Com freqüência ouve-se falar das pirâmides do Egito. Associa-se a elas muitos mistérios. Alguns soam verossímeis, outros obscuros, e outros meras patacoadas.
Por um lado, o tema é explorado por uma literatura de rodoviária. Deixemos de lado estes subprodutos da superstição e do sensacionalismo jornalístico.
Por outro lado, o assunto é arduamente estudado por altos cientistas, num patamar freqüentemente muito difícil de acompanhar.
De fato, o mistério das pirâmides envolve algum dos passos fundamentais da história da Humanidade.
Mas, também, indireta e possantemente alguns dos dogmas da religião cristã.
Entretanto, nós não vemos aparecer do lado católico quem aborde as questões levantadas pelos grandes monumentos do Egito antigo.
Entretanto, se bem analisados à luz da ciência e da fé, esses monumentos têm muita coisa para revelar.
Quais coisas? Quão importantes?
Um sacerdote apaixonado pela astronomia, o Pe. Théophile Moreux(1867-1954), membro da Academia Pontifícia de Ciências, criador de dois observatórios astronômicos na sua cidade natal ‒ Bourges, na França ‒, escreveu incontáveis obras de divulgação científica que o tornaram célebre pela sua precisão.
A NASA deu o nome do padre cientista a uma cratera de Marte
Para honrar a memória de seus excelentes trabalhos, foi montada uma exposição especial ‒ “Un curé chez les savants” ‒ no museu da própria Bourges.
A Sociedade Astronômica da França dedicou-lhe prestigiosa homenagem na sua revista L’Astronomie de junho de 2004 , com destaque na capa e na editorial da publicação.
O Pe. Moreux fez algo único: estudou os monumentos egípcios antigos de um ponto de vista estritamente científico.
Depois, conferiu os resultados com a Teologia e a História Sagrada.
Dessas comparações saíram conclusões de deixar pasmo.
Por quê?
Para responder, entramos no fulcro dos famosos mistérios, que pode se formular assim:
Se os antiquíssimos egípcios foram um povo de altos conhecimentos científicos ‒ coisa que não é mais posta em dúvida ‒ de onde tiraram eles toda essa sapiência?
Porque, se o homem provém do macaco, como dizem os evolucionistas, quanto mais antigos os povos, mais rústicos, ignorantes e incapazes.
Porém, eis um povo da gentilidade que ingressa na História ostentando uma ciência que os homens modernos empenham imensos esforços, tecnologias e dinheiro para obter.
Se os homens, em sentido contrário, não descendem por evolução de um símio, e sim de Adão, homem perfeito e acabado no relato bíblico, muitas coisas se explicariam.
De Adão, São Tomás de Aquino diz que Deus lhe infundiu a ciência de todas as coisas que os homens deviam conhecer para fundar as civilizações que cobririam a Terra.
Portanto, não só a respeito de Deus, mas também relativa à construção da civilização terrena.
Nesse caso, Adão teria sido o homem histórico que melhor conheceu a natureza, a ordem do Universo e seus segredos.
Sobre a ciência de Adão ensina São Tomás de Aquino na acatada Suma Teológica:
“o primeiro homem (…) também foi feito perfeito na sua alma para que pudesse instruir e governar aos demais.
“Porém, ninguém pode instruir sem possuir ciência. Por isso mesmo, o primeiro homem foi criado por Deus de maneira que tivesse ciência de tudo aquilo em que o homem pode ser ensinado. Isto é, de tudo o que existe virtualmente nos princípios evidentes por si mesmos; isto é, de tudo o que o homem pode conhecer naturalmente”. (São Tomás de Aquino, “Suma Teológica”; I, q. 94) Fonte (em espanhol).
Se foi assim, é razoável supor que Adão contou a seus descendentes aquilo que sabia. E estes o foram transmitindo de geração em geração a seus respectivos filhos, como uma tradição oral herdada do primeiro pai.
Nesse caso compreende-se que as civilizações mais antigas conhecessem o fundamento mais profundo de muitas coisas. Fundamentos esses que não foram descobertos em laboratório, mas que foram comunicados por Deus como primeiro impulso à civilização que Adão e sua progênie deviam construir.
Ainda nessa linha de pensamento, seria preciso acrescentar que essa transmissão sofreu interferências que a deformaram.
Pois houve a realidade histórica da decadência desses povos antiquíssimos.
Na medida em que passava o tempo, os conhecimentos iam se perdendo, ou se corrompendo.
Entraram, então, a superstição, o politeísmo, os vícios morais…
Então se compreenderia que alguns dos detentores dessa sabedoria recebida por Adão, tivessem querido deixar inscritos em pedra seus precisos conhecimentos antes de serem engolidos pela confusão.
Se for assim, as pirâmides não seriam, então, símbolos monumentais de restos importantes dessa ciência que Deus deu a Adão?
Eis a grande questão que o Pe. Moreux abordou num livro famoso. Este livro, quase um século depois de publicado, merece ainda muita atenção:
“A Ciência Misteriosa dos Faraós” (Pe. Théophile Moreux, “La Science Mystérieuse des Pharaons”, Librairie Octave Doin, Gaston Doin éditeur, Paris, 1925, 238pp.).
O tema é apaixonante, subtil, complexo e extenso… Pretendemos tratá-lo em vários posts sucessivos.