Virgem
(+ 1879)
Em meio do século XIX, quando a perversa doutrina dos racionalistas movia guerra atroz à verdade cristã e com ímpio afan se esforçava de perturbar toda a ordem sobrenatural, Pio IX, de gloriosíssima memória, sob os aplausos de todo o mundo católico, definiu solenemente como dogma da fé a Conceição Imaculada de Maria Virgem. Esta proclamação do privilégio fulgidíssimo da Mãe de Deus, se ao mundo soberbo faz lembrar a lastimável ruiva do gênero humano, pelo pecado, de modo admirável exalta a graça da divina Redenção, e eleva a coisas superiores os corações dos homens.
Mas o que em Roma, pelo infalível magistério, o Sumo Pontífice definia, a própria Virgem Imaculada, bendita entre todas as mulheres, parece quis confirmar com sua própria boca, quando não muito depois com célebres aparições se manifestou na gruta de Massabielle, perto de Lourdes nos montes Pireneus; porque para lá de todas as partes do mundo multidões se dirigiam para sentir os benefícios da piíssima Mãe, e quase em série contínua de milhares se restabelecem as almas mais que os corpos dos homens.
O mais admirável, porém, é, que a SS. Mãe de Deus para conferir aos homens tanto benefício, e para confundir o que no mundo se julga forte, escolhesse um instrumento à preferência de outros, débil, segundo a divina economia que S. Paulo exalta: “Deus escolheu o que é fraco no mundo, para confundir os fortes” (1 Cor. 1, 27) . Este instrumento era Bernarda Soubirous, nome hoje caríssimo e celebérrimo no mundo inteiro, mas naquele tempo, quando apenas quinze anos contava, de todos desconhecida.
Nascida em Lourdes, região montanhosa dos Pireneus, a 7 de janeiro de 1844, filha de Francisco e Ludovica Casterot, dois dias depois foi batizada e recebeu o nome de Maria Bernarda.
Vivendo pobremente e por algum tempo empregada em tomar conta do gado, crescia sem alguma doutrina humana, mas em suavíssima simplicidade de costumes e admirável candura de espírito, querida por Deus e pela Santíssima Virgem Mãe. Maria observou a humildade de sua filha e dignou a inocente menina, entre 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858, de 18 aparições e de celeste colóquio. Finalmente, perguntada por ela pelo seu nome, disse: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Nesta, tão célebre aparição e ilustrada por Deus por tantos sinais, pode-se notar um tríplice carisma, conferido à piedosa jovem. Chamamo-la antes de tudo: Vidente, porque diante de numeroso povo, arrebatada em êxtase, foi maravilhosamente deliciada com o bondoso aspecto da Virgem. Chamamo-la de Mensageira da Virgem ao mundo, porque por ordem de Maria pregou penitência e oração ao povo; mandou aos sacerdotes, que naquele lugar construíssem um Santuário; predisse a todos a glória, a santidade e os futuros benefícios do mesmo lugar. Por fim vemos nela a testemunha da verdade, porque a muitos contradizentes, com o máximo candor de simplicidade, junto com suprema prudência e fortaleza de alma sobrenaturais, atestou constantemente a verdade das aparições e do mandamento confiado da Virgem, com admiração de todos os eclesiásticos e de juízes seculares.
Todas estas coisas levadas ao termo por divino impulso por uma ignorante e inculta menina, Deus a leva longe para a solidão de um convento, e quase desprezada pelo mundo, preparou-se para coisas as mais admiráveis, para que, pregada na cruz com Cristo e com Ele quase sepultada, atingisse profundamente na humildade a vida interior sobrenatural, e um dia na luz da santidade ressurgindo ao mundo, com este estável testemunho da santidade unisse nova glória ao Santuário de Lourdes.
Por isto, obedecendo ao chamamento de Deus, em julho de 1867 se transferiu para Nevers, para iniciar a vida religiosa naquela Casa-Mãe das Irmãs de Caridade e instrução cristã. Terminado o noviciado no mesmo ano, fez os votos temporais, e onze anos depois os perpétuos. Admiravelmente fulguraram nela as virtudes, mas sua alma virgem foi principalmente adornada daquelas que mais convinha à discípula predileta da Virgem Maria: Humildade profunda, terníssima pureza e ardente caridade. Provou-as e aumentou-as com as dores de uma longa enfermidade e angústias de espírito que a atormentaram suportando-as com suma paciência. Na mesma casa religiosa a humildíssima virgem ficou até a morte, que depois de recebidos os sacramentos da Igreja, invocando sua dulcíssima Mãe Maria, descansou santamente a 16 de abril de 1879, no trigésimo sexto ano de idade, e duodécimo de vida religiosa.
Tendo ficado até este ponto como debaixo do alqueire da humildade, com a morte tornou-se resplandecente a todo o mundo. Debaixo do pontificado de São Pio X, em 1923, foi iniciado o processo de sua beatificação. A 14 de julho de 1925 o Papa Pio XI lançou o nome da serva de Deus nos fatos dos bem-aventurados. Em contemplação aos grandes e inegáveis milagres, que Deus se dignou de operar por sua serva, a causa foi reassumida em junho de 1926 e levada ao fim em 2 de julho de 1933.
Retirado e adaptado do livro: Lehmann, Pe. João Batista , S.V.D., Na Luz Perpétua, Lar Católico, Juiz de Fora, 1956.
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O corpo de Santa Bernadette se encontra milagrosamente incorrupto com as articulações flexíveis. Apenas uma ligeira camada de cera foi passada no rosto para evitar a formação de mofo.
Ele está exposto na capela do convento de Saint-Gildard, em Nevers, onde ela faleceu, numa preciosa urna de cristal e metal dourado. Ali, envolvido de imponderáveis sobrenaturais, pode ser visto e venerado por qualquer fiel, como aparece no vídeo abaixo.
Veja também as fotos dos corpos incorruptos de outros santos em: http://lepanto.com.br/catolicismo/vida-de-santos/corpos-incorruptos/
É lindo de fato a religião católica e de como ela pode nos fazer se render
eu participei de uma palestra com Paulo mazzoni sobre corpos incorrupitos e fiquei impressionado de como nos catolicos sabemos tão pouco sobre isso euquero saber de tudo obrigado