, etc.

Quando uma época se preocupa em elevar o homem, é sedenta de dignidade, de grandeza, de seriedade, dispõe o vestuário – comum ou profissional – de maneira a acentuar em cada pessoa a impressão desses valores. Será ou tenderá a ser nobre, digno, varonil, o traje de todo homem, desde o Soberano até o último plebeu. É o que se nota nos trajes antigos. Publicamos nesta pagina a fotografia de um mero porteiro do Banco da Inglaterra, com suas vestes tradicionais. Seria impossível exprimir e valorizar melhor a modesta mas real parcela de responsabilidades que seu cargo, obscuro mas honesto possui.

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Os outros clichês representam contemporâneos nossos vestidos como o são habitualmente, nas praias e nos campos de certos países, homens de categoria que se prezam de estar em dia com o “progresso”. Estes trajes, como se sabe, tendem a invadir toda a vida: já são francamente admitidos no uso corrente em algumas cidades, como Paris no verão.

ACC_1952_020_2-175x300 ACC_1952_020_3-133x300Que mentalidade revelam estes trajes? Tudo quanto se pode talvez tolerar num menino… mais nada.

Que oportunidade dão eles a que se espelhe o que a alma de um homem bem formado deve espelhar, em qualquer classe social, isto é, gravidade, senso de responsabilidade, elevação de espírito?

A resposta é óbvia.

“Dize-me como te trajas, e eu te direi quem és”. Esta máxima, tantas vezes errada se a quisermos aplicar a cada pessoa individualmente considerada, é bem verdadeira para as várias épocas da Historia.

Dois tipos de traje, duas mentalidades, dois estilos de vida.

Que diferença! E quem ousará dizer que foi para melhor?

*Publicado originalmente em “Catolicismo” Nº 20 – Dezembro de 1952   na seção “Ambiente, Costumes, Civilizações”

 

A VIDA LENDÁRIA DE SÃO DIMAS

Contam antigas lendas que a Sagrada Família, ao fugir para o Egito, quis refugiar-se, para passar a noite, numa cova que, por desgraça, era uma guarida de ladrões.

O Capitão dos bandidos sentiu-se comovido ao ver a venerável bondade de S. José, a pureza e formosura da SS. Virgem e o olhar todo celeste do Menino Jesus. Acolheu-os, deu-lhes de comer e, na manhã seguinte, ofereceu-lhes pão para a viagem e, a Maria, uma bacia d’água para banhar o Menino. O capitão tinha um filhinho, da idade de Jesus aproximadamente, que se achava coberto de lepra. Nossa Senhora, correspondendo às finezas daquele homem rude e duro, mas que algo de bom tinha no coração, aconselhou-o a lavar o filhinho na água em que banhara o Menino Jesus.

Assim o fez o bandoleiro e, no mesmo instante, seu filhinho ficou curado da lepra. O capitão lembrou muitas vezes ao filho a quem devia a saúde e a vida, dizendo: “Foi o milagre dum Menino de tua idade, que seria, quem sabe, o Messias anunciado pelos profetas”.

Crescendo, seguiu aquele menino o exemplo do pai, tornando-se ladrão. Preso e condenado à morte, ao subir ao Calvário, ia pensando em Jesus, seu companheiro de suplício, que era tão santo e paciente, que sem dúvida, havia de ser o Messias, aquele mesmo Menino que o livrara da lepra. As lendas dizem que o bom ladrão se chamava Dimas e o mau, Gestas. Ambos foram condenados a morrer junto com Jesus e no mesmo suplício.

Atrás de Jesus subiram ao Calvário, levando suas cruzes. Junto com ele foram levantados nas respectivas cruzes. Viram como os soldados repartiram entre si as vestes do Salvador; mas, como a túnica era de uma só peça, tiraram a sorte a ver quem a levaria. Ouviram as palavras de Cristo: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”.

Jesus era objeto de todos os insultos. A multidão, curiosa e soez, passava por diante dele, e, movendo a cabeça em sinal de desprezo, dizia: “Vamos! tu que destróis o templo de Deus e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és o Filho de Deus, desce da cruz.. .”

Todos blasfemavam e insultavam a Jesus. Mas a graça operou um milagre: Um dos ladrões, Dimas, considerando as virtudes sobre-humanas de Jesus, creu ser ele o Messias prometido e amou de todo o coração a Bondade infinita. Dirigindo-se a Gestas, o outro crucificado, repreendeu-o, dizendo: “Como não temes a Deus, estando como estás no mesmo suplicio? É justo, na verdade, que soframos por nossos crimes, mas Jesus, que mal fez ele?”.

E cheio de esperança e com grande arrependimento disse a Jesus: “Senhor, quando chegares ao teu reino, lembra-te de mim”. Jesus, olhando Dimas com infinita misericórdia, respondeu: “Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no paraíso”.

Naquela mesma noite, a alma de Jesus visitou o limbo dos justos e concedeu ao bom Ladrão a vista de Deus, a felicidade eterna.

 

(Fonte: Tesouro de Exemplos – P. Francisco Alves .C.SS.R)

 

A beleza e alegria no risco

(Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 16 de setembro de 1989. A transcrição não passou pela revisão do autor.)

Observando esta foto, a primeira impressão que se tem é a do risco na marcha do cavalo e do cavaleiro diante do perigo. Há um gosto, uma espécie de alegria e euforia, em a pessoa se atirar dentro do risco.

Tem-se a impressão de que o risco produz psicologica­mente, no cavalo e no cavaleiro, um arejamento fresco e agradável. Cavalgar dentro do risco e do imprevisto, improvisando atitudes necessárias — ora avançando, ora recuando, e várias outras atitudes tomadas de acordo com certa regra — faz a beleza do rejoneo, que é a tourada realizada a cavalo. Nesse evento o cavalo deve correr muitíssimo bem e avançar com passo lindo e audacioso. Mereceria ter o nome de Relâmpago ou de Corisco.

O animal age por instinto, mas dir-se-ia que esse cavalo tem noção raciocinada do que está ocorrendo, e acha uma verdadeira beleza jogar-se para frente e raspar no peri­go. Tem-se a impressão de um bem-estar do cavalo na hora em que o touro avança contra ele. Roça no perigo, mas sai com elegância, como se dissesse: “Touro, não és senão touro; eu sou superior, sou um cavalo — sou elegância, força e garbo. Tu és massa bruta, és mera força. E por causa disso eu posso raspar-me em ti, posso até permitir que teu chifre me risque, para eu ter a alegria de passar rente ao perigo e sair vitorioso. Tu és apenas uma almofada na qual se cravam as banderillas”.

Reações assim lembram as reações do espírito humano. Colocados diante do perigo em várias circunstâncias da vida, certos homens têm atitudes como essas. Não é só o perigo da morte, mas também o perigo que se corre numa argumentação ou numa jogada política, numa manobra arriscada. Há homens que se saem assim.

Agrada-nos ver no touro aquela força, mas ele tem apenas a força bruta, não tem expressão, não tem nada de “humano” na sua atitude. No cavalo há algo que lembra reações humanas, e por suas atitudes ele parece trans­cender da mera condição de bicho, entrando um pouco no reino dos homens.

Texto publicado na revista Catolicismo na edição de novembro de 2018

Fátima: a Mensagem, a indiferença e o Castigo.

É inegável que a devoção a Nossa Senhora de Fátima, atualmente, é muito conhecida, se não em todo o mundo, pelo menos em boa parte dele. Porém, o que é desconhecido de muitos, mesmo e até principalmente entre os devotos, é o conteúdo de sua Mensagem.

Comumente, falam em Nossa Senhora de Fátima, mas a Mensagem que ela transmitiu é completamente ignorada.

O presente artigo  tem como finalidade relembrar a importância das admoestações e conselhos dados pela Mãe de Deus.

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Nossa Senhora apareceu pela primeira vez em Fátima, em 13 de Maio 1917. O local das aparições é uma pequena propriedade dos pais de Lúcia, chamada cova da Iria, a dois quilômetros de Fátima.

As aparições costumavam se dar por volta do meio-dia, em cima de uma arvorezinha, denominada Azinheira. Ela apareceu seis vezes seguida, uma em cada mês, sempre no dia 13 – exceto em agosto, quando se mostrou alguns dias depois do convencional – a três pastorzinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta, de respectivamente 10, 9 e 7 anos (foto abaixo).

Em todas as suas aparições, Nossa Senhora insistiu muito em dois pontos: primeiro, a crise moral que estava desolando o mundo em 1917 e os pecados cometidos em consequência disso; e, segundo, o remédio que viria por meio da oração e da penitência.

Sobre os pecados cometidos contra Deus, dizia: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” “Ides, pois, ter muito o que sofrer”.

“Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.

É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.”

“Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido.” (Cf Memórias II, p.126, pp.330, 336; De Marchi, pp.58-60; Walsh, pp. 52-53; Ayres da Fonseca, pp. 23-26; Galamba de Oliveira, pp.63-64)

É importante ressaltar que Nossa Senhora, em suas seis aparições, enfatizou enormemente sobre os pecados cometidos, e a gravidade dessa situação era tal que Ela chegou  ao ponto de ter que mostrar o inferno às três crianças.

A irmã Lúcia nos narra sobre a visão do inferno que teve, e das almas que nele caíam: “Ao dizer estas últimas palavras, [Nossa Senhora] abriu de novo as mãos como nos dois meses passados. O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo.

“Mergulhados nesse fogo, os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhantes ao cair das faúlhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizavam e faziam estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa.” (Cf Memórias II, p.138, pp.218, 220; IV; pp. 336  a 352; De Marchi, pp.90-93; Walsh, pp. 75-77; Ayres da Fonseca, pp. 41-46; Galamba de Oliveira, pp. 72-78 e 146-147). (grifos nossos).

Santa Jacinta chegou a afirmar: ”Os pecados do mundo são muito grandes”.

E isso em relação ao mundo de 1917! O que Nossa Senhora diria do mundo atual…? O que Ela diria das modas, sendo que já naquela época eram causa de muitos pecados?

Para remediar essa situação Ela indicou: oração e penitência.

“Continuem sempre a rezar o terço todos os dias”.

“Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.

“É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados”

“Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido”

A Santíssima Virgem também nos indicou a devoção ao seu Imaculado Coração: “Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono”.

“Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração.”

 

Depois das admoestações e conselhos da Mãe de Deus, àqueles que ainda insistirem em uma vida de pecados, Ela advertiu: “Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados.

“Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas…” (Cf Memórias II, p.138, pp.218, 220; IV; pp. 336  a 352; De Marchi, pp.90-93; Walsh, pp. 75-77; Ayres da Fonseca, pp. 41-46; Galamba de Oliveira, pp. 72-78 e 146-147).

 

Cabe lembrar que, em 1917, o mundo enfrentava a 1º grande Guerra, assim, ao prometer o seu término, Nossa Senhora mais uma vez chamou a atenção da humanidade para que deixassem de ofender a Deus Caso contrário, viria a Segunda Guerra Mundial.

Pela enorme destruição e número de mortes, consequências da Segunda Guerr, é possível medir o tamanho do castigo. E, para merecer tamanho castigo, qual não era a enormidade das ofensas?

E não só a Segunda Guerra viria como castigo, como também a Rússia espalharia seus erros pelo mundo: o comunismo e as várias formas deste. Também as perseguições e guerras que promoveria contra a Igreja, são consequências.

Mais ainda: “…várias nações serão aniquiladas…”. A Santíssima Virgem, prevendo o abismo que cairia a humanidade caso não fosse ouvida sua Mensagem, alertou a cerca de uma punição, que seria de tal gravidade que aniquilaria várias nações.

Porém, no meio de tantas repreensões, nos dá o seu sorriso de Mãe: “por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”.

Ou seja, depois de colossal castigo, será concedido ao mundo algum tempo de paz, mas não um tempo comum, com uma paz comum, será o período do Triunfo do seu Imaculado Coração. Triunfo este sobre as instituições, sobre as mentalidades, sobre os modos de ser, enfim, será, resumindo em toda a plenitude da palavra, um verdadeiro Triunfo.

 

A indiferença: O pior pecado face à Fátima

Não obstante, para chegarmos ao Reinado de seu Imaculado Coração, é preciso, como o ressaltado tantas vezes pela Mãe de Deus, a emenda de vida.

Infelizmente, o que vemos até aqui é um completo descaso a Nossa Senhora.

Os homens pecam, revoltam-se contra Deus. Ele, em sua infinita bondade e misericórdia, nos envia sua Mãe, que, com análoga bondade nos indica o caminho a ser seguido.

E como nós reagimos ante tamanha demonstração de amor por parte de ambos? Resposta: Completo esquecimento.

Se as pessoas não se converterem e não se emendarem, elas cometem um dos piores pecados contra a mensagem de Nossa Senhora de Fátima: a indiferença.

Os apelos de Nossa Senhora não foram atendidos. O mundo seguiu um rumo radicalmente oposto ao indicado em Fátima.

E mesmo algo simples de ser atendido, como a oração, foi foi também negligenciada. Contam-se nos dedos o número de pessoas que rezam o Terço diariamente como Ela pediu.

Não é necessário falar dos pecados e da decadência moral, que chegaram a pontos inimagináveis. Não há comparação que se possa fazer, dos pecados de hoje em relação aos de 1917. É uma distância abismal que os separa.

Homossexualismo, aborto, eutanásia, ateísmo, modas imorais, o silêncio e, algumas vezes, até mesmo o veneno vindo daqueles que realmente deveriam guiar, deveriam ensinar… Como não pensar em Castigo?

Sim, virá. Com certeza virá. É o que tudo indica. É que tudo confirma. Foi algo condicional o que Ela disse: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não…”

Se não…

Depois o mundo não poderá reclamar: “Mas, se pelo menos fossemos avisados…”. Porque o aviso já foi dado, a Mãe de Deus o deu. Não reclamemos quando chegar a hora da justiça divina.

Porém, lembremo-nos todos, quando a Justiça divina descer dos céus, que Nossa Senhora, a Mãe de Misericórdia, receberá com amor e ternura todos aqueles que mostrarem um sincero arrependimento, todos que se voltarem a Ela com um coração arrependido e humilhado. Não desesperemos. Recordemos também: “Por fim meu Imaculado Coração Triunfará”. É o Reino d’Ela, que, no final de tudo, será instaurado sobre toda a face da Terra, e preparado para os que abraçarem ao seu Imaculado Coração.

A Cidade de Deus e a Cidade do Homem

Autor: Pe David F.

São Paulo distingue no ser humano – na primeira Epístola aos Tessalonicenses – o corpo, a alma e o espírito, enquanto em outras cartas se refere apenas ao corpo e à alma, como costuma ser apresentado na filosofia aristotélico-tomista. Ao tomar a divisão do homem em três partes, o Apóstolo atendia com certeza à mentalidade e à concepção helenistas de então.

Por ser próvido, Deus protege o homem, dispensando-lhe graças e ajuda, porque a qualquer momento o mal pode se abater sobre ele, tanto na alma quanto no corpo. Com bondade de Pai, Ele fala no fundo de seus corações palavras de confiança e de serenidade, conforme escreve o Abbé Thomas de Saint-Laurent no Livro da Confiança:

São Paulo Apóstolo
São Paulo Apóstolo
“Voz de Cristo, voz misteriosa da graça que ressoais no silêncio dos corações, Vós murmurais no fundo das nossas consciências palavras de doçura e de paz. Às nossas misérias presentes repetis o conselho que o Mestre dava frequentemente durante a sua vida mortal: confiança, confiança”.

Convém ressaltar que em outra passagem das Escrituras, Deus dá a entender que o germe de deterioração, como a cabeça de alfinete, pode aflorar com frequência nas regiões misteriosas do homem: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz e mais penetrante do que toda espada de dois gumes; chega até à separação da alma e do espírito, das junturas e das medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração. Não há nenhuma criatura invisível em Sua presença mas todas as coisas estão a nu e a descoberto, aos olhos daquele a quem falamos” (Hb. 4,12).

Deus, onisciente e sábio, desvenda os pensamentos humanos e penetra – para empregar a palavra dos Salmos – em seus próprios rins. Para discorrer sobre essas regiões insondáveis do homem, onde nascem as ideias e as resoluções, valemo-nos do velho Simeão ao se referir a Maria Santíssima: “E uma espada traspassará a tua alma, a fim de se descobrirem os pensamentos escondidos nos corações de muitos” (Lc. 2,35).

A cidade do Homem
Castelo de Leeds, Kent, Inglaterra
Castelo de Leeds, Kent, Inglaterra

Confrontando os textos acima, ao utilizar a figura da espada que penetra até a medula ou junção da alma e do espírito, pode-se verificar a existência de uma região misteriosa na qual se originou sua imensa e profunda dor pela maldade dos homens. É aí que a Revolução, pelos atrativos do mundo, não mede esforços para desordenar as paixões humanas.

Por sua grandeza e excelência, o homem aspira pelo maravilhoso, pelo esplendor e pelas harmonias do unum, bonum, verum e pulchrum. A sua própria constituição ontológica tende para Deus e para tudo que espelha e reflete as perfeições divinas na criação. Tomemos o exemplo de uma criança inocente.

Ela gosta de ouvir contos de fadas, de princesas e de castelos, e de se admirar com eles; idem em relação aos jardins, às flores e às fontes; ela propende a cavalgar o épico e o maravilhoso da vida. Para desviá-la de tais tendências, a Revolução cria desenhos animados monstruosos, brinquedos obscenos que são verdadeiros monstros, velocidades siderais para quebrá-la psicologicamente.

Jorge III e Carolina de Brunsvique com os 6 filhos mais velhos
Jorge III e Carolina de Brunsvique com os 6 filhos mais velhos

A criança torna-se agitada, nervosa e cheia de torcidas, perdendo assim as referências do respeito, do acatamento e da docilidade. Poder-se-iam acrescentar ainda as inúmeras alusões aos divertimentos eletrônicos, ao mundo virtual com experiências de novas sensações e cacofonias, que vão atuando nessas regiões profundas de sua alma, destemperando-a, desequilibrando-a para a vida.

As crianças assim deformadas rompem com a sua axiologia – isto é, com a ordem das coisas, que é naturalmente boa – e caminha rumo à negação de Deus, começando o mais das vezes por palavrões, violências e intemperanças de toda ordem. Isso se passa, voltamos a repetir, nas camadas mais profundas da alma, nas junturas onde o espírito se une com a alma.

A partir daí, o caminho para a ação preternatural, ou seja, diabólica, fica aberto para os inimigos de Deus através de uma nova forma no vestir-se, na maneira de se comportar e se expressar, no ver e julgar a realidade, resultando no rompimento do cristal da inocência que comprometerá o procedimento da pessoa.

Tablet-2Pelos novos hábitos, peca-se sem se dar conta de que se está distanciando da fé, de suas relações com Deus, com a Igreja, com o mundo criado no que ele tem de ordenado e deslumbrante. Perde-se também o equilíbrio na vida familiar, onde o pai representa o rei e a mãe, a rainha; quebra-se a harmonia no convívio e cada um vai se refugiar no seu próprio egoísmo.

Peca-se por não levar a vida segundo os ditames da fé e da prática da verdadeira caridade cristã, ao cultuar valores de uma dita cultura que prestigia o orgulho e a sensualidade, como a ideologia de gênero que vem sendo imposta em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil. Todos esses males conduzem a pessoa a incorrer na presunção de ganhar o Céu sem nada fazer ou aprender para alcançar tão sublime benefício. E, ainda pior, a cair no desespero da própria salvação eterna.

 

Trabalho árduo e meticuloso que vem sendo levado a cabo pelos asseclas de Satanás no processo multissecular que se iniciou com a decadência da Idade Média, período histórico mais próximo da Cidade de Deus, a qual os referidos asseclas transformaram na Cidade do Homem, em cujos abismos nós hoje nos encontramos.

O heroísmo católico e a decepção do mundo moderno

Autor: Santiago Escobar

Estamos testemunhando a extinção da chama do heroísmo que moldou profundamente a história da civilização ocidental, brilhando em momentos diferentes. Brilhou quando os católicos resistiram nas catacumbas aos sanguinários governantes romanos, ou quando monges das mais diferentes procedências, iluminados pela fé e o mandato apostólico, evangelizaram as hordas bárbaras que os ameaçavam com violência.

Também brilhou quando os destemidos cruzados, muitos deles pertencentes a ordens religiosas de cavalaria, como os Templários e a Ordem de Cristo, lutaram contra os infiéis muçulmanos em terras inóspitas e difíceis, a milhares de quilômetros de seus países, ou quando denodados missionários jesuítas evangelizaram os povos pagãos no Oriente. Brilhou mais recentemente quando fiéis mexicanos defenderam sua religião das perseguições iníquas dos comunistas que queriam destruir qualquer noção de piedade nas bravias terras mexicanas.

Todos esses exemplos citados acima nos mostram um alto senso de heroísmo. Católicos capazes de comprometer todas as suas forças e até, se necessário, dar suas próprias vidas por um interesse mais alto do que o deles próprios. Esses são os verdadeiros ideais! Foram esses tempos maravilhosos que a passagem arbitrária da modernidade está destruindo.

Decepção.

O homem contemporâneo, por causa de seu desejo egoísta de satisfação pessoal a qualquer preço, está perdendo cada dia mais o sentido da vida. É por isso que as estatísticas estão se tornando cada vez mais preocupantes, dado o aumento de pessoas com depressão (especialmente os jovens). Também preocupa o tédio da vida contemporânea, que resulta muitas vezes em frustração, porque as pessoas tentam ser o que não são, procuram comprar aquilo para o qual não têm o dinheiro necessário.

Podemos ver então, como numa regressão estatística, as relações das diversas variáveis: aumento da depressão, monotonia, falta de interesse por qualquer coisa que não seja o “eu” e, por outro lado, a variável progressiva da descristianização, que no fundo é a perda do amor à cruz.

Ilusão otimista

A modernidade trouxe uma nova maneira de entender a política e a sociedade. Surgiu assim o estado de bem-estar social (Welfarestate), no qual os homens julgavam poder encontrar a felicidade total nesta terra pelos benefícios proporcionados pelo Estado, aumentando neles um espírito de segurança falsa. Mas — oh desapontamento! — as instituições estão se afundando, aniquilando-se. Vivemos hoje no maior caos institucional.

Um sintoma de tudo isto são os social-democratas na Alemanha, que recebem de mãos abertas legiões de muçulmanos ébrios por conquistar a Europa, enquanto rotulam esse suicídio de humanitarismo. Ou os profetas do ambientalismo que, apesar do descrédito científico, insistem em nos impor, até mesmo em encíclicas, um catastrofismo que leva as pessoas a uma psicose ambiental. O homem não é mais considerado como o rei da natureza, como Deus o criou, mas como o invasor que depredou o ecossistema. Temos, portanto, uma enxurrada sistemática de sofismas visando a desestabilizar dia a dia o homem contemporâneo.

Por isso, caro leitor, encorajo-o a fazer parte da luta ordeira e pacífica que o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira empreende diariamente em todo o Brasil, com vistas a manter acesa “a mecha que ainda fumega” (Mt 12, 20). Não apenas isso, mas, sobretudo, obter que o Divino Espírito Santo, a rogos de Maria Santíssima, faça com que dessa mecha brote um incêndio de amor e justiça incontenível que se estenda sobre toda a face da Terra e a renove completamente:“Emite Spíritum tuum et creabuntur, et renovabis fáciem terrae” — Enviai o vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da Terra