A beleza e alegria no risco

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(Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 16 de setembro de 1989. A transcrição não passou pela revisão do autor.)

Observando esta foto, a primeira impressão que se tem é a do risco na marcha do cavalo e do cavaleiro diante do perigo. Há um gosto, uma espécie de alegria e euforia, em a pessoa se atirar dentro do risco.

Tem-se a impressão de que o risco produz psicologica­mente, no cavalo e no cavaleiro, um arejamento fresco e agradável. Cavalgar dentro do risco e do imprevisto, improvisando atitudes necessárias — ora avançando, ora recuando, e várias outras atitudes tomadas de acordo com certa regra — faz a beleza do rejoneo, que é a tourada realizada a cavalo. Nesse evento o cavalo deve correr muitíssimo bem e avançar com passo lindo e audacioso. Mereceria ter o nome de Relâmpago ou de Corisco.

O animal age por instinto, mas dir-se-ia que esse cavalo tem noção raciocinada do que está ocorrendo, e acha uma verdadeira beleza jogar-se para frente e raspar no peri­go. Tem-se a impressão de um bem-estar do cavalo na hora em que o touro avança contra ele. Roça no perigo, mas sai com elegância, como se dissesse: “Touro, não és senão touro; eu sou superior, sou um cavalo — sou elegância, força e garbo. Tu és massa bruta, és mera força. E por causa disso eu posso raspar-me em ti, posso até permitir que teu chifre me risque, para eu ter a alegria de passar rente ao perigo e sair vitorioso. Tu és apenas uma almofada na qual se cravam as banderillas”.

Reações assim lembram as reações do espírito humano. Colocados diante do perigo em várias circunstâncias da vida, certos homens têm atitudes como essas. Não é só o perigo da morte, mas também o perigo que se corre numa argumentação ou numa jogada política, numa manobra arriscada. Há homens que se saem assim.

Agrada-nos ver no touro aquela força, mas ele tem apenas a força bruta, não tem expressão, não tem nada de “humano” na sua atitude. No cavalo há algo que lembra reações humanas, e por suas atitudes ele parece trans­cender da mera condição de bicho, entrando um pouco no reino dos homens.

Texto publicado na revista Catolicismo na edição de novembro de 2018

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