Nur ad-Din, filho de Zenghi, que se havia apoderado da cidade de Edessa, antes da segunda Cruzada, tinha herdado as conquistas de seu pai e as tinha aumentado com seu valor.
Ele foi educado por guerreiros que tinham jurado derramar seu sangue pela causa do profeta; quando ele subiu ao trono, lembrou a austera simplicidade dos primeiros califas.
“Nur ad-Din, diz um poeta árabe, unia o heroísmo mais nobre à mais profunda humildade. Quando ele orava no templo, seus súditos julgavam ver um santuário em outro santuário.”
Ele encorajava as ciências, cultivava as letras, e procurava fazer florescer a justiça nos seus territórios.
Seu povo admirava-lhe a clemência e a moderação; os mesmos cristãos elogiavam-lhe a coragem e seu heroísmo profano.
A exemplo de seu pai Zenghi, ele se tornou o ídolo dos guerreiros pela sua liberalidade e sobretudo, por seu zelo em combater os inimigos do islamismo.
No exército que ele mesmo havia organizado e que o respeitavam como o vingador do profeta, ele conteve a ambição dos emires e espalhou o terror entre seus rivais.
Cada uma das suas conquistas, feitas em nome de Maomé, aumentava sua fama, como seu poder; de todas as partes os povos, atraídos pelo zelo da religião e pelo ascendente da vitória, prostraram-se ante sua autoridade.
Todo o Oriente tremia diante dele e o despotismo, erguendo-se no meio das nações muçulmanas com a confiança e o temor que inspirava aos escravos, foi outorgado aos discípulos do islamismo, que pareciam implorá-lo como um meio de salvação.
Então, todas as paixões e todos os esforços dos povos da Síria foram dirigidos para um mesmo objetivo: o triunfo do Alcorão e a destruição das colônias cristãs.
(Autor: Joseph-François Michaud, “História das Cruzadas”, vol. II, Editora das Américas, São Paulo, 1956. Livro sétimo 1151-1181. Tradução brasileira do Pe. Vicente Pedroso)