O mundo moderno tem deixado ao mundo muitas atrocidades nos campos artísticos, principalmente na música onde qualquer coisa pode virar um sucesso, sem que lhe seja dada o mérito de ser boa.
Porém, há um tipo de canto que é belo e extraordinariamente esplêndido: o canto gregoriano.
A beleza vem não só de sua execução, mas também de sua história. O canto gregoriano tem sua origem nos tempos de vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando os salmos eram cantados nas Sinagogas.
O canto gregoriano tem sua glória na Idade Média, quando a Cristandade era vivida na sociedade como um todo. Os tempos de paz eram maiores e os de guerra eram menores.
São Gregório Magno, Papa, fora quem formou as coletâneas dos cantos e, além disso, iniciou a Schola Cantorum. Com isso, muitas outras pessoas puderam ver e viver a beleza de tal canto.
Mas então, caro leitor, você talvez se pergunte: se o canto gregoriano é tão belo, por que não vemos em rádios, programas e relações afins? É simples: as relações entre aquilo que é belo e verdadeiro jamais ficam juntas com aquilo que é miserável e indigno de real beleza como tem o canto gregoriano.
A beleza que as pessoas atualmente veem, infelizmente, não tem como real objetivo louvar a Deus, isto é, sendo sempre subordinado a Deus e, por conseguinte, à elevação a alma. Pelo contrário, buscam o mais baixo do ser no mais baixo das suas atitudes.
Nisto, cabe-se colocar algumas verdades que podem muito bem ser observadas em um período de tempo.
Uma delas é que a música já não tem um bom significado, tampouco em sua essência quanto no seu contexto. Veja, qual foi a última vez em que viste uma melodia tocada que pudesse elevar vossa alma ao mais alto dos céus, a ponto de entrar em uma contemplação para com Nosso Senhor, vide que esta é a função da música? Não podemos ter isto a não ser que queiramos encontrar e, portanto, busquemos.
Lembremos que a música ela tem três pontos para que seja exatamente música.
Melodia – parte na qual notas se associam e formam uma sequência (fala-se do sistema tonal e não o atonal);
Harmonia – a parte que harmoniza, isto é, combina-se junto com a melodia;
Ritmo – a determinação do som em função do tempo, ou seja, a sua duração perante o tempo.
Denota-se então que, por causa dessa perda de significado, pouco se vale dizer o que é música, como também pouco se vale entender a música. Ouve-se certas “músicas” que só tem ritmo e que, de música, não tem nada.
Poderão dizer-te também que “a música é uma expressão cultural e que, portanto, não precisa dessas regras”.
Ora, tu não tens regras para com tua vida? Não é de Deus a ordem para que tudo esteja certo, do jeito certo e para um objetivo certo? Lembremos que Deus é a perfeição!
Por isso que, dentre todos os tipos de música que possam existir, o canto gregoriano é o mais belo: nele há ordem, há respeito para com as execuções (mediante o canto/cântico selecionado), há distribuição equivalente entre as notas (sem igualdade no que tange a duração e a frequência das notas) e, além do mais, é voltado para Aquele que É a bondade e a perfeição.
Por fim, aqui estão exemplos de cantos gregorianos que fazem uma contemplação e elevam a alma.
Adoro te Devote
Te Deum Laudamus
Primeira Lição de Sexta-Feira Santa – Lamentações de Jeremias
Caríssimos, o texto aqui apresentado foi inicialmente feito para ajudar uma amiga que tinha certas dúvidas sobre a Igreja, após o que “aprendeu” da professora na escola numa aula de filosofia.
Este trabalho de apologética abre o campo de pesquisa para o leitor se aprofundar no assunto. Buscamos apenas responder as 3 questões que a professora resumiu e deu como certa para a classe da minha amiga.
Ocultaremos o nome da escola, da professora e da amiga por questões éticas, e também porque é irrelevante. As inverdades que serão rebatidas são apresentadas em diversos outros lugares porque está na crença popular, então muita gente crê fielmente nelas por serem repetidas a todo tempo por todo mundo, por isso a necessidade de publicar em nosso site as devidas respostas as 3 questões em particular.
Mas, sem mais delongas, eis as “verdades” apresentadas em sala de aula:
“Pessoas que não seguiam as leis da Igreja eram perseguidas e mortas, não tinham liberdade”;
“A Igreja reprimia a liberdade de expressão, não aceitavam opiniões diferentes, ‘faz isso ou vai pro inferno’. Período da escuridão (Igreja no Poder)”;
“Depois que a Igreja saiu do poder a sociedade começou a se desenvolver, ou seja, ela teve avanços”.
São acusações bem pesadas, e ridículas, mas de certo modo, fáceis de desmentir. São falas que também abrem o leque e envolvem diversas outras mentiras para apoiarem-na. Como havia dito, estas 3 questões são uma espécie de resumo. Após toda a aula a conclusão foi esta. Seguiremos respondendo expandindo o leque e abrangendo pontos importantes que devem ser esclarecidos para todos, católicos ou não, e as respostas seguem na ordem em que foram apresentadas as questões.
1 – “Pessoas que não seguiam as leis da Igreja eram perseguidas e mortas, não tinham liberdade”.
Afirmar categoricamente que a Igreja suprimia a liberdade de seus fies sem apresentar nenhuma prova palpável sobre isto é uma tolice sem precedentes, tirando o fato de que nenhuma prova poderia ser apresentada, pois este argumento é uma mentira histórica, dito popular que as pessoas nos forçam a crer depois de repetirem mil vezes.
É parte da fé da Igreja e de seu ensino doutrinário que o homem é livre para fazer o que bem entender, mesmo que a ação não convenha. A Igreja também ensina que cada ação dá frutos relativos nesta vida, ou na hora da morte. Mas cabe ao fiel optar por fazer o que é moralmente certo, ou o que é moralmente errado. A sua consciência irá acusa-lo de qual caminho escolher, tendo em vista que o ensino das partes já foi feito.
É essencial deixar claro também que o pensamento filosófico medieval, muito anterior as deturpações Iluministas, via a liberdade não como o liberalismo desregrado que quiseram passar os iluministas, mas como algo dependente de uma autoridade que legislasse a liberdade à luz da verdade. Porque a autoridade compilada a verdade é necessária para realização do bem comum. Como disse o Tomista Sidney Silveira:“sem autoridade, a liberdade transfigura-se em licenciosidade – e produz desordens sociais em progressão geométrica. Nesta concepção, a liberdade verdadeira só se pode lograr, quer individual, quer socialmente, onde há autoridade”. (Index Librorum Prohibitorum – A Edição de 1564, p.32-33. Editora Centro Dom Bosco, 2018, RJ.)É mister saber que a autoridade social medieval era, em partes, a Igreja, e com a Igreja o conceito de Deus e as regras do Evangelho, que configuram-se na Verdade necessária à manter a ordem. Então, entendidos de que liberdade não é, ou ao menos não era entendida assim pelo homem medieval, licenciosidade para causar problemas sociais, continuemos.
Para dizer que a Igreja reprimia a voz do povo precisamos de um documento oficial da Igreja que ateste isso, uma Encíclica, no caso. Até que se apresente isso, o argumento não passará de uma lenda repetida, carente de fontes.
Como é clássico, algumas pessoas poderiam querer pegar os casos Galileu Galilei (1564-1642) e Giordano Bruno (1548-1600), mas estes dois casos não são casos de repressão da liberdade, por assim dizer. É interessante mencionar aqui também que fora estes dois nomes ninguém evoca algum outro nome como exemplo. Vamos usar de exemplo estes dois nomes porque a questão 1 geralmente é movida pela visão errônea que as pessoas tem do período da Inquisição. Mas vamos ver o que de fato aconteceu com Galileu e com Bruno, para entender como a Igreja enfrentava, e enfrenta, os problemas que se apresentam, e entender também um pouco de o que foi e como foi a inquisição. Apesar de a questão não colocar explicito o nome INQUISIÇÃO, é implícito ao que a mentira se refere. Afinal, você também não pensou nisso quando a leu?
Dizem que Galileu foi reprimido pela Igreja por ensinar o sistema de Copérnico, o Heliocentrismo, e não o Geocentrismo e mais estritamente o sistema de Tycho, que era o que a grande maioria aceitava como verdade. Está na mente de muitos que Galileu foi uma triste vitima da Inquisição e do autoritarismo da Igreja, e que ele foi censurado por trazer verdades cientificas que iam contra o que a Igreja dizia para controlar os fieis. Mas Galileu não foi perseguido pela Igreja, no sentido puro da palavra. Eis o que aconteceu com Galileu, nas palavras do historiador e PhD Thomas Woods:
“Galileu estava convencido de possuir a verdade, mas não tinha provas objetivas suficientes para convencer os homens de mente aberta. É uma completa injustiça afirmar, como fazem alguns historiadores, que ninguém ouvia os seus argumentos e que nunca teve uma oportunidade. Os astrônomos jesuítas tinham confirmado as suas descobertas e esperavam ansiosamente por provas ulteriores para poderem abandonar o sistema de Tycho e passarem a apoiar com segurança o copernicanismo. Muitos eclesiásticos influentes acreditavam que Galileu devia estar certo, mas tinham de esperar por mais provas.” Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 67
Galileu não tinha provas cientificas concretas de que o Heliocetrismo era o modelo astronômico correto para explicar a posição do sol e da terra e os seus movimentos relativos, mas mesmo assim ele queria ensinar esse sistema como se fosse um fato cientifico, ou uma teoria consistente, ao invés de ser ensinado como Hipótese Científica, que era o que a Igreja recomendava (as pessoas falam que Galileu foi perseguido por ensinar o sistema de Copérnico, mas o engraçado é que o próprio padre Copérnico não sofreu nada em criar a sua hipótese que séculos depois foi dada como teoria e fato. Curioso, não é?). Mas Galileu foi ainda mais ousado, ele começou a sugerir novas interpretações bíblicas a luz do Heliocentrismo, querendo que a Igreja mudasse seu ensino sobre alguns pontos do mundo natural. Galileu não era Teólogo, e não tinha sustentação nas suas palavras (o sistema de Copérnico não tinha as provas irrefutáveis que hoje conhecemos), o que ele estava fazendo era um escândalo para os fieis leigos que não entendiam de Naturalismo e tampouco de Teologia. Ou seja, Galileu estava sendo um problema, mesmo sendo um cientista brilhante e de renome, muito respeitado pelo Papa Urbano VIII, que era seu amigo, diga-se de passagem. O que o Papa da época fez foi mandar Galileu para uma prisão domiciliar em sua casa, e mandou ele se retratar de suas ideias. Galileu não foi açoitado, ou algo do tipo. Galileu foi muito imprudente em suas palavras, não tinha provas para suas teorias, mesmo que elas fossem já debatidas nos meios acadêmicos por outros cientistas cristãos, como os padres Jesuítas.
Galileu não foi obrigado a parar de ensinar ou estudar o sistema de Copérnico, o que ele deveria fazer era parar de ensina-lo como verdade absoluta e parar de sugerir reinterpretações bíblicas a partir dele. A Igreja tomou essa decisão por dois motivos:
1 – A teoria de Copérnico na época de Galileu era apenas uma hipótese científica, ou seja, era uma ideia que ainda necessitava de um maior número de evidências para ser universalmente aceita pelos cientistas como verdade e suceder o outro modelo vigente. Galileu não era o único a estuda-la, cientistas Jesuítas contemporâneos de Galileu também estudavam o copernicanismo e chegaram a confirmar com cálculos precisos algumas teorias dele;
2 – Galileu não era teólogo e nem clérigo, podia deter certo conhecimento teológico mas não tinha autoridade para pregar algo diferente da opinião da Igreja sobre o assunto em questão. Ele poderia, como católico, sugerir uma revisão e apresentar provas científicas para tal. Ele não fez isso e nem tinha todas as provas necessárias. Ao ensinar algo contrário a Igreja Galileu causava escândalo e dividia o povo, e o escândalo sempre foi condenável. Galileu não foi advertido simplesmente por ser cientista (se fosse isso os Jesuítas nem deveriam existir), mas por ser um causador de escândalo misturando hipóteses cientificas com argumentação teológica. Em outros termos podemos dizer que o sujeito era um tanto arrogante e não admitia ser contrariado.
“Como é evidente, não é inteiramente correto pintar Galileu como uma vítima inocente de preconceito e da ignorância do mundo”, disse o historiador Jerome Langford. “Parte da culpa dos acontecimentos subsequentes deve ser atribuída ao próprio Galileu, que recusou qualquer ressalva, e sem provas suficientes, fez derivar o debate para o terreno próprio dos teólogos.” Jerome Langford; Galileo, Science and the Church, pp. 68-69.
Okay, desmistificado um dos mitos mais famosos e utilizados para dizer que a Igreja reprimia o povo e o avanço científico. Mas para dar mais uma prova incontestável, nada melhor que as palavras de um contemporâneo de Galileu:
“Se houvesse uma verdadeira prova de que o Sol é o centro do universo, de que a Terra está no terceiro céu e de que o Sol não gira em torno da Terra, mas a Terra em torno do Sol, então deveríamos agir com grande circunspecção ao explicar passagens da Escritura que parecem ensinar o contrário, e admitir que não as havíamos entendido, em vez de declarar como falsa uma opinião que se prova verdadeira. Mas eu mesmo não devo acreditar que existam tais provas enquanto não me sejam mostradas”.São Roberto Belarmino, bispo e Doutor da Igreja, falando sobre as considerações de Galileu.
Séculos depois as provas foram apresentadas e a Igreja começou a ensinar o Heliocentrismo como uma verdade, e não mais como uma hipótese. Isso é história.
Agora, o outro caso mais famoso e polêmico é o do herege Giordano Bruno, que inclusive morreu queimado na fogueira.
São João Crisóstomo já no século IV dizia: “Matar um herege é introduzir na Terra um crime inexplicável”, São Bernardo de Claraval, ao ser informado da morte de hereges na cidade de Colônia em fogueiras, disse: “A fé é uma obra de persuasão, não se impõe!” Ele também afirmou que era absurdo criar “falsos mártires” daquela maneira.
Giordano Bruno não era cientista e tampouco foi condenado por qualquer tese cientifica. O grande legado que atribuem a ele é uma teoria que afirma a existência de um número incontável de outros mundos habitados, que foi proposta pelo padre Nicolau de Cusa 109 anos antes do Nascimento de Giordano Bruno.
A tese de que a terra não é o centro do universo e de que as esferas celestes não estão imóveis, mas sim em constante movimento foi dita por Nicolau de Cusa, e ainda antes dele, por Nicholas Oresme, bispo de Lisieux. E a Igreja jamais o censurou por isso. Dez anos após o Padre Nicolau de Cusa publicar o Docta ignorantia ele foi sagrado Cardeal, e também Nicholas Oresme jamais foi incomodado por estas ideias (por que Bruno morreu e Oresme e Nicolau de Cusa não, entenderemos mais a frente).
Bruno foi preso pela Inquisição em Veneza, condenado em 1600, acusado de:
Sustentar opiniões contrárias à Santa Sé e realizar discursos de oposição a ela e a seus ministros;
Sustentar opiniões erradas sobre a Santíssima Trindade, e a divindade de Cristo e a Encarnação;
Sustentar opiniões erradas sobre Cristo;
Sustentar opiniões erradas sobre a transubstanciação e a Santa Missa;
Afirmar a existência de uma pluralidade de mundos e suas eternidades;
Acreditar em metempsicose (possibilidade de a alma humana, ao reencarnar, migrar para animais, plantas ou minerais);
Praticar magia e adivinhação;
Não acreditar na virgindade de Maria.
Exceto a afirmação da pluralidade dos mundos (que também não é nada cientifica, e vale notar que o herege era apegado a práticas de magia e a usava em suas explicações pseudocientificas), todas as acusações são religiosas. A pluralidade dos mundos vai contra a Revelação do Gênesis de que o mundo foi criado em determinado momento do tempo. Mas dentre tantas heresias, não é certo pensar que ele foi morto por este simples fato.
Ou seja, Bruno, no fim, não foi mais que um herege, que nada tinha de um cientista genuíno, mas sim um pseudocientista e plagiador. Morreu, infelizmente, mas não por culpa da Igreja, pois o tribunal da Inquisição que o condenou a morte era regido pelo poder secular, e não pela Igreja.
A Igreja rejeitou as ideias de Bruno e ele vagou por diversos cantos por anos, foi rejeitado inclusive dentre os protestantes. Mas como a Inquisição não começou com a Igreja, não era só ela a responsável por assumir algum tribunal inquisidor. Bruno foi morto, um erro (na visão moderna), mas não um erro da Igreja. Isso se explica historicamente pelo fato de a Igreja administrar apenas punições leves e de cunho religioso para reparar o pecado do Herege e leva-lo a conversão e salvação da alma. O poder secular foi quem iniciou a pena de morte e era quem a administrava.
Não foi a Igreja que inaugurou a repressão da heresia por meio da violência. Se a considerou em todos os tempos como um crime de “lesa-majestade” divina, nunca pediu a aplicação dessas penas severas que castigavam toda a lesa-majestade no direito imperial romano. No decurso dos três primeiros séculos, recorreu apenas à persuasão e às punições espirituais. Foram os imperadores cristãos, Constantino e seus sucessores, que, como “bispos do exterior”, castigavam com penas temporais – multas, prisão e flagelação – os rebeldes contra a verdadeira fé, maniqueus ou donatistas.O primeiro grande processo por heresia que terminou com uma execução capital, o do espanhol Prisciliano, provocou veementes protestos do papa Sirício, de Santo Ambrósio e de São Maninho de Tours.
Com Santo Agostinho, a perspectiva mudou um pouco: partidário resoluto dos métodos de tolerância para com os hereges, sobretudo maniqueus, compreendeu que a heresia constituía um atentado fundamental contra a sociedade cristã e que esta devia defender-se. Desejava que ela o fizesse com moderação, mas admitia que se aplicasse a pena de morte em caso de perigo social evidente. […] Daniel-Rops; “A Igreja das Catedrais e das Cruzadas”, 1998, p. 605.
Quando se fala em “perigo social evidente” deve-se entender o período histórico para não cairmos em anacronismo. A Heresia era considerada em toda Idade Média como crime capital, isso porque a Heresia era uma fé divergente da fé do povo, mas principalmente porque divergia da fé da Igreja, e a fé da Igreja era a fé do Rei/Imperador ou Senhor Feudal da região.
Então a heresia de certa forma desafiava o poder secular, causava escândalos no povo e abalava as estruturas sociais, como foi o caso da heresia de Ário (Arianismo) e a heresia dualística de Maniqueu (Maniqueísmo) que por volta do ano 1100 teve uma nova e agressiva vertente que ficou conhecida como Catarismo, heresia esta que era extremamente um perigo social por fomentar o homicídio, o suicídio e infanticídio, ao pregar que o mundo material era obra de Satanás (um deus do mau), e que precisávamos nos livrar de nossos corpos e voltar ao plano material criado pelo deus do bem.
A Inquisição tratou bem dos Cátaros e salvou diversos lugares da influência perversa e insana deles. Creio que ninguém em sã consciência irá reclamar de uma autoridade que se levanta contra um grupo que prega homicídio, suicídio e mata mulheres grávidas em nome de um ideal religioso insano. Santo Tomás de Aquino nos mostra como era o pensamento de sua época (séc. XIII): “É muito mais grave corromper a fé, que é a vida da alma, do que falsificar o dinheiro, que serve à vida temporal. Ora, se os falsificadores de moeda ou outros malfeitores logo são justamente condenados à morte pelos príncipes seculares, com maior razão os heréticos desde que sejam convencidos de heresia, podem não só ser excomungados, mas justamente serem condenados à morte’’. (Cf. Suma Teológica V, p. 183, questão 11: a heresia, artigo 3).
Contudo, cabia ao Estado aplicar a pena e não à Igreja, como dizia o próprio Tomás de Aquino: “Não convém, pois, aos clérigos matar ou derramar sangue, e sim estar prontos a derramar seu próprio sangue por Cristo, para imitar por obras o que realizam por seu ministério”. (Cf. Suma Teológica V, p. 521, questão 40: a guerra, artigo 2). E a pena capital era somente para quando não haviam meios de combater a heresia que apresentasse risco social, como sugeria Santo Agostinho no séc. IV.
Os ocorridos com Galileu e Bruno não são eventos frutos do enunciado da questão 1, não era um problema você não seguir uma lei da Igreja, o catolicismo nunca foi algo imposto, como ocorre nas terras Islâmicas em que desobedecer a Sharia pode ser motivo de morte ou penas severas, como perder um membro do corpo, estes foram repreendidos por serem causadores de escândalo e divisão no povo, e por atentarem contra as autoridades locais (por isso Bruno foi morto, e os criadores de algumas das ideias que ele defendia, não. Porque o problema não era somente a ideia, era o escândalo e a desordem causados em nome dela).
Galileu sofreu uma pena leve, ficar trancado em casa e se retratar (não de sua ciência, mas de sua teologia), e Bruno foi ignorado pela Igreja e até pelos Protestantes até ser pego pelo Estado por causar os mesmos escândalos.
Durante todos os séculos houveram pessoas que discordavam da Igreja e não seguiam suas leis, isso é óbvio de se admitir, mas contanto que essas pessoas não atentassem contra a ordem social, não fossem um perigo social evidente, como os Cátaros, não havia necessidade de perturba-las. A liberdade vai até onde você não interfere na ordem moral e social, a partir dai você não é livre para ser um incômodo, para resumir. E isso é uma coisa que todos nós sabemos. Há limites em tudo, caso não houvesse seriamos todos criaturas bestiais sem moral. E Galileu, e principalmente Bruno, ultrapassaram os limites da época. Negar o momento histórico e julgar o povo medieval com a moral atual embebida em iluminismo e liberalismo é Anacronismo, e como brincou um historiador amigo meu, o primeiro mandamento do historiador é: “Não cometerás anacronismo”. OK!
Que acontece então com aquelas imagens de cenas de tortura e os supostos equipamentos usados pelos inquisidores? Propaganda difamatória protestante para abalar os reinados católicos. A famosa Lenda Negra. Ao escrever no google “inquisição” e clicar nas imagens você logo verá inúmeras cenas de tortura, inúmeros equipamentos e coisas horripilantes. Tudo fantasia e difamação.
O proceder do Tribunal da Inquisição era o seguinte, conforme o Dictionnaire de Théologie Catholique mencionado na obra “A Inquisição”, da Vozes em Defesa da Fé:
1. O procedimento começava por um manifesto ou pregação que convidava os culpados de heresia a comparecer espontaneamente, e dos mais exigia a denúncia dos criminosos.2. Determinava-se um “Tempo de Graça” de 15 a 30 dias. Quem se apresentava durante este prazo, prometendo emenda, só recebia penitência leve. 3. Os suspeitos ou denunciados eram citados diante do tribunal. 4. Procedia-se ao interrogatório dos acusados. 5. Ouviam-se os acusadores e testemunhas. Segundo antiga lei, era sujeito a castigo quem não conseguia provar sua acusação. Esta prudente cautela, já usada pelo direito romano, dificultava tanto o procedimento que foi ab-rogada, medida infeliz, embora inteligível pelas circunstâncias particulares do tribunal da fé: a natureza da acusação era tal que frequentes vezes ela se apoiava em indícios e não em provas. Contudo o regulamento exigia dos inquisidores de não se fiarem senão em pessoas honradas e discretas. Um falso acusador era tratado com o mesmo rigor como os hereges. 6. Quando a obstinação do réu o exigia, seguia a “vexação”, constituída por prisão preventiva e dura. Quando finalmente esta não surtia efeito, podia-se usar a tortura […]. 7. Sentença e auto-de-fé. Para garantir sentença justa, os inquisidores não podiam decretar penas graves – como prisão perpétua ou relaxamento ao braço secular – sem a presença ·e cooperação do bispo local. Mais tarde, Bonifácio VIII (1294-1303) exigiu o concurso do bispo para todas as sentenças. Os denunciantes não eram manifestados aos acusados para evitar represálias. Mas os nomes deviam ser comunicado aos expertos (assessores) que em número de 25, 32, 45 ou até 51, formavam o “júri” do tribunal, e deviam ser ouvidos. Esta praxe distinguia favoravelmente a Inquisição de todos os outros tribunais. Aos réus convictos mas penitentes o tribunal infligia penitências moderadas. Depois de o tribunal ter concluído certo número de processos procedia-se a um ato público e solene, em que se promulgavam as sentenças, os convictos arrependidos pronunciavam sua abjuração, e os impenitentes eram entregues, “relaxamos”, ao braço secular. Estas solenidades eram os célebres autos-de-fé, celebrados com a finalidade de restaurar a pureza da fé, deturpada pelas heresias, reconciliar os errantes, intimidar hereges ocultos e fortalecer cristãos vacilantes.Sobre a tortura, para não entrarmos em longas explicações históricas, sabemos que a tortura era comum no Império Romano e foi abolida pela Igreja. Voltou a fazer parte dos tribunais séculos depois e entrou no Tribunal do Santo Ofício 30 anos depois dele começar, por pressão externa à Igreja. A Igreja a legitimou com o Papa Inocêncio IV, para ser aplicada aos hereges, além dos ladrões e assassinos. Vale ressaltar aqui que a heresia era crime pior para a época que o roubo e o homicídio, porque nas palavras do papa, o herege era “assassino de almas e ladrão de Sacramentos de Deus” (cuidado com o anacronismo, estamos falando do séc. XIII!). Mas a justiça eclesiástica era também diferenciada da civil nesta questão, pois agia com maior prudência e moderação. A tortura, como decretou o papa, só poderia ser usada após esgotados todos os meios de descobrir a verdade, e só quando houvesse motivos fortes para saber que o herege a estava escondendo; não deveria levar a perda de nenhum membro e muito menos representar perigo de morte para o herege; não deveria exceder o tempo de 30 minutos e só deveria ser aplicada uma única vez. Vale dizer também que os inquisidores eram preparados e exigiam-se deles virtudes e qualidades morais, tanto é que entre inquisidores temos também santos. Mais tarde o papa Clemente V com a bula “Multorum querela” colocou diversas condições severas para aplicação da tortura, o que dificultou a sua aplicação e causou desconforto nos inquisidores que ficaram sem medidas para aplicarem-na, recorrendo até mesmo a pedir a revogação da bula, coisa que não ocorreu. Então ver imagens como a abaixo e dizer que assim era a inquisição é ridículo.
Isso nunca aconteceu. Abusos e desobediência aos decretos papais é fato que ocorreram, mas não foi culpa da Igreja e tampouco foi como a imagem. Vale ressaltar que a tortura não era mal vista pela maioria da civilização, apesar de ser sempre algo que a Igreja reprovava, mas que teve de permitir pelas circunstâncias. Sobre as fogueiras recomendamos a leitura da obra citada acima, pois ela explica a questão ponto por ponto. Este tipo de pintura sobre a inquisição é parte de uma campanha de calúnia criada por protestantes e inimigos de reis espanhóis, uma tática de colocar a opinião pública contra a Espanha e seus Reis.
Os exemplos aqui apresentados elucidam quando, como e por quê a Igreja levanta sua voz sobre determinada coisa e toma decisões relativas. Também aproveitamos para usar a questão 1 para responder diversos mitos relativos ao contexto que ela sugere.
2 – “A Igreja reprimia a liberdade de expressão, não aceitavam opiniões diferentes, ‘faz isso ou vai pro inferno’. Período da escuridão (Igreja no Poder)”.
A segunda questão traz dois pontos que devem ser rebatidos: diz que a Igreja reprimia a liberdade de expressão, então isso sugere que havia certa estagnação intelectual no período que a Igreja estava mais influente na sociedade. Isso é mostrado no fim da afirmação que diz que era um “período de escuridão” enquanto a Igreja “estava no poder”.
É realmente cômico, para não dizer trágico, ler uma afirmação tão estupidamente burra. A mesma afirmação ainda diz que a Igreja não aceitava opiniões diferentes. A afirmação não vem explicado os pormenores do que seria “opiniões diferentes”, então para responde-la teremos de imaginar o que seriam estas opiniões diferentes, porque opinião não necessariamente deve ser aceita, o que deve-se aceitar é a liberdade de alguém dizer sua opinião, mas se o sujeito opina que 2+2 são 5 e não 4 a sua opinião é extremamente sem valor e não deve ser aceita por nenhuma pessoa racional.
Para provar que a Igreja não tirava a liberdade do povo leigo ou dos clérigos e que não houve nenhum período de escuridão basta olhar a lista de invenções de cientistas católicos, muitos deles padres ou bispos, inclusive alguns sagrados santos. Poderia listar aqui uns 200 nomes e suas contribuições, mas iria estender demais o texto. Apenas a título de exemplo é bom citar alguns nomes importantes, e em especial nomes de clérigos por estes estarem consideravelmente mais próximos das autoridades da Igreja e mais fáceis de serem pegos na Inquisição, caso ela fosse de fato um instrumento de repressão da liberdade, como sugere a opinião popular. Nas ciências temos nomes como:
Padre Nicolau Steno, um luterano converso que se tornou sacerdote católico e é considerado o pai da geologia; padre jesuíta Athanasius Kircher, pai da egiptologia; padre jesuíta Rogério Boscovich, considerado frequentemente o pai da teoria atômica moderna; Padre Giambattista Riccioli, a primeira pessoa a medir a taxa de aceleração de um corpo em queda livre; padre e cônego Nicolau Copérnico, criador do Heliocentrismo; monge agostiniano Gregor Mendel, pai da Genética; bispo e santo Alberto Magno (foi professor de Tomás de Aquino); padre franciscano Roger Bacon, criador do Método Científico; padre Pierre Gassendi, astrônomo e matemático; padre mínimo Marin Mersenne; abade da Cattedrale San Niccolo di Messina, Francesco Maria Grimaldi, matemático e astrônomo; padre Nicole Oresme, seu currículo é extenso como matemático, filósofo, biólogo, físico e etc ; padre Jean Buridan, criador da Teoria do ímpeto, pavimentou o caminho para a dinâmica de Galileu e a inércia de Newton; bispo Robert Grosseteste, mestre de Roger Baccon; padre jesuíta Christopher Clavius; frade franciscano William de Ockham, que dispensa comentários, Escolástico formidável. E a lista seguiria por extensas linhas.
Raciocinemos um pouco: vimos agora 16 nomes de padres e bispos que foram exímios cientistas medievais, e nenhum deles, incluindo Copérnico, foi perseguido, torturado, censurado e muito menos morto pela Igreja, ou pela Inquisição. Mas exatamente ao contrário: foram extremamente elogiados e apoiados, temos até um Santo que é Doutor da Igreja: Alberto Magno. Onde está a afirmação de que as pessoas não tinham liberdade? Estes tinham uma liberdade imensa! Onde está a afirmação de que quem não seguia as leis da Igreja era perseguido e morto? Ficou claro na resposta a questão 1 de que a Inquisição tratava de hereges que eram um perigo a ordem pública e causavam problemas maiores nas cidades.
Vamos ver também avanços na Economia, no Direito Internacional, obras de Caridade, Literatura preservada e produção literária (vide aqui o Imperador Carlos Magno e toda a Renascença Carolíngia, um período de ouro da Idade Média, graças a Igreja). E tantas outras coisas que dada a gama de evidências contrárias à afirmação inicial que gerou este discurso, a de que “a Igreja reprimia a liberdade de expressão e não aceitava opiniões diferentes”, torna-se cômico lê-la novamente. Todas estas questões e outras mais foram apresentadas de forma belíssima no livro “Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental”, do historiador Thomas Woods, já citado aqui (falaremos mais um pouco disso na resposta da questão 3). Ainda nem entrei aqui no fato de que a Igreja Católica criou as universidades, o campo mais fértil durante a Idade Média para o surgimento de mentes brilhantes e críticas, uma vez que os debates eram altamente inspirados nas universidades, todos como via de regra o uso da razão em questões filosóficas, teológicas e científicas. As universidades foram uma revolução no ensino e aprendizado de todo o povo. Apenas para exemplificar a emoção dos debates nas Universidades:
“Se muitos se deixarem contagiar por essa aspiração, criar-se-á na França uma nova Atenas, uma Atenas mais refinada que a antiga, porque, enobrecida pelos ensinamentos de Cristo, superará toda a sabedoria da Academia. Os antigos tiveram por mestres apenas as disciplinas de Platão, que, inspiradas nas sete artes liberais, ainda brilham com esplendor: mas os nossos estarão dotados também dos sete dons do Espirito Santo e superarão em brilho toda a dignidade da sabedoria secular”. Alcuíno de Iorque, monge. Philips Wolf, The Awakening of Europe, p. 77.
É claro que a intelectualidade medieval e o uso da razão atrelado a fé em especifico não surgiu do nada, de repente, nas universidades. Isto é uma herança católica muito antiga, uma herança Patrística. São Clemente de Alexandria e outros Patrísticos consideravam o uso da razão, bebiam de fontes gregas como os filósofos Platão e Aristóteles.
“Não penseis que dizemos que estas coisas devem ser recebidas apenas pela fé, mas que também devem ser provadas pela razão. Não é seguro aceitar estas como baseadas apenas na fé, pois certamente não existe a verdade sem a razão.” São Clemente de Alexandria, séc. II-III.
Só na França havia uma dezena de universidades: Montepellier (1125), Orleans (1200), Toulouse (1217), Anger (1220), Gray, Pont-à-Mousson, Lyon, Parmiers, Norbonne e Cabors. Na Itália: Salerno (1220), Bolonha (1111), Pádua, Nápoles e Palerno. Na Inglaterra: Oxford (1214), nascida das Abadias de Santa Frideswide e de Oxevey, Cambridge. Além de Praga na Boêmia, Cracóvia (1362), Viena (1366), Heidelberg (1386). Na Espanha: Salamanca e Portugal, Coimbra. Todas fundadas pela Igreja Católica. Vamos fechar este ponto com as falas do Dr. Thomas Woods: “A universidade foi um fenômeno completamente novo na história da Europa. Nada de parecido existira na Grécia ou na Roma antigas. A instituição que conhecemos atualmente, com as suas Faculdades, cursos, exames e títulos, assim como a distinção entre estudos secundários e superiores, chegaram-nos diretamente do mundo medieval. A Igreja desenvolveu o sistema universitário porque, com palavras do historiador Lowrie Daly, era ‘a única instituição da Europa que manifestava um interesse consistente pela preservação e cultivo do saber’”. Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 46. Os padres da Igreja, além de serem os primeiros professores universitários, não faziam apenas ensinar e criar métodos de ensino e estudo, eles inspiravam seus alunos, instigavam eles a buscar conhecimento e mostravam a importância do saber, a verdadeira importância que era aplicar seu conhecimento na vida pública e na vida particular, buscando o crescimento moral, intelectual e sobretudo espiritual. São Bernardo de Claraval exprime isso com os dizeres: “Deve-se aprender apenas para a própria edificação ou para ser útil aos outros; o saber pelo saber é apenas uma vergonhosa curiosidade.” São Bernardo de Claraval, séc. XI-XII. Doutor da Igreja.
Como alguém em sã consciência pode chamar este período de escuridão? Em escuridão está a mente de quem afirma esta mentira! E eu gostaria de ver as bases para afirmar que a Igreja ameaçava as pessoas com o inferno para que elas fizessem algo. Essa tática para conversão é usada pelos Muçulmanos e pelos Protestantes (para isso bastar dar uma passada em suas organizações religiosas e ouvir o discurso!). A Igreja para persuadir alguém à fé e à moral sempre usava a razão e as verdades reveladas. A conversão deve ser obra fomentada pelo amor, não pelo medo. Esta afirmação é pura falácia, não há respaldo histórico. A Doutrina Católica não é ameaçadora. O Inferno existe, mas Satanás não é o nome usado quando se quer obter fieis ou obter a fidelidade dos fieis. Para isso o nome é Cristo! Reformulando a frase poderíamos dizer que o lema da Igreja é: “faz isso e você irá agradar ao criador que te criou por amor e estará mais próximo de amar e ser amado pelo Amor durante toda a eternidade, como o Ele nos prometeu, além desta prática ser a melhor para preservar a sua integridade de ser humano e lhe fazer crescer no propósito para o qual foi criado: amar e ser amado por Deus”.
3 – “Depois que a Igreja saiu do poder a sociedade começou a se desenvolver, ou seja, ela teve avanços”.
Podemos resumir esta ultima fala em: “Quando a Igreja perde o poder o homem se moderniza”. Mas vamos lá!
Engraçado falar que a Igreja tinha “poder”, porque a frase toda é sempre dita em tom pejorativo, como se o poder fosse algo ruim, ou como se ele fosse mal administrado. Mas, fato aqui é que a Igreja só tinha (e só tem) poder sobre seus fiéis, ela só manda onde é dela. E o poder que a Igreja detinha sobre seu monopólio era, volta e meia, usurpado pelos Reis, como no caso do Papa São Gregório VII (1020/1025 – 1085) e o Rei Henrique IV (1050-1106), que depôs o Papa de seu cargo (algo anti-canônico). Igualmente o Rei Henrique VIII (1491-1547) rompeu sua relação com a Igreja quando o Papa Clemente VII (1478-1534) se recusou a anular seu casamento para que ele pudesse se casar com outra mulher. Henrique VIII criou assim a Igreja Anglicana em meados de 1534, inspirado nas ideias de Lutero.
O imperialismo eclesiástico ocidental e oriental é realizado só e sempre com distinção de poderes. Sempre foi relativo e nunca absolutista. Até no período de maior sucesso a soberania da Igreja e do papado foi sempre fundamentalmente espiritual e desarmado, usando a força somente em casos excepcionais, como nas cruzadas, combatendo os muçulmanos, sem passar dos limites (salvo raras ocasiões em que, por diversos motivos, alguns cruzados desviaram-se do ideal da batalha). O momento de maior glória da cristandade também foi o de sua máxima fraqueza.
O poder da Igreja era o um “Agostinismo politico” (termo criado por Henri-Xavier Arquillière) desde a era da coroação de Carlos Magno, o que foi uma retomada do ideal de uma cristandade liderada pelo papa (como autoridade espiritual) e administrada pelo imperador (como poder material), como sugeriu Santo Agostinho em sua obra “Cidade de Deus”. Aqui vemos claramente que a Igreja tinha um poder especifico e o Imperador tinha outro: a Igreja era responsável por tudo aquilo que era voltado as realidades espirituais e o Rei tinha autoridade sobre as realidades mundanas. Mas volta e meia o Imperador ousava oprimir o poder da Igreja. Afinal, quem poderia se opor ao Rei? Bom, a Igreja se opunha, quando o Rei queria subir alto demais, como no caso de Gregório VII e Henrique IV. Esse sistema não se tratava nem de teocracia e nem de cesaropapismo. A doutrina política da relação entre papado e império previa uma colaboração entre as duas instituições.
Muitos conflitos de poderes ocorreram nesse período, mas o que é certo dizer é que não podemos jamais afirmar que a Igreja detinha um poder absolutista e opressor sobre o povo, como se só ela existisse durante a Idade Média. Dizer isso frente aos fatos é uma desonestidade intelectual. Sem os fatos apresentados é apenas ignorância. Voltemos ao caso da Inquisição em que ambos os poderes, Igreja e Estado, administravam Tribunais distintos e com mecanismos e fins distintos: o tribunal eclesiástico tinha por fim salvar a alma e o tribunal civil tinha por fim manter a ordem pública e punir a pessoa sem se importar em lucrar algo de espiritual com isso.
Nem é necessário repetir que o homem se moderniza desde sempre, desde antes da era moderna, desde antes do Iluminismo ou da Revolução Francesa. O uso da Razão na vida das pessoas já era comum nas universidades Católicas, Santo Tomás de Aquino é o mais proeminente exemplo disto, mas não é o único Escolástico. Como vimos, a Igreja está repleta de cientistas, repletas de criações, desde seus monastérios às suas belíssimas Catedrais e Universidades. O que podemos dizer que o homem fez quando resolveu abster-se da Igreja foi revoltar-se contra Deus! Eis aí um período da criação de ideias desestruturadas como o Comunismo de Karl Marx, ou a sangrenta Revolução Francesa, a revolta de Nietzsche, a loucura de Hitler e outros exemplos.
E ainda mais é tolo dizer que o homem se moderniza apenas no fim da Idade Média para a era moderna, pois isso joga fora toda a Paideia Grega, a educação Heroico-Patricia Romana, a Patrística e a Escolástica da Igreja na era Medieval, ou a Paideia Cristã; isso apaga milênios de história. É um argumento ilógico em todos os pontos, algo que qualquer historiador, por mais anticatólico que seja, jamais pode fazer.
As universidades que já foram citadas aqui (resposta a questão 2) são máximo exemplo de uma Idade Média sempre em constante crescimento intelectual, sempre se modernizando. A renascença carolíngia também é exemplo belíssimo. Temos ainda mais a criação dos Hospitais e escolas Católicas, as magnificas Catedrais que são admiradas e estudadas sua arquitetura até hoje; a valorização artística expressa nas artes sacras (ou acaso a Capela Sistina nunca existiu?); a intelectualidade dos filósofos e cientistas medievais; a contribuição intelectual esmagadora da Patrística e da Escolástica e etc.
Para ilustrar essa beleza em imagens:
Universidade de Oxford, uma das mais prestigiadas universidades do séc. XIII.Basílica de São Marcos, Veneza (Itália) 1063-1617.Catedral de Santa Maria da Sé, Sevilha (Espanha). Terceira maior Igreja do mundo e patrimônio mundial da UNESCO. 1401-1528.Teto da Capela Sistina – Palácio Apostólico do Vaticano. 1473-1481
É argumento deveras infantil este que foi apresentado como questão 3, algo dito por quem, de fato, não sabia o que estava falando. Ou eu gostaria que alguém apresentasse um só argumento que corroborasse com essa ideia. Mas para fazer tal argumento a pessoa teria de apagar séculos de história. Teria de apagar obras de imenso valor como Cidade de Deus, De Magistro, De Trinitate de Santo Agostinho; Suma Teológica, de Santo Tomás de Aquino; Divina Comédia, de Dante Alighieri; De Veritate, Monológio, Proslógio de Santo Anselmo; Dialética, de Pedro Abelardo e excluir outros nomes como Boecio; Geoffrey Chaucer; Giovani Boccaccio; Paio Soares de Taveirós; Ambrósio; Hugo de São Vitor; Duns Scotus e fora os 16 apresentados na resposta a questão 2!
Se tudo isso não é desenvolvimento e avanços, nada mais é! Dentre todas as questões, esta é a mais ridícula. Para não restar a menor dúvida, é conveniente fazer uma pequena listagem:
ECONOMIA:
Economia – Criada pelos Escolásticos. Professores que ensinavam principalmente em universidades espanholas, mais especificamente na Universidade de Salamanca, criaram a ciência Econômica moderna.
RAZÃO:
“O Sistema Universitário que a Igreja estimulou encorajava o debate rigoroso e a racionalidade era tido como o maior arbítrio para se decidir todas as questões a se debater”, Dr. Thomas Woods. Proeminentes exemplos no uso da razão eram os já citados Agostinho, Anselmo, Abelardo, Alberto Magno e Tomás de Aquino.
ASTRONOMIA:
“A Igreja Católica Romana deu mais ajuda e apoio financeiro ao estudo da Astronomia por mais de 6 séculos, da recuperação do saber antigo durante a Baixa Idade Média ao Iluminismo, do que qualquer outra – e, provavelmente, todas as outras – instituições”. J.L Heilbron – University of California at Berkeley. Historiador da Ciência. The Sun in the Church: Cathedrals as Solar Observatories, Harvard University Press, Cambridge, 1999, p. 3.
DIREITO:
“O direito Canônico foi o primeiro sistema legal moderno a existir na Europa, demonstrando que era possível compilar um corpo de leis coerente a partir da barafunda de estatutos, tradições, costumes locais etc. que caracterizava tanto a Igreja como o Estado medievais. De acordo com Harold Berman, ‘a Igreja foi a primeira a ensinar ao homem ocidental o que é um sistema legal moderno. Foi a primeira a mostrar que costumes, estatutos, decisões judiciais e doutrinas conflitantes podem ser conciliados por meio da análise e síntese'”. Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 9. Citando Harold J. Berman, The Interaction of Law and Religion. Abringdon Press, Nashvile, Tennesse, 1974, p. 59. Professor de Direito em Harvard, especialista em Direito Comparativo, internacional e soviético/russo, História Jurídica, Filosofia de Direito e interseção de lei e religião. “Francisco de Vitória [séc. XV], um sacerdote e teólogo católico e professor universitário, quem mereceu o título de Pai do Direito Internacional. Em face dos maus-tratos infligidos pelos espanhóis aos indígenas do Novo Mundo, Vitória e outros filósofos e teólogos começaram a especular acerca dos direitos humanos fundamentais e de como deveriam ser as relações entre as nações. E foram esses pensadores que deram origem à ideia do direito internacional tal como hoje concebemos”. Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 9.
ALGUMAS OUTRAS CONTRIBUIÇÕES DIVERSAS MEDIEVAIS:
“A Igreja Católica teve de empreender a tarefa de introduzir a lei do Evangelho e o Sermão da Montanha entre os povos bárbaros que tinham o homicídio como a mais honrosa ocupação e a vingança como sinônimo de justiça.” Christopher Dawson, chamado de “o maior historiador Católico de Língua Inglesa do século XX”. Lecionou História da Cultura na Universidade de Exeter, Filosofia da Religião em Liverpool, Universidade de Edimburgo e Harvard.
35 crateras lunares tem o nome de Padres Jesuítas, que as identificaram e catalogaram.
1 entre cada 20 dos maiores matemáticos da história eram Jesuítas. Os Jesuítas ajudaram a fundar e se tornaram os maiores praticantes do estudo de terremotos – sismologia. Teoria Atômica, estudo do Antigo Egito, Física, com enormes contribuições dos Jesuítas.
“Os monges ensinaram as técnicas de metalurgia, introduziram novos plantios, copiaram textos antigos, preservaram a educação, foram pioneiros em tecnologia, inventaram o champanhe! Mudaram a paisagem europeia, acudiram aos viajantes, resgataram extraviados e náufragos. Quem mais na história da civilização ocidental pode ostentar um tal elenco de realizações?” Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 44-45.
CONCLUSÃO:
Este trabalho não tem o objetivo de denegrir a imagem de ninguém, por isso omitimos nomes, tudo foi feito com o intuito de ensinar que as considerações apresentadas nas 3 questões estão inteiramente equivocadas. Colocadas de má fé ou por uma ignorância honesta, são dizeres pesados demais e que não devem ser deixados de lado, pois além de serem falsos podem afastar as pessoas do verdadeiro caminho para chegar ao Cristo: a Igreja Católica.
Vimos que a Igreja não perseguia e matava as pessoas simplesmente por discordarem dela; que as pessoas tinham liberdade (com limites civis igual a nossa liberdade moderna). Também vimos que a Igreja não tinha problemas com opiniões diferentes, a não ser que as opiniões não fossem meras opiniões mas sim um ato de perturbação da ordem, ou algo realmente criminoso como os Cátaros e Albigenses; que a Igreja nunca usou de ameaças com o inferno para “controlar” o povo (a Igreja nunca usou nada porque controlar nunca foi seu ideal). Também ficou claro que não foi nenhum período de escuridão a Idade Média e que a Igreja tinha um poder relativo ao seu campo e não absolutista e opressor. E por fim, vimos que após a Igreja perder parte da sua influência na modernidade isso não culminou numa elevação da humanidade que havia passado mil anos na obscuridade, porque o período anterior não foi obscuro, foi de enorme desenvolvimento intelectual e progresso em diversas áreas do conhecimento, com brilhantes nomes e feitos para provar. O mito Iluminista de “Idade das Trevas” é sustentado em areia.
Fontes e recomendações para aprofundamento:
Livros:
Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental; Thomas E. Woods Jr.
A Igreja das Catedrais e das Cruzadas; Daniel-Rops.
A Inquisição (caderno 33); Vozes em defesa da fé.
Sete mentiras sobre a Igreja Católica; Diane Moczar.
Guia politicamente incorreto do Islã (e das cruzadas); Robert Spencer.
As grandes mentiras sobre a Igreja Católica; Alexandre Varela e Viviane Varela.
Index Librorum Prohibitorum; Papa Paulo IV (edição Centro Dom Bosco, 2018).
Documentário:
O mito da Inquisição Espanhola; BBC. link no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=1v_KlCNpzYA&t=163s
Série/Documentário:
Igreja Católica: construtora da civlização; Eternal Word Television Network, apresentado por Dr. Thomas E. Woods. link no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=Blj8AfUzgsg&list=PL6NFCzHi1sfI8a-wo_UVjY4okQkpwIexs
Discurso em homenagem ao
Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo proferido pelo Dr.
Guilherme Martins
“Deputada
Chris Tonietto que em tão curta história parlamentar já pode escrever tantos
cristãos atrevimentos e a quem cumprimentamos em nome do Instituto Plínio
Corrêa de Oliveira pela convocação desta sessão solene, de significação
simbólica e impar.
Reverendíssimo
padre Diego, senadora Soraya, deputados e demais parlamentares presentes,
senhoras e senhores.
Importa
desde já ressaltar o significado deste evento convocado por vias oficiais na
casa de um dos poderes que regem a nação brasileira, mais do que pela maior ou
menor importância das pessoas presentes, ou pelo maior ou menor número dos que
acompanham, seja presencialmente, seja pelos outros meios disponíveis, sua
realização passa a figurar não apenas nos anais desta câmara de leis, mas no
livro da vida, pois a homenagem de um grupo de indivíduos torna-se assim
homenagem de toda uma nação.
Lemos
expressamente no preambulo da Constituição Federal, ora vigente, que sua
promulgação foi feita sob a proteção de Deus. Esse Deus não é um qualquer
dentre vários. Mas o Deus de Abraão, Isaac e Jacó, que se encarnou no seio
puríssimo de Maria Virgem e se fez homem para nossa redenção.
Nos
primeiros séculos de nossa Era, Tertuliano ousou afirmar: “anima humana
naturaliter christiana”. Poderíamos parafraseá-lo e dizer com ousadia ainda
maior: “a alma brasileira é naturalmente católica”. Com efeito, três séculos
antes do Descobrimento do Brasil, já Dom Afonso Henriques, fundador da nação
portuguesa, recebia do próprio Deus uma promessa: “Quero em ti e em teus descendentes
fundar para mim um Império. Por cujo meio seja meu nome publicado entre as
nações”.
Em
1500 aportaram aqui Naus da Ordem de Cristo trazendo os descobridores e como
primeiro ato oficial, como esse que ora se realiza, foi celebrado uma Santa
Missa. Desde então, no solo assim bendito da Terra de Santa Cruz, Nosso Senhor
veio protegendo o Brasil. Sentiram-no os heroicos missionários do porte de
Nóbrega e Anchieta, que tomara a peito a expansão da fé por nosso território
continental.
Sentiram-no
outros heróis. Esses leigos nas repetidas lutas contra o herege invasor. Foi
clara a intervenção da bondosa Providência de Deus para preservar aqui a fé
verdadeira.
Ainda
hoje no meio da borrasca por que passa essa mesma fé no mundo inteiro e até
mesmo – com quanta dor afirmamos – na Santa Igreja, Nosso Senhor continua a
guiar Seu rebanho irradiando desde o Sacrário sua luzes. É a esse Deus, sobre
cuja proteção sempre estivemos, que hoje prestamos homenagem.
No
texto do conhecido hino ‘Lauda Sion’, composto pelo grande Santo Tomás de
Aquino, em 1264, a pedido do papa Urbano IV que acabara de instituir a Festa de
Corpus Christi lemos este incentivo: ‘Louva Sião, o Salvador! Louva o guia e
pastor com hinos e cânticos. Tanto quanto possas ou ouses louva-lo, porque está
acima de todo louvor e nunca o louvaras condignamente. Seja o louvor pleno,
retumbante, que ele seja alegre e cheio do brilhante júbilo da alma.’
O
Verbo Eterno de Deus, não contente de se fazer Homem e morrer por nós padecendo
a ponto de pela voz do Profeta considerar-se um verme, não mais um homem,
resolve perpetuar sua presença entre os homens. Sua bondade infinita exaure-se
na mais fantástica invenção. Deus faz-se pão, o alimento por excelência, mas ao
mesmo tempo ao alcance de todos, para unir-se ao homem, objeto de sua
complacência. União, a mais íntima que se possa cogitar.
Nosso
Senhor quis fazer-se prisioneiro no sacrário com seu corpo, sangue, alma e
divindade, aguardando pacientemente, como que, implorando o amor dos homens. Ao
longo dos séculos almas fiéis vem atendendo esse apelo e correspondendo com seu
amor ao Amor Infinito de Deus. Dessas almas, Nosso Senhor sacramentado é
verdadeiramente Rei. E com ele vai sempre a Rainha, Sua Mãe Santíssima.
Com
efeito, a Igreja chama a Eucaristia de Sacramento de Maria: ‘Caro Christi caro
Mariae’. A carne de Cristo é a Carne de Maria. Constata-o a própria ciência
atônita ao debruçar-se sobre o Santo Sudário. Nas células de sangue ali
presentes não encontram os esperados 46 cromossomos, mas apenas 23. Essa
realeza do filho junto com Sua Mãe clama por externar-se nas instituições; quer
abafá-la, renegando-a meramente à esfera privada, impondo na esfera pública o
ateísmo sob o rótulo especioso de laicidade significa a nível de sociedade
querer separar a alma do corpo. Ou seja, condenar o corpo social à morte.
Buscai
primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça, e tudo mais o será dado por acréscimo,
ensinou-nos Nosso Salvador. Busquemos esse Reino reconhecendo ao Rei a posição
que lhe é de direito. Se é a Paz de Cristo que almejamos nesses conturbados
dias de ressurgimento de nossa Pátria, sabemos que só podemos encontrar no
Reino de Cristo. Continuemos a todo custo sob a proteção desse Deus
Benevolente, Caminho, Verdade e Vida que quis perpetuar-se no meio dos homens
pela Sagrada Eucaristia. E rejeitemos as ações do príncipe das trevas, que não
é se não embuste, ilusão e mentira, o qual cada vez mais as escancaras vem
seduzindo os estultos a adorá-lo. Não só o que já é terrível erigindo estátuas
em sua homenagem em vários lugares dos Estados Unidos, mas constituindo um
estado de coisas em que A Lei de Deus é proscrita e imposta à vontade dos novos
profetas de baal.
O
Amor à Deus, bem supremo, com seu corolário, o ódio radical ao mal que lhe é
contrário, nos levaria muito mais longe em nossas palavras se pudéssemos também
gozar do privilégio da imunidade parlamentar, mas a liberdade dos Filhos de
Deus de que fala São Paulo vai cada vez mais sendo cerceada pelo politicamente
correto ditado por mentes que se autoproclamam iluminados.
Não
podíamos encerrar esta homenagem sem ressaltar a necessidade da vigilância em
relação ao mal que avança para nos tirar do caminho daquele Reino de Deus.
Nesse sentido termino fazendo ecoar as palavras do Prof. Plínio Corrêa de
Oliveira em discurso durante o encerramento do quarto Congresso Eucarístico
Nacional em setembro de 1942, diante de uma multidão de quinhentas mil pessoas.
Cito agora:
‘Contra os inimigos da Pátria que estremecemos e de Cristo que adoramos, os católicos brasileiros saberão mostrar sempre uma invencível resistência. Loucos e temerários, mais fácil vos seria arrancar de nosso céu o Cruzeiro do Sul do que arrancar a soberania e a fé a um povo fiel a Cristo. Viva Cristo Rei e Sua Mãe Santíssima Rainha.’ Obrigado.”
Há fatídicos
75 anos, quatro militares alemães eram mortos pelo pelotão de fuzilamento nazista
no pátio do Bendlerblock. O crime: insurreição contra um dos maiores assassinos
e ditadores da época: Adolf Hitler. Olbricht, Quirnheim, Haeften e Stauffenberg
morreram na madrugada entre 20 e 21 de julho de 1944 após executarem o maior
atentado da história contra o Führer.
Stauffenberg,
coronel da cavalaria, foi o principal envolvido. Após sofrer graves ferimentos
na África foi transferido para Berlin, onde conheceu um grupo de oficiais
insatisfeitos com a atuação de Hitler. Isso possibilitou a ele acesso as reuniões
privadas do ditador. Assim, com apenas três dedos da mão esquerda e um único
olho, armou dois explosivos, que guardou em sua pasta de reuniões, a fim de
deposita-la próxima ao tirano.
Claus Von Stauffenberg
Feito isso, o
coronel sai do prédio em direção ao automóvel. Quando “chegou junto do carro,
deu-se a explosão, um estrondo imenso e ensurdecedor. Stauffenberg logo soube,
pela magnitude da explosão, que sua missão devia ter sido bem sucedida. Eram
12:42 h pelos seus relógios _ o momento histórico (estava convencido) da morte
de Hitler”[1]. Em meio à confusão, convenceu
o motorista a leva-lo até o aeroporto a fim de retornar o mais rápido possível
para a capital.
Stauffenberg (de perfil a esquerda) próximo a Hitler na Toca do Lobo
Nesse meio
tempo, Fellgiebel (que também conspirava contra Hitler) contatou os demais
envolvidos em Berlim para darem início a Operação Valquíria. Esta fora modificada
há alguns meses pelos próprios conspiradores para dar a eles o controle de todo
o país no caso da morte súbita de Hitler. Cortando imediatamente as
comunicações, Fellgiebel isolou a “Toca do Lobo” – palco do atentado – do resto
do mundo. Não havia mais volta; o maior atentado da história contra Hitler fora
feito.
Consciência
Afirmar que
estes homens foram infiéis a Hitler pode tornar justificável a execução que
tiveram. Qualquer militar que se revolte contra seu país e suas autoridades tem
como fim o pelotão de fuzilamento. Entretanto, a pergunta a ser feita não é a
quem foram infiéis, mas sim, a quem foram fiéis. Estes homens e os demais
envolvidos, que posteriormente foram julgados e executados, foram infiéis ao Führer,
mas fiéis as suas consciências.
Homem
católico e justo, Stauffenberg chegou a consultar padres e bispos a respeito da
moralidade do assassinato que cometeria. O sacerdote Preysing “sancionou a
conspiração. Aparentemente, ele afirmou que não poderia absolver Stauffenberg
com antecedência por aquilo que ele pretendia fazer. No entanto, como Preysing
escreveu posteriormente para a mãe de Stauffenberg, ele não negou sua ‘bênção pessoal
como padre’”. [2]
Hitler, ou
como era chamado: Führer (guia), foi endeusado por muitos que o seguiram
cegamente. Entretanto, alguns poucos homens preferiram seguir suas consciências
e, em última análise, perante o próprio Deus. Assim, o momento os julgou como
revoltosos e insurrectos, ingratos e rebeldes. Mas a justiça de Deus não tardou
e a história os julga hoje como heróis.
Claus Von Stauffenberg
não se acovardou perante a tirania ou perante a opinião alheia que o julgaria
como o pior dos homens. Não se acovardou diante da possibilidade de nunca mais
ver sua esposa e filhos ou de não ver mais a luz sol. Não se acovardou, por
fim, diante de seus algozes quando recebeu as balas em seu peito daquela que
foi – poderíamos dizer – a primeira, das muitas, salvas de tiro que seriam
dadas no Bendlerblock em sua honra. Não se acovardou quando as recebeu no
momento em que dera seu último brado e que ecoa até hoje na história: Viva
nossa sagrada Alemanha.
Homenagem a Stauffenberg, 20 de julho de 2019, 75 anos após o atentado.
[1]
Livro: Os conspiradores: atentado contra o Fuhrer
[2]
Livro: O papa contra Hitler: A guerra secreta da Igreja contra o nazismo
O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus pode dar-nos o seu conhecimento, revelando-Se como Pai, Filho e Espírito Santo. [1]
Nesse ponto, é de suma importância entender que, o centro de nossa Fé, está no mistério da Santíssima Trindade, e é por isso, que se faz necessário antes de prosseguirmos, entender o que é a Santíssima Trindade. O parágrafo acima nos diz que, só Deus pode Se revelar a nós, ou seja, ninguém seria capaz de descobrir que Deus é uma Santíssima Trindade, se Ele não nos tivesse revelado isso.
O que significa
Deus ser uma Santíssima Trindade?
Deus é um único Deus, uma única essência, uma única natureza e uma única substância, porém possui três pessoas distintas, mas que tem a mesma essência, a mesma natureza, e a mesma substância, e com a mesma majestade, mas são diferentes.
Deus é um Mistério para todos nós, porque a Sua grandeza infinita não cabe na nossa inteligência limitada de criatura. Se entendêssemos Deus, este não seria o verdadeiro Deus. O Criador não pode ser plenamente entendido pela criatura; isto é lógico, é normal e é correto.
Nossa inteligência não consegue compreender tamanho mistério que é o da Santíssima Trindade, tanto é verdade que, depois de tentar de muitos modos desvendar o Mistério da Santíssima Trindade, Santo Agostinho em suas reflexões diz: “Deus não é para ser compreendido, Deus é para ser adorado”.
E esse pensamento é correto, pois Deus não cabe na nossa cabeça pequenina, porque Deus é infinito, pois isso, seria a mesma coisa que você tentar colocar um oceano inteiro dentro de um copo d’água, ou seja, não é o oceano que está errado, como muitos afirmam que o dogma da Santíssima Trindade está errado, é o copo que é pequeno demais.
A Encarnação do Filho de Deus (Jesus Cristo) revela que Deus é o Pai eterno, e que o Filho é consubstancial ao Pai (consubstancial quer dizer mesma substância, mesma essência, e mesma natureza), isto é, que ele é no Pai e com o Pai o mesmo Deus único.[2]
O parágrafo acima nos mostra que, nós só conhecemos a Santíssima Trindade porque a Encarnação do Verbo (Jesus Cristo), foi quem revelou isso.
Por exemplo, quando Jesus foi batizado, nós podemos ver o Pai, o Filho e o Espírito Santo se manifestando. O Filho é batizado, o Espírito Desce em forma de uma pomba, e o Pai diz. “Este é meu Filho bem-amado, em quem Eu ponho toda a Minha complacência, todo o Meu bem querer”.
Então vejam que, Deus é quem nos revela a Santíssima Trindade. E depois, Jesus falou Dele, como filho amado do Pai, então Jesus deixou bem claro que ele era Filho, mas que também era Deus, tanto é que Ele morreu por dizer que era Deus. Quando as autoridades judaicas levaram Jesus diante de Pilatos, o que foi que disseram?
“Nós temos uma Lei, e segundo a nossa Lei ele deve morrer, porque sendo homem ele se fez Deus”.
E com isso, levaram Jesus a morte, porque Jesus disse: “Eu e o pai somos um”. “Antes que Abraão existisse, Eu sou” e essa expressão “Eu sou” no hebraico, quer dizer Iavé, e a expressão Iavé quer dizer, Eu sou aquele que sou.
E pelo motivo de dizer que era Deus, Jesus foi pregado na cruz, como um blasfemador, como alguém que estava violando as leis de Moises. Então, o mistério da Santíssima Trindade, isso é importante ficar claro, não foi um Papa que inventou, não foi um teólogo que inventou, não foi um bispo, não foi um santo doutor da Igreja, mas sim, foi revelado por Deus.
“O mistério da Santíssima é, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na “hierarquia das verdades de fé”.[3]
A parte que diz; “É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé”, significa que, se você não entende, não no sentido de compreender tudo, o mistério da Santíssima Trindade, você acaba entendendo os outros mistérios errados, pois a Santíssima Trindade é a fonte de todos os outros mistérios.
“É o ensinamento mais fundamental e essencial na hierarquia das verdades da fé” isso significa que, entre todas as verdades da fé, como os dogmas, os sacramentos, o mais importante é o mistério da Santíssima Trindade.
Toda a religião está centrada em Deus, mas se você acredita em um Deus errado, tudo mais que você vai acreditar está errado. Isso é algo muito simples de entender. E aqui fica o questionamento, por que não é verdade que todas as religiões são verdadeiras?
A resposta é bem simples, nem todas as demais religiões tem o Deus Verdadeiro, pois, se você parte de um conceito de um deus não verdadeiro, a religião não se torna verdadeira. E por isso, é de grande importância termos em mente que “O mistério da Santíssima Trindade é a base de tudo”
Não querer ter a Santíssima Trindade como base essencial da fé, é a mesma coisa que, uma equipe de arquitetos e pedreiros, quererem começar a construir um prédio do topo e ainda acreditar que o mesmo se sustentará.
“A Trindade é um mistério de fé, um dos mistérios escondidos em Deus que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto”[4]
Resumindo esse ponto, ele nos diz que, ninguém poderia saber que a Santíssima Trindade é assim, se Deus não tivesse descido entre nós, e nos contado, ou revelado;
“Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece O Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11:27)
Então veja, quem que revela para nós o Pai? É o filho. E quem que revela o Filho? É o Pai. E o Filho também revelou o Espírito Santo, quando disse que enviaria o paráclito. “Eu vos enviarei o prometido de meu Pai, entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Mt 24:49) E quando Jesus sobe aos céus, com sua ascensão, depois de 10 dias, Ele derrama o Espírito Santo no dia de pentecostes, então essa é a revelação da Santíssima Trindade.
Deus criou Jesus e
o Espírito Santo?
Não se pode usar para nenhuma pessoa da Santíssima Trindade a palavra criou, porque, quem é criado não pode ser Deus, é criatura. Tanto é verdade que, em uma das partes na oração católica do Credo Niceno-Constantinopolitano rezamos; “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos; Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai.”
Isso significa que, Jesus, sempre foi gerado no seio do Pai, desde sempre, pois não houve um começo, sempre existiu. Porque quem começa é criatura, é um ser criado, ou seja, o ser criado, era um ser que não existia e a partir de um certo momento, passou a existir, por tanto, ele não pode ser Deus, é criatura.
O Verbo (Jesus), não é criatura, o Verbo é Deus, portanto, o Verbo sempre existiu. Então, desde que o Pai existe, o Filho existe e o Espírito Santo também, isso desde sempre. Portanto, nós não podemos falar de criado nem para o Pai, nem para o Filho e nem para o Espírito Santo, pois Deus é incriável, ou seja, as 3 pessoas da Santíssima Trindade, sempre existiram, e nunca foram criadas.
O verbo é a palavra de Deus que é Jesus Cristo. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1,1), ou seja, São João em sua primeira frase de seu evangelho, já nos diz que, o Verbo é Deus.
“A imagem do Deus invisível” (Cl 1,15), ou seja, Jesus é imagem do Deus que a gente não pode ver, e que agora podemos ver. “O resplendor de sua glória e a expressão do seu ser” (Hb 1,3), essas são algumas passagens, que encontramos nas escrituras, que demonstram a beleza do Verbo Encarnado.
E o Concílio Ecumênico de Niceia no ano 325, que foi o primeiro concilio realizado pela Igreja Católica, nos mostrou que, o Filho é “consubstancial” ao Pai, isto é, um só Deus com Ele, e isso nos explica a frase de N. Senhor Jesus Cristo, quando diz “Eu e o pai somos um”(Jo 10:30)
Com a propagação das Aparições de Fátima, em Portugal, os Pastorinhos passaram a ser constantemente procurados e assediados por peregrinos vindos de todas as partes para vê-los.
Todos os três procuravam se resguardar dessa fama repentina, sobretudo São Francisco Marto.
Todavia, em uma situação específica, quando não teve como escapar, duas senhoras perguntaram-lhe sobre a carreira que ele gostaria de seguir quando crescesse:
– “O que você quer ser quando crescer? Carpinteiro!?”
Ao que ele respondeu:
“Não. Eu não quero ser carpinteiro”
“Queres ser soldado?”
“Não, madame.”
“Não gostaria de ser médico?”
“Também não.”
“Ah. Eu sei muito bem o que gostarias de ser… Gostarias de ser padre! Não é verdade?”
─ “Não senhora, eu não vou ser padre!”
─ “Então, o que queres ser?”
─ “Eu não quero ser nada! Eu quero morrer e ir para o céu!”
Caríssimo leitor, aqui fica evidente a perfeita conformidade com a vontade de Deus na alma desse jovem santo. Segundo Santo Afonso de Ligório, essa uniformidade do nosso querer com o querer divino constitui o caminho essencial para a santidade.
Mas como esse admirável santo conseguiu tão estreita união até o ponto de desprezar a si mesmo? Claro que não existe outra explicação senão Nossa Senhora, a mãe da misericórdia. Aí está expresso o perfeito exemplo de tudo fazer por Maria, com Maria e em Maria.
Quais são os efeitos do Segredo de Maria, dessa especial união com Nossa Senhora de que nos fala o grande santo mariana, São Luís Maria Grignion de Montfort, no coração dos videntes e, em especial, no de São Francisco? Ele tem uma alma perfeitamente contrarrevolucionária, ornada e armada com três magníficas virtudes: a seriedade, a lógica e o espírito de sacrifício associado à oração.
A fisionomia de Francisco deixa claro que, apesar de jovem, não está neste mundo para brincar, sorrir, ter uma vida miúda cingida aos prazeres efêmeros e enganosos. Não, ele está aqui para salvar almas através do sacrifício. Dessa forma, ele apresenta um modo de viver perfeitamente contrário àquele Hollywoodiano de viver à procura de prazeres, doçuras das mais variadas, sem sofrimento nenhum e, por fim, alcançar um imaginário Final Feliz, que seria, no fundo, morrer sem a Graça divina.
Infelizmente, esse ideal infectou largamente a atual geração. Muitos católicos assim se iludem e tentam conciliar a tibieza com a Verdadeira Devoção. Contudo, o exemplo dado pelo pastorzinho de Fátima mostra que qualquer um que queira agradar a Nossa Senhora deve ser profundamente sério, pois a vida é séria: há um Céu para ganhar e um inferno a se evitar. Deus, que é infinitamente justo e sábio, leva infinitamente a sério a nossa falta de seriedade, pois não há palavra ou dito leviano – ou pensamento algum consentido pela vontade – que a Divina Justiça deixe sem punir ou recompensar. Esta é a realidade que deve estar continuamente sob os nossos olhos para que não percamos de vista a eterna recompensa.
Aliada a essa virtude magnânima, podemos também destacar o estado de espírito profundamente contemplativo, sacral e metafísico reinante em sua alma. Com toda certeza, não era um rapaz dado a pensamentos vãos como a maioria de nossos jovens. Ele era lógico, conseguia abarcar o mundo com um único princípio generalíssimo de que tudo foi feito por Deus e tudo deve dar glória a Deus. A partir daí, deduzia toda a sua vida moral: para agradar a Deus, deve dar tudo à Virgem, e depois de ter dado tudo a ela, deve dar a própria vida e oferecer cada contrariedade sofrida pela conversão dos pecadores.
Como, no entanto, alcançar para esses miseráveis pecadores, que nada têm a ganhar a não ser o Inferno, a conversão? Pelo sacrifício! Mas um sacrifício amoroso, tal como foi amoroso o sacrifício de Jesus no início de sua Paixão ao beijar a Cruz.
Como dizia Dr Plinio Corrêa de Oliveira, o ápice da vitória e da glória consiste perfeitamente no ápice da dor e do sofrimento. Não se pode alcançar o Paraíso por outra via senão a de sofrer tudo por amor a Jesus e a Maria. Assim era o ritmo de vida desse santo, porque sempre estava rezando e se sacrificando pelos pecadores por amor a Deus por meio de Nossa Senhora, a Estrela da Manhã que guia os navegantes dessa existência para o único Porto Seguro da salvação, que é precisamente a Igreja Católica.
Peçamos, portanto, a essa boa Mãe que nos faça, a exemplo deste admirabilíssimo santo, São Francisco Marto, verdadeiros devotos Seus para que tenhamos as virtudes necessárias para pormos em prática a Contrarrevolução e apressarmos assim a vinda do Reino de Maria.
Não nos esqueçamos, jamais, das palavras de São Bernardo, “Quando te assaltarem os ventos das tentações, quando vires aparecer os escolhos da desgraça, olha para a estrela, invoca a Maria. Se és sacudido pelas ondas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria. Se a cólera, a avareza, as seduções carnais vierem sacudir a leve barca de tua alma, levanta os teus olhos, olha para Maria. Se, perturbado pela lembrança atroz de teus crimes, envergonhado pela vista da imundice de tua consciência, aterrorizado pela ameaça do juízo de Deus, começas a submergir no remoinho da tristeza e no abismo do desespero, pensa em Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca a Maria. Que seu nome nunca deixe teus lábios, jamais deixe o teu coração. E, para obter o socorro de sua intercessão, não te afastes do exemplo de sua vida. Seguindo-a, não te perderás; suplicando-a, não conhecerás desespero; pensando nela, evitarás todo erro. Se ela te sustenta, não naufragarás. Se ela te protege, nada terás a temer. Se Ela te conduz, não te cansarás. Se Ela te for favorável, alcançarás o objetivo. E assim saberás por tua própria experiência tudo o que significam essas palavras: ‘E o nome da Virgem era Maria’ “
Certa vez um velho ancião, morador de uma antiga vila, teve de tomar uma decisão que marcaria o futuro de duas crianças; duas filhas lindas cujo cuidado foi efetuado com muita destreza, sabedoria e perfeição. Era esse o ato que marcaria o desfecho de seu livro.
A filha mais velha era a mais dedicada ao trabalho que o Ancião a designava. Foi uma combatente fervorosa das fraquezas. Era absolutamente uma fiel serva de seu pai.
A mais nova, porém, sempre foi relaxada. Não possuía empenho em serviço algum. Os conceitos que aprendera com o velho não queria vivenciá-los.
Porém, era hora das duas tomarem seus rumos.
O ancião como sabia de tudo, não fez muitos esforços para descobrir qual era o meio necessário para conceber um direito tão nobre a duas jovens tão inexperientes. Era necessária uma prova.
Em um determinado dia, movido por uma serena tarde de outono, onde a natureza havia finalmente encontrado o equilíbrio, o velho chamou as duas garotas.
A filha mais nova e a mais velha tomaram um passo à frente e ouviram atentamente cada palavra que saia da boca do sábio:
– Após anos de ensinamento em virtudes eu finalmente concedo o maior poder que um homem pode ter nesse lugar. Em nome da ordem natural do universo eu declaro que vocês não estão mais sob meus cuidados.
As jovens resplandeciam de contemplação, como se um serafim houvesse as tocado.
Porém, a complacência não tardou por muito, pois o ancião exclamou algo que fez com que as duas garotas sentissem um terremoto dentro de suas almas:
– Advirto-vos apenas de uma coisa: o mundo não vos ama. Se quiserdes a liberdade enfrente-o com todas as veras de vossas almas. Não se tornem escravas das regalias e dos prazeres que ele vos entregará.
O ancião deu uma última ordem:
– Quando saírem da vila para se dirigirem à estrada leiam a placa acima de suas cabeças.
As duas escutaram atentamente, agradeceram a hospitalidade por todo o tempo que ali passaram e finalmente partiram com seus pertences em uma trouxa.
Chegando à saída da vila havia uma placa escrita: a sua direita é a minha direita.
Após lerem o aviso, tomaram o rumo na longa estrada que se encontrava logo à frente.
Chegando a uma determinada parte da estrada as duas foram surpreendias por dois caminhos distintos.
Um deles possuía uma curva monstruosamente sinuosa, bordada por espinhos, larvas e bichos da mais repugnante natureza.
O outro caminho, por sua vez, era iluminado por um brilho dourado, com pedras preciosas de natureza mineral tão admirável, que homem algum rejeitaria tamanha benevolência que ali transbordava.
As duas ali paradas olharam-se e iniciaram um debate abordando a confiabilidade dos dois caminhos.
Uma via possuía uma aparência horrorosa, nojenta, fedida, maldita e desgraçada. A outra, porém, uma aparência tentadora, esplendorosa, agradável, cheirosa; um paraíso.
Sem pensar muito, a irmã mais nova tomou um passo pisando no chão dourado. Todavia, ela foi impedida de continuar com um puxão que a outra o dera. Isso foi suficiente para coloca-las novamente em um debate:
– Tu ouviste os ensinamentos do velho durante anos. Não podes seguir aquilo que o mundo te entrega. Não foi isso que nosso reverendíssimo mestre nos ensinou.
A outra, porém, sem escrúpulos exclamou:
– Tu não mandas em mim! Nem tu e nem mais o velho! Tenho o poder de tomar as decisões que me convém. E tu não deves se meter em minhas escolhas!
Indignada, a irmã mais velha esbravejou mais alto:
– As tentações e os sofrimentos são necessários para o amadurecimento do espírito! Tu bem sabes disso! Além do mais, tu se lembras do que estava escrito na saída da vila! A nossa direita é a direita do velho, porém, tu não percebeu que o caminho que queres pisar é o da esquerda.
A garota tentada cessou por um tempo e sentiu remorso…
Ali elas ficaram durante certo período. Todavia o debate retornou acendido por um chama:
– Devemos ter certeza no que acreditamos! – disse a mais nova. Se a minha consciência me coloca nessa posição é porque devo seguir esse caminho! Não é isso que o velho dizia? Pois bem. Seguirei em frente. Tu é que esta errada, porque acredita que teu conhecimento é maior que o do velho.
– Pois, não. Não! – respondeu a irmã. O velho nos disse que devemos ter certeza no que acreditamos, mas devemos nos basear na razão. Não é racional pensar que fora o velho que disse isso? Ele não possui mais conhecimento do que nós? Portanto, se sim, tu é que estas errada! Uma vez que não se baseia na razão, mas nas próprias vontades de tomar teu rumo!
– Não! – continuou a teimosa. Tu queres me levar ao teu caminho para pegar meus pertences. E isso é racional de se pensar, uma vez que tu terás garantia pelo menos de possuir alguma coisa caso siga o caminho à direita.
Sem deixar a mais velha responder, ela saiu correndo pelo caminho dourado, deixando sua irmã para trás.
A rejeitada, com coragem, virou-se à direita rompendo marcha.
A via desagradável era fria e escura, o que causou enorme aflição à irmã da teimosa. Conforme caminhava, as únicas coisas que ganhava eram feridas por ocasião das pedras no chão, arranhões com os espinhos das árvores e picadas dos insetos que “saboreavam” o ambiente repugnante.
Por outro lado, o caminho dourado entregou preciosidades à teimosa. A cada passo que dava em suas andanças adquiria roupas esplêndidas, bijuterias, colares, medalhas e tudo da mais agradável matéria.
Graças a essas peças, ela foi adquirindo peso, o que dificultou a sua caminhada ao longo do percurso. Enquanto a outra caminhava leve como uma pluma.
Em uma determinada parte do trajeto, as duas enxergaram algo ao longe.
A teimosa viu um cálice feito de diamante, bordado por detalhes preciosos, que transbordava moedas sem cessar. Em volta do cálice se encontrava um local majestoso. Era rodeado por frutas, grãos e carnes das mais diferentes variedades.
Havia uma parede – parecia que era o fim do caminho – atrás do cálice e possuía uma placa.
Ao contrário do que a mais nova viu ao longe, a irmã mais velha viu uma espada enorme cravada em uma pedra, e que o caminho continuava por de trás daquela rocha.
A jovem deduziu que aquilo seria um prêmio destinado a ela, e, sobretudo que não se tratava de um prêmio do mundo, porque o mundo nunca lhe ofereceria armas, uma vez que ela as usaria para lutar contra ele.
Todavia, as duas se encontraram em um paradoxo. No caminho à direita havia um rio que levava à espada. E no outro, havia apenas uma poça d’agua.
A jovem que sofreu o caminho todo com as contrariedades, tomou um passo com coragem e entrou no lago nadando até a encosta.
Chegando lá, subiu a rocha e com muito esforço descravou a enorme espada. Observou de forma oportuna uma placa que se encontrava atrás da grande pedra. Ela marcava um caminho novo.
A mais nova viu a poça d’agua em sua frente e a encarou em tom de sarcasmo. Até riu. E no auge de seu orgulho pisou na poça e sumiu. Ela havia afundado com todo o peso dos objetos que levava. E em verdade não se tratava de uma simples poça, era um buraco que dava acesso a uma fenda.
Aos poucos a teimosa foi se afogando…perdendo o fôlego…a consciência e por fim perdeu a própria vida. A outra ao invés de perder, conquistou-a.
E assim o livro foi fechado pelo livre arbítrio.
Concluiu-se que só a liberdade é a responsável por garantir a vida, a libertinagem, porém, a morte; uma liberta e a outra escraviza.
Quebra de decoro parlamentar durante CCJ revela o estado de educação e respeito de alguns parlamentares
“Tigrão” e “tchutchuca”, estes foram os termos usados pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR) para atacar o Ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) realizada nessa quarta-feira (03/04). O encontro, que durou mais de seis horas, tinha por objetivo esclarecer a PEC da reforma da previdência. Entretanto a sessão teve que ser encerrada pelo deputado Felipe Francischini após os ataques dos opositores ao Ministro.
Zeca Dirceu, deputado federal desde 2011 (PT)
“O senhor é ‘tigrão’ quando é com os aposentados, com os idosos, com os portadores de necessidades. O senhor é tigrão quando é com os agricultores, os professores. Mas é ‘tchutchuca’ quando mexe com a turma mais privilegiada do nosso país”
O deputado do Paraná pelo PT, Zeca Dirceu, é filho do ex-ministro José Dirceu, também do Partido dos Trabalhadores, e que está atualmente condenado pelo Mensalão e pela Lava-Jato. O fruto não cai longe da árvore.
Há algumas semanas o governo Bolsonaro foi criticado pela “falta de articulação” para a aprovação da nova Previdência. Na semana passada (27/03), durante um debate com os senadores na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Guedes afirmou não ter apego ao cargo, e que pode deixa-lo caso não seja útil.
“Estou aqui para servi-los, se ninguém quiser o serviço, terá sido um prazer ter tentado. Não tenho apego ao cargo, mas não terei irresponsabilidade de sair na primeira derrota”.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, debate a reforma da Previdência (PEC 6/19)
Apesar das criticas que vem recebendo, o Ministro da Economia tem se mostrado disposto a explicar, debater, discutir e a repassar o texto da reforma deixando para a Câmara a tarefa de propor as mudanças que achar necessária. Entretanto os deputados e senadores contrários a nova Previdência estão mais interessados em tumultuar e bagunçar as sessões; afinal de contas eles sabem que não há o que ser discutido: a reforma precisa acontecer.
Durante a confusão, Maria do Rosário acusou a assessora especial do ministério da Economia, Daniella Marques, de tê-la agredido. Depois ela revelou que não houve nada.
Mais uma vez vemos o debate desleal que existe na política brasileira. Um lado realmente interessado em aprimorar o texto e a contribuir para o país, e um outro lado completamente desinteressado do debate democrático. A quebra de decoro parlamentar do deputado Zeca Dirceu apenas serve de modelo didático para ilustrar qual lado não está interessando em negociar: a esquerda.
O que esperar para os próximos dias?
O Ministro Paulo Guedes lutou bravamente durante a CCJ. Jair Bolsonaro irá se reunir com os líderes dos partidos para convencê-los da necessidade de se aprovar a reforma. A bancada da chupeta nada tem a oferecer além da velha choradeira histérica. A articulação que falta seria, por um acaso, oferecer mamadeiras para os petistas?
A camiseta blasfema de Nossa Senhora de Guadalupe das Lojas Renner
Não é de hoje que vejo, até com certa frequência, blasfemos estampando desenhos, tatuagens e figuras de Nossa Senhora de Guadalupe com uma caveira no lugar da santa. As lojas Renner não quiseram ficar para trás com essa moda e decidiram comercializar camisetas com essa figura.
Tão logo os católicos tomaram consciência do produto, logo decidiram pressionar a empresa. Rapidamente o link que comercializa tal camiseta se espalhou por mensagens de WhatsApp acompanhado do link da ouvidoria das Lojas Renner.
Alguns minutos depois a empresa retirou o produto do ar:
19h33
19h54
A importância da reclamação
A ação rápida de grupos católicos foi decisiva para remoção de tal produto. Não obstante as críticas recebidas as Lojas Renner ainda não se retrataram. E talvez nem o façam, afinal a linha tênue que separa a afirmação: a página foi “removida” e “talvez nunca existiu” é formada apenas por duas letras: ou. O pedido de uma nota explicativa para que a empresa se retrate já foi feito.
A estampa fere a consciência religiosa do povo Brasileiro, de maioria católica. Tal figura popularizou-se no México e nada tem a ver com a cultura e tradição brasileira; sendo algo totalmente externo e avesso ao Brasil
Existem diversos argumentos que evidenciam e provam a existência de Deus. Ateus e mais ateus dizem que acreditar em Deus é algo ilógico e irracional, e que todos aqueles que acreditam em Deus são apenas cegos e que precisam ser iluminados pelos holofotes da ciência.
Nesse trecho far-se-á uma breve explicação do que vem a ser o argumento cosmológico e finalizado com as cinco vias de São Tomás de Aquino sobre a existência de Deus, uma defesa aprimorada do argumento cosmológico.
Argumento Cosmológico
É costumeiro por parte daqueles que não acreditam em Deus, aceitar como verdadeiras as premissas que serão posteriormente apresentadas. A dificuldade está em concluir se a causa do universo tem alguma relação com Deus.
Primeira premissa: Tudo o que vem a existir tem uma causa
A primeira premissa do argumento cosmológico é um fato, pois, não se vê matéria física surgindo simplesmente do nada ou do acaso. Essa é uma regra universal, uma lei fundamental da nossa realidade. Tudo o que vem a existir tem uma causa.
E como consequência lógica, toda a causa precede seu efeito em existência, nenhuma causa pode ser o seu próprio efeito, toda a causa é anterior ao efeito, e diferente do efeito, por tanto, é impossível algo existir, sem ter tido uma causa primeira.
Apesar dos argumentos, um qualquer pode querer tentar – deixando bem claro – afirmar que a ciência descobriu algo que veio a existir do nada.
É necessário salientar algo, por que se esse qualquer desconhece a causa que trouxe algo a existência, não quer dizer que este algo não tenha tido uma causa.
Segunda premissa: O universo veio a existir
A ciência atualmente admite que o universo teve um princípio, pois, se diz que o universo se expande, e como toda coisa que se expande e aumenta de tamanho, em algum momento do passado essa coisa começou a se expandir.
Em algum momento do passado essa expansão começou e a teoria mais conhecida que explica o princípio do universo é chamada de Big Bang. Essa teoria foi criada e elaborada pelo Padre Jesuíta Georges Lemaître, e no meio científico o Big Bang é majoritariamente a teoria mais aceita.
E essa teoria diz que, em algum ponto há 13,7 bilhões de anos atrás houve uma mega explosão que deu origem ao universo, e desde então o universo vem se expandindo e se resfriando.
Apesar do comentário, o foco não é a explicação da teoria do Big Bang, mas apenas esclarecer que essa teoria não é ateia.
Ela somente tenta explicar a origem do universo em sua composição física, ao contrário da Bíblia que salienta apenas que Deus criou o universo.
Cabe lembrar que Santo Agostinho, analisando a criação em seis dias no Gênesis, tem o cuidado de não interpretar dia como intervalo de 24 horas.
O Santo Doutor interpreta dia como sendo luz, e luz dos anjos testemunhando a criação de Deus. Os seis dias falam de uma ordem na criação, e não propriamente de uma medida de tempo.
Entretanto, o mais importante é que a ciência concorda com a Bíblia no sentido de que o universo teve um princípio. A única diferença é que a Bíblia sempre afirmou isso. A ciência apenas aceitou esse fato e nos mostrou como, possivelmente, foi criado o universo.
Com tudo isso informado, sabe-se que as duas premissas são verdadeiras, pois tudo o que vem a existir tem uma causa, e o universo teve uma causa. Logo o universo veio a existir. Tanto ateus como cristãos aceitam essa conclusão como verdadeira.
Mas o argumento cosmológico parte para um ponto que inconscientemente ou até conscientemente indaga: Para o universo existir precisou de uma causa. O que, ou quem causou a existência do universo? Ou ainda mais cientificamente falando: O que teria causado a explosão do Big Bang?
Se a resposta esperada pelos ateus for científica ela não existe. A ciência não sabe a causa pela qual o universo veio a existir. Aqui será explicada apenas a origem do universo, mas não o porquê do universo ter se originado, o que são duas coisas distintas.
Costumeiramente muitos ateus afirmam, e continuarão afirmando que o universo veio do nada e pelo nada. O problema dessa afirmação é que isso implicaria também em afirmar que coisas poderiam surgir simplesmente ao acaso.
Ou seja, sem uma causa. O que seria ilógico cientificamente falando, porque tudo que existe tem uma causa segundo a ciência.
Chamemos o responsável – seja Ele Deus ou qualquer coisa – pela causa da origem do universo de veritas. É necessário preencher uma lista de atributos para que Ele seja realmente o causador do universo.
Em primeiro lugar, já que nenhuma causa depende do seu efeito, a causa do universo não depende do universo, pois se ela causou o universo ela vivia fora do universo, e antes do universo nós não conseguimos encontrar a causa do universo dentro do próprio universo.
Ela precisa ser Imaterial, já que a causa foi a responsável pela origem de toda a matéria existente no universo. Conclui-se então que a causa do universo precisa anteceder a criação da matéria.
Ela precisa ser Atemporal, já que ela deu origem ao tempo. Isso significa que a linha do tempo da humanidade não afeta a causa do universo, já que o tempo e a matéria só começaram a existir depois da origem do universo. Ou seja, a causa do universo não está trelada à matéria e nem ao tempo.
Ela precisa ser Eterna, já que um regresso infinito de causas é impossível. Por essa linha de raciocínio a causa do universo também necessariamente deveria ter existido por toda a eternidade.
A causa do universo também é uma fonte inesgotável de poder, porque, somente uma causa poderosa poderia ter dado a origem a algo tão grandioso quanto o universo – coisa que a ciência concorda em dizer.
E por último, a causa do universo também é uma força pessoal, pois ela (a causa) decidiu por vontade própria, dar origem ao universo.
O universo não poderia ter começado sem um estimulo pessoal. O universo não se faria sozinho sem que uma força exterior decidisse dar origem a ele. Logo, veritas – a causa do universo – decidiu criar o universo.
Temos que, a causa do universo é imaterial, atemporal, eterna, poderosa e pessoal. Sabe-se quem ou o que possui esses atributos? A bíblia diz: “Deus é espírito” (Jo 4:24) portanto imaterial;
“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em que não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17), portanto atemporal;
“Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de Eternidade a Eternidade, Tu és Deus” (Salmo 90:2) que mostra, que Deus é Eterno;
“Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso” (Apocalipse 1:8); portanto, Deus é Poderoso;
“O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que Lhe agrada” (Salmo 115:3), portanto pessoal.
É inevitável acreditar que a Causa eficiente do universo não seja Deus.
Os ateus taxam os que acreditam em Deus de irracionais, de ilógicos, de loucos, de cegos simplesmente por acreditarem que Deus foi o Criador do universo. Mas se ser ateu é acreditar que o universo veio do nada, pelo nada e para o nada, é necessário repensar alguns conceitos de ciência básica.
As cinco vias de Santo Tomás de Aquino
1 – Primeiro Motor imóvel
A primeira via que prova a existência de Deus, Santo Tomás de Aquino chamou de motor imóvel:
1 – Supõe-se que o universo todo está em movimento;
2 – O movimento é um efeito de algo, devendo ter uma causa anterior, para o corpo entrar em movimento;
3 – Nenhum corpo se move sozinho, e se a história – colocada aqui para dizer no sentido temporal e atemporal – fosse retrocedida sem parar ad infinitum (que não tem fim), todo o corpo haveria sido movido por outro e nunca seria encontrado um princípio.
Portanto e inevitavelmente deve haver um primeiro motor (motor imóvel) que proporcionou o movimento pela primeira vez sem ter sido movido por algo.
2 – Primeira causa eficiente
A segunda via que prova a existência de Deus, Santo Tomás de Aquino, chamou de primeira causa eficiente.
Essa via está relacionada com a primeira, porque ela justamente é o efeito desse motor imóvel.
Sempre existirá essa ordenação: causa e efeito para todas as coisas. Se há essa ordenação, não existe efeito sem causa.
E se a história fosse contextualizada naquele retrocesso ad infinitum, nunca se chegaria a uma primeira causa para todos os efeitos. Ou seja, nunca existiria uma causa primeira.
Com isso, supõe-se que houve alguma causa que foi o início de tudo – o marco zero -, e que não se necessitou de uma causa anterior para ser gerada, pois a causa primeira não foi efeito de uma causa anterior, ela foi a primeira de todas as causas.
Ou seja, ela nunca foi gerada, ela sempre esteve presente. Conclui-se que ela foi a primeira causa eficiente que desencadeou todos os efeitos subsequentes; tudo o que veio depois.
3 – Ser necessário e seres possíveis
Tudo o que existe, um dia não existiu – exceto Deus. Para facilitar a compreensão, pode-se pensar que, “hoje eu existo, mas um dia eu não existi”.
Há dois movimentos: não ser e ser, ou seja, o primeiro movimento é de não existir e o segundo movimento é de passar a existir, que é um movimento progressivo. E novamente, se a história fosse retrocedida se chegaria ao não ser.
Santo Tomás argumenta que se tudo o que hoje é, um dia não foi. E se nesse nada a história para o raciocínio é errado, porque é impossível algo partir do nada, do absolutamente vazio.
Não tem sentido se afirmar que as coisas existem porque vieram do vazio. Por essa ideia o “Doutor Angélico”, coloca que há uma necessidade, ou seja, há um primeiro Ser necessário que vai dar origem a todos os seres possíveis.
4 – Graus de perfeição
Nas três primeiras vias de Santo Tomás de Aquino, do motor imóvel, da primeira causa eficiente e do ser necessário e do ser possível, faz-se uma conexão direita e justamente com a figura de Deus.
Para Santo Tomás de Aquino, o motor imóvel é Deus, a primeira causa eficiente é Deus e o Ser necessário é Deus. Por isso, a quarta via se chama “Grau de perfeição”.
Esta via não evidenciará a mudança, a atividade, a geração ou corrupção, mas a limitação com que certas perfeições existem nos vários seres. Em outras palavras, os graus de bem que residem nas criaturas.
Observa-se nos seres, alguns poucos que são mais ou menos bons, verdadeiros e nobres que outros. Assim, ninguém duvida que o homem é mais perfeito que o animal; o animal mais que o vegetal; e este mais que o mineral.
O mesmo deve-se dizer da bondade, da verdade, da nobreza e das outras perfeições semelhantes, as quais se encontram em todos os seres segundo uma diversidade de graus – em virtude da qual alguns seres são mais perfeitos que outros.
Ora, mais e menos se dizem de coisas diversas conforme elas se aproximam diferentemente daquilo que é em si o máximo.
Em outras palavras, “mais ou menos” não diz respeito às coisas em si, mas sim no tanto em que elas se aproximam em graus diversos do que é em grau máximo. Por exemplo, algo se torna mais frio quando se aproxima do frio em grau máximo.
Desta forma há algo que é em grau supremo o bem, a verdade, a nobreza e, por sua vez, o grau máximo do ser. Assim, o que é o grau máximo do gênero é causa e medida de todo esse gênero: O gelo que é grau máximo de frio é causa e medida de todo frio.
Da existência destas perfeições limitadas e graduadas deduz-se a existência de um ser perfeitíssimo. Ser sublime no qual residem todas as perfeições em seu grau sumo.
João Ameal conclui que, “Há, então, um ser soberanamente belo, soberanamente bom, soberanamente perfeito. Mas aquilo que é soberano, supremo em algum gênero, é causa de todos os seres do mesmo gênero”.
Já Santo Agostinho se refere aos antigos filósofos por terem visto que em todas as coisas mutáveis o modo pelo qual um ser é o que é, só lhe virá do ser verdadeiro e imutável por essência:
“Compreenderam, além disso, que em todo ser que muda toda forma que o faz ser o que é, qualquer que seja sua natureza e os seus modos, não pode ela mesma existir senão por Aquele que é verdadeiramente porque é imutavelmente. É daí que, quer seja o corpo do mundo inteiro, a sua estrutura, as suas propriedades, o seu movimento regular, os seus movimentos escalonados do céu à terra e todos os corpos que ele encerra; quer seja toda a vida: a que sustenta e mantém o ser, como nas árvores; a que, além disso, possui sensibilidade, como nos animais; a que acrescenta a tudo isto a inteligência, como nos homens; ou a que, sem necessidade de mantimentos, se mantém, goza de sentimentos e de inteligência como nos anjos, não pode manter o seu ser senão d’Aquele que simplesmente é”.
Por esta razão, Santo Tomás ao explicar que “se alguém indo a uma casa e desde a porta fosse sentindo calor e cada vez que mais nela penetrasse mais calor sentisse, evidentemente perceberia que havia fogo no seu interior, mesmo que não estivesse vendo o fogo. Acontece o mesmo conosco ao considerar as coisas deste mundo. Todas as coisas estão ordenadas conforme diversos graus de beleza e de nobreza, e quanto mais estão próximas de Deus, tanto melhores e mais belas são. Ora, os astros são mais nobres e mais belos que os corpos inferiores; as coisas invisíveis, que as visíveis”.
Deste modo a quarta via, para achar a razão suficiente das perfeições existentes no mundo, nos conduz necessariamente à existência real de um Ser perfeito, único e simples, o qual é evidentemente distinto dos seres do universo: Deus.
Ou seja, a teleologia (fim inteligente) presente em todo o universo reclama a necessidade de Deus. “Vemos que algumas coisas, como os corpos naturais, carentes de conhecimento, operam em vista de um fim; o que se conclui de operarem sempre ou freqüentemente do mesmo modo, para conseguirem o que é ótimo; donde resulta que chegam ao fim, não pelo acaso, mas pela intenção. Mas, assim como a seta é dirigida pelo arqueiro, os seres sem conhecimento não tendem ao fim sem serem dirigidos por um ente conhecedor e inteligente. Logo, há um ser inteligente, pelo qual todas as coisas naturais se ordenam ao fim, e a que chamamos Deus.”
5 – Ordem do Universo
Se for considerado a ordem existente no universo, desde os componentes microscópicos existentes numa planta até os gigantescos astros do firmamento; a harmonia, a atividade e relação entre eles, facilmente chegamos à seguinte conclusão: houve uma Inteligência que criou e ordenou tudo isto, caso contrário seria absurdo dizer que isto é fruto do acaso.
“De fato, apenas a inteligência pode ser razão da ordem, quer dizer, da organização dos meios em vista de um fim, ou dos elementos em vista do todo que eles compõem: os corpos ignoram os fins e, por conseguinte, se os corpos ou os elementos conspiram em conjunto, é necessário que sua organização tenha sido obra de uma inteligência”.
Os seres que carecem de conhecimento não podem rumar aos seus respectivos fins sem que haja um ser que conheça tais fins. Assim, uma flecha não pode atingir o alvo sem o arqueiro que a dispare.
O reverendíssimo frade Garrigou- Lagrange explica algo semelhante e que tende a traçar a mesma linha: “Os seres privados de razão não tendem a um fim se não são guiados por uma inteligência, como a flecha pelo arqueiro. Com efeito, uma coisa não pode estar ordenada à outra senão por uma causa ordenadora, que necessariamente deve ser inteligente, ‘sapientis est ordinare’. Por quê? Porque só a inteligência conhece a razão de ser das coisas”.
Que inteligência ordena o universo? Obviamente há de ser diferente dos seres da natureza, porque os minerais e vegetais são desprovidos da ciência das coisas e os animais não possuem intelecto.
Deve ser também diferente da inteligência humana, que apesar de perceber e explicar, a ordem que existe, não a cria.
Tem que ser, pois, a suma inteligência, dado que a ordem do universo supõe um ser que possua a ciência de todos os seres e suas propriedades. Por isso conclui Garrigou-Lagrange:
“Os animais conhecem sensivelmente o objeto que constitui seu fim, mas neste objeto não percebem a razão formal do fim. Por conseguinte, se não houvesse uma inteligência ordenadora, que governasse o mundo, a ordem e a inteligibilidade, que há no universo e que as ciências descobrem, proviria da inteligibilidade, e ainda mais, nossas próprias inteligências proviriam de uma causa cega e ininteligível; uma vez mais, o mais sairia do menos, o que é absurdo”.
É indispensável se afirmar que a Inteligência Criadora e Ordenadora do universo é Infinita e Divina. Um ser natural, na sua criação não é precedido por nada e suas propriedades e capacidades provêm de sua própria essência.
Daí a ordem interna de cada ser e, por consequência, das relações destas essências entre si, resulta a ordem externa do universo.
Sendo a causa total de toda ordem, o Autor destas essências deve ser também Criador.
Portanto a Inteligência ordenadora é também Criadora. Ademais, esta inteligência não pode ter sido criada, porque seria como qualquer outro ser existente e não ordenaria, mas seria ordenada por outra inteligência.
Por fim, a Inteligência ordenadora deve ser também por si subsistente e infinita. A este ser Criador, Subsistente por si e Infinito, chamamos: Deus.