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Quem ainda precisa de teorias da conspiração, quando os próprios ‘progressistas’ descrevem abertamente o mundo do pós-Coronavírus?

Oferecemos a nossos leitores, em primeira mão, a tradução de um artigo[1] escrito pelo conhecido autor americano John Horvat II. Sua obra “Return to Order” já ultrapassou a expressiva cifra de 330 mil exemplares.

Neste artigo, o autor mostra como, navegando a crise suscitada pelo vírus chinês, forças “progressistas” põem jogo importantes cartas de seu plano maquiavélico.

O texto é direcionado ao público norte-americano. Feitas as devidas adaptações, entretanto, encaixa-se muito bem no panorama de todos aqueles que se preocupam com o pânico forjado a nível mundial.

Aguardamos ansiosos a opinião de nossos leitores!

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Quem ainda precisa de teorias da conspiração, quando os próprios ‘progressistas’ descrevem abertamente o mundo do pós-Coronavírus?

John Horvat II

 

Quem acha que a crise do coronavírus representa uma trégua na enfurecida guerra cultural está muito equivocado. Essa guerra só tende a recrudescer.

Da mesma forma, engana-se também quem pensa que seja necessário arquitetar complexas teorias conspiratórias para explicar o que está acontecendo.

Pensadores ‘progressistas’ têm proclamado abertamente como eles concebem a ordem pós-coronavírus. Seus prognósticos não seguem uma narrativa em que tudo retornará à normalidade. Eles dizem que a tempestade passará, mas que o mundo mudará para sempre, preferivelmente conforme sua própria imagem e semelhança liberal.

Os pensamentos desses visionários deveriam ser causa de preocupação para aqueles que defendem a ordem moral e a Fé. Suas previsões excluem os pontos de vista de tais defensores como sendo irremediavelmente retrógrados e até mesmo perigosos.

 

Com a palavra, um visionário

Um desses visionários é Yuval Noah Harari, professor de História na Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele não é um mero escritor de periferia. Seus livros entraram na lista de best-sellers do New York Times e receberam encômios de pessoas tais como o ex-presidente Barack Obama e Bill Gates. Se há alguém que possa falar em nome do ‘establishment’ liberal, este é Harari. Suas previsões pós-coronavírus ecoaram na austera tuba liberal do Financial Times.

Sua visão de mundo é também reflexo de um mundo secularizado e sem Fé. Em seu livro Homo Deus, publicado em 2017, Dr. Harari defende que não existe Deus, tampouco a alma nem a vontade livre. Para ele, a vida é uma mera sucessão de reações químicas e de algoritmos que interagem e evoluem com a natureza. Ele crê que uma humanidade tecnicamente habilitada acabará por transformar os indivíduos em deuses imortais.

Como se vê, esse mago pós-moderno representa a ponta-de-lança do pensamento progressista. É por isso que, quando ele fala, faz sentido lhe dar ouvidos. O autor faz três observações sobre o futuro pós-corona que não devem ser ignoradas.

 

Grandes mudanças feitas rapidamente

A primeira observação é de que a crise do coronavírus mudará a economia, a política e a cultura de modo radical e em um curto espaço de tempo, se os líderes mundiais agirem “de forma rápida e decidida”.

Esta crise deve “acelerar processos históricos”. Isso permitirá às autoridades conduzir experimentos de massa, utilizando até mesmo tecnologias perigosas. Decisões que normalmente demandam anos ou até décadas de deliberação serão aprovadas em questão de horas. Nesse clima de pânico, as pessoas aceitarão medidas com as quais nunca concordariam em tempos normais.

Aqueles que compartilham esse modo de ver não desejam um retorno à situação normal. Almejam, isto sim, a uma outra ordem que reflita sua visão de mundo. E esse futuro não é apresentado como uma escolha, mas como um fato consumado. A crise irá rapidamente se impor às nações. Não haverá volta atrás para a velha ordem.

Está implícito nas declarações do Prof. Harari que velhos paradigmas devem mudar em conformidade com a “solidariedade global”. Ideias ultrapassadas não mais funcionarão nesse ‘admirável mundo novo’. Tecnocratas bem informados, manejando a ‘ciência’ e os dados, serão muito mais capazes de comandar o mundo do que governantes eleitos.

O aspecto mais perturbador dessa observação sobre o futuro é seu caráter furtivo. Ela entra em cena, como o coronavírus, de modo rápido e sem o consentimento dos afetados.

 

Vigilância totalitária ou empoderamento dos cidadãos?

A segunda observação do Dr. Harari é sobre o advento da era da vigilância universal sobre os cidadãos. Ele pontua que a crise do coronavírus já está provocando o surgimento de instrumentos de monitoramento público em tempo real que ultrapassam todos os antigos esforços de vigilância sobre a população. Essa crise ameaça “normalizar o emprego de ferramentas de vigilância massiva em países que até aqui as rejeitaram”.

O visionário progressista não é ingênuo a ponto de pensar que essa tecnologia não possa vir a ser nociva ou perigosa. Um smartphone que transmite a localização de vítimas do vírus pode também ser programada para monitorar a temperatura e a pressão corporais. O monitoramento médico ainda pode ser capaz de registrar fenômenos biológicos como emoções, alegrias e raivas. Poderia medir reações a ideias conservadoras ou liberais armazenadas na internet. Todos esses dados podem ser coletados e vendidos a departamentos de marketing empresarial… e a agências governamentais.

Entretanto, o escritor alega que a vigilância universal pode ser também uma fonte de empoderamento do cidadão. O monitoramento pode ser benéfico se controlado por instituições que constroem relações de confiança. Mas a solução que ele oferece não contempla reconstruir a confiança na família, na comunidade ou na igreja. Em vez disso, ele lista instituições que traíram essa confiança no passado e se encontram no núcleo da guerra cultural.

“As pessoas precisam confiar na ciência, nas autoridades públicas e na mídia”, afirma. Pondo ainda mais lenha na fogueira, ele denuncia as teorias conspiratórias e “políticos irresponsáveis [que] deliberadamente minaram a confiança na ciência, nas autoridades públicas e na mídia”.

Como se vê, a narrativa progressista da crise do coronavírus segue o roteiro de Harari, apresentando o falso dilema de se aceitar ou uma tecnocracia iluminada ou um totalitarismo irresponsável. Ele exclui reais alternativas mais de acordo com o passado da América.

 

Solidariedade Global

A observação final apresenta ainda um outro falso dilema. O professor assevera que a sociedade pós-coronavírus deve escolher entre as alternativas rotuladas de “isolamento nacionalista” e “solidariedade global”. A opção normal de uma nação que afirme sua própria identidade, ao mesmo tempo em que se sente parte de uma mesma humanidade, não está sobre a mesa. Uma ação efetiva para enfrentar a crise só pode provir de uma cooperação global nem sempre voluntária.

Assim, as nações precisam “compartilhar” informações, tecnologias e descobertas a nível global. Deve haver um espírito de cooperação global e de confiança. É uma conclusão mais bem irônica, já que poucos confiam nas autoridades chinesas que falharam em ‘compartilhar’ as notícias sobre a doença quando ela explodiu. Cientistas ocidentais continuam a questionar o uso criativo que os comunistas chineses fazem das estatísticas com o fito de apoiar sua agenda.

Essa nova solidariedade deve transcender todas as diferenças, sejam políticas, filosóficas ou culturais. Um governo comunista, uma teocracia islâmica ou uma ditadura brutal estão em pé de igualdade nesse vasto esforço em salvar vidas. Ele antevê um tipo de comunidade global coordenada por tecnocratas e líderes iluminados.

“Assim como os países nacionalizam indústrias-chave durante uma guerra, a guerra humana contra o coronavírus requer de nós que ‘humanizemos’ linhas de produção cruciais”. O badalado autor prevê nações ricas vindo ao auxílio de países pobres ao ponto de exportar equipes médicas e de distribuir suprimentos vitais de modo mais abundante. A cooperação global será também necessária no front econômico, e as nações ricas serão ‘convidadas’ a dividir suas riquezas.

Tais devaneios comunitários de cooperação global não são novidade. Eles povoaram por longo tempo os sonhos de utópicos planejadores sociais dispostos a impor seus projetos ao mundo, sempre com resultados catastróficos. Ainda assim, é com o pânico dessa crise que o inconcebível se torna possível.

 

Um futuro sem Deus

As três observações de Yuval Harari têm características em comum. A primeira é a notável hostilidade com relação à perspectiva de guerra cultural compartilhada por incontáveis americanos. Estes são simplesmente desprezados como forças de desunião que se opõem à “ciência” e à solidariedade global.

A segunda característica alarmante é a disposição de pôr de lado práticas e liberdades estabelecidas para impor sua visão de mundo sobre os países. Seja através de “processos históricos acelerados”, “vigilância universal” ou “cooperação global”, a mensagem subjacente é a necessidade de mecanismos de supra-governo para fazer aquilo que é ‘o melhor para a humanidade’.

Por fim, o plano de jogo de Harari exclui os fundamentos morais baseados em padrões objetivos de certo e errado e até mesmo o Estado de direito. Sendo alguém que não acredita nem na existência da alma nem na vontade livre, ele nega qualquer papel à religião e a Deus. Seu mundo é um mundo frio e brutal, sem propósito ou redenção.

O enredo de Harari pode ser encontrado nas entrelinhas da avalanche diária de notícias. É fácil encontrar, entrelaçados na crise, as providências, os métodos e as metas que ele proclama. Um editorial recente de The Wall Street Journal, assinado por Henry Kissinger, ressoa a ideia de que a crise “vai alterar para sempre a ordem mundial”.

Incontáveis escritores, pensadores e políticos ecoam essa mensagem ameaçadora.

Teorias conspiratórias precisam de métodos ocultos, energia incontrolável e redes massivas para serem críveis o bastante a ponto de encontrar quem lhes dê adesão. Entretanto, no caso da crise do coronavírus, quem precisa de teorias conspiratórias? Pensadores como Yuval Harari escrevem abertamente sobre seu arrepiante futuro pós-corona, sem Deus.

Felizmente, Deus também tem um futuro em mente. Como diz o ditado, Ele escreve ‘certo por linhas tortas’. Ele bem pode estar nos reservando surpresas que os visionários progressistas não conseguem antever.

 

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[1] Artigo original em inglês: https://www.tfp.org/who-needs-conspiracy-theories-when-progressives-openly-describe-the-post-corona-world/

 

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