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03 de Abril – Santa Maria do Egito

Santa Maria do Egito

Penitente

(+ 431)

MARIA, antes grande pecadora depois grande penitente e co­mo tal venerada na Igreja Cristã era natural do Egito. Nada se lhe sabe da origem e da educação que recebera. Nas próprias confissões da Santa consta que, tendo apenas 12 anos, ou fosse impelida por uma paixão desenfreada, ou fosse dan­do ouvidos a vozes sedutoras, fugiu da casa paterna, para a cidade de Alexandria. Lá entregou-se a uma vida sem regra. De uma beleza não comum, como de um temperamen­to vivo e simpático, a pecadora ar­rastou muitas almas ao torveli­nho do vício. Sem temor de Deus, a única aspiração que tinha, era go­zar sem fim. Dezessete anos passou neste lamentável estado, quando foi testemunha do embarque de muitos piedosos romeiros, que se dirigiam à Terra Santa, para cele­brar a festa da Invenção da San­ta Cruz.

Seguindo um impulso espontâ­neo, associou-se aos romeiros, com a intenção, porém, de procurar no­vas relações e ocasiões para saciar as indómitas paixões. Os dias do trajeto foram, para ela, dias de pe­cado e não só para ela, como para os incautos, que se deixaram enleiar pela voz da sereia.

No dia da festa, quando os ro­meiros se dispunham a visitar o Santuário, também Maria os acom­panhou, se bem que movida por me­ra curiosidade. Aí aconteceu um fa­to extraordinário, que causou admi­ração geral e a conversão da peca­dora. Tendo chegado até a porta da igreja, Maria viu-se levada pela multidão da gente, que ia encher as vastas naves do Santuário. De repente, porém, se sentiu detida por uma força invisível. Quando as pessoas que iam adiante e a se­guiam, entraram, sem o mínimo obstáculo, pela porta, ela, por mais que se esforçasse, nem um passo para a frente pôde dar. Procuran­do inutilmente uma explicação deste fato curioso, a graça de Deus veio-lhe em auxílio. Claro como um relâmpago, apresentou-se lhe o pen­samento: “Teus pecados tornam-te indigna de pisar em lugar santo, ver o Santo Lenho e comparecer na presença de Deus”. O conhecimen­to desta verdade transformou num instante o coração da pecadora, que até aquele momento tinha resistido pertinazmente a todos os convites da graça divina. Profundamente abalada, escondeu-se num canto da igreja e chorou amargamente.

Enquanto em pensamento procu­rava uma solução ou um ponto de apoio, na perplexidade em que es­tava, seus olhos descobriram uma imagem de Nossa Senhora. Veio-lhe à memória que Maria é chama­da refúgio dos pecadores, Mãe de misericórdia. Prostrando-se por ter­ra, pediu a Maria Santíssima au­xílio, na grande necessidade, em que se achava, e prometeu à divina Mãe emendar de vida, e fazer penitência até à morte.

Feita esta declaração, sobreveio-lhe grande paz na alma e ao mesmo tempo se sentiu com ânimo de tentar outra vez a entrada no San­tuário, no que agora não mais achou resistência.

Uma vez no interior do Santuá­rio, venerou com muita comoção o Santo Lenho, chorou amargamente os pecados e voltou à imagem, de onde lhe viera a primeira inspiração para fazer penitência. Pedindo a Maria Santíssima que a esclare­cesse mais ainda, sobre o modo por que havia de praticar a penitência, ouviu distintamente uma voz, que lhe disse: “Vai à outra margem do Jordão”. Maria obedeceu pronta­mente e sem perder tempo, foi ao rio Jordão, onde passou a noite toda em oração, numa igreja dedicada a S. João Batista.

No dia seguinte fez a confissão, com muito arrependimento e rece­beu a santa Comunhão. Tendo uma vez dito adeus à vida que até en­tão levara no afastamento de Deus, passou para o outro lado do Jordão, onde viveu 47 anos, praticando obras da mais austera penitência. Dezessete anos da vida passada ti­nham pertencido ao serviço do pecado. Outros tantos anos Deus per­mitiu que fosse atormentada pelas mais cruéis tentações. Maria, po­rém, não mais se afastou do cami­nho da virtude. Em todas as dificuldades recorria a Maria Santís­sima, sua terna Mãe, e Deus conce­deu-lhe a graça da perseverança. As tentações afinal cessaram e Ma­ria, até o fim da vida, gozou da mais perfeita paz.

Todas estas particularidades Ma­ria relatou-as ao santo abade Zo­simo, que a visitou no deserto, um ano antes da sua santa morte. Pe­diu-lhe reserva de tudo, enquanto ela vivesse e insistiu para que lhe trouxesse o SS. Sacramento na Quinta-Feira Santa, o que Zósimo lhe prometeu.

No dia marcado, quando Zósimo chegou ao Jordão, com grande ad­miração viu a serva de Deus andar sobre as águas do rio. Maria rece­beu o santo Viático, com uma piedade comovedora. Erguendo as mãos e os olhos ao céu, cheia de alegria e contentamento, entoou o cântico do velho Simeão: “Agora deixai partir, Senhor, vossa ser­va”. Pelo caminho que viera, isto é, sobre as águas do  Jordão, voltou para o deserto, onde morreu no dia seguinte. Quando, um ano depois, São Zósimo veio para visitá-la, achou a santa penitente morta. O corpo, porém, estava perfeitamen­te conservado e Zósimo deu-lhe dig­na sepultura.

Retirado e adaptado do livro: Lehmann, Pe. João Batista , S.V.D., Na Luz Perpétua, Lar Católico, Juiz de Fora, 1956.
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3 COMENTÁRIOS

  1. É por isso que a confissão é um Sacramento. Se o arrependimento é uma virtude, para mim o perdão é um milagre. Uma graça de Deus. Santa Maria do Egito, rogai por nós!

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