Você é o que você ouve

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Aceitem os modernistas ou não; as pessoas são o que elas ouvem. Esse pensamento é considerado retrógrado por muitos ditos “evoluídos”.

Apesar da consideração, o pensamento sempre foi muito presente e relacionando principalmente com os tempos atuais é muito mais visível ainda.

Desde a antiguidade a música foi um setor da intelectualidade de muita apreciação por parte dos estudiosos.

Na Grécia Antiga mesmo, os filósofos e matemáticos da época estudavam com muito apreço a música.

Pitágoras (570 a.C. – 495 a.C.)

A começar por Pitágoras, um matemático muito famoso nos dias de hoje e que foi muito mais do que apenas um matemático. Ele soube relacionar muito bem a música e os números. Em que sentido?

 

A partir de seu estudo a respeito da medida das proporções e do tamanho, descobriu por fim a escala – com o auxílio de uma tábua e uma corda.

Claro que não se pode ignorar todos os estudos feitos no planeta naquela época em outras regiões – dos árabes, dos africanos, etc.

E é por esse motivo que devemos agradecer os monges que juntaram os estudos que tratavam da música e descobriram toda sua complexidade – como São Gregório Magno, por exemplo, criador do canto gregoriano.

Contudo, a Grécia Antiga é o principal ponto, pois foi de lá que saiu um estudo muito útil para os nossos dias; de ninguém menos que Aristóteles.

Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)

Aristóteles foi um filósofo grego de extrema importância para o Ocidente e o mundo em geral, pois desenvolveu estudos diversos sobre várias áreas do conhecimento humano.

O fato que o texto conduz é resumido

em um pequeno escrito de Aristóteles a respeito da música:

“A música reproduz diretamente as paixões ou estados de alma – bondade, ira, coragem, temperança, seus opostos e outras qualidades. Consequentemente, quando alguém ouve uma música que reproduz certa paixão ele se torna imbuído da mesma paixão; e se durante muito tempo ele habitualmente ouvir o tipo de música que desperta paixões ignóbeis, seu caráter todo será modelado numa desprezível forma. Em suma, se alguém ouvir o tipo errado de música, ele se tornará o tipo errado de pessoa; de modo oposto, porém, se ele ouvir o tipo certo de música, tenderá a se tornar o tipo certo de pessoa.” (Aristóteles, citado por D. J. Grout em “A História da Música Ocidental”)

Por mais antigo que seja esse pensamento, é algo totalmente racional e que está de acordo com a ordem natural. Portanto é tão presente como já foi no passado.

O que Aristóteles nos explica com esse comentário é que a própria sonoridade influência os sentidos.

É algo naturalmente difícil de explicar, pois a arte musical se trata de uma arte quase que inteiramente abstrata, e se relacionamos isso com o sistema sensorial se torna mais complicado ainda a explicação.

Para mais fácil compreensão entraremos em alguns elementos da música – já escrevi em um artigo a respeito, mas não com precisão.

Existem três elementos fundamentais dentro da música. Sendo dois deles importantíssimos para influenciar de certa forma uma pessoa. E essa influência pode ser determinante para o comportamento de uma pessoa. Exemplo:

Uma determinada pessoa ouve constantemente músicas do período romântico. Nota-se com clareza analisando o comportamento dessa mesma pessoa, que ela possui traços românticos; vaidade em certos sentidos e acima de tudo algo de melancólico.

É algo natural, e em última análise se continuássemos a estudar nessa mesma linha perceberíamos que a única coisa completa dentro música é o canto gregoriano. Isso porque ele transmite um sentimento que enaltece o Deus todo poderoso, o infinito, o heroico, a ordem, etc.

Voltando aos elementos, possuímos dois elementos iniciais, sendo eles: o ritmo e a harmonia. O que é o ritmo? O ritmo é a forma pela qual a música é sentida.

Imagine que uma determinada pessoa produz diversas batidas sobre a superfície da água de uma piscina onde há uma boia; o ritmo é a forma pela qual a boia andará sobre ela.

Em certo sentido o ritmo influência os movimentos físicos, isso porque a vibração que ela tem, conduz ao cérebro uma mensagem subliminar, e dependendo desse ritmo a mensagem pode ser boa ou ruim.

Equivale a dizer que quando ouvimos uma valsa, por exemplo, temos a vontade de mexer os membros do corpo conforme o ritmo dela.

Cito outro exemplo dos próprios músicos. A maioria dos pianistas tocam conforme o ritmo da música, e é por isso que alguns quase que dançam sentados.

Partindo para o segundo elemento temos a harmonia. A harmonia é a sequência de acordes tocados. Os acordes são notas diferentes que se combinam e quando executados produzem um som que mantém harmonia entre si.

A harmonia influência os sentimentos, pois são os acordes que dão as sensações de felicidade, tristeza, alegria, etc. Tudo isso de acordo com a sonoridade daquela combinação de notas.

Em suma, temos dois elementos, sendo os dois juntos formadores da constância das sensações.

O que significa constância das sensações? É a intensidade dos acordes, se ele é mais rápido, mais lento, pausado, etc. Os dois somados formam então a melodia.

A melodia é o modelo completo da música, e como são duas coisas que andam juntas e que devem estar sempre unidas, não existe música boa com a falta de um desses elementos ou a totalidade deles.

Podemos ter uma música com uma combinação boa de acordes, mas não termos ritmos. E sendo assim a música não faz sentido – ou podemos ter uma música com um ritmo apenas, mas sem combinação alguma de acordes.

É por esse motivo que existem músicas ruins hoje em dia.

A modernidade nega seus antepassados. Então a arte ou música não é aquilo que foi definido no passado, é o futuro que define o que são as coisas!

A falta de algum elemento não faz diferença, até por que quem é você para definir algo a mim? Isso são rótulos de uma sociedade tradicional e conservadora.

Com esse pensamento existem hoje “movimentos artísticos” que negam o belo e a ordem.

Diversos ditos artistas no passado mataram a arte e matam até hoje; o próprio dadaísmo seria um ótimo exemplo, mas como se trata de música cito um exemplo melhor.

E aqui eu faço uma crítica a Chopin, um dos compositores românticos mais famosos do universo.

Frédéric Chopin (1810 – 1849)

Se analisarmos a música dessa figura é possível que entremos em um processo depressivo, porém, notar-se-á que foi um homem com um talento grandiosíssimo, mas que não fez o bom uso da Graça.

Pensa-se que a idade das trevas foi a idade média, mas na atual época em que vivemos existem muito mais trevas do que meros cavaleiros templários – aqui colocado ironicamente.

São sobretudo os tempos das involuções, das revoluções, dos demônios; os imperadores da desordem.

E como disse o reverendíssimo Dr. Plínio Corrêa de Oliveira: “Se a Revolução é a desordem, a Contra-Revolução é a restauração da ordem. E por ordem entendemos a paz de Cristo no Reino de Cristo. Ou seja, a civilização cristã, austera e hierárquica, fundamentalmente sacral, anti-igualitária e antiliberal”.

Ora, a música possui hierarquia, é anti-igualitária – não aceita a igualdade de notas e de ritmo, pois possui hierarquia -, e é sobretudo antiliberal, pois é algo já definido, algo concreto e que não há como alterar, sendo qualquer alteração feita um produto do mal.

Por esse sentido e outros que nós católicos sempre repetimos: a ordem está em tudo. E toda a ordem é o reflexo do belo, do hierarquizado e do sacral acima de tudo. A ordem é a paz de Cristo no Reino de Cristo! E com a música não existe diferença por mais relativistas que sejam os críticos.

 

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Técnico de logística pela ETEC Lauro Gomes e membro "de jure" do Instituto Plínio Corrêa de Oliveira

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