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São João Batista de La Salle

7 de Abril
São João Batista de la Salle,

Confessor
(+ Rouen, França, 1719)

São João Batista de la SalleJoão Batista nasceu em Reims em 1651 da nobre e abastada família dos Las Salle. Foi um brilhante aluno da Sorbona de Paris. Sacerdote e cônego, pode ser considerado com justiça um dos maiores inovadores da escola moderna. Numa época em que até a cultura elementar constituía um privilégio de poucos felizardos, João Batista compreendeu a urgência de organizar uma instrução adequada aos meninos de classe sociais mais pobres. Renunciou, portanto, à vida de cônego, convenceu do seu programa doze jovens das Escolas Cristãs.

O santo fundador tinha entendido que a educação dos jovens era uma verdadeira obrigação para todos. Normalmente nas escolas daquele tempo só eram recebidos os jovens destinados à política, diplomacia e chefia. João Batista sustentou o princípio da gratuidade e da universalidade da instrução. Seus métodos revolucionários naturalmente encontraram a hostilidade de muitos.

Na escola continuavam falando latim e dando peso a matérias tradicionais. Nas escolas populares dos irmãos adotou-se logo a língua materna e se introduziu um ensinamento de caráter elementar e profissionalizante, que compreendia a leitura, a escrita, a ortografia, a matemática e o catecismo. As classes eram divididas em seções baseando-se no nível de desenvolvimento dos alunos: os mais adiantados deviam ajudar os colegas menos dotados. Mas as escolas lassallianas tinham sobretudo um endereço profissional, para encaminhar os moços do povo a um emprego bem remunerado.

Desenho industrial e exercícios práticos com vários instrumentos de trabalho tiveram o lugar que mereciam no calendário escolar. Porém, todo dia de aula devia ser iniciado com meia hora de religião, premissa sempre irrevogável em todas as escolas dos Irmãos, espalhadas por toda a terra. No começo da árdua missão João Batista de La Salle pôde contar com o entusiasmo de doze voluntários que haviam aceito como ele vestir o habito religioso e dedicar-se à instituição de escolas populares. Quando morreu, em 7 de abril de 1719, em Rouem, a nova congregação era composta de duzentos membros distribuídos em 22 casas.

Eram autênticos mestres, munidos de sólida cultura e também das virtudes que formam a bagagem do educador: a prudência, a sabedoria, a paciência, a bondade, zelo, a piedade e a generosidade. Um dos educadores mais iluminados da Igreja, precursor dos métodos pedagógicos modernos, João Batista de La Salle foi canonizado em 1900.

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Fonte:
Sgarbossa, Mario / Giovannini, Luigi. Um Santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983.

São Marcelino de Cartago, Mártir

6 de Abril
São Marcelino de Cartago,
Mártir
(+ África, 413)

O martírio de são Marcelino, alto funcionário imperial e amigo de Santo Agostinho, está relacionado ao cisma donatista que dividiu a Igreja africana por mais de um século. Tudo começou em 310 quando foi contestada a validez da eleição do bispo de Cartago, Caeciliano, porque foi consagrado pelos bispos traidores. Eram considerados traidores os que haviam entregue os livros sagrados para serem queimados, conforme o decreto do imperador Diocleciano.

O bispo Donato (donde vem a heresia do donatismo), havia tomado uma posição radical oposta ao bispo Ceciliano. Para Donato a Igreja é a sociedade dos santos e por isso os sacramentos administrados por pecadores são inválidos. havia inegavelmente influências regionais e sociais na questão. Numídia contra África proconsular, proletários contra proprietários romanos. O nosso santo foi vítima dos donatistas.

Marcelino em Cartago acumulava dois cargos: tabelião e tribuno. Bom pai de família, cristão exemplar, foi definido por santo Agostinho, que era seu amigo, como homem notável pela estima de todos e pela religiosidade. Desejoso de aprender, muitas vezes se dirigiu a santo Agostinho para obter esclarecimentos sobre pontos controvertidos da doutrina cristã. Algumas obras de grande valor do extraordinário santo Agostinho tiveram origem na curiosidade sadia de Marcelino. São Marcelino nem chegou a lê-las, pois havia ficado do lado dos bispos na conferência de que estes participaram em Cartago (411) com os bispos donatistas. Por isso os donatistas se vingaram acusando-o de cumplicidade com o usurpador Heracliano. A acusação era grave e Marcelino foi condenado à morte pelo conde Marino em 13 de setembro. Um ano depois o próprio imperador reconhecia o erro da justiça romana. Caiu a acusação. Todas as decisões de Marcelinho foram aprovas. A Igreja passou a honrá-lo como mártir.

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Fonte:
Sgarbossa, Mario / Giovannini, Luigi. Um Santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983.

A Maternidade Divina, grandeza fundamental de Maria

As grandezas de Maria podem ser divididas em dois grupos. O primeiro é constituído pelas que representam sobretudo funções: maternidade divina, maternidade espiritual, mediação universal, papel de Maria no apostolado católico, realeza universal. O segundo grupo engloba as grandezas que representam privilégios concedidos a Maria em razão de suas funções, ou como consequências delas: Imaculada Conceição, virgindade, plenitude de graça etc. […]

Significado da maternidade divina

A grandeza fundamental de Maria, razão de ser de todas as outras, é a maternidade divina. De acordo com uma percepção comum, a maternidade divina não é somente a razão de ser das outras grandezas, mas também da própria existência de Maria, pois Ela foi criada especificamente para tornar-se a Mãe de Deus. Na bula Ineffabilis, o Papa Pio IX ensina, ao definir a Imaculada Conceição de Maria, que “a origem de Maria e a Encarnação da Sabedoria divina foram decididas por um único e mesmo decreto”. Assim, a maternidade divina explica tudo em Maria, e sem essa maternidade nada nela pode ser explicado.

A importância excepcional da maternidade divina torna evidente a necessidade de se entender bem o que ela significa, e deixar isso mal explicado equivale a deixar incompreendidos todos os privilégios da Virgem. Além disso, neste caso nosso espírito se encontra diante do mistério da Encarnação em toda a sua profundidade, mais do que ocorre em relação a outras grandezas de Maria. O assunto ultrapassa também a doutrina marial propriamente dita e se estende ao domínio da cristologia. […]

Santa Maria, Mãe de Deus.

O título de Mãe de Deus não significa, nem jamais significou entre os fieis, aquilo de que Nestório nos acusava no século V e certos protestantes e racionalistas nos acusam ainda hoje, isto é, que consideramos Maria como mãe da divindade, ou como uma espécie de deusa como as da mitologia. Afirmamos sim que Maria é Mãe de Deus, mas não que Ela é mãe da divindade; Mãe de uma Pessoa que é Deus, e não mãe dessa Pessoa enquanto Deus.

Para entender o que significa a maternidade divina, é necessário compreender a união das naturezas divina e humana na pessoa de Jesus, tanto quanto isso seja possível no que se refere a um mistério. […]

Entre a humanidade e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo existe uma união muito semelhante à do corpo com a alma, porém não idêntica.(2) A natureza divina e a humana formam um único todo, uma única pessoa, de tal modo que as ações de uma e outra podem ser atribuídas a essa pessoa, e Ele pôde dizer: “Antes que Abraão existisse, Eu sou” (Jo 8, 58); e também: “Minha alma está numa tristeza mortal” (Mt 26, 38). A pessoa a que pertencem todas as ações de Cristo é divina, pelo que todas as suas ações, mesmo aquelas praticadas pela natureza humana, tinham mérito infinito, pois eram ações de Deus. Pode-se portanto afirmar com toda realidade que Deus pregou, que Deus sofreu, que Deus morreu. Consequentemente pode-se também dizer que Deus nasceu. Acontece que a mulher da qual um ser nasce é sua mãe. Como Deus nasceu de Maria, Maria é Mãe de Deus.

Poder-se-ia argumentar que Jesus recebeu de Maria apenas seu corpo, e não sua divindade. Esta objeção teria valor no caso de uma união moral, como aquela que Nestório elucubrou, não porém no caso de uma união substancial. O corpo que Maria gerou era, desde o primeiro instante, o de um Deus, portanto é de um Deus que Maria se tornou Mãe. Da mesma forma nós recebemos de nossas mães apenas o corpo, mas somos plenamente seus filhos.

É verdade que a concepção de um corpo humano exige naturalmente a criação e a infusão da alma, ao passo que a concepção operada em Maria não exigia naturalmente a união do Filho de Deus com a humanidade que a Virgem concebia. Não havia tal exigência do ponto de vista natural, porém existia do ponto de vista sobrenatural, de modo mais sublime e mais digno de Deus e de Maria do que tudo o que se passa na ordem natural. Tal concepção foi preparada por meio de virtudes e privilégios únicos: concepção virginal, só adequada a um Deus; concepção operada pelo Espírito Santo, a qual, de acordo com a explicação do anjo, faria do filho de Maria o próprio Filho de Deus; concepção consentida pela Virgem, somente após ter Ela recebido a promessa de que culminaria com a geração de um Deus.

Maria é realmente Mãe de Deus, da mesma forma que qualquer mulher é mãe de seu filho. De certa forma pode-se afirmar que Ela merece mais este qualificativo do que as outras mães. Em primeiro lugar porque ela sozinha, sem a contribuição de um pai, formou aquele corpo que, desde o primeiro momento de sua existência, era o corpo de um Deus. Além disso, porque foi chamada a cooperar para essa função em condições únicas. Houve jamais uma mãe que, como Maria, foi escolhida por seu futuro filho e preparada por Ele para essa função? Uma mãe que, como Maria, recebeu do Céu o aviso da missão reservada ao seu filho e o convite para consentir em tal missão? Uma mãe que, como Maria, cooperou com as intenções de Deus sobre seu filho e sobre Ela mesma, e se submeteu plenamente às consequências dolorosas dessa cooperação?

Num exame superficial, podemos ser tentados a acreditar que se joga com as palavras quando se dá a Maria o qualificativo de Mãe de Deus. Porém um exame atento nos leva a indagar se é possível imaginar uma maternidade de tal modo verdadeira e de tal modo plena como a de Maria em relação ao Filho de Deus.

Podem ser plenamente satisfatórias ao nosso espírito essas explicações e comparações que apresentamos? Respondemos que, se elas o pudessem, seriam certamente falsas, pois fariam desaparecer o fator mistério. Admitir que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus não representa dificuldade maior do que acreditar que Jesus nos resgatou verdadeiramente, sacrificando-se por nós na cruz; ou em professar que Ele nos une realmente à sua divindade quando nos dá o seu Corpo em alimento. Nos três casos o mistério é o mesmo — a união hipostática. A razão pode explicá-lo até certo ponto, mas só a fé pode obter de nós o assentimento.

A maternidade divina, verdade revelada

A ideia da maternidade, embora sem usar a expressão, já estava contida muito claramente no conhecimento dos primeiros cristãos, e resultava naturalmente de duas verdades que lhes eram familiares: Maria é verdadeiramente Mãe de Deus; Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem.

Não resta nenhuma dúvida de que Maria era reconhecida como Mãe de Jesus pelos judeus. Que Ele é homem, também o admitiam todos. E também era evidente aos olhos dos cristãos primitivos que Ele é Deus, pois havia falado e agido como só um Deus poderia fazer: atribuíam-se direitos que nenhuma criatura ousaria arrogar-se; pregava e mandava em nome próprio; perdoava os pecados por sua própria autoridade; fazia milagres por seu próprio poder; exprimia-se sobre suas relações com Deus como fazendo com Ele um ser único. É possível que inicialmente os discípulos o tenham visto como sendo apenas o Messias, e que no fim de sua vida mortal alguns dentre eles tenham começado a reconhecer sua divindade, mas após a Ressurreição puseram-se todos a pregá-la abertamente. Desde antes de serem escritos os evangelhos, pelo menos os três últimos, São Paulo havia proclamado Jesus “Aquele que está acima de todas as coisas, o Deus eternamente bendito” (Rom 9, 5).

Essa humanidade e essa divindade que os primeiros cristãos reconheciam no Filho de Maria apresentavam-se a eles unidas na mais íntima união que se possa imaginar, a qual será mais tarde denominada hipostática. Daquele que acabava de ser batizado no Jordão, o Pai tinha dito: “Eis meu filho bem amado, no qual ponho minha complacência” (Mt 3, 17). Após atravessar o lago numa barca, Ele disse ao paralítico: “Homem, os teus pecados te são perdoados”; e como os fariseus se escandalizavam sobre esse poder de perdoar os pecados — pois só o reconheciam como pertencendo a Deus, mas Ele o atribuía a si mesmo — não argumentou que estariam sendo perdoados por Deus habitando em mim, ou por Deus ao qual estou unido, mas proclamou em alto e bom som que esse poder residia nele mesmo: “A fim de que saibais que o Filho do Homem tem na Terra autoridade para perdoar os pecados, [disse ao paralítico]: Levanta-te, toma o teu leito e retorna à tua casa” (Mc 2, 1-12).

São Paulo registrou num texto bem conhecido essa convicção dos primeiros cristãos sobre a união substancial da divindade e humanidade em Jesus: “Tende os sentimentos de Cristo Jesus, que subsistindo na natureza de Deus, não considerava uma usurpação a igualdade com Deus. Porém Ele se aniquilou, tomando a forma de servo e tornando-se semelhante aos homens, reconhecido como homem pela sua aparência” (Fil 2, 6-8).

Portanto o Apóstolo afirmava que a natureza divina e a humana estavam reunidas em Jesus Cristo, e consequentemente Ele era reconhecido pelos primeiros cristãos como sendo ao mesmo tempo Deus e homem. Tendo Ele nascido de Maria, conferiam a Ela o título de Mãe de Deus.

“O corpo que Maria gerou era, desde o primeiro instante, o de um Deus, portanto é de um Deus que Maria se tornou Mãe”

A dedução acima é de todo rigor, mesmo supondo-se que a Sagrada Escritura não aludisse também à divindade do seu Filho, nas partes em que menciona a Mãe de Jesus. Porém, de fato a divindade de Jesus está afirmada, ou pelo menos subentendida, em várias ocasiões em que se menciona sua Mãe. O anjo Gabriel afirmou a Maria que Ela se tornaria mãe sem perder a virgindade, porque “aquele que nascerá de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 34-35). Qualquer que possa ter sido para os judeus de então o sentido da expressão Filho de Deus, é fora de dúvida que a Virgem entendeu tal expressão como significando algo diferente do que eles entendiam por Messias. Com efeito, o anjo lhe explicou que o Messias que nasceria dela respeitaria sua virgindade, precisamente porque tratava-se do próprio Filho de Deus. É fora de dúvida também que os primeiros cristãos, que ouviam contar ou liam a narração da Anunciação, atribuíam à expressão Filho de Deus o sentido literal, o sentido pleno de segunda Pessoa da Santíssima Trindade, e que portanto Maria era para eles Mãe de Deus, de acordo com a declaração do enviado divino.

Visitação
“De onde me vem a graça de receber a mãe do meu Senhor.”

No episódio da Visitação, entendiam que Isabel disse à sua jovem prima:“De onde me vem a graça de que a Mãe do meu Senhor venha visitar-me?” (Lc 1, 43). Evidentemente Isabel dava à palavra Senhor o sentido que encontrara ou ouvira nos textos sagrados, isto é, que significava Deus. No próprio capítulo em que encontramos a pergunta feita por Isabel, a palavra Senhor é mencionada outras 15 vezes, todas elas com o significado de Deus. Por exemplo, logo após a saudação inicial, Isabel prossegue: “Ditosa aquela que acreditou no cumprimento das coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor” (Lc 1, 45). Seguramente os primeiros cristãos entendiam igualmente neste relato a palavra Senhor no sentido de Deus, e aí viam Maria honrada como Mãe de Deus.

Do mesmo modo eles se lembravam de que Isaías, o maior entre os profetas messiânicos, havia predito que “uma virgem conceberá e dará à luz Emanuel, que significa Deus conosco”. Pouco importa o modo como os contemporâneos de Isaías ou o próprio profeta entendiam que o Filho da Virgem seria Deus conosco. Para os primeiros cristãos, a palavra designava Deus feito homem, entendendo portanto que Ela havia concebido Deus e o dera à luz, sendo portanto Mãe de Deus.

Antes mesmo da publicação dos evangelhos, os cristãos ouviram de S. Paulo: “Quando se chegou à plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, concebido da mulher” (Gal 4, 4). Daí se conclui que essa mulher era Mãe do Filho de Deus. […]

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Maria Santíssima como a Igreja ensina, Pe. Émile Neubert, Editora Petrus – 2014

Protestantes ricos, católicos pobres?

Um dos mitos mais disseminados contra o catolicismo é o de que este favorece a pobreza e, segue o mito, o protestantismo proporciona o desenvolvimento material, o progresso econômico das nações. Basta considerar a riqueza da Inglaterra e dos Estados Unidos e a pobreza de Portugal e da América Latina.

Aposto que o leitor já ouviu algum professor em sala de aula repetir essa lenda. O tema é muito amplo, mas apresento a seguir algumas linhas para a reflexão dos católicos e, por que não, dos protestantes.

Max Weber geralmente é tido como o pensador que deu os fundamentos para essa crença anti-católica. No início do século XX, ele escreveu o ensaio “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, no qual procura demonstrar que o protestantismo trouxe a riqueza para mundo! Antes disso só havia miséria e decadência na Europa. Antes de Lutero só havia a terrível “Idade das Trevas”. A partir do século XVI o mundo progrediu, bem entendido, o mundo protestante, enquanto os países católicos permaneceram na penúria.

Há muita carga de simplificação nessa mitologia, mas adianto que ela já encontrou seus críticos desde o início. O autor belga Henri Pirenne é um dos seus contestadores mais respeitados. Ele demonstrou, apenas para dar um exemplo, que no século XIII, já havia um capitalismo florescente em Flandres.

No Brasil, o Pe. Leonel Franca, na obra “A Igreja, a reforma e a civilização”, prova cabalmente que a queda econômica em algumas nações católicas – a Espanha, por exemplo – desde o surgimento do protestantismo, se deveu a fatores adversos e não diretamente à religião do país.

Mais recentemente o autor americano Rodney Stark lançou uma série de publicações contra o mito de Weber. Uma de suas obras, já editadas em português, é “A vitória da razão” (Ed. Tribuna, Lisboa). Aconselho sua leitura para aqueles que gostam de ver erros históricos desmontados.

Mas se você é um leitor mais prático ou não tem tempo de ler a obras acima, aí vão alguns dados concretos para usar quando seu professor vier despejar na sala de aula as mentiras de Weber.

Só para início de conversa, dos sete países mais ricos do mundo (o famoso G7), 3 são de maioria protestante (Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra) e 3 são de maioria católica (França, Itália e Canadá)! Até aqui há um empate! Para completar os sete países, vem o Japão, que não é católico, nem protestante.

Mas espere! Vamos por uma lupa nesses países. Primeiro, Alemanha. A região mais rica do país é a Baviera. E qual é a maior religião lá? A católica! Para desespero dos discípulos de Weber, quem mais faz a riqueza da Alemanha são os católicos. Além disso, o número das populações católicas e protestantes têm oscilado bastante nas últimas décadas. Por volta do ano de 2006, dados registraram uma superação do número de católicos relação ao número de protestantes, considerando todo o país. Esse quadro se reverteu posteriormente. Não consta que a economia alemã tenha se alterado por causa dessa variação.

Para abreviar, vamos para o exemplo mais expressivo: os Estados Unidos da América. Maioria protestante, não é? Vamos com calma! Se considerarmos as denominações religiosas no país, ou seja, as igrejas separadamente, o catolicismo é a maior religião, com mais ou menos 30% de adeptos. Nem a igreja batista, que é a denominação protestante mais numerosa, possui tantos fiéis.

Mais. O período de maior crescimento econômico nos Estados Unidos foi desde os meados do século XIX até nossos dias. Curiosamente, é este justamente o período de maior crescimento da população católica! Crescimento explicável, sobretudo, pelo influxo dos latinos. Isso fará Weber revirar-se no caixão, mas tudo indica que quanto mais católicos, mais riqueza!

De longe já vemos tentativa de contra argumentação protestante: “Há outros os fatores que explicam o crescimento econômico nesses países, apesar do aumento de católicos!”

Essa tentativa de resposta não atinge o alvo, e acaba pondo às claras a simplificação de Weber, pois o mesmo se pode dizer do lado oposto: “Outros fatores, que não simplesmente a religião, explicam a ‘relativa pobreza’ dos alguns países católicos”.

Digo “relativa pobreza” porque o Brasil, apesar da propaganda contrária, é um dos países mais ricos e produtivos do mundo. E ainda é um dos que tem a maior população católica do mundo. Quase o mesmo se poderia dizer dos seguintes países católicos: Argentina, Chile, México, Bélgica, Áustria, Espanha… todos eles com um grau de riqueza respeitável, para dizer o mínimo. Todos eles católicos.

Poderíamos estender a argumentação, mas vamos deixar, por enquanto, Weber e seus discípulos descansarem um pouco. Talvez eles passem a reconsiderar seus mitos e os deixem de lado.

Por que a Igreja Católica é a única verdadeira?

A Palavra do Sacerdote – extraído da Revista Catolicismo, Junho 2004
Cônego José Luiz Villac

Monsenhor José Luiz Villac

Pergunta Estive visitando o site www.catolicismo.com.br e o achei muito informativo. Sou católica, mas ultimamente tenho pensado em algumas coisas que gostaria de esclarecer. Li a explicação a respeito da Igreja Católica, como ela surgiu. Foi no momento em que o Espírito Santo tocou os Apóstolos e dessa forma nasceu a Igreja. Creio que essa seja uma interpretação da Igreja Católica. Mas eu gostaria de saber se há uma afirmação concreta de que Jesus falou que ela é a verdadeira e a única que salva. Baseando-se em textos bíblicos, realmente. Pois o próprio Jesus Cristo disse: Quem se reunir com duas ou mais pessoas em meu nome, eu estarei presente. Não necessariamente na Igreja Católica, mas em qualquer bom lugar edificado que fale em seu nome. Por essa e outras passagens, creio que a Igreja Católica é a casa do Senhor, mas não somente essa, e sim, como está em Efésios (2, 21), todo edifício bem ajustado… E sobre Pedro ser o primeiro Papa, Jesus falou: Ninguém vem ao Pai a não ser por mim… Não creio que somente os Papas podem ler a Bíblia, pois ela é vendida em todos os lugares, e Deus a escreveu para que crêssemos Nele. Bom, essas são as minhas dúvidas. Se o senhor puder me esclarecer, ficarei grata.


Resposta É interessante notar como a missivista quer uma resposta baseada “em textos bíblicos, realmente”. Tratando-se de uma católica, como está afirmado em sua carta, vê-se que ela está influenciada pela idéia, hoje muito difundida, de que toda a Revelação feita por Nosso Senhor Jesus Cristo está contida só na Bíblia. Ora, isto não corresponde à realidade dos fatos. Aliás, em nenhum lugar da Bíblia está escrito que só na Bíblia está a palavra de Deus…

Catedral de Notre Dame, Paris

Bíblia: necessária mas insuficiente

Mais de uma vez lembramos nesta coluna que a ordem de Jesus Cristo a seus discípulos foi: “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). A difusão da Boa Nova deu-se, pois, primeiro pela pregação, e só mais tarde os discípulos houveram por bem escrever os ensinamentos que tinham ouvido de Jesus Cristo.

E, ao fazerem-no, não tiveram a preocupação de compor uma obra absolutamente sistemática — acadêmica, diríamos hoje. Fizeram-no inspirados pelo Divino Espírito Santo, mas movidos pela graça, ao sabor de suas preferências, salientando os pontos que mais os haviam impressionado. Daí a variedade de estilos e conteúdos dos escritos dos Apóstolos e discípulos, que se completam uns aos outros, apresentando uma visão unitária e coerente da doutrina do Divino Mestre, sem entretanto abranger a totalidade dos seus ensinamentos. O Evangelho de São João conclui precisamente com esta eloqüente observação: a Terra não poderia conter os volumes que seria preciso escrever para transmitir todos os ensinamentos e fatos da vida de Cristo (cfr. Jo 21, 25).

De onde resulta que é preciso recorrer também à pregação viva, que nunca se interrompeu na Igreja, e que constitui a teologicamente denominada Tradição. Bíblia e Tradição formam as duas fontes da Revelação. Inclusive, muitas passagens da Bíblia só são perfeitamente compreendidas à luz da Tradição.

Não cabe, portanto, restringir exclusivamente à Sagrada Escritura as provas das verdades de nossa Fé. Muitas são encontradas nas citações bíblicas, mas outras nos chegam através da Tradição. E ao Magistério da Igreja incumbe guardar esse precioso depósito da Fé e interpretá-lo sem erro. Com efeito, Jesus Cristo prometeu, depois que subisse ao Pai, enviar o Espírito Santo sobre os Apóstolos, para guiar a Igreja em sua caminhada ao longo dos séculos, de forma que seu ensinamento não se deturpasse com o passar do tempo. É essa assistência do Espírito Santo que garante a infalibilidade do Magistério da Igreja.
Isto posto, vamos às dúvidas da consulente.

“E eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edifcarei a minha Igreja” (Mt 16, 18). A Igreja verdadeira está edificada sobre o Papado

Fora da Igreja não há salvação

Se a salvação nos vem por Jesus Cristo, e só através d’Ele, é óbvio que devemos procurá-la na Igreja por Ele fundada. Ora, Nosso Senhor disse a Pedro: “E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18). A Igreja de Jesus Cristo é, portanto, a que está edificada sobre o Papado. Esta é a única Igreja verdadeira, fora da qual não há salvação. É o rebanho de Cristo, é o Reino de Cristo na terra, é o Corpo Místico, do qual Ele é a divina Cabeça.

Como vê a consulente, esta verdade se apóia num texto bíblico (aliás, em vários outros também), mas é necessário um raciocínio teológico para explicitar o conteúdo do texto bíblico. Este é o papel do Magistério eclesiástico, que se desenvolve sob o bafejo do Espírito Santo, como acima dissemos, e resguardado pela Infalibilidade Pontifícia.

Sobre o caso das almas retas que estão fora do corpo da Igreja, e que entretanto se salvam, é assunto já tratado nesta coluna (cfr. Catolicismo nº 617, maio de 2002). Como o tema é delicado e complexo, remetemos o leitor para esse artigo, em que a questão é analisada em seus matizes.

São Paulo diante da Basílica de São Pedro

“Eu estarei no meio deles”

A consulente tem razão em dizer que não é apenas no templo católico que se cumpre a promessa de Nosso Senhor: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18, 20). O templo é a casa de Deus por excelência, tanto mais quanto, em grande número de casos, Jesus Eucarístico estará realmente e substancialmente presente no Sacrário. Mas em todo outro lugar em que os fiéis se reunirem para tratar dos interesses de Deus, contarão com a presença espiritual de Jesus no meio deles.

A missivista entretanto não parece fazer a distinção devida entre a Igreja Católica enquanto instituição, e a igreja (com minúscula), isto é, o templo (edifício) no qual se realiza o culto divino.

Quanto à referência de São Paulo a “todo edifício bem ordenado” (Ef 2, 21), ela não tem em vista o edifício sagrado, mas o edifício espiritual que cada um deve edificar em si mesmo para transformá-lo no “templo santo do Senhor”. Eis suas palavras: “Vós, pois, já não sois hóspedes, nem adventícios, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas, sendo o mesmo Jesus Cristo a pedra angular, sobre o qual todo o edifício [espiritual] bem ordenado se levanta para ser um templo santo do Senhor, sobre o qual vós sois também juntamente edificados para morada de Deus, mediante o Espírito [Santo]” (Ef. 2, 19-22 — tradução do Pe. Matos Soares).

A Bíblia não é só para o Papa!

Sem dúvida, a leitura da Bíblia não é reservada só ao Papa, mas recomendável a todo cristão que esteja em condições de tirar proveito espiritual dela. Naturalmente, fala-se aqui de uma edição que tenha a expressa aprovação da Igreja.

Não convém entretanto imaginar que qualquer fiel que se põe a ler a Bíblia tem só por isso proveito garantido. Se a pessoa não tiver formação adequada, e não procurar acompanhar a leitura do texto bíblico com os comentários de autores abalizados, esse ato, de si louvável, pode redundar até em prejuízo para a própria fé. Pois a Bíblia contém freqüentemente passagens misteriosas, que só com o auxílio de um especialista se podem compreender.

Daí a verdadeira insensatez do mau conselho protestante de pôr a Bíblia nas mãos de qualquer um, de qualquer jeito. Facilmente ele se confunde e começa a tirar conclusões completamente infundadas.

Esses são os esclarecimentos que queríamos oferecer à gentil missivista.

São Hugo de Grenoble

1º de Abril
Santo Hugo de Grenoble,
Bispo e Confessor
(+ Grenoble, França, 1132)

Existem uns dezesseis santos com o nome de Hugo. Os dois mais importantes tiveram muitas coisas em comum. Além do nome são quase do mesmo tempo e lugar. Um é Hugo, abade de Cluny (1024 – 1109) e o outro, bispo de Grenoble (1053 – 1132).

Ambos abraçaram a vida religiosa na flor da idade e tiveram encargos de grande responsabilidade. Hugo de Cluny, com 20 anos apenas, foi ordenado sacerdote e com 25 sucedeu ao abade Odilon e permaneceu no cargo por 60 anos. Hugo de Grenoble estudou em Valência e em Reims onde foi de São Bruno, com 27 anos apenas foi nomeado bispo de Grenoble por Gregório VII e ficou no cargo por 52 anos. Ambos foram excelentes colaboradores dos papas Gregório VII, Urbano II, Pascoal II e Inocêncio II. Ajudaram na reforma da Igreja, na luta contra a simonia e a corrupção do Clero. Ambos doram os primeiros a dar exemplo de reforma pessoal e interior. Os dois foram propugnadores da vida monástica.

Cluny se tornou exemplo da vida monástica em toda a Europa. O rigoroso São Pedro Damião dá o bonito testemunho de Cluny que visitou em 1063: “Que diremos da severidade, da ascese, da disciplina da Regra, do respeito pelo mosteiro e pelo silêncio? Durante o tempo do estudo, do trabalho ou da leitura da Bíblia, ninguém ousa andar à toa pelos corredores ou falar, senão em caso de verdadeira necessidade. Falam só raramente, durante o silêncio noturno em certos lugares (cozinha, sacristia, dormitório, refeitório e claustro), também de dia só se fala por meio de sinais, que são escolhidos com tanta severidade que não há lugar à leviandade”.

Hugo de Grenoble foi um dos artífices na fundação dos Cartuxos (Grande Cartuxa). Foi ele que acolheu São Bruno e deu-lhe a montanha da cartuxa. Aí ele repetiu o milagre de Moisés: fez jorrar a água da rocha.

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Fonte:
Sgarbossa, Mario / Giovannini, Luigi. Um Santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983.

 

 

 

Diferença entre o Pai-Nosso católico e o protestante

Você já deve ter notado uma curiosa diferença entre o Pai-Nosso católico e o protestante.
Não me refiro às pequenas variações de palavras – algo que acontece mesmo entre os
católicos – mas à frase que vai ao fim da oração, recitada por certas
denominações protestantes: “Porque teu é o reino e o poder e a glória para sempre. Amém”.
De onde vem essa diferença? O protestante logo virá com a resposta pronta: “Está na
Bíblia. Basta ler na edição de Ferreira de Almeida, em Mateus 6, 13”. Interessante constatar,
contudo, que ao usarem aquela fórmula no final do Pai-Nosso, os protestantes fazem, sem o
saber, uma homenagem à Tradição católica!
A fórmula “Porque teu é o reino…” é uma doxologia, isto é, uma expressão de louvor
geralmente acrescentada ao texto sagrado para acompanhar um trecho da liturgia. Esses
acréscimos vêm dos tempos da Igreja primitiva e ainda são muito comuns na Santa Missa e no Ofício Divino.
Ora, essa expressão não consta nos códices mais antigos do Evangelho de São Mateus.
Estudiosos, mesmo protestantes, reconhecem esse fato. Ela foi simplesmente acrescentada
por um copista – católico, diga-se de passagem – como uma reverência natural ao texto
sagrado. Note-se que o copista não fez isso com o propósito de adulterar a Bíblia, ele o fez de
boa-fé. Mas São Mateus não havia escrito tal fórmula.
A cópia do Evangelho de São Mateus acrescida da doxologia atravessou os séculos
até que Ferreira de Almeida, protestante português, utilizou-a para sua tradução da Bíblia, no
século XVII. E essa é a mesma versão – com eventuais atualizações – que os protestantes de
língua portuguesa utilizam até hoje.
Mas não sejamos injustos com Ferreira de Almeida. Ele não tinha condições de saber dessa
piedosa interpolação de um copista católico, feita nos primórdios do cristianismo. Apenas a
crítica mais recente esclareceu a questão.
De qualquer maneira, se você for arguido por um protestante sobre o “Porque teu é o reino e
o poder…”, pode dizer com toda segurança que é graças aos católicos que ele usa essa
fórmula.

Fontes consultadas:
1. https://catholicstraightanswers.com/why-does-the-catholic-our-father-have-a-different-
ending-than-the-protestant-one/
2. http://www.pr.gonet.biz/index-read.php?num=2389

Nossa Senhora do Bom Sucesso e o Corona Vírus – Podcast

Entrevistamos José Ignácio Gomez, estudante universitário e radialista no Equador.
Ele nos conta a história das revelações de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que aconteceram neste país e faz relação com a atual crise.

Erros na Santa Igreja… como entender? – PODCAST

Neste Podcast, ouvimos o Prof. Sérgio Bertoli, experimentado formador da juventude e um dos coordenadores da Frente Lepanto. Em seus 20 séculos de existência, a Igreja já enfrentou inúmeras crises – a atual não é para Ela nenhuma novidade… E Ela enfrenta sem medo, pois tem a seu favor o Divino Espírito Santo, que nunca a desamparou!