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A Maternidade Divina, grandeza fundamental de Maria

As grandezas de Maria podem ser divididas em dois grupos. O primeiro é constituído pelas que representam sobretudo funções: maternidade divina, maternidade espiritual, mediação universal, papel de Maria no apostolado católico, realeza universal. O segundo grupo engloba as grandezas que representam privilégios concedidos a Maria em razão de suas funções, ou como consequências delas: Imaculada Conceição, virgindade, plenitude de graça etc. […]

Significado da maternidade divina

A grandeza fundamental de Maria, razão de ser de todas as outras, é a maternidade divina. De acordo com uma percepção comum, a maternidade divina não é somente a razão de ser das outras grandezas, mas também da própria existência de Maria, pois Ela foi criada especificamente para tornar-se a Mãe de Deus. Na bula Ineffabilis, o Papa Pio IX ensina, ao definir a Imaculada Conceição de Maria, que “a origem de Maria e a Encarnação da Sabedoria divina foram decididas por um único e mesmo decreto”. Assim, a maternidade divina explica tudo em Maria, e sem essa maternidade nada nela pode ser explicado.

A importância excepcional da maternidade divina torna evidente a necessidade de se entender bem o que ela significa, e deixar isso mal explicado equivale a deixar incompreendidos todos os privilégios da Virgem. Além disso, neste caso nosso espírito se encontra diante do mistério da Encarnação em toda a sua profundidade, mais do que ocorre em relação a outras grandezas de Maria. O assunto ultrapassa também a doutrina marial propriamente dita e se estende ao domínio da cristologia. […]

Santa Maria, Mãe de Deus.

O título de Mãe de Deus não significa, nem jamais significou entre os fieis, aquilo de que Nestório nos acusava no século V e certos protestantes e racionalistas nos acusam ainda hoje, isto é, que consideramos Maria como mãe da divindade, ou como uma espécie de deusa como as da mitologia. Afirmamos sim que Maria é Mãe de Deus, mas não que Ela é mãe da divindade; Mãe de uma Pessoa que é Deus, e não mãe dessa Pessoa enquanto Deus.

Para entender o que significa a maternidade divina, é necessário compreender a união das naturezas divina e humana na pessoa de Jesus, tanto quanto isso seja possível no que se refere a um mistério. […]

Entre a humanidade e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo existe uma união muito semelhante à do corpo com a alma, porém não idêntica.(2) A natureza divina e a humana formam um único todo, uma única pessoa, de tal modo que as ações de uma e outra podem ser atribuídas a essa pessoa, e Ele pôde dizer: “Antes que Abraão existisse, Eu sou” (Jo 8, 58); e também: “Minha alma está numa tristeza mortal” (Mt 26, 38). A pessoa a que pertencem todas as ações de Cristo é divina, pelo que todas as suas ações, mesmo aquelas praticadas pela natureza humana, tinham mérito infinito, pois eram ações de Deus. Pode-se portanto afirmar com toda realidade que Deus pregou, que Deus sofreu, que Deus morreu. Consequentemente pode-se também dizer que Deus nasceu. Acontece que a mulher da qual um ser nasce é sua mãe. Como Deus nasceu de Maria, Maria é Mãe de Deus.

Poder-se-ia argumentar que Jesus recebeu de Maria apenas seu corpo, e não sua divindade. Esta objeção teria valor no caso de uma união moral, como aquela que Nestório elucubrou, não porém no caso de uma união substancial. O corpo que Maria gerou era, desde o primeiro instante, o de um Deus, portanto é de um Deus que Maria se tornou Mãe. Da mesma forma nós recebemos de nossas mães apenas o corpo, mas somos plenamente seus filhos.

É verdade que a concepção de um corpo humano exige naturalmente a criação e a infusão da alma, ao passo que a concepção operada em Maria não exigia naturalmente a união do Filho de Deus com a humanidade que a Virgem concebia. Não havia tal exigência do ponto de vista natural, porém existia do ponto de vista sobrenatural, de modo mais sublime e mais digno de Deus e de Maria do que tudo o que se passa na ordem natural. Tal concepção foi preparada por meio de virtudes e privilégios únicos: concepção virginal, só adequada a um Deus; concepção operada pelo Espírito Santo, a qual, de acordo com a explicação do anjo, faria do filho de Maria o próprio Filho de Deus; concepção consentida pela Virgem, somente após ter Ela recebido a promessa de que culminaria com a geração de um Deus.

Maria é realmente Mãe de Deus, da mesma forma que qualquer mulher é mãe de seu filho. De certa forma pode-se afirmar que Ela merece mais este qualificativo do que as outras mães. Em primeiro lugar porque ela sozinha, sem a contribuição de um pai, formou aquele corpo que, desde o primeiro momento de sua existência, era o corpo de um Deus. Além disso, porque foi chamada a cooperar para essa função em condições únicas. Houve jamais uma mãe que, como Maria, foi escolhida por seu futuro filho e preparada por Ele para essa função? Uma mãe que, como Maria, recebeu do Céu o aviso da missão reservada ao seu filho e o convite para consentir em tal missão? Uma mãe que, como Maria, cooperou com as intenções de Deus sobre seu filho e sobre Ela mesma, e se submeteu plenamente às consequências dolorosas dessa cooperação?

Num exame superficial, podemos ser tentados a acreditar que se joga com as palavras quando se dá a Maria o qualificativo de Mãe de Deus. Porém um exame atento nos leva a indagar se é possível imaginar uma maternidade de tal modo verdadeira e de tal modo plena como a de Maria em relação ao Filho de Deus.

Podem ser plenamente satisfatórias ao nosso espírito essas explicações e comparações que apresentamos? Respondemos que, se elas o pudessem, seriam certamente falsas, pois fariam desaparecer o fator mistério. Admitir que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus não representa dificuldade maior do que acreditar que Jesus nos resgatou verdadeiramente, sacrificando-se por nós na cruz; ou em professar que Ele nos une realmente à sua divindade quando nos dá o seu Corpo em alimento. Nos três casos o mistério é o mesmo — a união hipostática. A razão pode explicá-lo até certo ponto, mas só a fé pode obter de nós o assentimento.

A maternidade divina, verdade revelada

A ideia da maternidade, embora sem usar a expressão, já estava contida muito claramente no conhecimento dos primeiros cristãos, e resultava naturalmente de duas verdades que lhes eram familiares: Maria é verdadeiramente Mãe de Deus; Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem.

Não resta nenhuma dúvida de que Maria era reconhecida como Mãe de Jesus pelos judeus. Que Ele é homem, também o admitiam todos. E também era evidente aos olhos dos cristãos primitivos que Ele é Deus, pois havia falado e agido como só um Deus poderia fazer: atribuíam-se direitos que nenhuma criatura ousaria arrogar-se; pregava e mandava em nome próprio; perdoava os pecados por sua própria autoridade; fazia milagres por seu próprio poder; exprimia-se sobre suas relações com Deus como fazendo com Ele um ser único. É possível que inicialmente os discípulos o tenham visto como sendo apenas o Messias, e que no fim de sua vida mortal alguns dentre eles tenham começado a reconhecer sua divindade, mas após a Ressurreição puseram-se todos a pregá-la abertamente. Desde antes de serem escritos os evangelhos, pelo menos os três últimos, São Paulo havia proclamado Jesus “Aquele que está acima de todas as coisas, o Deus eternamente bendito” (Rom 9, 5).

Essa humanidade e essa divindade que os primeiros cristãos reconheciam no Filho de Maria apresentavam-se a eles unidas na mais íntima união que se possa imaginar, a qual será mais tarde denominada hipostática. Daquele que acabava de ser batizado no Jordão, o Pai tinha dito: “Eis meu filho bem amado, no qual ponho minha complacência” (Mt 3, 17). Após atravessar o lago numa barca, Ele disse ao paralítico: “Homem, os teus pecados te são perdoados”; e como os fariseus se escandalizavam sobre esse poder de perdoar os pecados — pois só o reconheciam como pertencendo a Deus, mas Ele o atribuía a si mesmo — não argumentou que estariam sendo perdoados por Deus habitando em mim, ou por Deus ao qual estou unido, mas proclamou em alto e bom som que esse poder residia nele mesmo: “A fim de que saibais que o Filho do Homem tem na Terra autoridade para perdoar os pecados, [disse ao paralítico]: Levanta-te, toma o teu leito e retorna à tua casa” (Mc 2, 1-12).

São Paulo registrou num texto bem conhecido essa convicção dos primeiros cristãos sobre a união substancial da divindade e humanidade em Jesus: “Tende os sentimentos de Cristo Jesus, que subsistindo na natureza de Deus, não considerava uma usurpação a igualdade com Deus. Porém Ele se aniquilou, tomando a forma de servo e tornando-se semelhante aos homens, reconhecido como homem pela sua aparência” (Fil 2, 6-8).

Portanto o Apóstolo afirmava que a natureza divina e a humana estavam reunidas em Jesus Cristo, e consequentemente Ele era reconhecido pelos primeiros cristãos como sendo ao mesmo tempo Deus e homem. Tendo Ele nascido de Maria, conferiam a Ela o título de Mãe de Deus.

“O corpo que Maria gerou era, desde o primeiro instante, o de um Deus, portanto é de um Deus que Maria se tornou Mãe”

A dedução acima é de todo rigor, mesmo supondo-se que a Sagrada Escritura não aludisse também à divindade do seu Filho, nas partes em que menciona a Mãe de Jesus. Porém, de fato a divindade de Jesus está afirmada, ou pelo menos subentendida, em várias ocasiões em que se menciona sua Mãe. O anjo Gabriel afirmou a Maria que Ela se tornaria mãe sem perder a virgindade, porque “aquele que nascerá de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 34-35). Qualquer que possa ter sido para os judeus de então o sentido da expressão Filho de Deus, é fora de dúvida que a Virgem entendeu tal expressão como significando algo diferente do que eles entendiam por Messias. Com efeito, o anjo lhe explicou que o Messias que nasceria dela respeitaria sua virgindade, precisamente porque tratava-se do próprio Filho de Deus. É fora de dúvida também que os primeiros cristãos, que ouviam contar ou liam a narração da Anunciação, atribuíam à expressão Filho de Deus o sentido literal, o sentido pleno de segunda Pessoa da Santíssima Trindade, e que portanto Maria era para eles Mãe de Deus, de acordo com a declaração do enviado divino.

Visitação
“De onde me vem a graça de receber a mãe do meu Senhor.”

No episódio da Visitação, entendiam que Isabel disse à sua jovem prima:“De onde me vem a graça de que a Mãe do meu Senhor venha visitar-me?” (Lc 1, 43). Evidentemente Isabel dava à palavra Senhor o sentido que encontrara ou ouvira nos textos sagrados, isto é, que significava Deus. No próprio capítulo em que encontramos a pergunta feita por Isabel, a palavra Senhor é mencionada outras 15 vezes, todas elas com o significado de Deus. Por exemplo, logo após a saudação inicial, Isabel prossegue: “Ditosa aquela que acreditou no cumprimento das coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor” (Lc 1, 45). Seguramente os primeiros cristãos entendiam igualmente neste relato a palavra Senhor no sentido de Deus, e aí viam Maria honrada como Mãe de Deus.

Do mesmo modo eles se lembravam de que Isaías, o maior entre os profetas messiânicos, havia predito que “uma virgem conceberá e dará à luz Emanuel, que significa Deus conosco”. Pouco importa o modo como os contemporâneos de Isaías ou o próprio profeta entendiam que o Filho da Virgem seria Deus conosco. Para os primeiros cristãos, a palavra designava Deus feito homem, entendendo portanto que Ela havia concebido Deus e o dera à luz, sendo portanto Mãe de Deus.

Antes mesmo da publicação dos evangelhos, os cristãos ouviram de S. Paulo: “Quando se chegou à plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, concebido da mulher” (Gal 4, 4). Daí se conclui que essa mulher era Mãe do Filho de Deus. […]

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Maria Santíssima como a Igreja ensina, Pe. Émile Neubert, Editora Petrus – 2014

Protestantes ricos, católicos pobres?

Um dos mitos mais disseminados contra o catolicismo é o de que este favorece a pobreza e, segue o mito, o protestantismo proporciona o desenvolvimento material, o progresso econômico das nações. Basta considerar a riqueza da Inglaterra e dos Estados Unidos e a pobreza de Portugal e da América Latina.

Aposto que o leitor já ouviu algum professor em sala de aula repetir essa lenda. O tema é muito amplo, mas apresento a seguir algumas linhas para a reflexão dos católicos e, por que não, dos protestantes.

Max Weber geralmente é tido como o pensador que deu os fundamentos para essa crença anti-católica. No início do século XX, ele escreveu o ensaio “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, no qual procura demonstrar que o protestantismo trouxe a riqueza para mundo! Antes disso só havia miséria e decadência na Europa. Antes de Lutero só havia a terrível “Idade das Trevas”. A partir do século XVI o mundo progrediu, bem entendido, o mundo protestante, enquanto os países católicos permaneceram na penúria.

Há muita carga de simplificação nessa mitologia, mas adianto que ela já encontrou seus críticos desde o início. O autor belga Henri Pirenne é um dos seus contestadores mais respeitados. Ele demonstrou, apenas para dar um exemplo, que no século XIII, já havia um capitalismo florescente em Flandres.

No Brasil, o Pe. Leonel Franca, na obra “A Igreja, a reforma e a civilização”, prova cabalmente que a queda econômica em algumas nações católicas – a Espanha, por exemplo – desde o surgimento do protestantismo, se deveu a fatores adversos e não diretamente à religião do país.

Mais recentemente o autor americano Rodney Stark lançou uma série de publicações contra o mito de Weber. Uma de suas obras, já editadas em português, é “A vitória da razão” (Ed. Tribuna, Lisboa). Aconselho sua leitura para aqueles que gostam de ver erros históricos desmontados.

Mas se você é um leitor mais prático ou não tem tempo de ler a obras acima, aí vão alguns dados concretos para usar quando seu professor vier despejar na sala de aula as mentiras de Weber.

Só para início de conversa, dos sete países mais ricos do mundo (o famoso G7), 3 são de maioria protestante (Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra) e 3 são de maioria católica (França, Itália e Canadá)! Até aqui há um empate! Para completar os sete países, vem o Japão, que não é católico, nem protestante.

Mas espere! Vamos por uma lupa nesses países. Primeiro, Alemanha. A região mais rica do país é a Baviera. E qual é a maior religião lá? A católica! Para desespero dos discípulos de Weber, quem mais faz a riqueza da Alemanha são os católicos. Além disso, o número das populações católicas e protestantes têm oscilado bastante nas últimas décadas. Por volta do ano de 2006, dados registraram uma superação do número de católicos relação ao número de protestantes, considerando todo o país. Esse quadro se reverteu posteriormente. Não consta que a economia alemã tenha se alterado por causa dessa variação.

Para abreviar, vamos para o exemplo mais expressivo: os Estados Unidos da América. Maioria protestante, não é? Vamos com calma! Se considerarmos as denominações religiosas no país, ou seja, as igrejas separadamente, o catolicismo é a maior religião, com mais ou menos 30% de adeptos. Nem a igreja batista, que é a denominação protestante mais numerosa, possui tantos fiéis.

Mais. O período de maior crescimento econômico nos Estados Unidos foi desde os meados do século XIX até nossos dias. Curiosamente, é este justamente o período de maior crescimento da população católica! Crescimento explicável, sobretudo, pelo influxo dos latinos. Isso fará Weber revirar-se no caixão, mas tudo indica que quanto mais católicos, mais riqueza!

De longe já vemos tentativa de contra argumentação protestante: “Há outros os fatores que explicam o crescimento econômico nesses países, apesar do aumento de católicos!”

Essa tentativa de resposta não atinge o alvo, e acaba pondo às claras a simplificação de Weber, pois o mesmo se pode dizer do lado oposto: “Outros fatores, que não simplesmente a religião, explicam a ‘relativa pobreza’ dos alguns países católicos”.

Digo “relativa pobreza” porque o Brasil, apesar da propaganda contrária, é um dos países mais ricos e produtivos do mundo. E ainda é um dos que tem a maior população católica do mundo. Quase o mesmo se poderia dizer dos seguintes países católicos: Argentina, Chile, México, Bélgica, Áustria, Espanha… todos eles com um grau de riqueza respeitável, para dizer o mínimo. Todos eles católicos.

Poderíamos estender a argumentação, mas vamos deixar, por enquanto, Weber e seus discípulos descansarem um pouco. Talvez eles passem a reconsiderar seus mitos e os deixem de lado.

Por que a Igreja Católica é a única verdadeira?

A Palavra do Sacerdote – extraído da Revista Catolicismo, Junho 2004
Cônego José Luiz Villac

Monsenhor José Luiz Villac

Pergunta Estive visitando o site www.catolicismo.com.br e o achei muito informativo. Sou católica, mas ultimamente tenho pensado em algumas coisas que gostaria de esclarecer. Li a explicação a respeito da Igreja Católica, como ela surgiu. Foi no momento em que o Espírito Santo tocou os Apóstolos e dessa forma nasceu a Igreja. Creio que essa seja uma interpretação da Igreja Católica. Mas eu gostaria de saber se há uma afirmação concreta de que Jesus falou que ela é a verdadeira e a única que salva. Baseando-se em textos bíblicos, realmente. Pois o próprio Jesus Cristo disse: Quem se reunir com duas ou mais pessoas em meu nome, eu estarei presente. Não necessariamente na Igreja Católica, mas em qualquer bom lugar edificado que fale em seu nome. Por essa e outras passagens, creio que a Igreja Católica é a casa do Senhor, mas não somente essa, e sim, como está em Efésios (2, 21), todo edifício bem ajustado… E sobre Pedro ser o primeiro Papa, Jesus falou: Ninguém vem ao Pai a não ser por mim… Não creio que somente os Papas podem ler a Bíblia, pois ela é vendida em todos os lugares, e Deus a escreveu para que crêssemos Nele. Bom, essas são as minhas dúvidas. Se o senhor puder me esclarecer, ficarei grata.


Resposta É interessante notar como a missivista quer uma resposta baseada “em textos bíblicos, realmente”. Tratando-se de uma católica, como está afirmado em sua carta, vê-se que ela está influenciada pela idéia, hoje muito difundida, de que toda a Revelação feita por Nosso Senhor Jesus Cristo está contida só na Bíblia. Ora, isto não corresponde à realidade dos fatos. Aliás, em nenhum lugar da Bíblia está escrito que só na Bíblia está a palavra de Deus…

Catedral de Notre Dame, Paris

Bíblia: necessária mas insuficiente

Mais de uma vez lembramos nesta coluna que a ordem de Jesus Cristo a seus discípulos foi: “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). A difusão da Boa Nova deu-se, pois, primeiro pela pregação, e só mais tarde os discípulos houveram por bem escrever os ensinamentos que tinham ouvido de Jesus Cristo.

E, ao fazerem-no, não tiveram a preocupação de compor uma obra absolutamente sistemática — acadêmica, diríamos hoje. Fizeram-no inspirados pelo Divino Espírito Santo, mas movidos pela graça, ao sabor de suas preferências, salientando os pontos que mais os haviam impressionado. Daí a variedade de estilos e conteúdos dos escritos dos Apóstolos e discípulos, que se completam uns aos outros, apresentando uma visão unitária e coerente da doutrina do Divino Mestre, sem entretanto abranger a totalidade dos seus ensinamentos. O Evangelho de São João conclui precisamente com esta eloqüente observação: a Terra não poderia conter os volumes que seria preciso escrever para transmitir todos os ensinamentos e fatos da vida de Cristo (cfr. Jo 21, 25).

De onde resulta que é preciso recorrer também à pregação viva, que nunca se interrompeu na Igreja, e que constitui a teologicamente denominada Tradição. Bíblia e Tradição formam as duas fontes da Revelação. Inclusive, muitas passagens da Bíblia só são perfeitamente compreendidas à luz da Tradição.

Não cabe, portanto, restringir exclusivamente à Sagrada Escritura as provas das verdades de nossa Fé. Muitas são encontradas nas citações bíblicas, mas outras nos chegam através da Tradição. E ao Magistério da Igreja incumbe guardar esse precioso depósito da Fé e interpretá-lo sem erro. Com efeito, Jesus Cristo prometeu, depois que subisse ao Pai, enviar o Espírito Santo sobre os Apóstolos, para guiar a Igreja em sua caminhada ao longo dos séculos, de forma que seu ensinamento não se deturpasse com o passar do tempo. É essa assistência do Espírito Santo que garante a infalibilidade do Magistério da Igreja.
Isto posto, vamos às dúvidas da consulente.

“E eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edifcarei a minha Igreja” (Mt 16, 18). A Igreja verdadeira está edificada sobre o Papado

Fora da Igreja não há salvação

Se a salvação nos vem por Jesus Cristo, e só através d’Ele, é óbvio que devemos procurá-la na Igreja por Ele fundada. Ora, Nosso Senhor disse a Pedro: “E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18). A Igreja de Jesus Cristo é, portanto, a que está edificada sobre o Papado. Esta é a única Igreja verdadeira, fora da qual não há salvação. É o rebanho de Cristo, é o Reino de Cristo na terra, é o Corpo Místico, do qual Ele é a divina Cabeça.

Como vê a consulente, esta verdade se apóia num texto bíblico (aliás, em vários outros também), mas é necessário um raciocínio teológico para explicitar o conteúdo do texto bíblico. Este é o papel do Magistério eclesiástico, que se desenvolve sob o bafejo do Espírito Santo, como acima dissemos, e resguardado pela Infalibilidade Pontifícia.

Sobre o caso das almas retas que estão fora do corpo da Igreja, e que entretanto se salvam, é assunto já tratado nesta coluna (cfr. Catolicismo nº 617, maio de 2002). Como o tema é delicado e complexo, remetemos o leitor para esse artigo, em que a questão é analisada em seus matizes.

São Paulo diante da Basílica de São Pedro

“Eu estarei no meio deles”

A consulente tem razão em dizer que não é apenas no templo católico que se cumpre a promessa de Nosso Senhor: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18, 20). O templo é a casa de Deus por excelência, tanto mais quanto, em grande número de casos, Jesus Eucarístico estará realmente e substancialmente presente no Sacrário. Mas em todo outro lugar em que os fiéis se reunirem para tratar dos interesses de Deus, contarão com a presença espiritual de Jesus no meio deles.

A missivista entretanto não parece fazer a distinção devida entre a Igreja Católica enquanto instituição, e a igreja (com minúscula), isto é, o templo (edifício) no qual se realiza o culto divino.

Quanto à referência de São Paulo a “todo edifício bem ordenado” (Ef 2, 21), ela não tem em vista o edifício sagrado, mas o edifício espiritual que cada um deve edificar em si mesmo para transformá-lo no “templo santo do Senhor”. Eis suas palavras: “Vós, pois, já não sois hóspedes, nem adventícios, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas, sendo o mesmo Jesus Cristo a pedra angular, sobre o qual todo o edifício [espiritual] bem ordenado se levanta para ser um templo santo do Senhor, sobre o qual vós sois também juntamente edificados para morada de Deus, mediante o Espírito [Santo]” (Ef. 2, 19-22 — tradução do Pe. Matos Soares).

A Bíblia não é só para o Papa!

Sem dúvida, a leitura da Bíblia não é reservada só ao Papa, mas recomendável a todo cristão que esteja em condições de tirar proveito espiritual dela. Naturalmente, fala-se aqui de uma edição que tenha a expressa aprovação da Igreja.

Não convém entretanto imaginar que qualquer fiel que se põe a ler a Bíblia tem só por isso proveito garantido. Se a pessoa não tiver formação adequada, e não procurar acompanhar a leitura do texto bíblico com os comentários de autores abalizados, esse ato, de si louvável, pode redundar até em prejuízo para a própria fé. Pois a Bíblia contém freqüentemente passagens misteriosas, que só com o auxílio de um especialista se podem compreender.

Daí a verdadeira insensatez do mau conselho protestante de pôr a Bíblia nas mãos de qualquer um, de qualquer jeito. Facilmente ele se confunde e começa a tirar conclusões completamente infundadas.

Esses são os esclarecimentos que queríamos oferecer à gentil missivista.

São Hugo de Grenoble

1º de Abril
Santo Hugo de Grenoble,
Bispo e Confessor
(+ Grenoble, França, 1132)

Existem uns dezesseis santos com o nome de Hugo. Os dois mais importantes tiveram muitas coisas em comum. Além do nome são quase do mesmo tempo e lugar. Um é Hugo, abade de Cluny (1024 – 1109) e o outro, bispo de Grenoble (1053 – 1132).

Ambos abraçaram a vida religiosa na flor da idade e tiveram encargos de grande responsabilidade. Hugo de Cluny, com 20 anos apenas, foi ordenado sacerdote e com 25 sucedeu ao abade Odilon e permaneceu no cargo por 60 anos. Hugo de Grenoble estudou em Valência e em Reims onde foi de São Bruno, com 27 anos apenas foi nomeado bispo de Grenoble por Gregório VII e ficou no cargo por 52 anos. Ambos foram excelentes colaboradores dos papas Gregório VII, Urbano II, Pascoal II e Inocêncio II. Ajudaram na reforma da Igreja, na luta contra a simonia e a corrupção do Clero. Ambos doram os primeiros a dar exemplo de reforma pessoal e interior. Os dois foram propugnadores da vida monástica.

Cluny se tornou exemplo da vida monástica em toda a Europa. O rigoroso São Pedro Damião dá o bonito testemunho de Cluny que visitou em 1063: “Que diremos da severidade, da ascese, da disciplina da Regra, do respeito pelo mosteiro e pelo silêncio? Durante o tempo do estudo, do trabalho ou da leitura da Bíblia, ninguém ousa andar à toa pelos corredores ou falar, senão em caso de verdadeira necessidade. Falam só raramente, durante o silêncio noturno em certos lugares (cozinha, sacristia, dormitório, refeitório e claustro), também de dia só se fala por meio de sinais, que são escolhidos com tanta severidade que não há lugar à leviandade”.

Hugo de Grenoble foi um dos artífices na fundação dos Cartuxos (Grande Cartuxa). Foi ele que acolheu São Bruno e deu-lhe a montanha da cartuxa. Aí ele repetiu o milagre de Moisés: fez jorrar a água da rocha.

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Fonte:
Sgarbossa, Mario / Giovannini, Luigi. Um Santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983.

 

 

 

Diferença entre o Pai-Nosso católico e o protestante

Você já deve ter notado uma curiosa diferença entre o Pai-Nosso católico e o protestante.
Não me refiro às pequenas variações de palavras – algo que acontece mesmo entre os
católicos – mas à frase que vai ao fim da oração, recitada por certas
denominações protestantes: “Porque teu é o reino e o poder e a glória para sempre. Amém”.
De onde vem essa diferença? O protestante logo virá com a resposta pronta: “Está na
Bíblia. Basta ler na edição de Ferreira de Almeida, em Mateus 6, 13”. Interessante constatar,
contudo, que ao usarem aquela fórmula no final do Pai-Nosso, os protestantes fazem, sem o
saber, uma homenagem à Tradição católica!
A fórmula “Porque teu é o reino…” é uma doxologia, isto é, uma expressão de louvor
geralmente acrescentada ao texto sagrado para acompanhar um trecho da liturgia. Esses
acréscimos vêm dos tempos da Igreja primitiva e ainda são muito comuns na Santa Missa e no Ofício Divino.
Ora, essa expressão não consta nos códices mais antigos do Evangelho de São Mateus.
Estudiosos, mesmo protestantes, reconhecem esse fato. Ela foi simplesmente acrescentada
por um copista – católico, diga-se de passagem – como uma reverência natural ao texto
sagrado. Note-se que o copista não fez isso com o propósito de adulterar a Bíblia, ele o fez de
boa-fé. Mas São Mateus não havia escrito tal fórmula.
A cópia do Evangelho de São Mateus acrescida da doxologia atravessou os séculos
até que Ferreira de Almeida, protestante português, utilizou-a para sua tradução da Bíblia, no
século XVII. E essa é a mesma versão – com eventuais atualizações – que os protestantes de
língua portuguesa utilizam até hoje.
Mas não sejamos injustos com Ferreira de Almeida. Ele não tinha condições de saber dessa
piedosa interpolação de um copista católico, feita nos primórdios do cristianismo. Apenas a
crítica mais recente esclareceu a questão.
De qualquer maneira, se você for arguido por um protestante sobre o “Porque teu é o reino e
o poder…”, pode dizer com toda segurança que é graças aos católicos que ele usa essa
fórmula.

Fontes consultadas:
1. https://catholicstraightanswers.com/why-does-the-catholic-our-father-have-a-different-
ending-than-the-protestant-one/
2. http://www.pr.gonet.biz/index-read.php?num=2389

Nossa Senhora do Bom Sucesso e o Corona Vírus – Podcast

Entrevistamos José Ignácio Gomez, estudante universitário e radialista no Equador.
Ele nos conta a história das revelações de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que aconteceram neste país e faz relação com a atual crise.

Erros na Santa Igreja… como entender? – PODCAST

Neste Podcast, ouvimos o Prof. Sérgio Bertoli, experimentado formador da juventude e um dos coordenadores da Frente Lepanto. Em seus 20 séculos de existência, a Igreja já enfrentou inúmeras crises – a atual não é para Ela nenhuma novidade… E Ela enfrenta sem medo, pois tem a seu favor o Divino Espírito Santo, que nunca a desamparou!

O canto gregoriano: exemplo de beleza criada no seio da Santa Igreja

O mundo moderno tem deixado ao mundo muitas atrocidades nos campos artísticos, principalmente na música onde qualquer coisa pode virar um sucesso, sem que lhe seja dada o mérito de ser boa.

Porém, há um tipo de canto que é belo e extraordinariamente esplêndido: o canto gregoriano.

A beleza vem não só de sua execução, mas também de sua história. O canto gregoriano tem sua origem nos tempos de vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando os salmos eram cantados nas Sinagogas.

O canto gregoriano tem sua glória na Idade Média, quando a Cristandade era vivida na sociedade como um todo. Os tempos de paz eram maiores e os de guerra eram menores.

São Gregório Magno, Papa, fora quem formou as coletâneas dos cantos e, além disso, iniciou a Schola Cantorum. Com isso, muitas outras pessoas puderam ver e viver a beleza de tal canto.

Mas então, caro leitor, você talvez se pergunte: se o canto gregoriano é tão belo, por que não vemos em rádios, programas e relações afins? É simples: as relações entre aquilo que é belo e verdadeiro jamais ficam juntas com aquilo que é miserável e indigno de real beleza como tem o canto gregoriano.

A beleza que as pessoas atualmente veem, infelizmente, não tem como real objetivo louvar a Deus, isto é, sendo sempre subordinado a Deus e, por conseguinte, à elevação a alma. Pelo contrário, buscam o mais baixo do ser no mais baixo das suas atitudes.

Nisto, cabe-se colocar algumas verdades que podem muito bem ser observadas em um período de tempo.

Uma delas é que a música já não tem um bom significado, tampouco em sua essência quanto no seu contexto. Veja, qual foi a última vez em que viste uma melodia tocada que pudesse elevar vossa alma ao mais alto dos céus, a ponto de entrar em uma contemplação para com Nosso Senhor, vide que esta é a função da música? Não podemos ter isto a não ser que queiramos encontrar e, portanto, busquemos.

Lembremos que a música ela tem três pontos para que seja exatamente música.

  1. Melodia – parte na qual notas se associam e formam uma sequência (fala-se do sistema tonal e não o atonal);
  2. Harmonia – a parte que harmoniza, isto é, combina-se junto com a melodia;
  3. Ritmo – a determinação do som em função do tempo, ou seja, a sua duração perante o tempo.

Denota-se então que, por causa dessa perda de significado, pouco se vale dizer o que é música, como também pouco se vale entender a música. Ouve-se certas “músicas” que só tem ritmo e que, de música, não tem nada.

Poderão dizer-te também que “a música é uma expressão cultural e que, portanto, não precisa dessas regras”.

Ora, tu não tens regras para com tua vida? Não é de Deus a ordem para que tudo esteja certo, do jeito certo e para um objetivo certo? Lembremos que Deus é a perfeição!

Por isso que, dentre todos os tipos de música que possam existir, o canto gregoriano é o mais belo: nele há ordem, há respeito para com as execuções (mediante o canto/cântico selecionado), há distribuição equivalente entre as notas (sem igualdade no que tange a duração e a frequência das notas) e, além do mais, é voltado para Aquele que É a bondade e a perfeição.

Por fim, aqui estão exemplos de cantos gregorianos que fazem uma contemplação e elevam a alma.

Adoro te Devote
Te Deum Laudamus
Primeira Lição de Sexta-Feira Santa – Lamentações de Jeremias
Dies Irae, canto do século XIII

Mentiras sobre a Igreja que são ensinadas na escola como verdades e as devidas respostas

Caríssimos, o texto aqui apresentado foi inicialmente feito para ajudar uma amiga que tinha certas dúvidas sobre a Igreja, após o que “aprendeu” da professora na escola numa aula de filosofia.

Este trabalho de apologética abre o campo de pesquisa para o leitor se aprofundar no assunto. Buscamos apenas responder as 3 questões que a professora resumiu e deu como certa para a classe da minha amiga.

Ocultaremos o nome da escola, da professora e da amiga por questões éticas, e também porque é irrelevante. As inverdades que serão rebatidas são apresentadas em diversos outros lugares porque está na crença popular, então muita gente crê fielmente nelas por serem repetidas a todo tempo por todo mundo, por isso a necessidade de publicar em nosso site as devidas respostas as 3 questões em particular. 


Mas, sem mais delongas, eis as “verdades” apresentadas em sala de aula:

  1. “Pessoas que não seguiam as leis da Igreja eram perseguidas e mortas, não tinham liberdade”; 
  2. “A Igreja reprimia a liberdade de expressão, não aceitavam opiniões diferentes, ‘faz isso ou vai pro inferno’. Período da escuridão (Igreja no Poder)”; 
  3. “Depois que a Igreja saiu do poder a sociedade começou a se desenvolver, ou seja, ela teve avanços”.

São acusações bem pesadas, e ridículas, mas de certo modo, fáceis de desmentir. São falas que também abrem o leque e envolvem diversas outras mentiras para apoiarem-na. Como havia dito, estas 3 questões são uma espécie de resumo. Após toda a aula a conclusão foi esta. Seguiremos respondendo expandindo o leque e abrangendo pontos importantes que devem ser esclarecidos para todos, católicos ou não, e as respostas seguem na ordem em que foram apresentadas as questões.

1 – “Pessoas que não seguiam as leis da Igreja eram perseguidas e mortas, não tinham liberdade”.

Afirmar categoricamente que a Igreja suprimia a liberdade de seus fies sem apresentar nenhuma prova palpável sobre isto é uma tolice sem precedentes, tirando o fato de que nenhuma prova poderia ser apresentada, pois este argumento é uma mentira histórica, dito popular que as pessoas nos forçam a crer depois de repetirem mil vezes.

É parte da fé da Igreja e de seu ensino doutrinário que o homem é livre para fazer o que bem entender, mesmo que a ação não convenha. A Igreja também ensina que cada ação dá frutos relativos nesta vida, ou na hora da morte. Mas cabe ao fiel optar por fazer o que é moralmente certo, ou o que é moralmente errado. A sua consciência irá acusa-lo de qual caminho escolher, tendo em vista que o ensino das partes já foi feito.

É essencial deixar claro também que o pensamento filosófico medieval, muito anterior as deturpações Iluministas, via a liberdade não como o liberalismo desregrado que quiseram passar os iluministas, mas como algo dependente de uma autoridade que legislasse a liberdade à luz da verdade. Porque a autoridade compilada a verdade é necessária para realização do bem comum. Como disse o Tomista Sidney Silveira:“sem autoridade, a liberdade transfigura-se em licenciosidade – e produz desordens sociais em progressão geométrica. Nesta concepção, a liberdade verdadeira só se pode lograr, quer individual, quer socialmente, onde há autoridade”. (Index Librorum Prohibitorum – A Edição de 1564, p.32-33. Editora Centro Dom Bosco, 2018, RJ.)É mister saber que a autoridade social medieval era, em partes, a Igreja, e com a Igreja o conceito de Deus e as regras do Evangelho, que configuram-se na Verdade necessária à manter a ordem. Então, entendidos de que liberdade não é, ou ao menos não era entendida assim pelo homem medieval,  licenciosidade para causar problemas sociais, continuemos.

Para dizer que a Igreja reprimia a voz do povo precisamos de um documento oficial da Igreja que ateste isso, uma Encíclica, no caso. Até que se apresente isso, o argumento não passará de uma lenda repetida, carente de fontes.

Como é clássico, algumas pessoas poderiam querer pegar os casos Galileu Galilei (1564-1642) e Giordano Bruno (1548-1600), mas estes dois casos não são casos de repressão da liberdade, por assim dizer. É interessante mencionar aqui também que fora estes dois nomes ninguém evoca algum outro nome como exemplo. Vamos usar de exemplo estes dois nomes porque a questão 1 geralmente é movida pela visão errônea que as pessoas tem do período da Inquisição. Mas vamos ver o que de fato aconteceu com Galileu e com Bruno, para entender como a Igreja enfrentava, e enfrenta, os problemas que se apresentam, e entender também um pouco de o que foi e como foi a inquisição. Apesar de a questão não colocar explicito o nome INQUISIÇÃO, é implícito ao que a mentira se refere. Afinal, você também não pensou nisso quando a leu?

Dizem que Galileu foi reprimido pela Igreja por ensinar o sistema de Copérnico, o Heliocentrismo, e não o Geocentrismo e mais estritamente o sistema de Tycho, que era o que a grande maioria aceitava como verdade. Está na mente de muitos que Galileu foi uma triste vitima da Inquisição e do autoritarismo da Igreja, e que ele foi censurado por trazer verdades cientificas que iam contra o que a Igreja dizia para controlar os fieis. Mas Galileu não foi perseguido pela Igreja, no sentido puro da palavra. Eis o que aconteceu com Galileu, nas palavras do historiador e PhD Thomas Woods:

“Galileu estava convencido de possuir a verdade, mas não tinha provas objetivas suficientes para convencer os homens de mente aberta. É uma completa injustiça afirmar, como fazem alguns historiadores, que ninguém ouvia os seus argumentos e que nunca teve uma oportunidade. Os astrônomos jesuítas tinham confirmado as suas descobertas e esperavam ansiosamente por provas ulteriores para poderem abandonar o sistema de Tycho e passarem a apoiar com segurança o copernicanismo. Muitos eclesiásticos influentes acreditavam que Galileu devia estar certo, mas tinham de esperar por mais provas.” Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 67

Galileu não tinha provas cientificas concretas de que o Heliocetrismo era o modelo astronômico correto para explicar a posição do sol e da terra e os seus movimentos relativos, mas mesmo assim ele queria ensinar esse sistema como se fosse um fato cientifico, ou uma teoria consistente, ao invés de ser ensinado como Hipótese Científica, que era o que a Igreja recomendava (as pessoas falam que Galileu foi perseguido por ensinar o sistema de Copérnico, mas o engraçado é que o próprio padre Copérnico não sofreu nada em criar a sua hipótese que séculos depois foi dada como teoria e fato. Curioso, não é?). Mas Galileu foi ainda mais ousado, ele começou a sugerir novas interpretações bíblicas a luz do Heliocentrismo, querendo que a Igreja mudasse seu ensino sobre alguns pontos do mundo natural. Galileu não era Teólogo, e não tinha sustentação nas suas palavras (o sistema de Copérnico não tinha as provas irrefutáveis que hoje conhecemos), o que ele estava fazendo era um escândalo para os fieis leigos que não entendiam de Naturalismo e tampouco de Teologia. Ou seja, Galileu estava sendo um problema, mesmo sendo um cientista brilhante e de renome, muito respeitado pelo Papa Urbano VIII, que era seu amigo, diga-se de passagem. O que o Papa da época fez foi mandar Galileu para uma prisão domiciliar em sua casa, e mandou ele se retratar de suas ideias. Galileu não foi açoitado, ou algo do tipo. Galileu foi muito imprudente em suas palavras, não tinha provas para suas teorias, mesmo que elas fossem já debatidas nos meios acadêmicos por outros cientistas cristãos, como os padres Jesuítas. 

Galileu não foi obrigado a parar de ensinar ou estudar o sistema de Copérnico, o que ele deveria fazer era parar de ensina-lo como verdade absoluta e parar de sugerir reinterpretações bíblicas a partir dele. A Igreja tomou essa decisão por dois motivos:

1 – A teoria de Copérnico na época de Galileu era apenas uma hipótese científica, ou seja, era uma ideia que ainda necessitava de um maior número de evidências para ser universalmente aceita pelos cientistas como verdade e suceder o outro modelo vigente. Galileu não era o único a estuda-la, cientistas Jesuítas contemporâneos de Galileu também estudavam o copernicanismo e chegaram a confirmar com cálculos precisos algumas teorias dele;

2 – Galileu não era teólogo e nem clérigo, podia deter certo conhecimento teológico mas não tinha autoridade para pregar algo diferente da opinião da Igreja sobre o assunto em questão. Ele poderia, como católico, sugerir uma revisão e apresentar provas científicas para tal. Ele não fez isso e nem tinha todas as provas necessárias. Ao ensinar algo contrário a Igreja Galileu causava escândalo e dividia o povo, e o escândalo sempre foi condenável. Galileu não foi advertido simplesmente por ser cientista (se fosse isso os Jesuítas nem deveriam existir), mas por ser um causador de escândalo misturando hipóteses cientificas com argumentação teológica. Em outros termos podemos dizer que o sujeito era um tanto arrogante e não admitia ser contrariado.

“Como é evidente, não é inteiramente correto pintar Galileu como uma vítima inocente de preconceito e da ignorância do mundo”, disse o historiador Jerome Langford. “Parte da culpa dos acontecimentos subsequentes deve ser atribuída ao próprio Galileu, que recusou qualquer ressalva, e sem provas suficientes, fez derivar o debate para o terreno próprio dos teólogos.” Jerome Langford; Galileo, Science and the Church, pp. 68-69.

Okay, desmistificado um dos mitos mais famosos e utilizados para dizer que a Igreja reprimia o povo e o avanço científico. Mas para dar mais uma prova incontestável, nada melhor que as palavras de um contemporâneo de Galileu:

“Se houvesse uma verdadeira prova de que o Sol é o centro do universo, de que a Terra está no terceiro céu e de que o Sol não gira em torno da Terra, mas a Terra em torno do Sol, então deveríamos agir com grande circunspecção ao explicar passagens da Escritura que parecem ensinar o contrário, e admitir que não as havíamos entendido, em vez de declarar como falsa uma opinião que se prova verdadeira. Mas eu mesmo não devo acreditar que existam tais provas enquanto não me sejam mostradas”.São Roberto Belarmino, bispo e Doutor da Igreja, falando sobre as considerações de Galileu. 

Séculos depois as provas foram apresentadas e a Igreja começou a ensinar o Heliocentrismo como uma verdade, e não mais como uma hipótese. Isso é história.

Agora, o outro caso mais famoso e polêmico é o do herege Giordano Bruno, que inclusive morreu queimado na fogueira.

São João Crisóstomo já no século IV dizia: “Matar um herege é introduzir na Terra um crime inexplicável”, São Bernardo de Claraval, ao ser informado da morte de hereges na cidade de Colônia em fogueiras, disse: “A fé é uma obra de persuasão, não se impõe!” Ele também afirmou que era absurdo criar “falsos mártires” daquela maneira. 

Giordano Bruno não era cientista e tampouco foi condenado por qualquer tese cientifica. O grande legado que atribuem a ele é uma teoria que afirma a existência de um número incontável de outros mundos habitados, que foi proposta pelo padre Nicolau de Cusa 109 anos antes do Nascimento de Giordano Bruno

A tese de que a terra não é o centro do universo e de que as esferas celestes não estão imóveis, mas sim em constante movimento foi dita por Nicolau de Cusa, e ainda antes dele, por Nicholas Oresme, bispo de Lisieux. E a Igreja jamais o censurou por isso. Dez anos após o Padre Nicolau de Cusa publicar o Docta ignorantia ele foi sagrado Cardeal, e também Nicholas Oresme jamais foi incomodado por estas ideias (por que Bruno morreu e Oresme e Nicolau de Cusa não, entenderemos mais a frente).

Bruno foi preso pela Inquisição em Veneza, condenado em 1600, acusado de:

  • Sustentar opiniões contrárias à Santa Sé e realizar discursos de oposição a ela e a seus ministros;
  • Sustentar opiniões erradas sobre a Santíssima Trindade, e a divindade de Cristo e a Encarnação;
  • Sustentar opiniões erradas sobre Cristo;
  • Sustentar opiniões erradas sobre a transubstanciação e a Santa Missa;
  • Afirmar a existência de uma pluralidade de mundos e suas eternidades;
  • Acreditar em metempsicose (possibilidade de a alma humana, ao reencarnar, migrar para animais, plantas ou minerais);
  • Praticar magia e adivinhação;
  • Não acreditar na virgindade de Maria.

Exceto a afirmação da pluralidade dos mundos (que também não é nada cientifica, e vale notar que o herege era apegado a práticas de magia e a usava em suas explicações pseudocientificas), todas as acusações são religiosas. A pluralidade dos mundos vai contra a Revelação do Gênesis de que o mundo foi criado em determinado momento do tempo. Mas dentre tantas heresias, não é certo pensar que ele foi morto por este simples fato.

Ou seja, Bruno, no fim, não foi mais que um herege, que nada tinha de um cientista genuíno, mas sim um pseudocientista e plagiador. Morreu, infelizmente, mas não por culpa da Igreja, pois o tribunal da Inquisição que o condenou a morte era regido pelo poder secular, e não pela Igreja.

A Igreja rejeitou as ideias de Bruno e ele vagou por diversos cantos por anos, foi rejeitado inclusive dentre os protestantes. Mas como a Inquisição não começou com a Igreja, não era só ela a responsável por assumir algum tribunal inquisidor. Bruno foi morto, um erro (na visão moderna), mas não um erro da Igreja. Isso se explica historicamente pelo fato de a Igreja administrar apenas punições leves e de cunho religioso para reparar o pecado do Herege e leva-lo a conversão e salvação da alma. O poder secular foi quem iniciou a pena de morte e era quem a administrava. 

Não foi a Igreja que inaugurou a repressão da heresia por meio da violência. Se a considerou em todos os tempos como um crime de “lesa-majestade” divina, nunca pediu a aplicação dessas penas severas que castigavam toda a lesa-majestade no direito imperial romano. No decurso dos três primeiros séculos, recorreu apenas à persuasão e às punições espirituais. Foram os imperadores cristãos, Constantino e seus sucessores, que, como “bispos do exterior”, castigavam com penas temporais – multas, prisão e flagelação – os rebeldes contra a verdadeira fé, maniqueus ou donatistas.O primeiro grande processo por heresia que terminou com uma execução capital, o do espanhol Prisciliano, provocou veementes protestos do papa Sirício, de Santo Ambrósio e de São Maninho de Tours.

Com Santo Agostinho, a perspectiva mudou um pouco: partidário resoluto dos métodos de tolerância para com os hereges, sobretudo maniqueus, compreendeu que a heresia constituía um atentado fundamental contra a sociedade cristã e que esta devia defender-se. Desejava que ela o fizesse com moderação, mas admitia que se aplicasse a pena de morte em caso de perigo social evidente. […] Daniel-Rops; “A Igreja das Catedrais e das Cruzadas”, 1998, p. 605.

Quando se fala em “perigo social evidente” deve-se entender o período histórico para não cairmos em anacronismo. A Heresia era considerada em toda Idade Média como crime capital, isso porque a Heresia era uma fé divergente da fé do povo, mas principalmente porque divergia da fé da Igreja, e a fé da Igreja era a fé do Rei/Imperador ou Senhor Feudal da região.

Então a heresia de certa forma desafiava o poder secular, causava escândalos no povo e abalava as estruturas sociais, como foi o caso da heresia de Ário (Arianismo) e a heresia dualística de Maniqueu (Maniqueísmo) que por volta do ano 1100 teve uma nova e agressiva vertente que ficou conhecida como Catarismo, heresia esta que era extremamente um perigo social por fomentar o homicídio, o suicídio e infanticídio, ao pregar que o mundo material era obra de Satanás (um deus do mau), e que precisávamos nos livrar de nossos corpos e voltar ao plano material criado pelo deus do bem.

A Inquisição tratou bem dos Cátaros e salvou diversos lugares da influência perversa e insana deles. Creio que ninguém em sã consciência irá reclamar de uma autoridade que se levanta contra um grupo que prega homicídio, suicídio e mata mulheres grávidas em nome de um ideal religioso insano.
Santo Tomás de Aquino nos mostra como era o pensamento de sua época (séc. XIII): “É muito mais grave corromper a fé, que é a vida da alma, do que falsificar o dinheiro, que serve à vida temporal. Ora, se os falsificadores de moeda ou outros malfeitores logo são justamente condenados à morte pelos príncipes seculares, com maior razão os heréticos desde que sejam convencidos de heresia, podem não só ser excomungados, mas justamente serem condenados à morte’’. (Cf. Suma Teológica V, p. 183, questão 11: a heresia, artigo 3).

Contudo, cabia ao Estado aplicar a pena e não à Igreja, como dizia o próprio Tomás de Aquino: “Não convém, pois, aos clérigos matar ou derramar sangue, e sim estar prontos a derramar seu próprio sangue por Cristo, para imitar por obras o que realizam por seu ministério”. (Cf. Suma Teológica V, p. 521, questão 40: a guerra, artigo 2). E a pena capital era somente para quando não haviam meios de combater a heresia que apresentasse risco social, como sugeria Santo Agostinho no séc. IV.

Os ocorridos com Galileu e Bruno não são eventos frutos do enunciado da questão 1, não era um problema você não seguir uma lei da Igreja, o catolicismo nunca foi algo imposto, como ocorre nas terras Islâmicas em que desobedecer a Sharia pode ser motivo de morte ou penas severas, como perder um membro do corpo, estes foram repreendidos por serem causadores de escândalo e divisão no povo, e por atentarem contra as autoridades locais (por isso Bruno foi morto, e os criadores de algumas das ideias que ele defendia, não. Porque o problema não era somente a ideia, era o escândalo e a desordem causados em nome dela). 

Galileu sofreu uma pena leve, ficar trancado em casa e se retratar (não de sua ciência, mas de sua teologia), e Bruno foi ignorado pela Igreja e até pelos Protestantes até ser pego pelo Estado por causar os mesmos escândalos.

Durante todos os séculos houveram pessoas que discordavam da Igreja e não seguiam suas leis, isso é óbvio de se admitir, mas contanto que essas pessoas não atentassem contra a ordem social, não fossem um perigo social evidente, como os Cátaros, não havia necessidade de perturba-las. A liberdade vai até onde você não interfere na ordem moral e social, a partir dai você não é livre para ser um incômodo, para resumir. E isso é uma coisa que todos nós sabemos. Há limites em tudo, caso não houvesse seriamos todos criaturas bestiais sem moral. E Galileu, e principalmente Bruno, ultrapassaram os limites da época. Negar o momento histórico e julgar o povo medieval com a moral atual embebida em iluminismo e liberalismo é Anacronismo, e como brincou um historiador amigo meu, o primeiro mandamento do historiador é: “Não cometerás anacronismo”. 
OK!

Que acontece então com aquelas imagens de cenas de tortura e os supostos equipamentos usados pelos inquisidores? Propaganda difamatória protestante para abalar os reinados católicos. A famosa Lenda Negra. Ao escrever no google “inquisição” e clicar nas imagens você logo verá inúmeras cenas de tortura, inúmeros equipamentos e coisas horripilantes. Tudo fantasia e difamação.

O proceder do Tribunal da Inquisição era o seguinte, conforme o Dictionnaire de Théologie Catholique mencionado na obra “A Inquisição”, da Vozes em Defesa da Fé:

1. O procedimento começava por um manifesto ou pregação que convidava os culpados de heresia a comparecer espontaneamente, e dos mais exigia a denúncia dos criminosos.2. Determinava-se um “Tempo de Graça” de 15 a 30 dias. Quem se apresentava durante este prazo, prometendo emenda, só recebia penitência leve.
3. Os suspeitos ou denunciados eram citados diante do tribunal.
4. Procedia-se ao interrogatório dos acusados.
5. Ouviam-se os acusadores e testemunhas. Segundo antiga lei, era sujeito a castigo quem não conseguia provar sua acusação. Esta prudente cautela, já usada pelo direito romano, dificultava tanto o procedimento que foi ab-rogada, medida infeliz, embora inteligível pelas circunstâncias particulares do tribunal da fé: a natureza da acusação era tal que frequentes vezes ela se apoiava em indícios e não em provas. Contudo o regulamento exigia dos inquisidores de não se fiarem senão em pessoas honradas e discretas. Um falso acusador era tratado com o mesmo rigor como os hereges.
6. Quando a obstinação do réu o exigia, seguia a “vexação”, constituída por prisão preventiva e dura. Quando finalmente esta não surtia efeito, podia-se usar a tortura […].
7. Sentença e auto-de-fé. Para garantir sentença justa, os inquisidores não podiam decretar penas graves – como prisão perpétua ou relaxamento ao braço secular – sem a presença ·e cooperação do bispo local. Mais tarde, Bonifácio VIII (1294-1303) exigiu o concurso do bispo para todas as sentenças. Os denunciantes não eram manifestados aos acusados para evitar represálias. Mas os nomes deviam ser comunicado aos expertos (assessores) que em número de 25, 32, 45 ou até 51, formavam o “júri” do tribunal, e deviam ser ouvidos. Esta praxe distinguia favoravelmente a Inquisição de todos os outros tribunais. 
Aos réus convictos mas penitentes o tribunal infligia penitências moderadas.
Depois de o tribunal ter concluído certo número de processos procedia-se a um ato público e solene, em que se promulgavam as sentenças, os convictos arrependidos pronunciavam sua abjuração, e os impenitentes eram entregues, “relaxamos”, ao braço secular. Estas solenidades eram os célebres autos-de-fé, celebrados com a finalidade de restaurar a pureza da fé, deturpada pelas heresias, reconciliar os errantes, intimidar hereges ocultos e fortalecer cristãos vacilantes.Sobre a tortura, para não entrarmos em longas explicações históricas, sabemos que a tortura era comum no Império Romano e foi abolida pela Igreja. Voltou a fazer parte dos tribunais séculos depois e entrou no Tribunal do Santo Ofício 30 anos depois dele começar, por pressão externa à Igreja. A Igreja a legitimou com o Papa Inocêncio IV, para ser aplicada aos hereges, além dos ladrões e assassinos. Vale ressaltar aqui que a heresia era crime pior para a época que o roubo e o homicídio, porque nas palavras do papa, o herege era “assassino de almas e ladrão de Sacramentos de Deus” (cuidado com o anacronismo, estamos falando do séc. XIII!).
Mas a justiça eclesiástica era também diferenciada da civil nesta questão, pois agia com maior prudência e moderação. A tortura, como decretou o papa, só poderia ser usada após esgotados todos os meios de descobrir a verdade, e só quando houvesse motivos fortes para saber que o herege a estava escondendo; não deveria levar a perda de nenhum membro e muito menos representar perigo de morte para o herege; não deveria exceder o tempo de 30 minutos e só deveria ser aplicada uma única vez. Vale dizer também que os inquisidores eram preparados e exigiam-se deles virtudes e qualidades morais, tanto é que entre inquisidores temos também santos. 
Mais tarde o papa Clemente V com a bula “Multorum querela” colocou diversas condições severas para aplicação da tortura, o que dificultou a sua aplicação e causou desconforto nos inquisidores que ficaram sem medidas para aplicarem-na, recorrendo até mesmo a pedir a revogação da bula, coisa que não ocorreu. Então ver imagens como a abaixo e dizer que assim era a inquisição é ridículo.

Isso nunca aconteceu. Abusos e desobediência aos decretos papais é fato que ocorreram, mas não foi culpa da Igreja e tampouco foi como a imagem. Vale ressaltar que a tortura não era mal vista pela maioria da civilização, apesar de ser sempre algo que a Igreja reprovava, mas que teve de permitir pelas circunstâncias. Sobre as fogueiras recomendamos a leitura da obra citada acima, pois ela explica a questão ponto por ponto. Este tipo de pintura sobre a inquisição é parte de uma campanha de calúnia criada por protestantes e inimigos de reis espanhóis, uma tática de colocar a opinião pública contra a Espanha e seus Reis.

Os exemplos aqui apresentados elucidam quando, como e por quê a Igreja levanta sua voz sobre determinada coisa e toma decisões relativas. Também aproveitamos para usar a questão 1 para responder diversos mitos relativos ao contexto que ela sugere.

2 – “A Igreja reprimia a liberdade de expressão, não aceitavam opiniões diferentes, ‘faz isso ou vai pro inferno’. Período da escuridão (Igreja no Poder)”.

A segunda questão traz dois pontos que devem ser rebatidos: diz que a Igreja reprimia a liberdade de expressão, então isso sugere que havia certa estagnação intelectual no período que a Igreja estava mais influente na sociedade. Isso é mostrado no fim da afirmação que diz que era um “período de escuridão” enquanto a Igreja “estava no poder”.

É realmente cômico, para não dizer trágico, ler uma afirmação tão estupidamente burra. A mesma afirmação ainda diz que a Igreja não aceitava opiniões diferentes. A afirmação não vem explicado os pormenores do que seria “opiniões diferentes”, então para responde-la teremos de imaginar o que seriam estas opiniões diferentes, porque opinião não necessariamente deve ser aceita, o que deve-se aceitar é a liberdade de alguém dizer sua opinião, mas se o sujeito opina que 2+2 são 5 e não 4 a sua opinião é extremamente sem valor e não deve ser aceita por nenhuma pessoa racional. 

Para provar que a Igreja não tirava a liberdade do povo leigo ou dos clérigos e que não houve nenhum período de escuridão basta olhar a lista de invenções de cientistas católicos, muitos deles padres ou bispos, inclusive alguns sagrados santos. Poderia listar aqui uns 200 nomes e suas contribuições, mas iria estender demais o texto. Apenas a título de exemplo é bom citar alguns nomes importantes, e em especial nomes de clérigos por estes estarem consideravelmente mais próximos das autoridades da Igreja e mais fáceis de serem pegos na Inquisição, caso ela fosse de fato um instrumento de repressão da liberdade, como sugere a opinião popular. Nas ciências temos nomes como:

Padre Nicolau Steno, um luterano converso que se tornou sacerdote católico e é considerado o pai da geologia; padre jesuíta Athanasius Kircher, pai da egiptologia; padre jesuíta Rogério Boscovich, considerado frequentemente o pai da teoria atômica moderna; Padre Giambattista Riccioli, a primeira pessoa a medir a taxa de aceleração de um corpo em queda livre; padre e cônego Nicolau Copérnico, criador do Heliocentrismo; monge agostiniano Gregor Mendel, pai da Genética; bispo e santo Alberto Magno (foi professor de Tomás de Aquino); padre franciscano Roger Bacon, criador do Método Científico; padre Pierre Gassendi, astrônomo e matemático; padre mínimo Marin Mersenne; abade da Cattedrale San Niccolo di Messina, Francesco Maria Grimaldi, matemático e astrônomo; padre Nicole Oresme, seu currículo é extenso como matemático, filósofo, biólogo, físico e etc ; padre Jean Buridan, criador da Teoria do ímpeto, pavimentou o caminho para a dinâmica de Galileu e a inércia de Newton; bispo Robert Grosseteste, mestre de Roger Baccon; padre jesuíta Christopher Clavius; frade franciscano William de Ockham, que dispensa comentários, Escolástico formidável. E a lista seguiria por extensas linhas.

Raciocinemos um pouco: vimos agora 16 nomes de padres e bispos que foram exímios cientistas medievais, e nenhum deles, incluindo Copérnico, foi perseguido, torturado, censurado e muito menos morto pela Igreja, ou pela Inquisição. Mas exatamente ao contrário: foram extremamente elogiados e apoiados, temos até um Santo que é Doutor da Igreja: Alberto Magno. Onde está a afirmação de que as pessoas não tinham liberdade? Estes tinham uma liberdade imensa! Onde está a afirmação de que quem não seguia as leis da Igreja era perseguido e morto? Ficou claro na resposta a questão 1 de que a Inquisição tratava de hereges que eram um perigo a ordem pública e causavam problemas maiores nas cidades.

Vamos ver também avanços na Economia, no Direito Internacional, obras de Caridade, Literatura preservada e produção literária (vide aqui o Imperador Carlos Magno e toda a Renascença Carolíngia, um período de ouro da Idade Média, graças a Igreja). E tantas outras coisas que dada a gama de evidências contrárias à afirmação inicial que gerou este discurso, a de que “a Igreja reprimia a liberdade de expressão e não aceitava opiniões diferentes”, torna-se cômico lê-la novamente. Todas estas questões e outras mais foram apresentadas de forma belíssima no livro “Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental”, do historiador Thomas Woods, já citado aqui (falaremos mais um pouco disso na resposta da questão 3).
Ainda nem entrei aqui no fato de que a Igreja Católica criou as universidades, o campo mais fértil durante a Idade Média para o surgimento de mentes brilhantes e críticas, uma vez que os debates eram altamente inspirados nas universidades, todos como via de regra o uso da razão em questões filosóficas, teológicas e científicas. As universidades foram uma revolução no ensino e aprendizado de todo o povo. Apenas para exemplificar a emoção dos debates nas Universidades:

“Se muitos se deixarem contagiar por essa aspiração, criar-se-á na França uma nova Atenas, uma Atenas mais refinada que a antiga, porque, enobrecida pelos ensinamentos de Cristo, superará toda a sabedoria da Academia. Os antigos tiveram por mestres apenas as disciplinas de Platão, que, inspiradas nas sete artes liberais, ainda brilham com esplendor: mas os nossos estarão dotados também dos sete dons do Espirito Santo e superarão em brilho toda a dignidade da sabedoria secular”. Alcuíno de Iorque, monge. Philips Wolf, The Awakening of Europe, p. 77.

É claro que a intelectualidade medieval e o uso da razão atrelado a fé em especifico não surgiu do nada, de repente, nas universidades. Isto é uma herança católica muito antiga, uma herança Patrística. São Clemente de Alexandria e outros Patrísticos consideravam o uso da razão, bebiam de fontes gregas como os filósofos Platão e Aristóteles. 

“Não penseis que dizemos que estas coisas devem ser recebidas apenas pela fé, mas que também devem ser provadas pela razão. Não é seguro aceitar estas como baseadas apenas na fé, pois certamente não existe a verdade sem a razão.” São Clemente de Alexandria, séc. II-III. 

Só na França havia uma dezena de universidades: Montepellier (1125), Orleans (1200), Toulouse (1217), Anger (1220), Gray, Pont-à-Mousson, Lyon, Parmiers, Norbonne e Cabors. Na Itália: Salerno (1220), Bolonha (1111), Pádua, Nápoles e Palerno. Na Inglaterra: Oxford (1214), nascida das Abadias de Santa Frideswide e de Oxevey, Cambridge. Além de Praga na Boêmia, Cracóvia (1362), Viena (1366), Heidelberg (1386). Na Espanha: Salamanca e Portugal, Coimbra. Todas fundadas pela Igreja Católica.
Vamos fechar este ponto com as falas do Dr. Thomas Woods:
“A universidade foi um fenômeno completamente novo na história da Europa. Nada de parecido existira na Grécia ou na Roma antigas. A instituição que conhecemos atualmente, com as suas Faculdades, cursos, exames e títulos, assim como a distinção entre estudos secundários e superiores, chegaram-nos diretamente do mundo medieval. A Igreja desenvolveu o sistema universitário porque, com palavras do historiador Lowrie Daly, era ‘a única instituição da Europa que manifestava um interesse consistente pela preservação e cultivo do saber’”. Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 46.
Os padres da Igreja, além de serem os primeiros professores universitários, não faziam apenas ensinar e criar métodos de ensino e estudo, eles inspiravam seus alunos, instigavam eles a buscar conhecimento e mostravam a importância do saber, a verdadeira importância que era aplicar seu conhecimento na vida pública e na vida particular, buscando o crescimento moral, intelectual e sobretudo espiritual. São Bernardo de Claraval exprime isso com os dizeres: “Deve-se aprender apenas para a própria edificação ou para ser útil aos outros; o saber pelo saber é apenas uma vergonhosa curiosidade.” São Bernardo de Claraval, séc. XI-XII. Doutor da Igreja.

Como alguém em sã consciência pode chamar este período de escuridão? Em escuridão está a mente de quem afirma esta mentira! E eu gostaria de ver as bases para afirmar que a Igreja ameaçava as pessoas com o inferno para que elas fizessem algo. Essa tática para conversão é usada pelos Muçulmanos e pelos Protestantes (para isso bastar dar uma passada em suas organizações religiosas e ouvir o discurso!). A Igreja para persuadir alguém à fé e à moral sempre usava a razão e as verdades reveladas. A conversão deve ser obra fomentada pelo amor, não pelo medo. Esta afirmação é pura falácia, não há respaldo histórico. A Doutrina Católica não é ameaçadora. O Inferno existe, mas Satanás não é o nome usado quando se quer obter fieis ou obter a fidelidade dos fieis. Para isso o nome é Cristo! Reformulando a frase poderíamos dizer que o lema da Igreja é: “faz isso e você irá agradar ao criador que te criou por amor e estará mais próximo de amar e ser amado pelo Amor durante toda a eternidade, como o Ele nos prometeu, além desta prática ser a melhor para preservar a sua integridade de ser humano e lhe fazer crescer no propósito para o qual foi criado: amar e ser amado por Deus”.

3 – “Depois que a Igreja saiu do poder a sociedade começou a se desenvolver, ou seja, ela teve avanços”.

Podemos resumir esta ultima fala em: “Quando a Igreja perde o poder o homem se moderniza”. Mas vamos lá!

Engraçado falar que a Igreja tinha “poder”, porque a frase toda é sempre dita em tom pejorativo, como se o poder fosse algo ruim, ou como se ele fosse mal administrado. Mas, fato aqui é que a Igreja só tinha (e só tem) poder sobre seus fiéis, ela só manda onde é dela. E o poder que a Igreja detinha sobre seu monopólio era, volta e meia, usurpado pelos Reis, como no caso do Papa São Gregório VII (1020/1025 – 1085) e o Rei Henrique IV (1050-1106), que depôs o Papa de seu cargo (algo anti-canônico). Igualmente o Rei Henrique VIII (1491-1547) rompeu sua relação com a Igreja quando o Papa Clemente VII (1478-1534) se recusou a anular seu casamento para que ele pudesse se casar com outra mulher. Henrique VIII criou assim a Igreja Anglicana em meados de 1534, inspirado nas ideias de Lutero.

O imperialismo eclesiástico ocidental e oriental é realizado só e sempre com distinção de poderes. Sempre foi relativo e nunca absolutista. Até no período de maior sucesso a soberania da Igreja e do papado foi sempre fundamentalmente espiritual e desarmado, usando a força somente em casos excepcionais, como nas cruzadas, combatendo os muçulmanos, sem passar dos limites (salvo raras ocasiões em que, por diversos motivos, alguns cruzados desviaram-se do ideal da batalha). O momento de maior glória da cristandade também foi o de sua máxima fraqueza.

O poder da Igreja era o um “Agostinismo politico” (termo criado por Henri-Xavier Arquillière) desde a era da coroação de Carlos Magno, o que foi uma retomada do ideal de uma cristandade liderada pelo papa (como autoridade espiritual) e administrada pelo imperador (como poder material), como sugeriu Santo Agostinho em sua obra “Cidade de Deus”. Aqui vemos claramente que a Igreja tinha um poder especifico e o Imperador tinha outro: a Igreja era responsável por tudo aquilo que era voltado as realidades espirituais e o Rei tinha autoridade sobre as realidades mundanas. Mas volta e meia o Imperador ousava oprimir o poder da Igreja. Afinal, quem poderia se opor ao Rei? Bom, a Igreja se opunha, quando o Rei queria subir alto demais, como no caso de Gregório VII e Henrique IV.
Esse sistema não se tratava nem de teocracia e nem de cesaropapismo. A doutrina política da relação entre papado e império previa uma colaboração entre as duas instituições.

Muitos conflitos de poderes ocorreram nesse período, mas o que é certo dizer é que não podemos jamais afirmar que a Igreja detinha um poder absolutista e opressor sobre o povo, como se só ela existisse durante a Idade Média. Dizer isso frente aos fatos é uma desonestidade intelectual. Sem os fatos apresentados é apenas ignorância. Voltemos ao caso da Inquisição em que ambos os poderes, Igreja e Estado, administravam Tribunais distintos e com mecanismos e fins distintos: o tribunal eclesiástico tinha por fim salvar a alma e o tribunal civil tinha por fim manter a ordem pública e punir a pessoa sem se importar em lucrar algo de espiritual com isso. 

Nem é necessário repetir que o homem se moderniza desde sempre, desde antes da era moderna, desde antes do Iluminismo ou da Revolução Francesa. O uso da Razão na vida das pessoas já era comum nas universidades Católicas, Santo Tomás de Aquino é o mais proeminente exemplo disto, mas não é o único Escolástico. Como vimos, a Igreja está repleta de cientistas, repletas de criações, desde seus monastérios às suas belíssimas Catedrais e Universidades. O que podemos dizer que o homem fez quando resolveu abster-se da Igreja foi revoltar-se contra Deus! Eis aí um período da criação de ideias desestruturadas como o Comunismo de Karl Marx, ou a sangrenta Revolução Francesa, a revolta de Nietzsche, a loucura de Hitler e outros exemplos.

E ainda mais é tolo dizer que o homem se moderniza apenas no fim da Idade Média para a era moderna, pois isso joga fora toda a Paideia Grega, a educação Heroico-Patricia Romana, a Patrística e a Escolástica da Igreja na era Medieval, ou a Paideia Cristã; isso apaga milênios de história. É um argumento ilógico em todos os pontos, algo que qualquer historiador, por mais anticatólico que seja, jamais pode fazer.

As universidades que já foram citadas aqui (resposta a questão 2) são máximo exemplo de uma Idade Média sempre em constante crescimento intelectual, sempre se modernizando. A renascença carolíngia também é exemplo belíssimo. Temos ainda mais a criação dos Hospitais e escolas Católicas, as magnificas Catedrais que são admiradas e estudadas sua arquitetura até hoje; a valorização artística expressa nas artes sacras (ou acaso a Capela Sistina nunca existiu?); a intelectualidade dos filósofos e cientistas medievais; a contribuição intelectual esmagadora da Patrística e da Escolástica e etc. 

Para ilustrar essa beleza em imagens:

Universidade de Oxford, uma das mais prestigiadas universidades do séc. XIII.
Basílica de São Marcos, Veneza (Itália) 1063-1617.
Catedral de Santa Maria da Sé, Sevilha (Espanha). Terceira maior Igreja do mundo e patrimônio mundial da UNESCO. 1401-1528.
Teto da Capela Sistina – Palácio Apostólico do Vaticano. 1473-1481

É argumento deveras infantil este que foi apresentado como questão 3, algo dito por quem, de fato, não sabia o que estava falando. Ou eu gostaria que alguém apresentasse um só argumento que corroborasse com essa ideia. Mas para fazer tal argumento a pessoa teria de apagar séculos de história. Teria de apagar obras de imenso valor como Cidade de Deus, De Magistro, De Trinitate de Santo Agostinho; Suma Teológica, de Santo Tomás de Aquino; Divina Comédia, de Dante Alighieri; De Veritate, Monológio, Proslógio de Santo Anselmo; Dialética, de Pedro Abelardo e excluir outros nomes como Boecio; Geoffrey Chaucer; Giovani Boccaccio; Paio Soares de Taveirós; Ambrósio; Hugo de São Vitor; Duns Scotus e fora os 16 apresentados na resposta a questão 2!

Se tudo isso não é desenvolvimento e avanços, nada mais é! Dentre todas as questões, esta é a mais ridícula.
Para não restar a menor dúvida, é conveniente fazer uma pequena listagem:

ECONOMIA:

Economia – Criada pelos Escolásticos. Professores que ensinavam principalmente em universidades espanholas, mais especificamente na Universidade de Salamanca, criaram a ciência Econômica moderna.

RAZÃO:

“O Sistema Universitário que a Igreja estimulou encorajava o debate rigoroso e a racionalidade era tido como o maior arbítrio para se decidir todas as questões a se debater”, Dr. Thomas Woods. Proeminentes exemplos no uso da razão eram os já citados Agostinho, Anselmo, Abelardo, Alberto Magno e Tomás de Aquino.

ASTRONOMIA:

“A Igreja Católica Romana deu mais ajuda e apoio financeiro ao estudo da Astronomia por mais de 6 séculos, da recuperação do saber antigo durante a Baixa Idade Média ao Iluminismo, do que qualquer outra – e, provavelmente, todas as outras – instituições”. J.L Heilbron – University of California at Berkeley. Historiador da Ciência. The Sun in the Church: Cathedrals as Solar Observatories, Harvard University Press, Cambridge, 1999, p. 3.

DIREITO:


“O direito Canônico foi o primeiro sistema legal moderno a existir na Europa, demonstrando que era possível compilar um corpo de leis coerente a partir da barafunda de estatutos, tradições, costumes locais etc. que caracterizava tanto a Igreja como o Estado medievais. De acordo com Harold Berman, ‘a Igreja foi a primeira a ensinar ao homem ocidental o que é um sistema legal moderno. Foi a primeira a mostrar que costumes, estatutos, decisões judiciais e doutrinas conflitantes podem ser conciliados por meio da análise e síntese'”. Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 9. Citando Harold J. Berman, The Interaction of Law and Religion. Abringdon Press, Nashvile, Tennesse, 1974, p. 59. Professor de Direito em Harvard, especialista em Direito Comparativo, internacional e soviético/russo, História Jurídica, Filosofia de Direito e interseção de lei e religião.
“Francisco de Vitória [séc. XV], um sacerdote e teólogo católico e professor universitário, quem mereceu o título de Pai do Direito Internacional. Em face dos maus-tratos infligidos pelos espanhóis aos indígenas do Novo Mundo, Vitória e outros filósofos e teólogos começaram a especular acerca dos direitos humanos fundamentais e de como deveriam ser as relações entre as nações. E foram esses pensadores que deram origem à ideia do direito internacional tal como hoje concebemos”. Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 9.


ALGUMAS OUTRAS CONTRIBUIÇÕES DIVERSAS MEDIEVAIS:


“A Igreja Católica teve de empreender a tarefa de introduzir a lei do Evangelho e o Sermão da Montanha entre os povos bárbaros que tinham o homicídio como a mais honrosa ocupação e a vingança como sinônimo de justiça.” Christopher Dawson, chamado de “o maior historiador Católico de Língua Inglesa do século XX”. Lecionou História da Cultura na Universidade de Exeter, Filosofia da Religião em Liverpool, Universidade de Edimburgo e Harvard.

35 crateras lunares tem o nome de Padres Jesuítas, que as identificaram e catalogaram.

1 entre cada 20 dos maiores matemáticos da história eram Jesuítas. Os Jesuítas ajudaram a fundar e se tornaram os maiores praticantes do estudo de terremotos – sismologia. Teoria Atômica, estudo do Antigo Egito, Física, com enormes contribuições dos Jesuítas.

“Os monges ensinaram as técnicas de metalurgia, introduziram novos plantios, copiaram textos antigos, preservaram a educação, foram pioneiros em tecnologia, inventaram o champanhe! Mudaram a paisagem europeia, acudiram aos viajantes, resgataram extraviados e náufragos. Quem mais na história da civilização ocidental pode ostentar um tal elenco de realizações?” Dr. Thomas Woods; Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental, p. 44-45.

CONCLUSÃO:

Este trabalho não tem o objetivo de denegrir a imagem de ninguém, por isso omitimos nomes, tudo foi feito com o intuito de ensinar que as considerações apresentadas nas 3 questões estão inteiramente equivocadas. Colocadas de má fé ou por uma ignorância honesta, são dizeres pesados demais e que não devem ser deixados de lado, pois além de serem falsos podem afastar as pessoas do verdadeiro caminho para chegar ao Cristo: a Igreja Católica.

Vimos que a Igreja não perseguia e matava as pessoas simplesmente por discordarem dela; que as pessoas tinham liberdade (com limites civis igual a nossa liberdade moderna). Também vimos que a Igreja não tinha problemas com opiniões diferentes, a não ser que as opiniões não fossem meras opiniões mas sim um ato de perturbação da ordem, ou algo realmente criminoso como os Cátaros e Albigenses; que a Igreja nunca usou de ameaças com o inferno para “controlar” o povo (a Igreja nunca usou nada porque controlar nunca foi seu ideal). Também ficou claro que não foi nenhum período de escuridão a Idade Média e que a Igreja tinha um poder relativo ao seu campo e não absolutista e opressor. E por fim, vimos que após a Igreja perder parte da sua influência na modernidade isso não culminou numa elevação da humanidade que havia passado mil anos na obscuridade, porque o período anterior não foi obscuro, foi de enorme desenvolvimento intelectual e progresso em diversas áreas do conhecimento, com brilhantes nomes e feitos para provar. O mito Iluminista de “Idade das Trevas” é sustentado em areia. 

Fontes e recomendações para aprofundamento:

Livros:

  1. Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental; Thomas E. Woods Jr. 
  2. A Igreja das Catedrais e das Cruzadas; Daniel-Rops.
  3. A Inquisição (caderno 33); Vozes em defesa da fé.
  4. Sete mentiras sobre a Igreja Católica; Diane Moczar.
  5. Guia politicamente incorreto do Islã (e das cruzadas); Robert Spencer.
  6. As grandes mentiras sobre a Igreja Católica; Alexandre Varela e Viviane Varela.
  7. Index Librorum Prohibitorum; Papa Paulo IV (edição Centro Dom Bosco, 2018).

Documentário:

  1. O mito da Inquisição Espanhola; BBC. link no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=1v_KlCNpzYA&t=163s

Série/Documentário:

  1. Igreja Católica: construtora da civlização; Eternal Word Television Network, apresentado por Dr. Thomas E. Woods. link no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=Blj8AfUzgsg&list=PL6NFCzHi1sfI8a-wo_UVjY4okQkpwIexs

Ad majorem Dei gloriam!