Há fatídicos 75 anos, quatro militares alemães eram mortos pelo pelotão de fuzilamento nazista no pátio do Bendlerblock. O crime: insurreição contra um dos maiores assassinos e ditadores da época: Adolf Hitler. Olbricht, Quirnheim, Haeften e Stauffenberg morreram na madrugada entre 20 e 21 de julho de 1944 após executarem o maior atentado da história contra o Führer.
Stauffenberg, coronel da cavalaria, foi o principal envolvido. Após sofrer graves ferimentos na África foi transferido para Berlin, onde conheceu um grupo de oficiais insatisfeitos com a atuação de Hitler. Isso possibilitou a ele acesso as reuniões privadas do ditador. Assim, com apenas três dedos da mão esquerda e um único olho, armou dois explosivos, que guardou em sua pasta de reuniões, a fim de deposita-la próxima ao tirano.
Feito isso, o coronel sai do prédio em direção ao automóvel. Quando “chegou junto do carro, deu-se a explosão, um estrondo imenso e ensurdecedor. Stauffenberg logo soube, pela magnitude da explosão, que sua missão devia ter sido bem sucedida. Eram 12:42 h pelos seus relógios _ o momento histórico (estava convencido) da morte de Hitler”[1]. Em meio à confusão, convenceu o motorista a leva-lo até o aeroporto a fim de retornar o mais rápido possível para a capital.
Nesse meio tempo, Fellgiebel (que também conspirava contra Hitler) contatou os demais envolvidos em Berlim para darem início a Operação Valquíria. Esta fora modificada há alguns meses pelos próprios conspiradores para dar a eles o controle de todo o país no caso da morte súbita de Hitler. Cortando imediatamente as comunicações, Fellgiebel isolou a “Toca do Lobo” – palco do atentado – do resto do mundo. Não havia mais volta; o maior atentado da história contra Hitler fora feito.
Consciência
Afirmar que estes homens foram infiéis a Hitler pode tornar justificável a execução que tiveram. Qualquer militar que se revolte contra seu país e suas autoridades tem como fim o pelotão de fuzilamento. Entretanto, a pergunta a ser feita não é a quem foram infiéis, mas sim, a quem foram fiéis. Estes homens e os demais envolvidos, que posteriormente foram julgados e executados, foram infiéis ao Führer, mas fiéis as suas consciências.
Homem católico e justo, Stauffenberg chegou a consultar padres e bispos a respeito da moralidade do assassinato que cometeria. O sacerdote Preysing “sancionou a conspiração. Aparentemente, ele afirmou que não poderia absolver Stauffenberg com antecedência por aquilo que ele pretendia fazer. No entanto, como Preysing escreveu posteriormente para a mãe de Stauffenberg, ele não negou sua ‘bênção pessoal como padre’”. [2]
Hitler, ou como era chamado: Führer (guia), foi endeusado por muitos que o seguiram cegamente. Entretanto, alguns poucos homens preferiram seguir suas consciências e, em última análise, perante o próprio Deus. Assim, o momento os julgou como revoltosos e insurrectos, ingratos e rebeldes. Mas a justiça de Deus não tardou e a história os julga hoje como heróis.
Claus Von Stauffenberg
não se acovardou perante a tirania ou perante a opinião alheia que o julgaria
como o pior dos homens. Não se acovardou diante da possibilidade de nunca mais
ver sua esposa e filhos ou de não ver mais a luz sol. Não se acovardou, por
fim, diante de seus algozes quando recebeu as balas em seu peito daquela que
foi – poderíamos dizer – a primeira, das muitas, salvas de tiro que seriam
dadas no Bendlerblock em sua honra. Não se acovardou quando as recebeu no
momento em que dera seu último brado e que ecoa até hoje na história: Viva
nossa sagrada Alemanha.
[1] Livro: Os conspiradores: atentado contra o Fuhrer
[2] Livro: O papa contra Hitler: A guerra secreta da Igreja contra o nazismo