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Santa Maria Eufrásia Pelletier

Santa Maria Eufrásia Pelletier

Virgem

(+ 1868)

FILHA de pais muito piedosos nasceu na ilha de Noirmoutier, na Vendea, aos 31 de julho de 1796, durante o terrível período da Revolução Francesa. No batismo recebeu o nome de Rosa Virgínia. Possuía todas as qualidades naturais, para se tornar uma figura eminente, uma grande mulher, uma personagem de primeira ordem. De natureza viva e alegre, inteligente e amá­vel, generosa e caridosa, dispunha de uma vontade reta, resoluta e enérgica. Estas qualidades soube ela multiplicar e estender ao infinito, pondo-as ao serviço de Deus e das almas por suas iniciativas e obras celestes, divinas.

Na idade de 18 anos fez-se religiosa da Ordem de N. Senhora da Ca­ridade, no século XVII fundada por São João Eudes, e tomou o nome de Maria de Santa Eufrásia.

Em 1817 fez a profissão dos qua­tro votos do Instituto, dos quais o quarto é dedicar-se com zelo à sal­vação das almas. A Congregação, aprovada pelo Papa Alexandre VII, no ano de 1666, tinha-se desenvol­vido muito lentamente. Quando re­bentou a Revolução, contava apenas sete casas na França.

As religiosas tinham-se disper­sado ou partiram para o exterior, esperando que a tormenta findasse. A casa de Tours, aquela na qual tinha entrado, reabriu em 1806. A comunidade era pouco numerosa e, salvo algumas noviças, compunha-se de religiosas, santas sem dúvida, mas prematuramente gastas pelos horrores por que tinham passado. Foi a este corpo edificante e fraco ao mesmo tempo, que a Irmã Maria de Santa Eufrásia trouxe o vigor da sua juventude. A diretora culti­vava-a com um cuidado particular e por vezes deixava escapar a sua admiração, dizendo: “Ela fará um dia grandes coisas: acho nela não sei o quê de extraordinário”. A noviça distinguia-se, sobretudo por uma grande candura e uma perfeita sim­plicidade aliada a uma certa madu­reza de juízo tão rara nessa idade. Especializou-se na virtude de obe­diência. Ela que estava destinada a governar durante meio século, tinha uma estima particular pelo voto da obediência. “Ninguém, diz Tomás de Kempis, sabe mandar, se não aprendeu primeiro obedecer”.

Pode-se dizer que ninguém man­dou jamais tão perfeitamente, como a Madre Pelletier, porque ninguém jamais obedeceu com maior perfei­ção. Obteve licença de fazer o voto de obediência ao fim dum ano di­ante de toda a comunidade reunida. A sua piedade não a fazia nem tris­te nem melancólica. Ela era o raio do sol do mosteiro.

Em 9 de setembro de 1817 fez os seus votos. Era na festa de S. Pedro Claver, do grande Jesuíta missioná­rio, que tanto trabalhou pela salva­ção das almas, modelo, portanto pa­ra quem, como a Irmã Maria de Santa Eufrásia, devia trabalhar sem cessar na salvação das almas mais abandonadas.

Durante algum tempo a jovem professora exerceu o cargo de mes­tra das penitentes. Elevada era a ideia que deste cargo ela tinha. A jovem mestra tinha também “cora­ção”, e nisto estava o seu segredo.

Compreendera quanto era penoso para muitas jovens entrar para o Refúgio, e se encontrar diante de mestras contra as quais sentiam antipatia ou tinham preconceitos. Esforçava-se por isso em ser muito amável com as recém-chegadas, ro­deando-as de atenções que mostra­vam às “filhas” quanto eram queri­das de sua mãe. Esta respeitava-as apesar dos seus defeitos. O tacto nascido do amor, cedo lhe tinha en­sinado que as feridas da alma de­vem ser tratadas com tanta delica­deza como as chagas do corpo.

Nunca fazia alusão à vida passa­da das suas protegidas. E nunca fa­lava dos seus desvarios. Pelo con­trário, desejava vê-las tratadas com essa cortesia que tem tanto poder sobre corações muitas vezes endure­cidos. O seu único pesar era não ter bastantes penitentes.

Em 1825 era necessário eleger uma nova Superiora. A Irmã Ma­ria de Santa Eufrásia contava então 29 anos de idade, onze anos, portan­to menos do que era necessário pa­ra ser escolhida, segundo as regras da Ordem. Contudo foi feita por unanimidade de votos e obteve dis­pensa de idade pela autoridade eclesiástica.

Um dos seus primeiros atos de Superiora foi à fundação das Ma­dalenas. Seriam estas almas recon­quistadas, desejosas de consagrar a vida à oração e à penitência. Pela regra de São João Eudes não po­deriam vestir o hábito branco de Nossa Senhora da Caridade. Por outro lado, era difícil obter a sua admissão noutras comunidades. Di­rigiu-se então às Carmelitas que, com grande caridade, lhe enviaram a sua regra e o seu hábito.

A nova obra foi tão singularmen­te abençoada por Deus, que a Fun­dadora teria podido dizer com toda a verdade: “As Madalenas longe de serem a minha cruz, são e serão sempre a minha bela coroa”.

Em 31 de julho de 1829 foi fun­dada a casa de Angers, que tomou o nome de “Convento do Bom Pastor”, e dois anos depois Madre Pelle­tier veio a ser sua Superiora.

A fundação desta casa se realizou a custa de invulgares sacrifícios de toda espécie.

A eles se referindo, a própria fundadora mais tarde dis­se às suas religiosas: “Oh! funda­ção de Angers, quantas lágrimas me custaram!”.

Desde a origem do Refúgio cada casa era independente. A Revolução e a necessidade que ela impôs, de tudo recomeçar, oferecia ocasião fa­vorável para modificar as Consti­tuições, e amoldá-la às exigências e necessidades da época.

A Madre Pelletier desejava que houvesse um Generalato, como o tinham os Jesuítas e as religiosas do Sagrado Coração; uma Casa-Mãe para a formação das noviças; enfim, que se estabelecessem relações mútuas entre Angers e as ca­sas até então por ela fundadas. A ideia do Generalato encontrou for­te oposição. O caso foi para Roma. As mudanças propostas pela Fun­dadora foram apresentadas à assembleia dos Cardeais, e esta as sancionou. O Papa Gregório XVI mandou expedir o relativo-Breve apostólico, em 3 de abril de 1835.

No momento em que os Cardeais, reunidos em Roma, votaram por unanimidade o Generalato, o gran­de sino do Convento de Angers fez-se ouvir por três vezes, duma ma­neira misteriosa sem que ninguém o tivesse tocado, fato que foi confir­mado por todas as Irmãs presentes em Angers.

Desde aquela data em França as casas se multiplicaram de um mo­do surpreendente. Ao Convento de Angers afluíram postulantes com aptidões desejadas. O próprio nome de “Bom Pastor” — nome que daí para o futuro era dado a todas as fundações da Madre Pelletier, parecia exercer uma misteriosa atração nos corações, abrasados de amor de Deus e do próximo. Já em 1838, a convite insistente do Cardeal Odes­calchi fundou-se uma casa em Roma. A própria Fundadora teve a grande satisfação de abrir casas na Inglaterra, na Irlanda, na Áustria. Tendo cumprido a Missão que Deus lhe tinha confiado, a fidelíssima Serva, rica de virtudes e merecimentos, passou desta vida a ou­tra, quando contava 72 anos, pela tarde de sexta-feira, 24 de abril de 1868, véspera do domingo do Bom Pastor, na sua muito querida casa de Angers. Os últimos dias foram-lhe de atroz sofrimento. No meio das dores, com o olhar elevado da terra murmurava: “Oh! como o céu é belo! Vejo o Senhor no meio dos seus eleitos. Sinto que a SS. Virgem está aqui muito perto de mim! Se eu pudesse chegar à altura que a SS. Virgem me mostrou, encontraria o Deus da paz! Espero, espero! Deus me fará misericórdia — Por causa do nosso quarto voto!”.

Leão XIII assinou o Decreto da Introdução da Causa de Beatificação, em 11 de dezembro de 1897. Pio XI proclamou as virtudes heroicas da Venerável, em 25 de fevereiro de 1924. Em 30 de abril do Ano Santo de 1933 o mesmo Papa Pio XI celebrou a sua beatificação. Em 2 de maio de 1940 o Papa Pio XII pronunciou solenissimamente a sua canonização. A festa da Santa é celebrada em 24 de abril.

 

Retirado e adaptado do livro: Lehmann, Pe. João Batista , S.V.D., Na Luz Perpétua, Lar Católico, Juiz de Fora, 1956.
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2 COMENTÁRIOS

  1. Meu comentário é uma pergunta.
    O que ainda existe no Brasil e em São Paulo, das irmãs do Bom Pastor, seus asilos e seu trabalho nas casas de detenção(presidios femeninos),endereços.?

  2. PORQUE QUE A BIBLIA PROIBE TANTO FALAR DE IMAGUENS? PORQUE A IGREJA CATOLACA INCISTE EM CONTINUAR NA MENTIRA? POQRQUE NÃO FALÃO A VERDADE?TÃO INDO PRO INFERNO E LEVANDO MILHARES DE MILHARES,VÇS NÃO TEM MEDO DAS CONCEQUENCIAS NÃO?

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