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Às vésperas do jubileu da proclamação da Independência da Lituânia, dívida moral impagável

A Lituânia chega ao aniversário da proclamação de sua Independência com uma dívida moral impagável.

Sim, comemoramos a “Cadeia Báltica” que tornou célebre no mundo, a causa da liberdade lituana.

Mas o que sabemos sobre o feito que até custou vítimas, que mais amplamente espalhou a notícia da luta da Lituânia não só na Europa, mas também por outras partes, até entre gente que nem tinha ideia onde ficava a Lituânia? E que ficou negligentemente deixado para trás…

Lembremo-nos da União Soviética fazendo pressão pela revogação do ato de [restauração da] independência e a falta de apoio dos políticos do Ocidente muitos até apoiando tranquilamente uma moratória.

Cadeia Báltica: evento ocorrido em 23 de Agosto de 1989 nos três países bálticos (Lituânia, Estónia, Letônia) – à data ainda repúblicas soviéticas – quando aproximadamente dois milhões de pessoas deram as mãos para formar uma cadeia humana de mais de 600 km de comprimento, cruzando as três repúblicas bálticas e passando pelas três capitais (Vilnius, Tallinn e Riga, respectivamente). Esta original manifestação foi organizada para chamar a atenção da opinião pública mundial sobre o destino comum que tinham sofrido as três repúblicas. De facto, celebrou-se coincidindo com o cinquentenário da assinatura do acordo secreto conhecido como Pacto Molotov-Ribbentrop, pelo qual a União Soviética e a Alemanha Nazi dividiram esferas de influência na Europa de Leste, e que levou à ocupação por parte dos soviéticos dos três estados. Este pacto só foi admitido pelas autoridades soviéticas uma semana antes da realização da Cadeia Báltica. O protesto foi completamente pacífico.
Cadeia Báltica: evento ocorrido em 23 de Agosto de 1989 nos três países bálticos (Lituânia, Estónia, Letônia) – à data ainda repúblicas soviéticas – quando aproximadamente dois milhões de pessoas deram as mãos para formar uma cadeia humana de mais de 600 km de comprimento, cruzando as três repúblicas bálticas e passando pelas três capitais (Vilnius, Tallinn e Riga, respectivamente). Esta original manifestação foi organizada para chamar a atenção da opinião pública mundial sobre o destino comum que tinham sofrido as três repúblicas. De facto, celebrou-se coincidindo com o cinquentenário da assinatura do acordo secreto conhecido como Pacto Molotov-Ribbentrop, pelo qual a União Soviética e a Alemanha Nazi dividiram esferas de influência na Europa de Leste, e que levou à ocupação por parte dos soviéticos dos três estados. Este pacto só foi admitido pelas autoridades soviéticas uma semana antes da realização da Cadeia Báltica. O protesto foi completamente pacífico.

O esperado e efetivo apoio, a que até agora não se deu o devido valor, veio da organização tradicionalista católica Tradição, Família e Propriedade, existente prioritariamente nos países de língua portuguesa e espanhola, fundada pelo filósofo Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) no Brasil, em 1960, e inspirada por sua obra lançada em 1959 “Revolução e Contra-Revolução“, que se tornou o livro básico na TFP.

O signatário Antanas Racas (1940-2014) se empenhou na publicação deste livro em lituano e a mim me coube escrever uma introdução.

Infelizmente, a tiragem foi pequena, não se encontra nas livrarias e bibliotecas, entretanto é uma honra que este livro, traduzido para as principais línguas do mundo, tenha sido lançado também na Lituânia

A TFP americana pois, juntamente com as TFPs de mais 26 outros países, em quatro meses coletou mais de seis milhões de assinaturas de assinaturas pela libertação da Lituânia, das quais foram consideradas válidas 5.212.580.

Esta campanha de coleta de assinaturas entrou para a edição de 1993 do Guinness Book of Records, como o maior abaixo assinado deste gênero da História da Humanidade.Landsbergs-delegaçao-inter-TFPs-620x373

Uma delegação TFP, composta por representantes de diferentes nações, liderada pelo Dr. Caio Xavier da Silveira, visitou a Lituânia e entregou as assinaturas ao presidente Vytautas Landsbergis e reuniu-se com o parlamento lituano.

Isso incentivou a decisão da Lituânia para continuar lutando, e convenceu os políticos ocidentais de que as pessoas comuns do mundo apoiavam as aspirações da Lituânia para a liberdade. Cópias das assinaturas da petição foram, então, pessoalmente entregues no escritório de Gorbachev.

É bom lembrar que a Lituânia tem cerca de três milhões de habitantes. É um caso sem precedentes na História – sendo que, provavelmente, nem todos os que assinaram sabiam bem onde ficava a Lituânia.

O que os unia à longínqua Lituânia? Certamente a Fé Católica. Muitos sabiam ou tomaram conhecimento através dos coletores de assinaturas da luta dos lituanos contra o regime ateu, sobre as vítimas que morreram em nome de Cristo, em nome da Fé, do enfrentamento organizado pela Igreja Católica Lituana, sobre os sacerdotes e leigos exilados ou mortos nas geleiras da Sibéria e sobre a publicação clandestina da “Crônica da Igreja Católica Lituana“.

Durante esta grande campanha houve também vítimas – em meio à coleta de assinaturas. Em setembro de 1990 faleceram em acidente de carro, dois membros da TFP: Frederick V. Porfilio (nascido em 1939/09/28), uma figura marcante e popular na TFP, conhecido como “Mr. Fred“.

Como diziam seus amigos, era um homem com muitos talentos que trabalhou em várias profissões. Foi motorista de táxi, carpinteiro, páraquedista do Exército, barman. Tinha também dotes humanitários.

O fato de ele ter escolhido a TFP, e abraçar com perseverança seus ideais, é um sinal claro de que a Providência tinha um plano para ele, de que um dia viria a se dedicar na luta abnegada pela defesa da Civlização Cristã. Quando ele conheceu os ideais da TFP em 1975 ele já tinha se dado conta do vazio das coisas que o mundo pode oferecer.

Deus chamou a Si também o jovem membro da caravana de coleta de assinaturas Daryl Huang, de 18 anos que era filho de imigrantes chineses.

A Lituânia celebra o seu 25º aniversário de restauração da Independência.

Isto coincide com os 25 anos da morte dos dois caravanistas. A Lituânia deve-se lembrar e prestar homenagem a estas duas almas valentes, que – segundo o fundador da TFP, Plinio Corrêa de Oliveira – foram ”dois lírios que a Santíssima Virgem colheu no jardim da TFP norte-americana“Algirdas-Patackas-620x329

(*) Algirdas Patackas [foto acima] é signatário do Ato de Independência de 11 de março [de 1990], Deputado no Parlamento. Este texto foi escrito em conjunto com Jadviga Račienė, viúva do signatário Antanas Račas.

[Tradução livre pelo site http://www.pliniocorreadeoliveira.info/]

Criminoso prefere voltar ao cárcere a fazer vida de capuchinho

Frade franciscano numa velha rua medieval.
Frade franciscano numa velha rua medieval.

O criminoso David Catalano, 31, foi condenado pela Justiça italiana. Esta prevê, entretanto uma prisão alternativa. E no mês de novembro último o réu foi enviado ao convento capuchinho de Santa Maria degli Angeli, perto de Enna, na Sicília, para ali servir e viver num regime especial regido pelos frades, informou o jornal britânico The Daily Mail.

Porém, ele não resistiu à austeridade e pobreza dos religiosos capuchinhos, ordem à qual pertenceram muitos santos famosos. E fugiu duas vezes da vida conventual, pedindo para ser confinado num cárcere comum que ele, aliás, já conhecia.

Após uma primeira fuga, havia sido preso de novo pela polícia e reconduzido ao convento.

Mas fugiu de novo seis semanas depois e se apresentou à delegacia pedindo para ser levado de volta à cela que ocupava no cárcere da cidade de Nicósia.

Ele disse aos policiais surpresos: “A prisão é melhor do que ficar numa casa regida por monges”.

Um policial explicou: “Catalano chegou fora de si e disse que não havia jeito de ficar com os frades.
David-Catalano-foto-da-polícia-de-Caltanissetta-cárcere-comum-é-menos-duro-que-vida-monástica-225x300“Ele disse que era duro demais e que queria voltar à prisão pública. Então nos o pegamos e ele agora está detrás das grades pagando o resto da pena”.

“A vida dos monges pode ser muito severa – não há comodidades, eles acordam cedo e vão dormir cedo. Não há luxos e a casa dos monges funciona com um regime muito severo”, queixou-se o réu.

O mosteiro acolhe há mais de 12 anos cerca de 60 prisioneiros, que nele permanecem até pagarem a pena devida.

Os capuchinhos são um ramo dos Franciscanos que praticam rigorosamente a via do Santo Fundador, especialmente em matéria de pobreza e austeridade de vida.

Apesar de nessa vida monástica a caridade prover às necessidades materiais, o bandido achou o cárcere público mais atraente.

De fato, o homem com todas as suas forças naturais não aguenta levar seriamente a vida de um frade.

É a graça divina que faz com que os religiosos e religiosas possam carregar, e até com alegria espiritual, uma vida de tanta penitência e renúncia material.

E essa graça só age, e de modo maravilhoso, nos mosteiros da Igreja Católica, produzindo os mais altos frutos de santidade, como foi o caso, para dar apenas um exemplo, do santo Padre Pio de Pietrelcina, ele próprio um capuchinho.

Fonte: Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

Restringir o aborto reduz a mortalidade materna, assinala estudo

AbortoSANTIAGO, 06 Mar. 15 / 08:35 am (ACI).- No dia 23 de fevereiro de 2015 foi publicado no British Medical Journal um artigo que assegura que, em lugares onde as leis de aborto são mais restritas, a mortalidade materna é menor, em comparação com aqueles lugares que têm leis de aborto mais liberais.

O MELISA Institute, organismo que fez o estudo, compilou dados dos distintos estados do México e depois os comparou, segundo “um indicador padrão de saúde materna conhecido como Razão de Mortalidade Materna (RMM), em 18 estados com legislações menos permissivas e 14 estados com legislações mais permissivas, durante um período de 10 anos, entre 2002 e 2011”.

John Thorp, médico ginecologista e pesquisador da Universidade do North Carolina em Chapel Hill, explicou –no site do MELISA Institute- que já se esperavam estes resultados do estudo, já que, em outra pesquisa realizada no Chile (a cargo do epidemiologista Elard Koch) e publicado pela revista PLoS ONE, a redução da RMM “continuou inalterada, ainda depois da restrição legal do aborto” introduzida em 1989.

Thorp destacou que não é factível que “a mudança para uma legislação de aborto menos permissiva aumente as mortes maternas per se”. Além disso, indicou que um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Stanford, em 23 estados norte-americanos, que foi publicado no Journal of Public Health, demonstrou que, quando as leis de aborto são menos permissivas, baixam as taxas de complicação por aborto.

Agora bem, Joseph Stanford, médico e pesquisador da Universidade de Utah, assegurou que não basta ter leis de aborto mais restritas, também é necessário cobrir outras variáveis: acesso a controles pré-natais, atenção profissional no parto, e cuidados obstétricos de emergência, tudo isso é fundamental para reduzir a morte materna.

O sociólogo da Universidade Autônoma do México, Fernando Pliego PhD, considera que, além das variáveis antes mencionadas, na saúde materna também influenciam o nível educacional da mulher grávida, a taxa de fecundidade e os níveis de violência contra as mulheres.

Sebastián Haddad, médico e pesquisador da Universidade de Anáhuac, no México, considera que ainda há mais variáveis que influenciam na saúde materna: “a pobreza, a desnutrição e a exposição a doenças infecciosas das mulheres durante sua idade fértil, aumentam o risco de morte materna. Assim como também a gravidez de alto risco sem uma apropriada derivação a cuidados médicos especializados”.

O Instituto MELISA é uma instituição sem fins lucrativos para a pesquisa biomédica avançada. Seu fundador e diretor é o doutor chileno Elard Koch, que foi enfático em afirmar por distintos meios que a mortalidade materna não diminui quando se aprova o aborto.

Tudo isto no contexto da recente apresentação no Chile do projeto de despenalização do aborto, por parte do governo de Michelle Bachelet, em três ocasiões: a suposta inviabilidade do nascituro, o “risco” de perder a vida da mãe e o estupro.

A proposta legislativa, que será discutida no Congresso do país, inclui o aborto para menores de 14 anos.

 

Fonte: Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

Declarações surpreendentes de um cardeal

Cardeal Kurt Koch
Cardeal Kurt Koch

Em novembro último comemorou-se o 25o aniversário da queda do “Muro de Berlim”. Este acontecimento simbolizou o fim da União Soviética, o regime comunista que se apoderou da Rússia em 1917 e escravizou posteriormente, durante décadas a fio, grande parte da Europa.

Ademais do caráter essencialmente antinatural e opressor desse regime, o número de mortos pelo comunismo ultrapassou a cifra de 100 milhões, como demonstrou o Livro Negro do Comunismo, editado por professores e pesquisadores europeus em 1997. Na legião de perseguidos e mortos figura um incontável número de cristãos.

O Muro dividia a Alemanha em dois Estados, como o comunismo dividia também a Europa em dois blocos. O aniversário de sua queda foi comemorado com júbilo em todo o Ocidente, com a adesão de católicos no mundo inteiro.

*   *   *

Adesão de todos os católicos? Não. Pelo menos houve um que não comemorou. Foi o Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, do Vaticano.

Em declarações que seriam impensáveis em épocas anteriores ao misterioso processo de autodemolição que, segundo Paulo VI, atingiu a Igreja, o prelado da Cúria vaticana não ficou contente com a queda do “Muro da Vergonha”.

O escândalo causado por essas declarações foi tal, que a manchete “Fim do comunismo não foi totalmente bom para o cristianismo, diz Vaticano”, pôde ser lida na imprensa do mundo todo. Entre nós, ela foi destaque, por exemplo, na Agência Reuters-Brasil e nos portais da UOL-Notícias e doG1-Globo, todos de 17 de novembro de 2014.

É bom recordar aqui a verdadeira posição de um católico face ao comunismo. Os pronunciamentos papais a esse respeito são numerosos. Citamos apenas o de Pio XI, na Encíclica Divini Redemptoris, que por sua vez cita o bem-aventurado Pio IX:

“Pelo que diz respeito aos erros dos comunistas, já em 1846, o Nosso Predecessor de feliz memória, Pio IX, os condenou solenemente, e confirmou depois essa condenação no Sílabo. São estas as palavras que emprega na Encíclica Qui pluribus: ‘Para aqui (tende) essa doutrina nefanda do chamado comunismo, sumamente contrária ao próprio direito natural, a qual, uma vez admitida, levaria à subversão radical dos direitos, das coisas, das propriedades de todos e da própria sociedade humana’” (cfr. site do Vaticano).

E por que não foi totalmente bom ter caído o muro? Porque trouxe de volta as tensões entre Roma e a Rússia”, disse o Cardeal Koch, segundo as citadas notícias, não desmentidas. Ele falou à rádio Vaticana, uma semana depois do aniversário de 25 anos da queda do “Muro de Berlim”.

Ficamos então sabendo que no tempo do comunismo perseguidor dos católicos, não havia tensões entre a Rússia e Roma; e que essas tensões só reapareceram depois da queda do Muro! É terrível a revelação. Quanta razão tinha Plinio Corrêa de Oliveira ao lançar, 40 anos atrás, o manifesto de “Resistência” à Ostpolitik do Vaticano, o qual pode ser lido no site www.pliniocorreadeoliveira.info.

Prossegue a notícia: “O cardeal Kurt Koch, principal autoridade da Igreja Católica Apostólica Romana para as relações entre Igrejas, disse que o ressurgimento das Igrejas Católicas do Oriente na Ucrânia e na Romênia, após décadas de repressão, criaram tensões maiores com a Igreja Ortodoxa Russa”.

É espantoso! O ressurgimento da Igreja Católica, antes perseguida e opressa pelo comunismo, não foi um bem, mas um mal, pois trouxe tensões no relacionamento do Cardeal Koch com a igreja cismática da Rússia. Para ele, teria sido melhor então que os católicos continuassem a ser perseguidos, quiçá mortos, para que o ecumenismo prosperasse sem tensões?

Afinal, que tipo ecumenismo é esse, que se desenvolve distendido só quando os católicos são oprimidos!?

E prossegue: “As mudanças em 1989 não foram vantajosas para as relações ecumênicas”, disse Koch. “As igrejas Católicas do Oriente proibidas por Stalin ressurgiram, especialmente na Ucrânia e na Romênia, e dos ortodoxos veio a antiga acusação sobre Uniate e proselitismo.”

O “proselitismo” a que se refere o Cardeal, é o direito e dever inalienável de todo católico de pregar o Evangelho junto às populações. Deveriam os católicos renunciar ao mandado expresso de Nosso Senhor Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15)? Teriam feito mal os Apóstolos que pregaram o Evangelho a todas as gentes? Ou talvez Jesus Cristo tenha errado em ordenar essa pregação! Não disse Nosso Senhor a Pedro, a Mateus, a Filipe, ao moço rico, e ainda a outros: “Segue-me”! E a igreja cismática, não prega ela sua doutrina? O que diz de tudo isso o Cardeal Koch?

Quanto ao termo “uniate”, o próprio despacho da Reuters explica que “se refere às igrejas do Oriente com liturgias ortodoxas que reconhecem o papa como líder espiritual”. Mais uma vez, a pergunta: é um mal reconhecer o Papa como chefe da Igreja? Não foi uma razão de júbilo ver que tantas ovelhas até então perseguidas e opressas retornavam livremente à prática da verdadeira religião sob o mesmo Pastor? O Cardeal Koch dá razão aos cismáticos por perseguirem os católicos unidos ao Papa?

Por fim, a mesma notícia acrescenta: “O papa Francisco se reunirá com o patriarca ecumênico Bartolomeu, em Istambul”.

*    *    *

Como conclusão, é oportuno citar o Manifesto da Resistência, acima lembrado, no ponto em que se refere a uma viagem realizada à Rússia comunista, em 1971, pelo Cardeal Willebrands, antecessor do Cardeal Koch e então Presidente do Secretariado para a União dos Cristãos. A viagem tinha por fim assistir à posse do bispo Pimen no Patriarcado “ortodoxo” de Moscou.

Na ocasião, explica o Manifesto, Pimen “afirmou a nulidade do ato pelo qual, em 1595, os ucranianos reverteram do cisma para a Igreja Católica. Isto importava em proclamar que os ucranianos não devem estar sob a jurisdição do Papa, mas dele Pimen e de seus congêneres.

“Em lugar de tomar atitude diante dessa clamorosa agressão aos direitos da Igreja Católica, e da consciência dos católicos ucranianos, o Cardeal Willebrands e a delegação que o acompanhava se mantiveram mudos. Quem cala, consente, ensina o direito romano. Distensão…

“Como é natural, essa capitulação traumatizou profundamente aqueles dentre os católicos, que acompanham com seguida atenção a política da Santa Sé. Outra foi ainda maior entre os milhões de católicos ucranianos esparsos pelo Canadá, pelos Estados Unidos e outros países”.

Fonte: Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

Lituânia distribui manual de guerra para uma eventual invasão russa

A presidente da Lituânia Dalia Grybauskaite e o secretário geral da OTAN Jens Stoltenberg visitam o centro de controle aéreo de Karmelava.

A presidente da Lituânia Dalia Grybauskaite e o secretário geral da OTAN Jens Stoltenberg visitam o centro de controle aéreo de Karmelava.

A Lituânia publicou um Manual de Sobrevivência para os cidadãos em caso de guerra e invasão do território nacional, à vista do crescente intervencionismo russo na Ucrânia e de suas ameaças contra os vizinhos bálticos.

“Conserve o domínio de si, não entre em pânico e não perca o raciocínio lúcido”, explica o manual. “Tiroteios junto à sua janela não são o fim do mundo”.

O Manual, enviado pelo Ministério da Defesa às livrarias e distribuído nas solenidades militares, instrui os lituanos a resistirem à ocupação estrangeira com manifestações e greves, “ou pelo menos fazendo pior seu serviço que de modo costumeiro”.

Juntamente com a Letônia e a Estônia, a Lituânia passou boa parte do século XX anexada à União Soviética, até obter a sua independência em 1991. Aderiu posteriormente à OTAN e à União Europeia.

Forças Especiais da Lituânia. O país é pequenino mas disposto a se defender
Forças Especiais da Lituânia. O país é pequenino mas disposto a se defender

Em caso de invasão, diz o Manual, os lituanos devem se organizar por meio de Twitter e do Facebook, e tentar ciberataques contra o inimigo.

Os lituanos estão cada vez mais preocupados com a Rússia. Uma das razões é o aumento da presença militar no enclave russo de Kaliningrado, que já atingiu 9.000 soldados e mais de 55 navios de guerra.

“Os exemplos da Geórgia e da Ucrânia, que perderam uma parte de seu território, mostra-nos que não podemos descartar uma situação semelhante aqui e que devemos estar preparados”, disse o ministro de Defesa Juozas Olekas à Reuters.

O exército lituano e sua força paramilitar de reserva vêm sendo incrementados desde a crise na Ucrânia.

“Quando a Rússia começou sua agressão contra Ucrânia, na Lituânia nossos cidadãos compreenderam que nosso vizinho não é amigo”, acrescentou Olekas.

O exército lituano é apoiado por unidades de voluntários
O exército lituano é apoiado por unidades de voluntários

O governo também pensa em ordenar que no futuro todos os prédios passem a ter refúgios contra bombardeios em seus porões.

A Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia e os governos ocidentais consideram que há provas esmagadoras de que ela está fornecendo tropas e armamentos aos separatistas pró-russos que tomaram conta de partes do leste ucraniano, fato que Moscou nega de modo insincero.

“A vida de Plinio Corrêa de Oliveira mostra que a Providência Divina jamais abandona a sua Igreja”, afirma Dom Athanasius Schneider

Segue abaixo a transcrição da carta que Dom Athanasius Schneider (foto acima) enviou a Mathias von Gersdorff a respeito da biografia que este escreveu, em alemão, sobre Plinio Corrêa de Oliveira
Dom Athanasius Schneider

Segue abaixo a transcrição da carta que Dom Athanasius Schneider (foto acima) enviou a Mathias von Gersdorff a respeito da biografia que este escreveu, em alemão, sobre Plinio Corrêa de Oliveira

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Capa da biografia em alemão de Plínio Corrêa de Oliveira
Capa da biografia em alemão de Plínio Corrêa de Oliveira

Alegrei-me sobremaneira com a nova biografia em alemão de Plinio Corrêa de Oliveira. Ela resume de modo sucinto a vida do escritor e homem de ação brasileiro, sem deixar de abordar as etapas essenciais de sua vida e suas obras mais importantes.

Naturalmente me agradou de modo especial que o Autor tenha sublinhado o engajamento de Plinio Corrêa de Oliveira em prol dos católicos de além Cortina de Ferro. Numa época em que não poucos no Ocidente se conformaram com o fato de que uma importante parte da humanidade tenha sido obrigada a viver sob o jugo comunista, Corrêa de Oliveira lutou incansavelmente contra esta ‘vergonha do século XX’, como a denominou o Cardeal Joseph Ratzinger.

A vida de Plinio Corrêa de Oliveira mostra que a Providência Divina jamais abandona a sua Igreja, suscitando também leigos que sabem interpretar os ‘sinais dos tempos’ e agir em consequência.”

Dom Athanasius Schneider, Bispo-auxiliar de Astana (Cazaquistão)

Fonte: Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

O milagre de Anna Santaniello (67º reconhecido canonicamente)

Anna Santaniello, antes da cura e 50 anos depois, Lourdes 150º aniversário das aparições

O ante-penúltimo milagre de Lourdes reconhecido pela autoridade eclesiástica foi o de Anna Santaniello.

Em 27 de abril de 2011 foi proclamado o milagre nº 68 na diocese de Angers, França. LEIA AQUI

O mais recente reconhecimento pela Igreja de um milagre (o 69º) aconteceu em 20 de junho de 2013. LEIA AQUI 

A proclamação oficial aconteceu no domingo 13 de novembro de 2005.

O reconhecimento foi proclamado por Dom Gerardo Pierro, Arcebispo de Salerno, Itália, diocese da miraculada. Nessa data Anna tinha 94 anos.

Anna Santaniello na enfermagem, Lourdes 150º aniversário das aparições

50 anos antes ela peregrinou a Lourdes sofrendo de letal reumatismo articular agudo, ou doença de Bouillaud, de natureza cardíaca.

Essa enfermidade desapareceu enquanto Anna Santaniello tomava banho na piscina da Gruta.

A Comissão Médica Internacional de Lourdes (CMIL), composta por médicos de todas as crenças, analisou o caso durante décadas e concluiu não haver explicação científica para a cura.

Anna Santaniello curada ajuda um doente em Lourdes, Lourdes 150º aniversário das aparições

Este é o 67º milagre de Lourdes proclamado pela Igreja.

Senhor, olhai-nos com compaixão!

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Natal-Presépio

De repente, os pastores que cuidavam de suas ovelhas nos arredores de Belém ouviram um canto magnífico: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade”. Diante do inesperado, eles se dirigem apressados rumo à manjedoura, onde encontraram o Menino reclinado e envolto em panos, sob os olhares enlevados e vigilantes de Maria e José.

Segundo a tradição, a neve caía mansamente. Enquanto todos dormiam no aconchego dos seus lares, um pobre casal se encontrava na gruta fria, pois não encontrara guarida nem mesmo em casa de parentes, pois José e Maria viviam em Nazaré e se encontravam ali em razão de uma obrigação cívica, um recenseamento.

Noite de luz e neve cobrindo a terra, circunstâncias ideais para se cantar a glória do Filho de Deus que acabava de nascer para habitar entre nós, para governar a Terra, conquistar as almas e lutar contra o demônio. Acontecimento tão espetacular que espargiu alegria no universo inteiro e causou pavor nas hostes seguidoras de Satanás.

Toda a natureza se regozijou em homenagem a Jesus que acabava de nascer: as fontes se tornaram mais cristalinas e jorravam com melodia encantadora de modo a elevar os espíritos; as flores desabrochavam mais bonitas e exalavam inexcedível perfume em honra ao recém-nascido; as estrelas brilharam com maior intensidade a fim de prestar justa vassalagem ao Menino-Deus.

A despeito de ser noite, por todas as partes do mundo a mesma cena se repetia. E em toda a Terra se cantou e ainda se canta: “Noite Feliz, noite feliz. Oh! Jesus, Deus de amor, pobrezinho nasceu em Belém. Eis na lapa Jesus nosso bem, dorme em paz oh! Jesus. Dorme em paz oh! Jesus!”.

Estamos comemorando 2014 anos deste magno acontecimento que dividiu a História em duas partes: antes de Cristo e depois de Cristo! Se de um lado, como afirmou Santo Agostinho, podemos exclamar “oh feliz culpa que nos mereceu tão grande Salvador!”, de outro devemos nos perguntar o que fizemos do Sangue precioso do Redentor? O que resta de Cristandade em nossos dias? Dói dizê-lo, mas o mal penetrou até nos lugares mais sagrados da Terra.

Creio ser bem o caso de repetir com Plinio Corrêa de Oliveira as palavras contritas, mas plenas de zelo pelo Senhor Deus dos Exércitos, que ele escreveu em ‘O Legionário’ por ocasião do Natal de 1946. Elas serão por certo o melhor presente que podemos oferecer ao Menino Jesus neste Natal:

“Vede-nos, Senhor, e considerai-nos com compaixão. Aqui estamos, e Vos queremos falar. Nós? Quem somos nós? Os que não dobram os dois joelhos, e nem sequer um joelho só, diante de Baal.

“Os que temos a vossa Lei escrita no bronze de nossa alma, e não permitimos que as doutrinas deste século gravem seus erros sobre este bronze sagrado que vossa Redenção tornou. Os que amamos como o mais precioso dos tesouros a pureza imaculada da ortodoxia, e que recusamos qualquer pacto com a heresia, suas obras e infiltrações.

“Os que temos misericórdia para com o pecador arrependido, e que para nós mesmos, tantas vezes indignos e infiéis, imploramos vossa misericórdia – mas que não poupamos a impiedade insolente e orgulhosa de si mesma, o vício que se estadeia com ufania, e escarnece a virtude.

“Os que temos pena de todos os homens, mas particularmente dos bem-aventurados que sofrem perseguição por amor à vossa Igreja, que são oprimidos em toda a Terra por sua fome e sede de virtude, que são abandonados, escarnecidos, traídos e vilipendiados porque se conservam fiéis à vossa Lei.

“Aqueles que sofrem sem que a literatura contemporânea se lembre de exaltar a beleza de seus sofrimentos: a mãe cristã que reza hoje sozinha diante de seu presepe, no lar abandonado pelos filhos que profanam em orgias o dia de vosso Natal; o esposo austero e forte que pela fidelidade a vosso Espírito se tornou incompreendido e antipático aos seus; a esposa fiel que suporta as agruras da solidão da alma e do coração, enquanto a leviandade dos costumes arrastou ao adultério aquele que devera ser para ela a coluna de seu lar, a metade de sua alma, “outro eu mesmo”; o filho ou a filha piedosa, que durante o Natal, enquanto os lares cristãos estão em festa, sente mais do que nunca o gelo com que o egoísmo, a sede dos prazeres, o mundanismo paralisou e matou em seu próprio lar a vida de família. O aluno abandonado e vilipendiado pelos seus colegas, porque permanece fiel a Vós.

“O mestre detestado por seus discípulos, porque não pactua com seus erros. O Pároco, o Bispo, que sente erguer-se em torno de si a muralha sombria da incompreensão ou da indiferença, porque se recusa a consentir na deterioração do depósito de doutrina que lhe foi confiado. O homem honesto que ficou reduzido à penúria porque não roubou.

“Estes são, Senhor, os que no momento presente, dispersos, isolados, ignorando-se uns aos outros, entretanto, agora, se acercam de Vós para oferecer o seu dom, e apresentar a sua prece. Dom tão esplendido na verdade, que se eles Vos pudessem dar o sol e todas as estrelas, o mar e todas as suas riquezas, a terra e todo o seu esplendor, não Vos dariam dom igual”.

Pe. David Francisquini é sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira-RJ.

Fonte: Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

O que falavam a mula e o boi há dois mil anos – Conto de Natal

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“Pobrezinho. Ele está numa situação bem pior do que a nossa. Façamos a única coisa que podemos para ajudá-lo”, disseram a mula e o boi. Presépio da abadia de Lorsch. Aquisgrão, Alemanha.
“Pobrezinho. Ele está numa situação bem pior do que a nossa.
Façamos a única coisa que podemos para ajudá-lo”, disseram a mula e o boi.
Presépio da abadia de Lorsch. Aquisgrão, Alemanha.

Há cerca de dois mil anos, estavam num estábulo uma mula e um boi. Como sempre acontece quando bons amigos estão juntos, comentavam notícias boas e más.

Um tema habitual era o tempo, particularmente frio naquele inverno, com as abundantes nevadas — pouco frequentes, mas não anormais — perto de Jerusalém.

Outro tema habitual entre eles era a quantidade de pessoas que afluíam à pequena cidade de Belém.

Nunca tinham visto antes tanta gente junta. A explicação era porque de Roma um edito de César Augusto mandara realizar um censo, em que as pessoas deveriam apresentar-se em seus lugares de origem.

Assim, numerosos judeus haviam se dirigido a este esquecido povoado para ali se inscrever. E embora alguns viessem a pé, outros se transportavam em cavalos ou camelos.

É compreensível que os habitantes do lugar assistissem interessadíssimos a este ir e vir de pessoas.

Presépio bizantino em marfim. Museus Vaticanos.
Presépio bizantino em marfim. Museus Vaticanos.

O que é comum num povoado tranquilo, onde nunca ocorre nada. Além do mais, os recém-chegados eram em geral pessoas que viviam ou em Jerusalém ou em outros lugares mais interessantes do que a pequena Belém.

E, como era habitual, depois de conversarem com os parentes, as crianças e os jovens se dirigiam aos estábulos para admirar os cavalos, touros, camelos, enfim, todos os animais considerados mais atraentes.

Mas esse entrar e sair de crianças e jovens ocorria no estábulo ao lado, e não naquele onde se encontravam a mula e o boi.

Ninguém vinha vê-los, salvo excepcionalmente alguém para dar-lhes de comer e levá-los ao trabalho. E ambos suportavam tudo isso sem ressentimentos nem complexos. Simplesmente lhes parecia que o mundo era assim.

“Claro — dizia o boi —, o que é que as crianças querem ver? Elas gostam da força, que tantas pessoas elogiam. Mas a força aliada à brutalidade. Por isso preferem ver os touros, que com sua agressividade chamam a atenção daqueles que imaginam que tudo se resolve pela força.

“Entretanto, não as atrai o trabalho, contínuo, regular e monótono de arar os campos, que eu realizo. E como, além do mais, os bois são engordados para serem sacrificados, isso é ainda menos atraente. Ninguém quer saber de sacrifícios, de vida dura, de trabalho incessante”.

“É assim mesmo” — completava a mula. “Os cavalos, indômitos, que correm, que dão coices, que dominam pela velocidade e chamam a atenção por sua beleza, estão no centro das atenções.

“O mundo os admira. Mas o trabalho que eu realizo, como o de tirar água dos poços ou levar cargas, quem o admira? Quando me elogiam é porque tenho algumas qualidades que possuem os cavalos, como o vigor, a força ou o valor. Ou a sobriedade, a paciência, a resistência e o passo seguro dos burros.

“Mas a ideia que associam a mim é a de uma vida dura, mansa e dedicada aos demais. Exatamente aquilo do que as pessoas não querem nem ouvir falar”.

*     *     *

Pesebre 126Quando a noite terminava e eles já se dispunham a dormir, o boi e a mula viram entrar no estábulo um senhor e uma jovem em avançado estado de gravidez.

Com muita distinção ela se sentou num canto do estábulo, enquanto ele se dedicava a arrumar com máximo desvelo um pouco de palha para que ela descansasse melhor.

Os animais ficaram com pena vendo-os em lugar tão pobre, mas o augusto casal não se queixava nem murmurava.

Certamente ele havia pedido para pousar na casa de algum dos parentes que tinham no povoado, mas por serem pobres, apesar do parentesco e de sua alta dignidade, não lhes fora concedida hospedagem.

É verdade que as casas desses parentes possivelmente estivessem cheias, mas caso se tratasse de parentes ricos, sem dúvida lhes teriam fornecido hospedagem.

E não tendo aonde ir, tinham vindo a este estábulo, o menos visitado. E, por isso mesmo, o único que oferecia certa privacidade.

A mula e o boi fizeram apenas o que podiam, ou seja, afastarem-se para dar-lhes um pouco mais de espaço. E foram dormir.

À meia-noite, despertou-os um som inusual.

Presépio na Praça de São Pedro, Vaticano.
Presépio na Praça de São Pedro, Vaticano.

Era o choro de uma criança. A jovem Senhora havia dado à luz um filho. O recém-nascido chorava de frio.

“Pobrezinho” — exclamaram a mula e o boi. “Ele está numa situação bem pior do que a nossa. Afinal de contas, Deus nos deu uma pele grossa e pelos para nos proteger do frio, e estamos bem alimentados, mas este pobre menino nasce em um lugar inóspito para tanta debilidade. Façamos a única coisa que podemos para ajudá-lo”.

E, aproximando-se, passaram a respirar fortemente, para que a sua respiração e o calor de seus corpos dessem ao recém-chegado um pouquinho de aquecimento.

Aos poucos o Menino deixou de chorar, e sentindo o frio afastar-se, moveu as mãozinhas, colocando-as carinhosamente sobre a cabeça do boi e da mula, para lhes agradecer por sua boa vontade.

A mula e o boi se retiraram, para deixar o Menino dormir. E o Senhor que cuidava da jovem Senhora e do Menino deu aos animais um pouco de erva para que comessem, e de água para que bebessem.

* * *

Os dois animais imaginaram que poderiam ir dormir, mas em pouco tempo começou a chegar todo tipo de pessoas.Primeiro eram uns pastores, que já de longe vinham cantando. Admirados eles rodearam o Menino, e O ficaram contemplando longamente.

Presépio na Praça de São Pedro, Vaticano
Presépio na Praça de São Pedro, Vaticano

Depois vieram outros pastores, depois outros e mais outros. Apareceram também pessoas simples, mas de fé robusta, que foram saudar o Menino.

Mais tarde chegou uma rica e importante caravana de reis e súditos montados em camelos belamente ajaezados. Vinham oferecer ouro, incenso e mirra ao Menino.

E enquanto executavam a cerimônia de entrega dos presentes, admirados a mula e o boi contemplavam o espetáculo, escutando as músicas que cantavam em honra do recém-nascido.

Mas chegaram também a seus ouvidos as reclamações de outros animais. Acostumados a ser o centro das atenções, sentiam-se contrariados por terem sido preteridos.

E diziam que o boi e a mula eram um par de arrivistas que estavam ali por pura sorte, que se tivessem um pouco de conhecimento do mundo deveriam sair e deixar-lhes o lugar, pois obviamente eles estavam mais capacitados para ocupá-lo.

Em suma, pura inveja. A mula e o boi não se preocuparam com esses comentários, e continuaram a cumprir seu discreto e eficaz papel de, na ausência de visitas, acercarem-se do Menino para ajudar a aquecê-lo.

Presépio chinês
Presépio chinês

Por fim, certo dia, o Senhor, a Senhora e o encantador Menino preparavam-se para sair. Mas antes, voltando-se para a mula e o boi, disse-lhes a bela Senhora:

“Como vocês foram bons e generosos para com o meu filho, faço-lhes uma promessa. Até o fim do mundo, sempre que se representar uma cena de seu nascimento, vocês estarão presentes. “Porque Ele veio para dar exemplo de luta contra o mal, mas também exemplo de bondade. Veio para ajudar os homens de boa vontade a vencerem os homens de má vontade, que não querem a glória de Deus”.
* * *

Esta promessa vem se cumprindo até os presentes dias, e assim continuará enquanto o mundo existir.

Muitas vezes, adornamos com ovelhas, pastores, camelos e reis os presépios que montamos.

Contudo, por mais pobres que eles sejam, sempre há uma mula e um boi.

Ali nasceu o Redentor, Aquele Divino Infante louvado pelos anjos na Noite Feliz com o cântico narrado por São Lucas:

“Glória a Deus no mais alto dos Céus, e paz na Terra aos homens de boa vontade!”.

(Autor: Valdis Grinsteins, apud CATOLICISMO)

O aniversariante e o palhaço gorducho

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Meu amigo americano olhou-me um tanto desconcertado, parou um pouco para pensar, e esclareceu: Os sinos festivos do Jingle bells acompanham a música e lhe dão o ritmo, lembrando os guizos do animal que puxa o trenó; e a época do Natal é muito boa para se passear de trenó na neve. Resumida assim a explicação, ele me fez saber que estranhara a minha pergunta, pois sempre julgou isso muito natural.

É possível que algum leitor conheça apenas a versão brasileira do Jingle bells, impregnada de referências natalinas a sino de Belém, Deus menino, rezar na capela, noite bela, etc. Por isso, antes de alguém estranhar minha estranheza, responsável pela do meu amigo americano, informo que a letra original do Jingle bells não contém nenhuma referência ao Natal, gira apenas em torno de um alegre passeio de trenó pelos campos, que poderia realizar-se em qualquer período nevado do ano.

natal-papai-noel-253x300Bem distantes desses costumes, os brasileiros não compreenderiam a maioria das referências psico-atmosféricas presentes na música, daí um letrista vincular diretamente ao Natal a versão brasileira. Acho louvável a iniciativa, embora não me agrade o aspecto alegrote, bem pra lá do limite entre o leve e o leviano. A lentidão pensativa e respeitosa do Noite feliz, muito mais adequada para reverenciar a presença augustíssima de Deus entre os homens, não dispensa no entanto a alegria. Na música natalina alemã, a alegria atinge a alma em toda a sua profundidade, não é apenas epidérmica como a saltitante e sorridente musiqueta americana.

Associar o Natal à neve é um costume proveniente dos países cristãos onde a neve cobre a natureza nessa época do ano. No Brasil, ela quase só existe no dicionário e na poesia, muito lembrada onde entram anciãos com cabelos marcados pela neve do tempo, ou para realçar o branco como a neve de alguma coisa. Em relação ao Natal, quase nada significa para nós, embora presente em cartões de Natal mais adequados ao Polo Norte ou à Lapônia. Parecem de brinquedo as casinhas quase sucumbindo às grossas coberturas brancas, as renas e trenós movimentando-se suavemente, os sinos bimbalhando em torres de capelinhas iluminadas… e o onipresente Papai Noel (ho! ho! ho!) – o sorridente, prestativo e vermelhão Papai Noel.

(Será que ele acredita mesmo em Papai Noel?!)

Sem dúvida nenhuma, caro leitor. Aproximando-se o Natal, basta ligar a TV, entrar num shopping, abrir uma revista ou jornal, surfar na internet, e lá está ele com seu sorriso elástico de velhote velhaco, sempre pronto a brincar com uma criança, indagar qual presente ela quer receber dos pais, e assim avalizar diante do comprador o que o comerciante precisa vender. Como duvidar de velhinho tão real e agradável, tão amigo das crianças e do cartão de crédito dos pais?

Entendeu por que não posso deixar de acreditar em Papai Noel? Constato sua existência pelo que vejo, só isso. Mas quando a pergunta é se ele deveria existir, não vacilo numa resposta clara e definidamente negativa. Sou até propenso a supor você e eu em extremos opostos sobre este assunto. Como a maioria das pessoas, você pode achar o Papai Noel engraçado (todo palhaço tem de ser engraçado); tem uma roupa bonita, atraente (ridícula de ponta a ponta, das botas ao gorro de dormir); tem uma risada diferente (muito útil, se você quiser amestrar animais); resolve o problema dos pais na escolha dos presentes (espero que você saiba conversar com seus filhos).

Se você perguntar aos seus amigos de onde surgiu o costume natalino de dar presentes aos filhos, provavelmente muitos não o relacionarão com os presentes dos Reis Magos ao Menino Jesus. Na perspectiva da Boa Nova evangélica, os presentes aos filhos adquirem significado profundo, elevado, colocando-os na esfera do sobrenatural e divino. Dando ao filho um presente, homenageamos na pessoa dele o Menino Jesus, recém-nascido vinte séculos atrás, quando recebia presentes régios. Os presentes natalinos tomam assim o caráter de homenagem ao aniversariante.

Será que a pantomima do Papai Noel remete as crianças a esse nível de cogitações? Não quero imaginar da sua parte uma resposta afirmativa.

Desde o aparecimento do Papai Noel no fim do século XIX, ele não passa de um artifício propagandístico, comercial. Foi criado para vender Coca-cola, mas depois o instrumentalizaram para vender outras coisas. Funciona bem para essa finalidade. Mas ele faz só isso? Será só esta a sua função? Será só este o objetivo, ao popularizar esse personagem ridículo e interesseiro? Você já notou como o aniversariante ficou esquecido, marginalizado, depois que o Papai Noel ajudou a comercializar o Natal?

O Menino inocente de Belém atraiu inimigos desde o nascimento, forçando-o a um exílio no Egito para não ser degolado. Você acha que hoje ele não tem inimigos? Pelo contrário, os inimigos nunca foram tão numerosos, e agem empenhadamente na tarefa de fazê-lo desaparecer da vida das crianças, de todos. Como? Deslocando a atenção para um palhaço gorducho, como se o aniversariante não existisse.

Caro leitor, cante a nossa versão do Jingle bells, mas prefira o Noite feliz. Dê presente aos filhos no Natal, mas ensine-os a homenagear o aniversariante, a venerar quem fez muito mais por nós do que todos os gorduchos vermelhos. E assim você também terá um Natal feliz, tornando felizes os seus filhos e o aniversariante.

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Fonte: Instituto Plinio Corrêa de Oliveira