O patriarca Kirill, de Moscou – que além de ser reconhecido como chefe da igreja ortodoxa russa é também noto como “agente Mikhailov” da antiga KGB hoje FSB – exortou seus seguidores a recuperar os “valores” do período soviético, noticiou com satisfação a agência oficial Interfax.
“A Rússia moderna não existiria se não fosse o heroísmo das gerações precedentes que nos anos 20 e 30 não somente trabalharam a terra, coisa que também é importante, mas criaram os fundamentos da indústria, da ciência e do poder defensivo do país”, disse na abertura da 14ª exposição “A Rússia Ortodoxa. Minha História. O século XX. 1914-1945. Da grande perturbação até a Grande Vitória”dedicada à implantação da revolução bolchevista.
O representante do cisma russo é também conhecido ironicamente como “o Metropolita do Tabaco”, pelo controle que exerce sobre esse produto importado.
Dito controle lhe foi concedido pelo regime de Vladimir Putin em pagamento pelos seus serviços. Esse negócio funcionando de modo mafioso lhe teria permitido acumular uma fortuna pessoal de aproximadamente 1,5 bilhões de dólares.
Kirill nunca falaria coisa alguma que não fosse do agrado do chefe supremo do Kremlin. Segundo o Departamento de Relações Exteriores da igreja ortodoxa russa, o religioso chegou a enviar mensagem de felicitações a Fidel Castro pelos seus 85 anos, dizendo:
“Aceitai as minhas mais cordiais congratulações e votos de boa saúde. Vossa vida é um exemplo vivo de serviço desinteressado pela pátria. Vós ganhastes a mais alta autoridade possível ante o povo cubano e gozais de seu sincero amor.”
Agora, para Kirill, não se pode duvidar do sucesso dos líderes do Estado que estiveram à testa do renascer e da modernização bolchevista da Rússia, embora eles tenham cometido crimes.
Segundo O Livro Negro do Comunismo, esses crimes – que o chefe cismático julga secundários ao lado dos sucessos – podem ter superado os cem milhões de mortos no mundo inteiro.
“Onde houve vontade, força, inteligência, decisão política, nós falamos sem hesitação que há um sucesso, como foi o caso da Vitória na Grande Guerra Patriótica (II Guerra Mundial)”, acrescentou.
Como fiel aluno da KGB, o patriarca cismático se precaveu das críticas, acrescentando: “Nós não nos identificamos com essas páginas sanguinárias, entregamos esses personagens históricos ao juízo de Deus, mas essas coisas negativas não nos concedem o direito de excluir todas as coisas positivas que eles fizeram ao mesmo tempo”.
O submisso patriarca manifestou o desejo de que a exposição:
“ajude a realizar a beleza do heroísmo do nosso povo nas décadas de 20, 30 e 40, a ver essas duras páginas e compreendê-las com a finalidade de amar a nossa pátria.
“Não podemos excluir de nossa memória nenhum período histórico, mas devemos assumi-los com bom senso e clara percepção moral, e então a verdade será separada de todas as mentiras, e o bem do mal”.
Assim Kirill embaralhou o bem e o mal, enquanto da língua para fora dizia fazer o contrário.
Ele resumiu fielmente o pensamento duplo do chefe máximo do Kremlin, recuperando e como que “perdoando” os líderes máximos da revolução bolchevista Lenine e Stalin, prefiguras de Vladimir Putin.