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Quem ainda precisa de teorias da conspiração, quando os próprios ‘progressistas’ descrevem abertamente o mundo do pós-Coronavírus?

Oferecemos a nossos leitores, em primeira mão, a tradução de um artigo[1] escrito pelo conhecido autor americano John Horvat II. Sua obra “Return to Order” já ultrapassou a expressiva cifra de 330 mil exemplares.

Neste artigo, o autor mostra como, navegando a crise suscitada pelo vírus chinês, forças “progressistas” põem jogo importantes cartas de seu plano maquiavélico.

O texto é direcionado ao público norte-americano. Feitas as devidas adaptações, entretanto, encaixa-se muito bem no panorama de todos aqueles que se preocupam com o pânico forjado a nível mundial.

Aguardamos ansiosos a opinião de nossos leitores!

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Quem ainda precisa de teorias da conspiração, quando os próprios ‘progressistas’ descrevem abertamente o mundo do pós-Coronavírus?

John Horvat II

 

Quem acha que a crise do coronavírus representa uma trégua na enfurecida guerra cultural está muito equivocado. Essa guerra só tende a recrudescer.

Da mesma forma, engana-se também quem pensa que seja necessário arquitetar complexas teorias conspiratórias para explicar o que está acontecendo.

Pensadores ‘progressistas’ têm proclamado abertamente como eles concebem a ordem pós-coronavírus. Seus prognósticos não seguem uma narrativa em que tudo retornará à normalidade. Eles dizem que a tempestade passará, mas que o mundo mudará para sempre, preferivelmente conforme sua própria imagem e semelhança liberal.

Os pensamentos desses visionários deveriam ser causa de preocupação para aqueles que defendem a ordem moral e a Fé. Suas previsões excluem os pontos de vista de tais defensores como sendo irremediavelmente retrógrados e até mesmo perigosos.

 

Com a palavra, um visionário

Um desses visionários é Yuval Noah Harari, professor de História na Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele não é um mero escritor de periferia. Seus livros entraram na lista de best-sellers do New York Times e receberam encômios de pessoas tais como o ex-presidente Barack Obama e Bill Gates. Se há alguém que possa falar em nome do ‘establishment’ liberal, este é Harari. Suas previsões pós-coronavírus ecoaram na austera tuba liberal do Financial Times.

Sua visão de mundo é também reflexo de um mundo secularizado e sem Fé. Em seu livro Homo Deus, publicado em 2017, Dr. Harari defende que não existe Deus, tampouco a alma nem a vontade livre. Para ele, a vida é uma mera sucessão de reações químicas e de algoritmos que interagem e evoluem com a natureza. Ele crê que uma humanidade tecnicamente habilitada acabará por transformar os indivíduos em deuses imortais.

Como se vê, esse mago pós-moderno representa a ponta-de-lança do pensamento progressista. É por isso que, quando ele fala, faz sentido lhe dar ouvidos. O autor faz três observações sobre o futuro pós-corona que não devem ser ignoradas.

 

Grandes mudanças feitas rapidamente

A primeira observação é de que a crise do coronavírus mudará a economia, a política e a cultura de modo radical e em um curto espaço de tempo, se os líderes mundiais agirem “de forma rápida e decidida”.

Esta crise deve “acelerar processos históricos”. Isso permitirá às autoridades conduzir experimentos de massa, utilizando até mesmo tecnologias perigosas. Decisões que normalmente demandam anos ou até décadas de deliberação serão aprovadas em questão de horas. Nesse clima de pânico, as pessoas aceitarão medidas com as quais nunca concordariam em tempos normais.

Aqueles que compartilham esse modo de ver não desejam um retorno à situação normal. Almejam, isto sim, a uma outra ordem que reflita sua visão de mundo. E esse futuro não é apresentado como uma escolha, mas como um fato consumado. A crise irá rapidamente se impor às nações. Não haverá volta atrás para a velha ordem.

Está implícito nas declarações do Prof. Harari que velhos paradigmas devem mudar em conformidade com a “solidariedade global”. Ideias ultrapassadas não mais funcionarão nesse ‘admirável mundo novo’. Tecnocratas bem informados, manejando a ‘ciência’ e os dados, serão muito mais capazes de comandar o mundo do que governantes eleitos.

O aspecto mais perturbador dessa observação sobre o futuro é seu caráter furtivo. Ela entra em cena, como o coronavírus, de modo rápido e sem o consentimento dos afetados.

 

Vigilância totalitária ou empoderamento dos cidadãos?

A segunda observação do Dr. Harari é sobre o advento da era da vigilância universal sobre os cidadãos. Ele pontua que a crise do coronavírus já está provocando o surgimento de instrumentos de monitoramento público em tempo real que ultrapassam todos os antigos esforços de vigilância sobre a população. Essa crise ameaça “normalizar o emprego de ferramentas de vigilância massiva em países que até aqui as rejeitaram”.

O visionário progressista não é ingênuo a ponto de pensar que essa tecnologia não possa vir a ser nociva ou perigosa. Um smartphone que transmite a localização de vítimas do vírus pode também ser programada para monitorar a temperatura e a pressão corporais. O monitoramento médico ainda pode ser capaz de registrar fenômenos biológicos como emoções, alegrias e raivas. Poderia medir reações a ideias conservadoras ou liberais armazenadas na internet. Todos esses dados podem ser coletados e vendidos a departamentos de marketing empresarial… e a agências governamentais.

Entretanto, o escritor alega que a vigilância universal pode ser também uma fonte de empoderamento do cidadão. O monitoramento pode ser benéfico se controlado por instituições que constroem relações de confiança. Mas a solução que ele oferece não contempla reconstruir a confiança na família, na comunidade ou na igreja. Em vez disso, ele lista instituições que traíram essa confiança no passado e se encontram no núcleo da guerra cultural.

“As pessoas precisam confiar na ciência, nas autoridades públicas e na mídia”, afirma. Pondo ainda mais lenha na fogueira, ele denuncia as teorias conspiratórias e “políticos irresponsáveis [que] deliberadamente minaram a confiança na ciência, nas autoridades públicas e na mídia”.

Como se vê, a narrativa progressista da crise do coronavírus segue o roteiro de Harari, apresentando o falso dilema de se aceitar ou uma tecnocracia iluminada ou um totalitarismo irresponsável. Ele exclui reais alternativas mais de acordo com o passado da América.

 

Solidariedade Global

A observação final apresenta ainda um outro falso dilema. O professor assevera que a sociedade pós-coronavírus deve escolher entre as alternativas rotuladas de “isolamento nacionalista” e “solidariedade global”. A opção normal de uma nação que afirme sua própria identidade, ao mesmo tempo em que se sente parte de uma mesma humanidade, não está sobre a mesa. Uma ação efetiva para enfrentar a crise só pode provir de uma cooperação global nem sempre voluntária.

Assim, as nações precisam “compartilhar” informações, tecnologias e descobertas a nível global. Deve haver um espírito de cooperação global e de confiança. É uma conclusão mais bem irônica, já que poucos confiam nas autoridades chinesas que falharam em ‘compartilhar’ as notícias sobre a doença quando ela explodiu. Cientistas ocidentais continuam a questionar o uso criativo que os comunistas chineses fazem das estatísticas com o fito de apoiar sua agenda.

Essa nova solidariedade deve transcender todas as diferenças, sejam políticas, filosóficas ou culturais. Um governo comunista, uma teocracia islâmica ou uma ditadura brutal estão em pé de igualdade nesse vasto esforço em salvar vidas. Ele antevê um tipo de comunidade global coordenada por tecnocratas e líderes iluminados.

“Assim como os países nacionalizam indústrias-chave durante uma guerra, a guerra humana contra o coronavírus requer de nós que ‘humanizemos’ linhas de produção cruciais”. O badalado autor prevê nações ricas vindo ao auxílio de países pobres ao ponto de exportar equipes médicas e de distribuir suprimentos vitais de modo mais abundante. A cooperação global será também necessária no front econômico, e as nações ricas serão ‘convidadas’ a dividir suas riquezas.

Tais devaneios comunitários de cooperação global não são novidade. Eles povoaram por longo tempo os sonhos de utópicos planejadores sociais dispostos a impor seus projetos ao mundo, sempre com resultados catastróficos. Ainda assim, é com o pânico dessa crise que o inconcebível se torna possível.

 

Um futuro sem Deus

As três observações de Yuval Harari têm características em comum. A primeira é a notável hostilidade com relação à perspectiva de guerra cultural compartilhada por incontáveis americanos. Estes são simplesmente desprezados como forças de desunião que se opõem à “ciência” e à solidariedade global.

A segunda característica alarmante é a disposição de pôr de lado práticas e liberdades estabelecidas para impor sua visão de mundo sobre os países. Seja através de “processos históricos acelerados”, “vigilância universal” ou “cooperação global”, a mensagem subjacente é a necessidade de mecanismos de supra-governo para fazer aquilo que é ‘o melhor para a humanidade’.

Por fim, o plano de jogo de Harari exclui os fundamentos morais baseados em padrões objetivos de certo e errado e até mesmo o Estado de direito. Sendo alguém que não acredita nem na existência da alma nem na vontade livre, ele nega qualquer papel à religião e a Deus. Seu mundo é um mundo frio e brutal, sem propósito ou redenção.

O enredo de Harari pode ser encontrado nas entrelinhas da avalanche diária de notícias. É fácil encontrar, entrelaçados na crise, as providências, os métodos e as metas que ele proclama. Um editorial recente de The Wall Street Journal, assinado por Henry Kissinger, ressoa a ideia de que a crise “vai alterar para sempre a ordem mundial”.

Incontáveis escritores, pensadores e políticos ecoam essa mensagem ameaçadora.

Teorias conspiratórias precisam de métodos ocultos, energia incontrolável e redes massivas para serem críveis o bastante a ponto de encontrar quem lhes dê adesão. Entretanto, no caso da crise do coronavírus, quem precisa de teorias conspiratórias? Pensadores como Yuval Harari escrevem abertamente sobre seu arrepiante futuro pós-corona, sem Deus.

Felizmente, Deus também tem um futuro em mente. Como diz o ditado, Ele escreve ‘certo por linhas tortas’. Ele bem pode estar nos reservando surpresas que os visionários progressistas não conseguem antever.

 

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[1] Artigo original em inglês: https://www.tfp.org/who-needs-conspiracy-theories-when-progressives-openly-describe-the-post-corona-world/

 

A Maternidade Divina, grandeza fundamental de Maria

As grandezas de Maria podem ser divididas em dois grupos. O primeiro é constituído pelas que representam sobretudo funções: maternidade divina, maternidade espiritual, mediação universal, papel de Maria no apostolado católico, realeza universal. O segundo grupo engloba as grandezas que representam privilégios concedidos a Maria em razão de suas funções, ou como consequências delas: Imaculada Conceição, virgindade, plenitude de graça etc. […]

Significado da maternidade divina

A grandeza fundamental de Maria, razão de ser de todas as outras, é a maternidade divina. De acordo com uma percepção comum, a maternidade divina não é somente a razão de ser das outras grandezas, mas também da própria existência de Maria, pois Ela foi criada especificamente para tornar-se a Mãe de Deus. Na bula Ineffabilis, o Papa Pio IX ensina, ao definir a Imaculada Conceição de Maria, que “a origem de Maria e a Encarnação da Sabedoria divina foram decididas por um único e mesmo decreto”. Assim, a maternidade divina explica tudo em Maria, e sem essa maternidade nada nela pode ser explicado.

A importância excepcional da maternidade divina torna evidente a necessidade de se entender bem o que ela significa, e deixar isso mal explicado equivale a deixar incompreendidos todos os privilégios da Virgem. Além disso, neste caso nosso espírito se encontra diante do mistério da Encarnação em toda a sua profundidade, mais do que ocorre em relação a outras grandezas de Maria. O assunto ultrapassa também a doutrina marial propriamente dita e se estende ao domínio da cristologia. […]

Santa Maria, Mãe de Deus.

O título de Mãe de Deus não significa, nem jamais significou entre os fieis, aquilo de que Nestório nos acusava no século V e certos protestantes e racionalistas nos acusam ainda hoje, isto é, que consideramos Maria como mãe da divindade, ou como uma espécie de deusa como as da mitologia. Afirmamos sim que Maria é Mãe de Deus, mas não que Ela é mãe da divindade; Mãe de uma Pessoa que é Deus, e não mãe dessa Pessoa enquanto Deus.

Para entender o que significa a maternidade divina, é necessário compreender a união das naturezas divina e humana na pessoa de Jesus, tanto quanto isso seja possível no que se refere a um mistério. […]

Entre a humanidade e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo existe uma união muito semelhante à do corpo com a alma, porém não idêntica.(2) A natureza divina e a humana formam um único todo, uma única pessoa, de tal modo que as ações de uma e outra podem ser atribuídas a essa pessoa, e Ele pôde dizer: “Antes que Abraão existisse, Eu sou” (Jo 8, 58); e também: “Minha alma está numa tristeza mortal” (Mt 26, 38). A pessoa a que pertencem todas as ações de Cristo é divina, pelo que todas as suas ações, mesmo aquelas praticadas pela natureza humana, tinham mérito infinito, pois eram ações de Deus. Pode-se portanto afirmar com toda realidade que Deus pregou, que Deus sofreu, que Deus morreu. Consequentemente pode-se também dizer que Deus nasceu. Acontece que a mulher da qual um ser nasce é sua mãe. Como Deus nasceu de Maria, Maria é Mãe de Deus.

Poder-se-ia argumentar que Jesus recebeu de Maria apenas seu corpo, e não sua divindade. Esta objeção teria valor no caso de uma união moral, como aquela que Nestório elucubrou, não porém no caso de uma união substancial. O corpo que Maria gerou era, desde o primeiro instante, o de um Deus, portanto é de um Deus que Maria se tornou Mãe. Da mesma forma nós recebemos de nossas mães apenas o corpo, mas somos plenamente seus filhos.

É verdade que a concepção de um corpo humano exige naturalmente a criação e a infusão da alma, ao passo que a concepção operada em Maria não exigia naturalmente a união do Filho de Deus com a humanidade que a Virgem concebia. Não havia tal exigência do ponto de vista natural, porém existia do ponto de vista sobrenatural, de modo mais sublime e mais digno de Deus e de Maria do que tudo o que se passa na ordem natural. Tal concepção foi preparada por meio de virtudes e privilégios únicos: concepção virginal, só adequada a um Deus; concepção operada pelo Espírito Santo, a qual, de acordo com a explicação do anjo, faria do filho de Maria o próprio Filho de Deus; concepção consentida pela Virgem, somente após ter Ela recebido a promessa de que culminaria com a geração de um Deus.

Maria é realmente Mãe de Deus, da mesma forma que qualquer mulher é mãe de seu filho. De certa forma pode-se afirmar que Ela merece mais este qualificativo do que as outras mães. Em primeiro lugar porque ela sozinha, sem a contribuição de um pai, formou aquele corpo que, desde o primeiro momento de sua existência, era o corpo de um Deus. Além disso, porque foi chamada a cooperar para essa função em condições únicas. Houve jamais uma mãe que, como Maria, foi escolhida por seu futuro filho e preparada por Ele para essa função? Uma mãe que, como Maria, recebeu do Céu o aviso da missão reservada ao seu filho e o convite para consentir em tal missão? Uma mãe que, como Maria, cooperou com as intenções de Deus sobre seu filho e sobre Ela mesma, e se submeteu plenamente às consequências dolorosas dessa cooperação?

Num exame superficial, podemos ser tentados a acreditar que se joga com as palavras quando se dá a Maria o qualificativo de Mãe de Deus. Porém um exame atento nos leva a indagar se é possível imaginar uma maternidade de tal modo verdadeira e de tal modo plena como a de Maria em relação ao Filho de Deus.

Podem ser plenamente satisfatórias ao nosso espírito essas explicações e comparações que apresentamos? Respondemos que, se elas o pudessem, seriam certamente falsas, pois fariam desaparecer o fator mistério. Admitir que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus não representa dificuldade maior do que acreditar que Jesus nos resgatou verdadeiramente, sacrificando-se por nós na cruz; ou em professar que Ele nos une realmente à sua divindade quando nos dá o seu Corpo em alimento. Nos três casos o mistério é o mesmo — a união hipostática. A razão pode explicá-lo até certo ponto, mas só a fé pode obter de nós o assentimento.

A maternidade divina, verdade revelada

A ideia da maternidade, embora sem usar a expressão, já estava contida muito claramente no conhecimento dos primeiros cristãos, e resultava naturalmente de duas verdades que lhes eram familiares: Maria é verdadeiramente Mãe de Deus; Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem.

Não resta nenhuma dúvida de que Maria era reconhecida como Mãe de Jesus pelos judeus. Que Ele é homem, também o admitiam todos. E também era evidente aos olhos dos cristãos primitivos que Ele é Deus, pois havia falado e agido como só um Deus poderia fazer: atribuíam-se direitos que nenhuma criatura ousaria arrogar-se; pregava e mandava em nome próprio; perdoava os pecados por sua própria autoridade; fazia milagres por seu próprio poder; exprimia-se sobre suas relações com Deus como fazendo com Ele um ser único. É possível que inicialmente os discípulos o tenham visto como sendo apenas o Messias, e que no fim de sua vida mortal alguns dentre eles tenham começado a reconhecer sua divindade, mas após a Ressurreição puseram-se todos a pregá-la abertamente. Desde antes de serem escritos os evangelhos, pelo menos os três últimos, São Paulo havia proclamado Jesus “Aquele que está acima de todas as coisas, o Deus eternamente bendito” (Rom 9, 5).

Essa humanidade e essa divindade que os primeiros cristãos reconheciam no Filho de Maria apresentavam-se a eles unidas na mais íntima união que se possa imaginar, a qual será mais tarde denominada hipostática. Daquele que acabava de ser batizado no Jordão, o Pai tinha dito: “Eis meu filho bem amado, no qual ponho minha complacência” (Mt 3, 17). Após atravessar o lago numa barca, Ele disse ao paralítico: “Homem, os teus pecados te são perdoados”; e como os fariseus se escandalizavam sobre esse poder de perdoar os pecados — pois só o reconheciam como pertencendo a Deus, mas Ele o atribuía a si mesmo — não argumentou que estariam sendo perdoados por Deus habitando em mim, ou por Deus ao qual estou unido, mas proclamou em alto e bom som que esse poder residia nele mesmo: “A fim de que saibais que o Filho do Homem tem na Terra autoridade para perdoar os pecados, [disse ao paralítico]: Levanta-te, toma o teu leito e retorna à tua casa” (Mc 2, 1-12).

São Paulo registrou num texto bem conhecido essa convicção dos primeiros cristãos sobre a união substancial da divindade e humanidade em Jesus: “Tende os sentimentos de Cristo Jesus, que subsistindo na natureza de Deus, não considerava uma usurpação a igualdade com Deus. Porém Ele se aniquilou, tomando a forma de servo e tornando-se semelhante aos homens, reconhecido como homem pela sua aparência” (Fil 2, 6-8).

Portanto o Apóstolo afirmava que a natureza divina e a humana estavam reunidas em Jesus Cristo, e consequentemente Ele era reconhecido pelos primeiros cristãos como sendo ao mesmo tempo Deus e homem. Tendo Ele nascido de Maria, conferiam a Ela o título de Mãe de Deus.

“O corpo que Maria gerou era, desde o primeiro instante, o de um Deus, portanto é de um Deus que Maria se tornou Mãe”

A dedução acima é de todo rigor, mesmo supondo-se que a Sagrada Escritura não aludisse também à divindade do seu Filho, nas partes em que menciona a Mãe de Jesus. Porém, de fato a divindade de Jesus está afirmada, ou pelo menos subentendida, em várias ocasiões em que se menciona sua Mãe. O anjo Gabriel afirmou a Maria que Ela se tornaria mãe sem perder a virgindade, porque “aquele que nascerá de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 34-35). Qualquer que possa ter sido para os judeus de então o sentido da expressão Filho de Deus, é fora de dúvida que a Virgem entendeu tal expressão como significando algo diferente do que eles entendiam por Messias. Com efeito, o anjo lhe explicou que o Messias que nasceria dela respeitaria sua virgindade, precisamente porque tratava-se do próprio Filho de Deus. É fora de dúvida também que os primeiros cristãos, que ouviam contar ou liam a narração da Anunciação, atribuíam à expressão Filho de Deus o sentido literal, o sentido pleno de segunda Pessoa da Santíssima Trindade, e que portanto Maria era para eles Mãe de Deus, de acordo com a declaração do enviado divino.

Visitação
“De onde me vem a graça de receber a mãe do meu Senhor.”

No episódio da Visitação, entendiam que Isabel disse à sua jovem prima:“De onde me vem a graça de que a Mãe do meu Senhor venha visitar-me?” (Lc 1, 43). Evidentemente Isabel dava à palavra Senhor o sentido que encontrara ou ouvira nos textos sagrados, isto é, que significava Deus. No próprio capítulo em que encontramos a pergunta feita por Isabel, a palavra Senhor é mencionada outras 15 vezes, todas elas com o significado de Deus. Por exemplo, logo após a saudação inicial, Isabel prossegue: “Ditosa aquela que acreditou no cumprimento das coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor” (Lc 1, 45). Seguramente os primeiros cristãos entendiam igualmente neste relato a palavra Senhor no sentido de Deus, e aí viam Maria honrada como Mãe de Deus.

Do mesmo modo eles se lembravam de que Isaías, o maior entre os profetas messiânicos, havia predito que “uma virgem conceberá e dará à luz Emanuel, que significa Deus conosco”. Pouco importa o modo como os contemporâneos de Isaías ou o próprio profeta entendiam que o Filho da Virgem seria Deus conosco. Para os primeiros cristãos, a palavra designava Deus feito homem, entendendo portanto que Ela havia concebido Deus e o dera à luz, sendo portanto Mãe de Deus.

Antes mesmo da publicação dos evangelhos, os cristãos ouviram de S. Paulo: “Quando se chegou à plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, concebido da mulher” (Gal 4, 4). Daí se conclui que essa mulher era Mãe do Filho de Deus. […]

Maria Santíssima como a Igreja ensina é recomendado pela Frente Lepanto e pode ser adquirido no link: http://www.livrariapetrus.com.br/Produto.aspx?IdProduto=249&IdProdutoVersao=252

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Maria Santíssima como a Igreja ensina, Pe. Émile Neubert, Editora Petrus – 2014

Erros na Santa Igreja… como entender? – PODCAST

Neste Podcast, ouvimos o Prof. Sérgio Bertoli, experimentado formador da juventude e um dos coordenadores da Frente Lepanto. Em seus 20 séculos de existência, a Igreja já enfrentou inúmeras crises – a atual não é para Ela nenhuma novidade… E Ela enfrenta sem medo, pois tem a seu favor o Divino Espírito Santo, que nunca a desamparou!

Marxismo: pai dos pobres e oprimidos ou dos criminosos?

Acompanhamos nos últimos meses o desenvolver da intervenção federal no Rio de Janeiro, fortemente apoiada pela população.

Desde muito tempo, fazia-se mister uma tal medida, pois o nível da criminalidade do referido Estado era crítico.

Cabe, entretanto, observar que não somente no Rio de Janeiro, mas em todo território nacional o aumento da criminalidade se fez sentir.

A violência chega a níveis tais que a população se vê obrigada a tomar medidas extremas para defender ora sua propriedade, ora sua própria vida.

A violência não é de hoje. Porém, o que causa preocupação é o fato de que a incidência de crimes nunca esteve tão alta como nos dias de hoje, sobretudo após mais de uma década de governo do PT, partido de clara orientação marxista.

Em 2012 tivemos a maior taxa de homicídios da história: 29 homicídios para cada 100 mil habitantes. Enquanto que em 1980 a taxa era de 11,7 para cada 100 mil! ¹

Seria apenas uma triste coincidência esse aumento de homicídios? Ou poderia haver uma ligação entre a ideologia de esquerda e o banditismo social?

 

Marx e o problema social

Para Marx, o atual sistema econômico é um sistema injusto, pois teria como base o acúmulo de lucro obtido através da exploração do operariado pela burguesia, a chamada mais valia.

Segundo ele, a idéia de que todos, mediante esforço e trabalho, podem economizar e acumular riquezas é falsa, pois essa possibilidade existiria apenas juridicamente e não socialmente. Isso porque, socialmente, os demais aspectos da vida de um indivíduo são determinados por sua condição material.

Assim, aqueles que possuem uma melhor condição de vida (condição material) podem acumular capital, enquanto outros apenas serão explorados em sua força de trabalho, relegados à sobrevivência.

Essa visão materialista, que tem como corolário o “determinismo histórico”, encontra pouco respaldo na realidade dos povos, embora tenha seduzido muitos através do orgulho igualitário, que sempre prefere a inveja ao esforço metódico exigido pelo trabalho.

Como consequência dessa espécie de inevitável exploração do rico sobre o pobre, deveria haver uma revolução proletária que acabasse com esse sistema e implantasse outro, mais justo, mais igualitário.

O proletário deveria, portanto, reagir contra tal injustiça através da luta de classes.

Favorecimento da criminalidade

 

Não é por acaso que a esquerda, como decorrência desses princípios marxistas, acabe considerando o criminoso como um injustiçado da sociedade. Para quem rouba ou mata, deve-se aplicar um conceito adaptado de Direitos Humanos, que os considera vítimas de um processo de exclusão social.

O criminoso seria aquele excluído dos benefícios da sociedade, de uma sociedade onde alguns são ricos e outros são pobres, independentemente de isso ser resultado do trabalho de quem acumulou seu patrimônio. Para a esquerda radical, que serve de bússola para a esquerda moderada, a propriedade é um roubo, a mais-valia.

Por conta de sua situação, o criminoso é a vítima e o proprietário o ladrão. Com isso, qualquer medida de repressão aos atos ilícitos seria injusta, opressora.

O que explica, em boa medida, não só a política “anti-polícia” exercida pela esquerda – especialmente pelo PT – como também todo o favorecimento ao crime, seja ele organizado ou não.

Que favorecimento seria esse? De um lado, permitindo a impunidade em relação a vários tipos de crimes, seja alterando leis, seja sendo leniente no cumprimento da lei. De outro, por uma escancarada proteção aos criminosos através desse conceito distorcido de “direitos humanos”.

Rejeição da opinião pública

Seria inteiramente lícito apontar tal fator como um dos múltiplos fatores geradores do atual descontentamento dos brasileiros em relação não só ao sistema político, como também à própria Justiça, bem como ao descrédito em que estes caíram.

Sim, um dos múltiplos fatores. Pois há ainda outros, entre os quais poderíamos certamente apontar como principal o fator moral. Moral essa que, de uma forma ou de outra, é repelida pelo marxismo cultural, que a considera um instrumento de dominação de classe.

E o que exigir de um futuro Governo que se alçará ao poder?

A revogação de todas as medidas socializantes que foram impostas ao País nestes anos em que a esquerda teve nas mãos as rédeas do Estado.

E, oxalá, que assuma também a defesa dos princípios básicos fundamentais para a existência e desenvolvimento de uma civilização genuinamente cristã.

Lidando com um dilema pro-aborto: o incêndio na clínica de fertilização in vitro

(Tradução do trecho extraído do livro “Persuasive Pro Life”, autor: Trent Horn, versão em PDF)

Um cenário que os militantes favoráveis ao aborto utilizam para mostrar que os defensores provida não acreditam que os nascituros são seres humanos é o do “fogo na clínica de fertilização in vitro”. De acordo com esse dilema, você está em uma clínica de fertilização in vitro que está pegando fogo e tem a opção de salvar dez embriões congelados ou uma criança de dois anos. Como a maioria das pessoas optaria por salvar a criança de dois anos, os defensores do aborto afirmam que isso prova que os defensores provida não consideram os nascituros tão valiosos quanto os já nascidos. Claro, todo esse cenário só prova que, em um desastre, às vezes fazemos uma escolha que envolve mais pessoas morrendo.

Vamos imaginar que o cenário envolvesse cinco moradores de rua e o presidente dos Estados Unidos. Embora todos os seis tenham igual direito à vida, a perda do presidente pode ser mais devastadora para o país e, portanto, posso optar por salvá-lo e deixar os cinco sem-teto morrerem como resultado. No entanto, minha escolha de não salvar os cinco sem-teto não seria a mesma que minha escolha em outra circunstância coma a de matá-los diretamente e colher seus órgãos para salvar um presidente com doença terminal.

Só porque podemos não salvar alguns seres humanos em uma emergência não nos dá o direito de matar esses mesmos seres humanos por qualquer motivo que quisermos. Certa vez, perguntei a um crítico que fez essa objeção quem ele salvaria, uma enfermeira gritando ou cinco recém-nascidos inconscientes? Ele relutantemente – mas honestamente – admitiu que salvaria a enfermeira.

A maioria de nós pode optar por salvar a criança em vez dos embriões, porque há outros fatos relevantes que são admitidos, mas não explicitamente declarados, sobre este caso. Por exemplo, podemos optar por salvar a criança de dois anos porque consideramos pior para a criança morrer dolorosamente no fogo do que seria para os cinco embriões, que morrerão sem dor. Ou podemos optar por salvar a criança em vez dos embriões porque sabemos que os embriões congelados têm poucas chances de se tornarem adultos. Eles podem nunca ser implantados, ou mortos no processo de descongelamento, ou falhar na implantação, ou serem abortados naturalmente, ou serem eliminados seletivamente mais tarde no útero, por meio do aborto. Seria frívolo salvar embriões que têm uma grande chance de morrer antes de nascer e, portanto, resgatar a criança seria um bem maior.

Embriões in vitro

Finalmente, nossas intuições morais também podem mostrar que os embriões na clínica de fertilização in vitro são pessoas, independentemente de quem escolhemos salvar. Com a crescente frequência de nascimentos de fertilização in vitro, muitas crianças e adultos agora têm a oportunidade de olhar para a foto de um embrião em uma placa de Petri e dizer: “Este era eu antes de me colocarem dentro da minha mãe”.

Eu me pergunto o que essas crianças crescidas pensariam se disséssemos a elas que achamos que não há problema em deixá-las morrer em um incêndio de laboratório? De fato, muitos casais inférteis que usam a fertilização in vitro veem esses embriões como seus “filhos” e podem, no cenário do incêndio, salvar seus embriões em vez de salvar um ser humano já nascido, especialmente se a alternativa significar que eles nunca terão seus próprios filhos.

No entanto, alguns defensores pró-vida argumentam que a adoção de embriões é moralmente errada, porque viola a maneira como os embriões e a gravidez devem ser tratados. Em sua opinião, a gravidez só deve ocorrer como resultado do ato conjugal, e qualquer outra forma de causar gravidez, inclusive por meio de fertilização in vitro ou adoção de embriões, é intrinsecamente imoral.Se eles estiverem certos, mesmo que os embriões no laboratório de fertilização in vitro sejam pessoas humanas, a única opção moral pode ser deixá-los perecer e salvar a criança, uma vez que os embriões já estão “morrendo” em seu estado criogênico não natural, enquanto a criança está perfeitamente saudável.

O ponto principal da discussão é que, mesmo que não tenhamos certeza sobre quando ou se devemos salvar certos seres humanos em certos cenários, isso não muda a verdade moral central relacionada à questão do aborto: não devemos matar diretamente seres humanos inocentes simplesmente porque eles são indesejados.

Para mais detalhes de como responder ao dilema acesse:

https://www.catholic.com/magazine/online-edition/we-didnt-start-the-ivf-clinic-fire

Católicos utilitaristas e o estado de fé confessional

Certa vez ouvindo a homilia dominical na Missa, foi abordado, pelo sacerdote, os tipos de católicos que hoje vemos ocupar muitos bancos na Igreja, são eles: católicos utilitaristas.

A definição apresentada por esse Sacerdote, infelizmente, é condizente com a realidade. Talvez, um diagnóstico perfeito sobre a fé em tempos conturbados e incertezas assombrosas que assolam o mundo e a Igreja.

Pois bem, tratava a respeito daqueles que tão somente buscam a Igreja para usar de suas utilidades, seja o Sacramento do Batismo, Sacramento do Matrimonio e outros que possam gerar alguma utilidade para os status social do Instagram, afinal, devemos ser modernos neste ponto.

É diagnóstico em nosso tempo que a fé se perdeu, a essência da fé católica foi para o bueiro, restando apenas aparência, o que gera likes. As pessoas deixaram de crer (na existência e malícia do) no pecado, no certo e errado e nas provisões de Deus.

A mensagem deixada por Nossa Senhora de Fátima foi nítida ao afirmar que a Rússia espalharia os seus erros pelo mundo, afinal o comunismo sendo uma seita materialista que não enxerga nada mais do que matérias ou aglomerados de átomos, parece ter tomado mentes e corações de boas pessoas.

Hoje, em meados de 2021, o estado permissivo que vive nosso clero, ressalvando boa parte que corajosamente não abaixa a guarda para as tormentas revolucionárias e progressistas, parece que a normalidade da administração correta dos sacramentos depende da… isso mesmo, da Vacina (com “v” maiúsculo mesmo), ou ainda, que não apareçam ondas de frio.

Parece que tanto a fé quanto a vida tenham virado mesmo utilitarismo e não mais o transcendental, d´Aquele que habitou entre nós e ensinou-nos o caminho da salvação e vida eterna.

A crença no papai estado é algo preocupante, agora, aquela liberdade que tínhamos de ir à Igreja deve se restringir-se somente aqueles cuja vontade tenha sido guiada pelas big techs, indústria farmacêutica e entres outras facetas do movimento revolucionário, e claro, no “dogma” da vacina, aliás, quem se nega a “verdade” do lema vacinas salvam vidas, estaria indo frontalmente contra o mandamento da Lei de Deus, e, portanto, é herege e deve ser excluído da comunidade.

Infelizmente, este é um dado que muitos, embora inconscientemente, acabam por levar adiante, mas é legítimo e necessário frisar que em fase de experimento humano as vacinas não deveriam ser a bola da vez.

Quantas vezes não nos perguntaram, ao invés de nossa saúde, família e filhos, apenas perguntam “e aí, tomou vacina? Qual delas?”.

Que Nossa Senhora nos ajude a enfrentar essa tormenta e investida anticatólica com fé na essência do cristianismo, sejamos firmes em suas promessas, “por fim, meu imaculado coração triunfará.”

Deus de Amor e o inferno eterno: e agora?

Naquele dia na faculdade, a sala de aula do curso de filosofia estava repleta. Raramente encontravam-se tantos alunos presentes.

O professor percebeu a oportunidade única de fazer algumas provocações didáticas diante de uma audiência tão numerosa. Seu plano consistia em chamar a atenção para conseguir um possível aumento de frequência daqueles estudantes na sua tão boicotada matéria.

Nada melhor do que lançar algumas flechas contra a religião, desviando a filosofia um tanto para o lado da teologia.

– Digam-me – começou o mestre – como pode um Deus que é todo amor, segundo os cristãos, condenar ao inferno por toda a eternidade, uma criatura sua, alguém feito a sua imagem e semelhança? Não acham isso um absurdo?

Um silêncio desconcertante dominou a sala. Obviamente, alguns alunos sentiram o ataque e não concordaram. Mas como enfrentar a questão espinhosa? Como ninguém se manifestou, continuou o professor:

– Deve haver algum crente em Deus aqui capaz nos ajudar nesta dificuldade. Lembrem-se, esse absurdo é ensinado pelo cristianismo…

Renato – um jovem de 20 anos, já veterano na faculdade – levantou a mão e disse:

– Professor, com todo respeito, sua objeção só revela desconhecimento em matéria de teologia cristã.

A modorra entre os alunos começou a desaparecer. Quem não gosta de discussões em sala de aula? A pronta atitude de Renato não tinha sido algo inconsequente. Era um católico praticante e tinha estudado, por conta própria, filosofia tomista. Estava preparado para entrar no assunto, mas havia outro problema aí…

O professor, que sabia o que seu aluno gostava de estudar, respondeu:

– Muito bem, Renato. Sei que você andou lendo a Suma Teológica de Tomás de Aquino. Não venha me dizer que você vai nos dar uma explicação daqueles conceitos aristotélico-tomistas como os das quatro causas, ato e potência, ser e essência e todos esses célebres… “artifícios” medievais!

Aí estava o problema! Renato sabia muito bem que levantar pontos tão abstratos não funcionaria diante de colegas desinteressados pelo raciocínio estruturado e metódico. Era preciso uma tática adequada ao público.

– Professor – disse Renato –, esses “artifícios”, para usar sua expressão, são muito válidos, mas posso responder sua objeção sem recorrer a eles.

Agora o jogo havia mudado. Quem estava desafiando era o aluno. O professor percebeu o cutucão. Realmente, as abstrações da filosofia medieval seriam um tanto árduas para aquela turma. Se Renato tentasse usá-las, com certeza não convenceria ninguém. Mas o rapaz vinha propondo algo diferente.

Com um sorriso discreto nos lábios, o professor dirigiu-se a sua mesa, sentou-se na cadeira e disse:

– Por favor, Renato, venha aqui à frente e nos dê sua explicação, sem os “artifícios” medievais.

– Com todo gosto, professor, apenas peço para não ser interrompido até concluir a argumentação!

– Certo! Deixarei você falar, desde que não diga nenhuma bobagem!

O rapaz se pôs de pé diante da turma e lançou uma premissa direta:

– O verdadeiro amor só pode ser livre. Amor “obrigatório”, “forçado” não é amor!

Afirmação contundente e irretorquível. Mas, e daí?

Renato, conduzindo a argumentação para dentro da vida quotidiana dos seus colegas, continuou:

– Vamos tomar como exemplo algo que todos nós, estudantes, vivenciamos: um colega aqui quer namorar com uma das alunas da nossa turma!

Com isso, Renato mexia com todos os alunos. Sabia que seus companheiros de classe já haviam vivenciado esse tipo de acontecimento! A solidez da tática residia nisso: trazer os colegas para dentro do problema, fazendo-os sentir na própria pele o exemplo, atraindo sua atenção.

Continuou o jovem, com perspicácia:

– O que esse aluno apaixonado faz para conquistar sua colega? Tenta conversar com ela, trata com gentileza, aproxima-se em todas as ocasiões oportunas, manda mensagens, flores… e por aí vai!

Todos os estudantes estavam intrigados pela exposição. O professor procurava fingir desinteresse, apoiava o cotovelo na mesa, descansando preguiçosamente a cabeça sobre a própria mão. Mas permanecia atento.

Renato prosseguiu:

– Mas… e isso acontece muitas vezes… ela não está interessada no pobre rapaz. E agora … desculpe, não quero deixar ninguém aqui constrangido… Mas estou percebendo alguns dos meus colegas se remexendo nas cadeiras! E muito provavelmente algumas de minhas colegas aqui estão pensando: “Exatamente, tem um desses aqui bem do meu lado e ele não me deixa em paz!”.

Todos deram risada. A realidade mordia! O professor não resistiu:

– Renato! Estamos perdendo tempo!

– Professor – retrucou o aluno –, sei que o senhor já percebeu onde vou chegar. Peço apenas um pouco de paciência.

E prosseguiu:

– Nosso colega apaixonado continua tentando convencer a moça de namorar com ele. Mas ela continua rejeitando-o! Aí, se ela não está interessada, qual deve ser a atitude do rapaz? Se ele realmente a ama, depois de tantas tentativas frustradas, o que ele deve fazer?

A classe permaneceu quieta, alguns se entreolhavam. Mas a conclusão dada por Renato era inevitável:

– Claro que ele não pode forçar que ela o ame! Pois só há verdadeiro amor quando este é livre! Ele não pode, repito, obrigar que ela o ame. Logo, se esse aluno verdadeiramente ama sua colega, a única atitude que lhe resta será… afastar-se dela!

Alguns estudantes ainda estavam meio surpreendidos com o propósito daquele exemplo, coçavam a cabeça… Então Renato, com ar bem tranquilo, disse:

– Assim age Deus! Vejam… Deus continuamente nos manda mensagens, flores, benefícios, graças etc. para que nós nos voltemos para Ele, para que nós aceitemos seu amor! Mas Deus nos ama tanto que Ele não pode nos forçar a amá-lO, contra nossa vontade! Ele nos deu a liberdade para que nós o amássemos livremente. Só assim há verdadeiro amor.

Nesse ponto, o professor já tinha tomado uma posição ereta na sua cadeira, pôs as mãos juntas sobre a mesa e os dedos cruzados.

Renato continuou discorrendo os argumentos numa sequência inelutável:

– Então, se Deus não pode obrigar o amor, Ele não forçará ninguém a estar com Ele eternamente no Céu. Se uma pessoa continuamente rejeita Deus, Ele não vai obrigar essa pessoa a amá-lo, quer dizer, estar para sempre no Céu ao lado dEle. Deus vai afastar-se dessa pessoa. Aliás, em essência, o inferno é o afastamento completo de Deus.

Por fim, Renato deu o golpe final, voltando contra o mestre sua própria objeção inicial:

– Se, como disse o professor, Deus é verdadeiramente todo amor, Ele não pode forçar ninguém a amá-lO. Se Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, conforme também disse o professor, o homem tem de ser livre para amar a Deus. A liberdade é uma das imagens e semelhanças de Deus no homem.

Renato já ia voltando lentamente para seu lugar, quando disse a última frase:

– Concluindo… o fato de Deus ser todo amor e de ter dado sua semelhança e imagem ao homem é justamente o que torna possível o homem rejeitá-lO e, como consequência, escolher ir para o inferno por toda a eternidade.

Os alunos começaram a cochichar por toda a sala. O professor se levantou e disse:

– Encerramos a aula mais cedo hoje, vocês estão dispensados. Renato, quero falar contigo um pouco.

Enquanto os estudantes iam deixando a sala de aula, o jovem se aproximou do professor, que lhe disse:

– Não se sinta tão vitorioso, meu amigo! Você sabe muito bem que isso que você disse dá margem a um montão de perguntas e outros problemas.

– Concordo, professor. Apenas respondi sua primeira objeção. Se há outras questões, podemos discutir na próxima aula e, claro, na presença dos meus colegas.

– Certo, vamos ver… Até mais, Renato.

– Até logo, professor!

Renato esperou o professor sair da sala. Estava meio cético se o mestre lançaria outro desafio contra a religião. Pegou seu caderno e se retirou.

Ao menos em algo o professor saiu ganhando: conseguiu a atenção de seus alunos. Provavelmente eles iriam voltar em grande número na próxima aula, para assistirem a outro debate com Renato.

* * *

Caro leitor, a descrição acima foi criada para ilustrar uma resposta dada pelo apologeta Dr. Frank Turek na Universidade do Texas em Dallas, Estados Unidos. Veja o vídeo em: https://youtu.be/XjHhtWL_3Og

Manifesto: 10 razões pelas quais o aborto é errado e deve ser combatido!

Sendo o aborto universalmente aceito, que argumentos lógicos impedirão a eutanásia e outras formas de assassinato, tirania e depravação?

1 – O aborto viola os Direitos de Deus

A principal tática dos favoráveis à legalização deste assassinato é tratar a criminalização do aborto como sendo uma “violação dos direitos das mulheres”. No entanto, ninguém – por mais prejudicado que esteja – têm o direito de assassinar um inocente. E pior ainda: legalizar o aborto é violar gravemente os Direitos de Deus e também os direitos do novo ser que foi gerado no ventre da mulher.

2 – A vida começa na concepção

Esta é a definição dada em qualquer livro médico respeitável. Defender o início da vida em qualquer momento depois da fusão do óvulo da mãe e da contribuição do pai é irracional e um sofisma chocante.

Uma pessoa humana começa a existir no momento da concepção, mesmo que apenas como uma célula. O importante não é o acidente de tamanho ou peso, mas a essência – que é totalmente humana. O feto tem um código genético distinto, imutável e irrepetível, único em toda a história, desde o momento da concepção até a morte. Nada é adicionado exceto nutrição e oxigênio.

Apenas máquinas como relógios e carros começam a existir parte por parte. Os seres vivos vêm à existência de uma só vez e desdobram seu mundo de potenciais inatos gradualmente.

3 – Nossa guerra mais mortal

As contínuas guerras que abalaram o mundo nas últimas décadas e os contínuos atentados terroristas têm contribuído para criar em alguns um crescente anseio pela paz. No entanto, apesar de toda essa preocupação, a guerra mais horrível de todas e o pior de todos os ataques terroristas continua inabalável. Esta é uma guerra que está ocorrendo dentro de nossas fronteiras, e nos últimos 45 anos, apenas nos EUA, fez mais de 58 milhões de vítimas. Brutalmente assassinadas.

Esse flagelo é tão horrível quanto qualquer coisa que os terroristas possam imaginar, porque atinge o cerne da humanidade: a família. Ao destruir o laço humano mais básico de todos – entre mãe e filho – o aborto dissolve o precioso elo que une nossa nação.

Enquanto mãe e filho são as primeiras vítimas, não há um único elemento da sociedade que não seja afetado pelo aborto. Mãe, filho, pai, marido, tia, tio, amigo, irmão e avô sofrem as cicatrizes desse iníquo bisturi.

4 – A humanidade deve proteger a vida inocente

O primeiro e mais importante instinto dos seres humanos é a preservação da vida. Isso começa com a autopreservação e se estende a toda a humanidade através dos laços matrimoniais e da família.

A “interrupção da gravidez” na verdade constitui o assassinato de um ser humano inocente e está em contradição direta com essa premissa básica da natureza humana. Isso viola a lei natural e pode deixar o Brasil como um país incapaz de se repovoar sem a ajuda da imigração em massa.

5 – O aborto não é seguro

Em comparação com outros procedimentos médicos, a indústria do aborto é amplamente não regulamentada. Embora não existam estatísticas exatas para o número de mulheres que morrem de procedimentos fracassados, LifeDynamics.com compilou uma lista de 249 mulheres mortas por abortos legais.¹ Além disso, o National Cancer Institute encomendou um estudo da Dra. Janet Daling, uma defensora do aborto, e seus colegas do Fred Hutchinson Cancer Research Center, que encontraram uma ligação entre aborto e câncer: “entre as mulheres que já haviam engravidado pelo menos uma vez, o risco de câncer de mama naqueles que sofreram aborto induzido foi 50% maior do que entre outras mulheres”².

O jornal oficial da Associação Médica Católica, The Linacre Quarterly, publicou um estudo com descobertas semelhantes: “Existem evidências internacionais de uma ligação entre o aborto induzido e o câncer de mama”3.

6 – Uma torre biogenética de Babel

Em uma progressão cínica, mas lógica, a cultura da morte está agora empenhada em iniciar a vida humana para destruí-la.

Sua nova fronteira é a pesquisa com células-tronco embrionárias e a clonagem humana. Em nome da ciência e da saúde, a vida humana é destruída em seu início e a clonagem “limitada” é usada para produzir células utilizáveis que podem ser manipuladas e colhidas para ajudar os vivos.

Em resumo, as barreiras éticas remanescentes que preservam a dignidade humana e os direitos de Deus na Criação estão diminuindo constantemente.

A revolução da biotecnologia tem como objetivo declarado não apenas curar doenças, mas a construção de um “admirável mundo novo” de engenharia genética, mudando a própria constituição e o próprio desenho do homem.

Não podemos permitir a conclusão deste desafio a Deus, uma nova Torre de Babel, que será como outra caixa de Pandora, desencadeando um grave problema moral e ético em nossa nação.

7 – Quebrando o ciclo do aborto

O aborto é um pecado que perpetua o mal. A mentalidade do aborto destrói a família, tornando mais difícil para os novos brasileiros que sobrevivem além do útero encontrar a família unida pelo laço indissolúvel do casamento entre um homem e uma mulher.

As crianças precisam de famílias que as cultivem, protejam sua inocência e desenvolvam suas personalidades. Em particular, todas as crianças devem encontrar dentro de seus lares a Fé que lhes permita conhecer, amar e servir a Deus neste mundo e ser felizes com Ele para sempre no próximo.

Enquanto a família tradicional continuar em crise, nunca iremos cortar as linhas de energia que abastecem as infames fábricas de abortos. Enquanto a Fé permanecer morta nas almas, nunca eliminaremos a podridão moral da imoralidade sexual, que é o solo contaminado onde o movimento abortista cresce e floresce.

8 – Legalização do aborto: Caso nos EUA – 45 anos de mentiras

O 45º aniversário da infame decisão “Roe contra Wade” da Suprema Corte Americana que legalizou o aborto-sob-demanda evoca o maior conjunto de mentiras já postas em prática – mentiras que custaram a vida de mais de 58 milhões de bebês inocentes cruelmente assassinados no ventre de suas mães.

O caso Americano não é o único e têm se repetido em todos os países que legalizaram esse horror.

Como pode este verdadeiro genocídio, numericamente comparável com o da Alemanha de Hitler ou a Rússia de Stalin, ser posto em pauta para legalização em um País que tem como símbolo o Cristo Redentor e foi fundado sob o signo da Santa Cruz?

9 – Projeto TAMAR e Projeto MATAR

O coração do feto começa a bater aos 24 dias e as ondas cerebrais já podem ser registradas depois de 43 dias.4 Se a lei usa esses fatores para determinar a morte, por que eles não podem ser usados para determinar a vida?

Como argumenta o eminente jurista, Dr. Ives Gandra Martins: “Decididamente, no Brasil, para alguns parlamentares, as tartarugas são muito mais importantes que os seres humanos. O denominado projeto Tamar protege a vida das tartarugas desde 1980, com equipe especializada monitorando todas as noites, de setembro a março, 1.100 praias no litoral, e de janeiro a junho, as ilhas oceânicas. Protege-se, desta forma 14.000 ninhos, algo em torno de 650.000 filhotes. Quem destruir um único ovo de tartaruga comete crime contra a fauna e poderá ir para a cadeia (Lei 9.605/93)”.

“É louvável a proteção dos ovos de tartaruga. O que, evidentemente, não é louvável é a destruição de seres humanos no ventre materno, conforme proposto pela eminente deputada Jandira Feghali, em qualquer circunstância, sob qualquer motivo -até o último minuto antes do parto- e sem qualquer punição para o médico, a mulher ou quem tenha colaborado com o aborto do nascituro”.7

“Pela Lei Tamar, destruir ovos de tartaruga é crime, pela legalização do aborto, matar seres humanos no ventre materno, não. É a desvalorização máxima do ser humano”.

10 – Um abismo atrai outros abismos

Ontem foi propagação da contracepção. Hoje é a legalização do aborto e do dito “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. E amanhã? Será a proliferação da eutanásia generalizada de nossos doentes e idosos? Não quererão os detratores da Família a legalização do “amor livre”? Não defenderão a criação de campos extermínio para todos os considerados ideologicamente “indesejáveis”?

Sendo o aborto universalmente aceito, que argumentos lógicos impedirão a eutanásia e outras formas de assassinato, tirania e depravação?

Notas:

  1. LifeDynamics.com: “The Pro Choice Death List” accessed on June 20, 2017.  http://www.safeandlegal.com/th…
  2. Journal of the National Cancer Institute: “Risk of breast cancer among young women: relationship to induced abortion,” accessed on June 20, 2017. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/p…
  3. A. Patrick Schneider, Christine M. Zainer, Christopher Kevin Kubat, Nancy K. Mullen & Amberly K. Windisch (2014) The breast cancer epidemic: 10 facts, The Linacre Quarterly, 81:3, 244-277, DOI: http://dx.doi.org/10.1179/2050…
  4. Is a Baby Human from the Beginning?, Human Life International, https://www.hli.org/resources/…
  5. Between-Hospital Variation in Treatment and Outcomes in Extremely Preterm Infants, The New England Journal of Medicine, May 7, 2015: http://www.nejm.org/doi/full/1…
  6. Fact #13: The 8 week+ unborn baby feels real physical pain during an abortion, AbortionFacts.com: http://www.abortionfacts.com/f…
  7. O projeto Tamar – Ives Gandra Martins http://www.domluizbergonzini.com.br/2011/01/o-projeto-tamar-dr-ives-gandra-martins.html

Um “Tour” contra o Evolucionismo

Se você der uma “volta”, isto é, fizer uma navegação rápida pela internet buscando a palavra “evolucionismo” verá incontáveis entradas sobre a famosa teoria científica.

Não é preciso entrar em detalhes aqui… todo mundo já conhece a teoria e todo mundo já sabe que aí “está a ciência”. Segundo Darwin, seres mais simples, por adaptação ao ambiente, aleatoriamente e com o passar das eras, deram origem a seres mais complexos e até o homem.

Também de acordo com Darwin, a primeira vida teve origem a partir de um processo cego, sem um “interventor” ou uma inteligência por detrás, controlando o evento.

Do lado oposto desta dita “ciência”, encontramos a “crença” chamada “criacionismo”. Ou seja, se você acha que Deus criou intencionalmente o mundo e todos os seres, você não está sendo “científico”, você é um simples crente na Bíblia. Quem é cientista de verdade tem que ser seguidor da “evolução cega”, sem Deus. Ponto final!

Mas se você continuar um pouco mais a sua “volta” ou seu “tour”, como dizem os franceses, pela web, acabará encontrando informações sobre um grupo de cientistas – cientistas mesmo, com PhD e tudo mais – que levantam sérias dúvidas contra o evolucionismo. São os chamados dissidentes, defensores da teoria conhecida por “Intelligent Design” (ID). Em resumo, eles afirmam que os processos biológicos para o surgimento da vida e a existência de organismos complexos só se explicam com a interferência de uma mente inteligente, um “projetista”.

Os críticos dizem que os adeptos do ID são poucos e, portanto, deveriam ser ignorados pela comunidade científica “ortodoxa”.

O argumento é irrisório. Nos anos 20 do século passado, as conclusões do Pe. George Lamaître sobre os estudos das nebulosas mantiveram-no numa posição quase solitária entre as teorias astronômicas da época. Hoje, ela é considerada majoritária entre os astrofísicos.

Outros ainda afirmam que os defensores do ID são, na verdade, filósofos, matemáticos, historiadores, mas não há entre eles especialistas em biologia ou química, propriamente falando. Assim os seguidores do ID não têm credenciais para debater com os “ortodoxos” seguidores de Darwin.

Aí, se o seu “tour” pela web continuar, você se deparará com a inconveniente surpresa – para os evolucionistas – de encontrar “gente grande” no lado do ID, especialistas em micro-biologia, por exemplo, com tantas credenciais para discorrer sobre o tema que não daria para resumir neste artigo.

E aqui seu “tour” pela web te leva ao Dr. James Tour. Antes de mais nada, aí vão suas credenciais: especialista em química orgânica e nanotecnologia, pós-doutor pela Stanford University, pós-doutor pela Universidade de Wisconsin e PhD pela Universidade de Purdue.

Prêmios e títulos: “Cientista do ano” pela R&D Magazine em 2013. Prêmio “ACS Nano Lectureship Award” da American Chemical Society em 2012. Classificado como um dos 10 maiores químicos do mundo na última década pela Thomson Reuters in 2009. Membro da American Association for the Advancement of Science. Prêmio de Nanotecnologia Feynman de 2008. Prêmio do Ato Espacial da NASA em 2008, Prêmio Arthur C. Cope Scholar da American Chemical Society (ACS) em 2007. Prêmio Inovador do Ano da revista Small Times em 2006. Prêmio Southern Chemist of the year Award da ACS, em 2005. Prêmio Honda Innovation Award pelos Nanocars em 2005,…

Ufa! Se você quiser mais, acesse a Wikipedia!

O Dr. Tour está ligado ao movimento do ID. Para ele, não é possível a vida se originar sem um direcionamento, sem uma intenção, isto é, sem uma “mente” controlando o processo. Evolucionismo aleatório, cego, para explicar a origens das espécies é uma fantasia. Sua opinião tem peso científico e muito peso!

Ele tem inúmeras palestras gravadas online. Fala com a convicção e a segurança de uma autoridade.

Numa impressionante entrevista (veja o link abaixo)¹, o Dr. James Tour afirma que nenhum cientista é capaz de reproduzir em laboratório o processo de origem da vida. Um processo aleatório, cego para dar origem à vida, mesmo a mais simples, é pura especulação sem base experimental.

Além disso, recorrer a milhões de anos para que haja maior probabilidade do surgimento da vida por um processo cego – como fazem os cientistas “darwinianos” – é simplesmente fugir do problema e acaba dando numa espécie de suicídio científico. Pois o próprio tempo é inimigo do processo necessário para que os componentes essenciais da vida se formem e se conjuguem adequadamente e sem um “projetista”. Quanto mais o tempo passa, menor a probabilidade para o surgimento da vida aleatoriamente.

O final de sua “volta” ou “tour” pela internet te conduziu ao Dr. James Tour, respeitado cientista, autoridade incontestável contra o evolucionismo. Ele é judeu convertido ao cristianismo. Cientista de verdade e crente em Deus, de verdade.

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  1. https://www.youtube.com/watch?v=r4sP1E1Jd_Y&vl=pt

Quinta-feira Santa: Instituição da Sagrada Eucaristia – Como fazer uma Comunhão bem-feita?

Plínio Corrêa de Oliveira

Agora, uma palavra rápida a respeito do modo dos senhores entrarem na Quinta-feira Santa e de fazerem a Comunhão de Quinta-feira Santa.

Os senhores sabem que a Igreja considera os últimos atos da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo como constituindo um só todo desde o primeiro ato que é a instituição da Santa Ceia até a morte e ressurreição dEle. Constituem um só todo porque representam o auge, o cúmulo de perfeição da vida dEle. Quando Ele termina a sua obra terrena instituindo o Santo Sacrifício da Missa e a Sagrada Eucaristia e dando a Primeira Comunhão a Nossa Senhora, aos Apóstolos e às santas mulheres, em geral aos fiéis que estavam ali.

Depois então Ele sai. O ato da instituição da Eucaristia é um ato festivo pela sua natureza. É festivo porque é uma enorme graça que Ele concede à toda a humanidade; é festivo porque foi realizado numa cerimônia do ato judaico antigo, é a última e a mais alta de todas as cerimônias da velha sinagoga expirante é a cerimônia da Missa, a instituição da Sagrada Eucaristia; é um ato ainda da religião judaica e que Ele celebra a páscoa, quer dizer, a passagem dos judeus pelo Mar Vermelho, que era considerado o milagre máximo da religião hebraica e que os judeus comemoravam muito solenemente, comemoravam festivamente, porque era uma libertação.

Essa libertação dos judeus através do Mar Vermelho era um símbolo precursor da Redenção que Nosso Senhor Jesus Cristo haveria de operar, de todo o gênero humano.

Quer dizer, um símbolo do sacrifício da Cruz. O Mar Vermelho se abriu e os judeus passaram, e os egípcios ficaram. Pela morte de Nosso Senhor Jesus Cristo abriu-se para nós, chamados, o caminho do Céu. E para os que dissessem não, esses ficam, ficam no paganismo, ficam na Revolução, ficam na incredulidade e vão para o Inferno.

Então, a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo abriu o nosso caminho para o Céu como a abertura do Mar Vermelho abriu o caminho do povo eleito, prefigura dos católicos, para a terra prometida, para Israel, que era prefigura do Céu. Este é o pensamento.

* Na Santa Ceia, todos estavam em festa, exceto Nosso Senhor

Então, nessa cerimônia Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o Santo Sacrifício da Missa que era uma celebração antecipada do Sacrifício da Cruz. Entre a Cruz e a Missa existe uma correlação íntima.

Então, Ele celebrou isto festivamente, distribuiu a Comunhão para todos os Apóstolos, mas era uma festividade cheia de tristeza para Ele.

Ele então, nesta festividade cheia de tristeza, porque estava sentado à mesa dEle o traidor; porque Ele estava recebendo ato de adoração de Apóstolos que Ele via que O iam trair. Todos aqueles que O rodeavam iam trair. Até São João que teve esse ato de intimidade com Ele de colocar a cabeça sobre o peito dEle e perguntar a Ele quem é que O havia de trair, até este haveria de fugir na hora aguda. Então, todo mundo estava em festa, exceto Nosso Senhor Jesus Cristo que no momento que dava a mais alta prova de sua misericórdia, de sua caridade que era a instituição da Missa e da Eucaristia nesse momento mesmo Ele já estava prevendo toda a ignomínia que haveria de ser objeto.

A única alegria perfeita que Ele teve nesse dia foi quando Ele deu a Comunhão a Nossa Senhora. Nesse momento sim, porque Nossa Senhora recebeu, como os senhores podem imaginar, a Eucaristia perfeitamente bem, e desde esse momento, segundo tudo leva a crer, a sagrada hóstia nunca mais deixou de estar dentro dEla. Entre uma Comunhão e outra as sagradas espécies se conservavam nEla, como num sacrário vivo, como no tempo da Encarnação em que Ela estava gerando o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tirando isto, Ele não teve alegria, e na vida Ele não teve mais alegria a não ser olhar para Nossa Senhora e, assim mesmo, Nossa Senhora transformada na Rainha das Dores, por causa da Paixão que Ele sofria e da compaixão que Ela sentia pela Paixão dEle.

Depois, então, de instituída a Santíssima Eucaristia dá-se essa coisa trágica: Nosso Senhor sai de um Cenáculo iluminado, de um Cenáculo festivo, e entra pela noite adentro. Mas daquelas noites mal iluminadas, daquelas cidades antigas. Ele atravessa um trecho da cidade, sai com os Apóstolos de dentro da cidade, todos recitando hinos religiosos próprios à cerimônia da Páscoa, e vai para o Horto das Oliveiras.

E no Horto das Oliveiras, começa então a Paixão dEle. Começa antes a Paixão da Alma e depois a Paixão do Corpo. Na Paixão da Alma Ele prevê absolutamente tudo quanto lhe sucederia e vai aceitando ponto por ponto e vai sofrendo na Alma todos os tormentos espirituais de sua Paixão.

Pela Paixão do Corpo, depois, Ele entrega aos seus carrascos e começa a ser torturado até que Ele morre no alto da Cruz.

* Atitudes de luto recomendadas para a Quinta-feira e Sexta-feira santas

Bem, no dia de amanhã a liturgia tradicional da Igreja lembrava essas duas coisas. Ela era festiva, quer dizer, dava-se a Missa de Quinta-feira santa, o padre com paramentos brancos, a Igreja toda em festa. Mas, ao mesmo tempo, coisa tocante e muito evocativa, preparado junto a um altar, um sacrário especial.

Quando terminava a Missa o padre ia, já então com as campainhas não funcionando mais, mas tocando matracas em sinal de dor, com sinos emudecidos, o padre ia até um altar onde havia um sacrário em forma de túmulo, e ele subia então e encerrava as sagradas espécies no túmulo.

Quer dizer, terminada a festa, Nosso Senhor Jesus Cristo entrou nas trevas do reino da morte, Ele começou então a enfrentar as agruras da morte, e por causa disso o ambiente da Igreja era um ambiente de alegria e de tristezas, mas de uma tristeza que dominava essa alegria, porque era tal a torrente de tristezas que ia se abater sobre Nosso Senhor que evidentemente a alegria ficava empanada.

Esse é o estado de espírito com que nós devemos viver o dia de amanhã. Quer dizer, nós devemos considerar o dia de amanhã um dia sagrado, nós devemos considerar sagrado como eu o vi sagrado no tempo em que eu era menino.

No tempo em que eu era menino, os automóveis na Quinta, Sexta e sábado até o meio-dia – porque ao meio-dia tocava o Aleluia, era a Ressurreição – na Quinta, na Sexta e no sábado até meio-dia, os automóveis não tocavam buzina; isso era possível naquele tempo, porque havia pouco trânsito, automóvel não tocar a buzina; aos trens não apitavam; os sinos não tocavam, não havia rádio naquele tempo mas nas casas particulares quase todo mundo tinha um instrumento, ou era um piano, ou violino, ou alguma coisa assim: não se tocava música, ninguém cantava, não havia festas, nem reuniões sociais.

E quando as pessoas iam para a Igreja, depois da Missa na Missa de Quinta-feira Santa iam com trajes ainda festivos, depois da Missa, todo mundo punha trajes pretos e usava trajes pretos na Quinta à tarde, na Sexta o dia inteiro e sábado de manhã, até a Ressurreição.

Quer dizer, todo mundo se revestia de um luto enorme pela morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os pais proibiam as crianças que rissem alto, proibiam as crianças que fizessem grandes brincadeiras.

Começava o jejum, todo mundo jejuava, do jejum antigo que era um jejum rigoroso. Todo mundo ia às igrejas para rezar e para pedir perdão pelos seus pecados. Quer dizer, uma atmosfera de contrição, uma atmosfera de tristeza começava a encher o mundo nesta ocasião.

E isto meus caros, os senhores deveriam fazer na Quinta-feira santa de amanhã. Se não fosse o fato de eu não querer fazer com que a TFP parecesse muito espetacular, eu recomendaria, e talvez já recomende no ano que vem, porque à medida que de um lado fica espetacular nós vamos ficando do outro, eu recomendaria que todo mundo pusesse gravata preta nesse dia e que todo mundo pusesse na flâmula uma tarja preta, recobrindo em parte o leão, para indicar a nossa participação no luto de Nosso Senhor Jesus Cristo e para indicar como é que nós achamos que o mundo deveria conduzir as coisas, para protestar contra essa Quinta-feira santa sem santidade que por aí se faz.

Mas os senhores devem também evitar conversas sem significação, evitar conversas tolas, conversas fúteis, só [conversarem] o necessário.

O ideal perfeito – se os senhores quiserem passar a Quinta-feira santa e a Sexta-feira santa perfeitamente bem, eu não quero impor, mas eu recomendo, eu sugiro: os que se sentem inclinados a isso, eu estou certo que daria uma grande alegria a Nossa Senhora – era que os senhores a partir da Missa de Quinta-feira santa, depois da Comunhão, conservassem o silêncio durante Quinta e Sexta-feira, completamente, de maneira que não falassem a não ser as coisas indispensáveis.

Que beleza nas sedes da TFP: silêncio completo, grupos de rapazes andando juntos pela rua, ninguém falando com ninguém. Que maravilha, que ensino, que edificação! Como isso seria aconselhável para todos os senhores. De maneira que eu não queria deixar de dar aos senhores essa recomendação.

* Um modo de consolar a Nosso Senhor é fazer bem nossa Comunhão da Quinta-feira Santa

Que atitude da vida espiritual? A atitude deve ser a seguinte: a Igreja ensina um fato muito bonito que é esse, eu terei ocasião de voltar sobre esse fato amanhã: quando Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu a Eucaristia, como Ele é Deus, Ele via com antecedência todas as comunhões que haveria no mundo até o fim dos tempos. E Ele se alegrou com as comunhões bem-feitas; Ele se entristeceu com as comunhões tíbias e Ele estremeceu de horror com as comunhões sacrílegas.

Ele, portanto, viu, na hora de instituir a Sagrada Eucaristia, Ele viu todas as minhas comunhões e naquela hora Ele sentiu alegria ou tristeza pelas minhas comunhões. De maneira que eu hoje, comungando bem, eu aumento a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo no ato já passado da instituição da Santíssima Eucaristia, e eu comungando mal eu aumento a tristeza dEle há dois mil anos atrás, no ato já passado da instituição da Sagrada Eucaristia.

O que nós faríamos para consolar Nosso Senhor no momento em que Ele instituiu a Eucaristia? Nós podemos fazer agora preparando-nos para uma boa Comunhão amanhã.

O que é que é uma boa Comunhão amanhã? É uma Comunhão em que nós procuremos nos lembrar da bondade dEle instituindo a Eucaristia. Quer dizer, Ele disse: Meu Corpo é verdadeiramente comida, meu Sangue é verdadeiramente bebida, estava instituída a Sagrada Eucaristia. É um ato de suma intimidade com um homem, da maior intimidade que se possa imaginar. Se Ele não tivesse instituído isso não nos passava pela cabeça a possibilidade de uma coisa dessa, de tal maneira é a intimidade que Ele instituiu conosco.

Nós devemos agradecer isso, recebe-Lo com veneração, recebe-Lo com confiança, porque Ele entra em nossa morada espiritual como Ele entrou em todas as casas da Palestina. Entrou para ensinar, entrou para curar, entrou para santificar. Foi o que Ele fez durante a vida inteira.

Está bem, pedir a Ele que nos ensine, que Ele nos cure. Cure muito mais os defeitos da alma do que os defeitos do corpo, mas os do corpo também podemos pedir a Ele, as doenças, etc., que Ele nos santifique.

Depois, feita essa Comunhão, pedirmos perdão a Ele por nossas faltas e pedir disposição de alma para nós acompanharmos bem a Sexta-feira santa.

Amanhã se Deus quiser, à noite, eu deverei fazer com os senhores uma meditação sobre a Sexta-feira santa e se os senhores quiserem poderão ouvir na Sexta-feira santa durante o dia para alimentarem o espírito e passarem uma Sexta-feira santa cheia de piedade.

* Devemos agradecer a Nossa Senhora as graças recebidas por meio dEla e participar de sua alegria e de sua tristeza

Bem entendido, tudo o que eu estou dizendo aqui só pode se entender bem em função de Nossa Senhora. Nossa Senhora é a medianeira de todas as graças. Ela pediu para nós as comunhões que nós recebemos, Ela pediu para nós a graça: para mim, Ela pediu a graça de falar aos senhores; para os senhores Ela pediu a graça de me ouvirem nessa noite quando eu falasse a respeito dEle e a respeito dEla.

Os senhores devem, então, pedir tudo isto que eu acabo de falar, por meio dEla. Agradecer a Ela que nos obteve isto. Participar da alegria dEla vendo que era instituída a Eucaristia, participar da dor dEla tendo em consideração as comunhões mal recebidas.

E com isso, os senhores iniciarem a semana santa numa atmosfera de recolhimento. Então isto fica altamente recomendado aos senhores. Sobretudo depois da Comunhão, os senhores manterem uma atmosfera de inteiro recolhimento.

Eu estou falando depois da Comunhão, é muito aconselhável que os senhores vão à Missa dos melquitas e que comunguem lá, porque no dia em que foi instituída a Missa, convém que a gente assista a Missa, é mais do que razoável. O centro do culto católico é a Missa, então convém que nós assistamos a primeira Missa, em união com Nossa Senhora que assistiu a primeira Missa também.

Essas são as recomendações que eu dou aos senhores no início dessa Semana Santa.

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Fonte: https://pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_730418_5afeira_Santa.htm

A renovação do Santo Sacrifício do Calvário

Plinio Corrêa de Oliveira
Conferência em 8-4-1971

Pensando na instituição da Sagrada Eucaristia na Santa Ceia, ocorreu-me a seguinte consideração.

Se uma pessoa assistisse à Crucifixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e visse tudo o que se passou, se ela tivesse fé e soubesse que depois haveria a Ressurreição e a Ascensão ao Céu, poderia se perguntar: após a Ascensão, nunca mais Nosso Senhor retornaria ao convívio entre os homens? Até o fim do mundo Ele estaria ausente da Terra? Isso seria arquitetônico? É razoável essa ausência, uma vez que Ele fez pela humanidade tudo quanto realizou?

E a resposta que me ocorreu foi a seguinte: uma vez que Nosso Senhor imolou a sua vida daquele modo terrível; uma vez que Ele resgatou o gênero humano; uma vez que, pela Redenção, condescendeu em contrair com os homens que Ele salvou uma relação tão especial; uma vez que estabeleceu a Igreja como a cabeça do Corpo Místico, Ele estará continuamente presente na Terra até o fim do mundo. De maneira que Ele passou a ser a alma de nossa própria alma, o princípio motor de toda a nossa vida, no que ela tem de mais nobre e elevado, que é a vida sobrenatural, a vida espiritual.

Sendo assim, então nós deveríamos aceitar como verdadeiro que Ele subisse aos Céus, mas que a presença real d’Ele na Terra seria sentida.

À questão de que, de um lado tanta união, mas de outro tão completa, prolongada e irremediável separação, pode-se responder que tudo clamava, tudo bradava, tudo suplicava para que Nosso Senhor Jesus Cristo não se separasse dos homens.

E uma pessoa com senso arquitetônico deveria entrever que Nosso Senhor criaria um meio de estar sempre presente na Terra, sempre presente junto a cada um dos homens por Ele remidos. De modo tal que houvesse a Ascensão, mas que Ele, ao mesmo tempo, estivesse sempre no Céu no trono de glória que Lhe é devido, acompanhasse passo a passo a via dolorosa de cada homem aqui na Terra. Assim sendo, Ele estaria entre nós durante todas as dores da vida e até o momento extremo em que o homem dissesse por sua vez: “Consummatum est”.

Sagrada Eucarística — convívio verdadeiramente sublime

Como é que essa maravilha — a divina e permanente presença de Nosso Senhor Jesus Cristo — se faria? Não se poderia adivinhá-la. Mas os homens deveriam ficar sumamente esperançosos de que uma maravilha assim se realizasse. De tal maneira está nas mais altas conveniências da qualidade redentora de Nosso Salvador fazer por nós essa maravilha, que se deveria esperar por ela.

E creio que, se eu assistisse à Crucifixão e tivesse conhecimento da Ascensão ao Céu, ainda que não soubesse da existência da Eucaristia, eu começaria a procurar Jesus Cristo pela Terra, porque não conseguiria me convencer de que Ele tivesse deixado de conviver entre os homens.

Esse convívio verdadeiramente maravilhoso se realiza exatamente por meio da Eucaristia. Em todos os lugares da Terra, e em todos os momentos, Ele está presente. Está presente tanto nas catedrais opulentas como nas igrejinhas pobres. Quantas vezes, viajando por alguma estrada, encontramos umas capelinhas miseráveis, minúsculas, que dariam para acolher apenas uns vinte ou trinta camponeses habitando dispersos ao longo de enormes descampados. Passa-se por elas e fica-se comovido pensando: Nosso Senhor Jesus Cristo esteve, está ou estará realmente presente em Corpo, Sangue e Alma naquela capelinha. Presente com toda a glória do Tabor, com toda a sublimidade do Gólgota, presente com todo o esplendor da divindade nessa minúscula capela. De tal maneira Ele multiplicou pela Terra sua presença adorável.

Nosso Senhor sujeita-se às nossas boas ou más disposições

Um exemplo. Quando olhamos para as pessoas que encontramos numa igreja, podemos imaginar: este comunga, aquele comunga, aquele outro também comunga, digna ou indignamente. Nosso Senhor Jesus Cristo esteve ou estará presente naquelas pessoas. Talvez nesta semana, amanhã, ou hoje ainda, Ele estará presente neste ou naquele fiel.

Assim sendo, poderíamos pensar: ali está uma pessoa na qual Nosso Senhor esteve ou estará presente. Ela vai ser transformada, embora por minutos, num sacrário vivo.

Podemos medir bem a obra de misericórdia prodigiosa que foi concebida por Nosso Senhor com a instituição da Sagrada Eucaristia? Tanto quanto a presença d’Ele tem um valor infinito, tanto assim também tem valor infinito o fato de Ele estar presente de modo real sob as sagradas espécies por toda a Terra e em todos os homens que queiram condescender de O receber.

Convém imaginarmos as horas — muitas vezes prolongadas — em que Ele passa abandonado nos sacrários das igrejas, adorado apenas pelos anjos, pelos santos do Céu e por sua Mãe Santíssima. Os homens ausentes e distantes. Ele isolado no sacrário à espera de uma pessoa que tenha o desejo e O receber. De tal maneira o Infinito se sujeita ao que é finito! Aquele que é a própria pureza e a própria perfeição, sujeita-se às boas disposições daqueles que O querem receber. E o que é pior: sujeita-se por vezes às más disposições dos homens.

Só mesmo um Deus poderia realizar o sacramento da Eucaristia

Por pouco que se pense nessas considerações, nossas almas não podem deixar de transbordar de reconhecimento, de enlevo, de gratidão por aquilo que Nosso Senhor operou na Santa Ceia. Só uma inteligência divina poderia excogitar a Sagrada Eucaristia e criar esse meio para estar presente em toda a parte e em todos os homens que O queiram receber na comunhão. Só mesmo um Deus poderia realizar isto.

Na Quinta-Feira Santa em que se instituiu esse milagre — a instituição do Sacramento eucarístico — por mais que essas verdades sejam conhecidas, é imperioso e obrigatório que detenhamos sobre elas nossa atenção. E que nós, por intermédio de Maria Santíssima, demos graças enormes a Deus pela instituição da Sagrada Eucaristia.

Só por intercessão de Nossa Senhora, como intermediária dessas graças? — Se é verdade que todo dom vindo do Céu para os homens é um dom que foi suplicado por Ela, é verdade que a Santa Mãe de Deus pediu a instituição da Sagrada Eucaristia a seu Filho. E, pelos rogos d’Ela, Nosso Senhor instituiu o sacramento eucarístico.

Portanto, é verdade que devemos agradecer a Sagrada Eucaristia também a Nossa Senhora. Agradecer a Ele que condescendeu em instituir a Eucaristia e a Ela que, movida pela graça, rogou a Deus esse favor transcendentalíssimo e o obteve para nós. É este pensamento que não pode deixar de estar presente nos nossos espíritos.

A renovação do sacrifício da cruz: a Santa Missa

Há um segundo pensamento, que também devemos ter presente. Ele está relacionado com a Santa Missa. A Eucaristia é, por assim dizer, um corolário da Missa. Bem sabemos que a transubstanciação se opera no próprio ato em que Nosso Senhor Jesus Cristo renova a sua Paixão. É a essência da Missa, que é a renovação incruenta da Paixão de Nosso Senhor. É o ato pelo qual o pão e o vinho se transformam em Corpo e Sangue de Jesus Cristo por meio das palavras sacramentais pronunciadas pelo sacerdote. Este ato, que é o oferecimento e a imolação, é também o ato determinante da presença real, que depois se conserva nas sagradas espécies.

Devemos pensar no valor infinito da renovação do sacrifício da cruz que se passa na Missa. O sacrifício da cruz tem de si um valor infinito. E cada vez que ele é oferecido por Nosso Senhor Jesus Cristo ao Padre Eterno, novamente se repete o sacrifício da cruz.

Uma pessoa que olhasse depois do “consummatum est” no alto do Calvário — após as santas mulheres e alguns discípulos receberem o divino Corpo a fim de prepararem seu sepultamento e presenciarem Nossa Senhora chorando sobre Ele — veria a Cruz isolada sobre o alto do Gólgota. Quando todos abandonaram o local, se apenas um homem ali ficasse solitário, com o espírito cheio de fé, compreenderia que aquela Cruz era o símbolo de um ato que haveria de se repetir e que, pela mesma lógica, convinha enormemente que se multiplicasse. Ato que, de fato, se multiplicou de um modo prodigioso por toda a Terra, o qual se repetiria até o fim do mundo.

Quinta-Feira Santa — a Missa, a Eucaristia e o sacerdócio

Há teólogos que afirmam que o Sacrifício da Missa tem um valor de tal maneira inapreciável e infinito, que se em um determinado dia o Santo Sacrifício da Missa deixasse de ser celebrado na Terra, a justiça de Deus se desfecharia sobre o mundo.

Uma pintura muito bonita representa a última Missa celebrada na Terra. Em meio do caos, um sacerdote reza a Missa. Neste momento, todos os anjos estão prontos para executar a vingança de Deus no fim do mundo. Todos estáticos, à espera de que a última Missa fosse celebrada. Tal é a reverência do próprio Deus para com o sacrifício no qual Ele mesmo é oferecido em holocausto, que nem a necessidade de castigar o mundo O faria precipitar a sua vingança antes de concluída aquela Missa.

Devemos considerar ainda que a Quinta-Feira Santa foi o dia da instituição do sacerdócio. O poder de consagrar foi conferido aos Apóstolos nessa ocasião. Três maravilhas, portanto, conexas entre si, às quais se deve acrescentar a cerimônia do “Lava-pés”. No mesmo dia em que Nosso Senhor, por assim dizer, encerra essa série de maravilhas.

Quinta-Feira Santa — dia de júbilo e de tristeza

Entretanto, a Quinta-Feira Santa, o dia da Eucaristia, que deveria ser um dia de alegria, o dia da primeira Missa, é um dia de júbilo conjugado com tristeza. Tristeza por causa da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo que se aproxima, tristeza devido ao ódio satânico e bestial que fervia em torno do próprio salão no Cenáculo, onde Ele estava consumando a sua Obra. Tristeza por causa da tibieza e fraqueza dos Apóstolos, sendo eles, entretanto, os primeiros e os mais imediatos beneficiários de todas essas maravilhas mencionadas. Tristeza por causa do filho da perdição, Judas Iscariotes, que estava sentado entre os Apóstolos e que ia executar o crime nefando — o pior crime de toda História, que foi o de vender por trinta dinheiros o Homem-Deus.

Nosso Senhor Jesus Cristo, com a pré-ciência de todas as coisas que iriam acontecer, contudo, não trepidou em acumular tantas maravilhas sobre as pessoas desses pobres miseráveis, que, dentre em pouco, iriam fazer tudo quanto fizeram: dormiram e fugiram; e do traidor, infame por excelência, que consumou a traição.

Pedir a Nossa Senhora que nos trate como tratou os Apóstolos

Com essas reflexões, consideramos o que foi a vocação dos Apóstolos e o que representou a misericórdia da parte de Deus, que nada consegue abalar ou demover. Ele tinha o intuito de fazer daqueles Apóstolos os pilares de seu Reino. Ele tinha o desejo de construir o seu Reino sobre a Terra. De fato, Ele cumulou de dons esses Apóstolos. Eles foram infiéis, mas esses dons não se perderam. Eles acabaram sendo fiéis e as intenções e o plano do Redentor acabaram se realizando.

Assim, formamos uma ideia do que pode ser a misericórdia para aqueles a quem Nossa Senhora concedeu uma grande vocação. E dispomos de um argumento para nos estimular em meio a nossas incontáveis fraquezas. Também sobre seus filhos Maria Santíssima tem acumulado, mantidas as proporções, verdadeiras maravilhas.

Quantas razões para batermos no peito! Quantas razões para considerarmos, entre outras coisas, as nossas confissões apressadas, as nossas comunhões mecânicas, sem uma verdadeira piedade! Quantas razões para pensar em mil outras ocasiões!

Entretanto, Nossa Senhora continua a nos proteger, a nos ajudar, a nos conceder graças de toda ordem. Podemos esperar que Ela tenha a intenção misericordiosa de nos conservar para todo o sempre, para a criação de seu Reino sobre a Terra — o Reino de Maria como anunciado em Fátima e previsto por São Luis Grignion de Montfort —, apesar de todas as insuficiências, carências e infidelidades de seus filhos.

Com isso, devemos nos inclinar aos pés da Santíssima Virgem e pedir que nos trate como Ela tratou os Apóstolos e que nos obtenha análogo trato para nós por parte de Seu Divino Filho. Que Ela — fechando os olhos às nossas fraquezas e misérias passadas e presentes, e até mesmo àquelas que de futuro possamos cometer — queira não romper conosco esse pacto de misericórdia que desejou entabular. Que consinta em manter esse pacto e fazer chegar logo o dia mil vezes feliz em que Ela nos confirme na fidelidade, para que possamos afinal ser para Ela razão de uma alegria estável, permanente, durável, sólida e séria por nossa grande fidelidade.

Esta é a graça que na Quinta-Feira Santa especialmente devemos suplicar.

A tibieza dos Apóstolos no Horto das Oliveiras

Com essas considerações constatamos a maravilha do amor de Deus, mas também o horror da tibieza humana. Nosso Senhor, à medida que falava, ia se tornando mais bondoso, mais afetuoso ainda, como que derramando sua alma sobre os Apóstolos. E de tal maneira se ia revelando, que se tornou aos olhos de todos como uma figura toda luminosa, uma figura quase etérea. Dando assim a entender, ou a ver, a sua própria divindade.

Como é que os Apóstolos ouviam isso? — Com indiferença! Aquilo que maravilhou todos os séculos, para eles era nada. Estavam pensando, por exemplo, na popularidade deles na cidade, no triunfo da procissão da entrada no Domingo de Ramos que havia fracassado, e que não tinha atribuído a eles a importância terrena que desejavam. Portanto, atitude oposta às maravilhas que Nosso Senhor produzia em favor deles.

Como as analogias se repetem! Como muitas vezes se multiplicam as manifestações da bondade de Nosso Divino Redentor! Ele se torna cada vez mais diáfano e transparente para seus filhos. Mas, ao mesmo tempo, as pessoas pensam em coisas terrenas. Pensam no papel humano que desempenham suas miseráveis pessoinhas. E a partir do momento em que as almas adotam essa linha de pensamento, não há maravilhas que as comovam, não há milagres, não há manifestações da misericórdia de Deus que as sensibilizem, porque elas estão endurecidas. Endurecidas por quê? — Elas amam outra coisa. Que outra coisa elas amam? — Amam a si próprias, para representar um grande papel diante dos outros. É o orgulho, fonte da tibieza!

Um dos atos mais augustos e belos da história do Novo Testamento: Nosso Senhor vai tentando comover aquelas almas, falando-lhes cada vez com mais afeto. E na Santa Ceia é recebido por eles com a indiferença de que darão provas horas depois no Horto das Oliveiras. O Divino Salvador padecendo no Horto, enquanto os Apóstolos nem se lembram mais de todos os dons que lhes foram confiados. Eles dormiram! Queriam descansar! Não podiam vigiar uma hora junto ao Redentor, que, entretanto, pouco tempo antes lhes revelara a maravilha da Sagrada Eucaristia.

Até que ponto pode chegar a tibieza! A indiferença desdenhosa para com os dons de Deus, a tremenda dureza da alma, a preocupação exclusivamente consigo mesmo!

Fazer tudo para a maior glória de Deus

Em consideração a essa série de ações maravilhosas que Nosso Senhor praticou na Quinta-Feira Santa, pode-se medir melhor com quanta veneração, com quanto respeito devemos nos aproximar do Santíssimo Sacramento.

Neste dia há Missa. Nela vai ser distribuída a Sagrada Comunhão em todas as igrejas católicas. Antes da hora da comunhão, procuremos reler o Evangelho na parte em que descreve a Santa Ceia. Procuremos pedir a Nossa Senhora que faça reacender em nossas almas todas as graças não recebidas nas comunhões anteriormente feitas sem o devido preparo. Roguemos à Santa Mãe de Deus o seguinte: que Ela obtenha que a comunhão no dia da Quinta-Feira Santa alcance todas as graças da melhor comunhão de nossa vida.

Sejamos ambiciosos e peçamos a Nossa Senhora que essa comunhão seja a melhor comunhão feita em nossa existência. Que, em memória desses fatos admiráveis, em memória da morte augustíssima de Seu Divino Filho, nossa comunhão seja a mais recolhida, a mais plena de veneração

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Fonte: http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/D4148EB3-C33C-D527-DA404A0E3746ABBF/mes/Marco2015

São João Batista de La Salle

7 de Abril
São João Batista de la Salle,

Confessor
(+ Rouen, França, 1719)

São João Batista de la SalleJoão Batista nasceu em Reims em 1651 da nobre e abastada família dos Las Salle. Foi um brilhante aluno da Sorbona de Paris. Sacerdote e cônego, pode ser considerado com justiça um dos maiores inovadores da escola moderna. Numa época em que até a cultura elementar constituía um privilégio de poucos felizardos, João Batista compreendeu a urgência de organizar uma instrução adequada aos meninos de classe sociais mais pobres. Renunciou, portanto, à vida de cônego, convenceu do seu programa doze jovens das Escolas Cristãs.

O santo fundador tinha entendido que a educação dos jovens era uma verdadeira obrigação para todos. Normalmente nas escolas daquele tempo só eram recebidos os jovens destinados à política, diplomacia e chefia. João Batista sustentou o princípio da gratuidade e da universalidade da instrução. Seus métodos revolucionários naturalmente encontraram a hostilidade de muitos.

Na escola continuavam falando latim e dando peso a matérias tradicionais. Nas escolas populares dos irmãos adotou-se logo a língua materna e se introduziu um ensinamento de caráter elementar e profissionalizante, que compreendia a leitura, a escrita, a ortografia, a matemática e o catecismo. As classes eram divididas em seções baseando-se no nível de desenvolvimento dos alunos: os mais adiantados deviam ajudar os colegas menos dotados. Mas as escolas lassallianas tinham sobretudo um endereço profissional, para encaminhar os moços do povo a um emprego bem remunerado.

Desenho industrial e exercícios práticos com vários instrumentos de trabalho tiveram o lugar que mereciam no calendário escolar. Porém, todo dia de aula devia ser iniciado com meia hora de religião, premissa sempre irrevogável em todas as escolas dos Irmãos, espalhadas por toda a terra. No começo da árdua missão João Batista de La Salle pôde contar com o entusiasmo de doze voluntários que haviam aceito como ele vestir o habito religioso e dedicar-se à instituição de escolas populares. Quando morreu, em 7 de abril de 1719, em Rouem, a nova congregação era composta de duzentos membros distribuídos em 22 casas.

Eram autênticos mestres, munidos de sólida cultura e também das virtudes que formam a bagagem do educador: a prudência, a sabedoria, a paciência, a bondade, zelo, a piedade e a generosidade. Um dos educadores mais iluminados da Igreja, precursor dos métodos pedagógicos modernos, João Batista de La Salle foi canonizado em 1900.

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Fonte:
Sgarbossa, Mario / Giovannini, Luigi. Um Santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983.

São Marcelino de Cartago, Mártir

6 de Abril
São Marcelino de Cartago,
Mártir
(+ África, 413)

O martírio de são Marcelino, alto funcionário imperial e amigo de Santo Agostinho, está relacionado ao cisma donatista que dividiu a Igreja africana por mais de um século. Tudo começou em 310 quando foi contestada a validez da eleição do bispo de Cartago, Caeciliano, porque foi consagrado pelos bispos traidores. Eram considerados traidores os que haviam entregue os livros sagrados para serem queimados, conforme o decreto do imperador Diocleciano.

O bispo Donato (donde vem a heresia do donatismo), havia tomado uma posição radical oposta ao bispo Ceciliano. Para Donato a Igreja é a sociedade dos santos e por isso os sacramentos administrados por pecadores são inválidos. havia inegavelmente influências regionais e sociais na questão. Numídia contra África proconsular, proletários contra proprietários romanos. O nosso santo foi vítima dos donatistas.

Marcelino em Cartago acumulava dois cargos: tabelião e tribuno. Bom pai de família, cristão exemplar, foi definido por santo Agostinho, que era seu amigo, como homem notável pela estima de todos e pela religiosidade. Desejoso de aprender, muitas vezes se dirigiu a santo Agostinho para obter esclarecimentos sobre pontos controvertidos da doutrina cristã. Algumas obras de grande valor do extraordinário santo Agostinho tiveram origem na curiosidade sadia de Marcelino. São Marcelino nem chegou a lê-las, pois havia ficado do lado dos bispos na conferência de que estes participaram em Cartago (411) com os bispos donatistas. Por isso os donatistas se vingaram acusando-o de cumplicidade com o usurpador Heracliano. A acusação era grave e Marcelino foi condenado à morte pelo conde Marino em 13 de setembro. Um ano depois o próprio imperador reconhecia o erro da justiça romana. Caiu a acusação. Todas as decisões de Marcelinho foram aprovas. A Igreja passou a honrá-lo como mártir.

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Fonte:
Sgarbossa, Mario / Giovannini, Luigi. Um Santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983.