Investigando a ciência dos antigos. Os mistérios do Egito e das civilizações desaparecidas. Leia o quarto artigo da série: A Ciência Misteriosa dos Faraós.
A óptica dos antigos
As investigações do Pe Moreux nas pirâmides deram resultados inesperados. O método empregado era rigoroso e os resultados sólidos.
Porém, o sacerdote-astrônomo, como cientista que põe em sã dúvida os seus próprios achados, perguntava-se se não haveria uma outra explicação possível.
Ele avançou os resultados de seus estudos a colegas especializados em outras faixas do saber. Uma dúvida o assaltava especialmente.
Se os sacerdotes que construíram Quéops tinham um conhecimento tão avançado da esfera celeste, eles em qualquer caso, precisariam de instrumentos de observação para aplicar corretamente o seu saber na hora de erguer o monumento.
Mas, o Pe Moreux não vira indícios da existência desse instrumental. Problema análogo, e tal vez mais cruciante, põe-se a respeito da astronomia dos caldeus, altamente desenvolvida: e os instrumentos de observação?
Por certo, não pode se duvidar que os antigos conhecessem o vidro e a óptica. No seu tratado da Óptica, Ptolomeu inseriu uma Tábua de Refrações cujos números divergem pouco das tábuas modernas.
No Cabinet des Médailles, em Paris, existe um selo que contém 15 figuras gravadas numa superfície circular de 7 milímetros, não sendo visíveis a olho nu.
Cícero fala de uma Ilíada de Homero escrita num pergaminho leve que cabia numa casca de noz. Plinio, o historiador, menciona uma escultura em marfim representando uma quadriga “que uma mosca encobria com suas asas”.
As lupas de Cartago e Nínive
A conclusão dos cientistas é que ao menos na Grécia e Roma, conhecia-se a propriedade amplificadora das lupas e a técnicas para fabricá-las.
Em 1905, o Pe. Moreux foi designado pelo governo francês para estudar um eclipse total de Sol, visível desde Sfax, Tunísia. Ele aproveitou a ocasião para visitar um museu mantido pelos Padres Brancos e dirigido pelo Pe. Delattre.
Diante de camafeus minúsculos da antiga Cartago, o Pe. Moreux perguntou a queima-roupa se não havia lupas no acervo do museu. O Pe. Delattre lhe apresentou várias, que atendiam às diversas exigências.
O Pe. Moreux comunicou o achado a cientistas amigos e tomou uma surpresa. Já em 1852, Sir David Brewster, célebre físico inglês, tinha apresentado em Bedford, Inglaterra, uma lente descoberta em Nínive, portanto fabricada em tempos bíblicos.
As lentes achadas em Cartago e Nínive mostram um grau de tecnologia superior às usadas por Galileu Galilei ou por seu predecessor nas observações astronômicas, John Lippersey.
Arquimedes utilizou no sitio de Siracusa espelhos côncavos que incendiavam os navios do inimigo Marcellus, concentrando a luz solar. Ptolomeu montou no século III a.C. um instrumento que permitia ver navios a grande distância.
Os grafites do observatório de Mero
O professor John Garstang, de Liverpool, fez escavações na antiga cidade real de Meroe. Lá tirou à luz os fundamentos de um monumento que atentamente analisado revelou ser um observatório astronômico. Numa coluna estão inscritas as direções do Sol num período determinado do ano na latitude de Meroe.
Nos muros há “grafites” que contem equações numéricas descrevendo fenômenos astronômicos acontecidos 200 anos antes da era cristã.
Numa das muralhas encontra-se um desenho feito às pressas que representa a silhueta de dois personagens. Um deles parece ocupado em analisar a posição dos astros usando um instrumento que lembra fortemente nossos observatórios e seu instrumental azimutal.
Os instrumentos então existiram.
Na Antiguidade encontra-se mostra sempre homens inteligentes e religiosos
O Pe. Moreux registra uma contradição e tira uma conclusão relevante.
A contradição consiste em que por um lado, se fazem todos os esforços para provar que o homem descende de um animal por via de evolução. Mas, de outro lado:
“por mais longe que nós nos remontemos no passado, o homem nos aparece sempre com o mesmo grau de inteligência e religiosidade. (…) que homens entregues a si próprios, obrigados a lutar por sua supervivência material contra uma natureza hostil, tenham podido formar esses aldeamentos cujos restos nos vemos em volta das cavernas pré-históricas; que eles nos tenham deixado sinais de uma indústria e de uma ciência rudimentares, isso não prova absolutamente nada pro ou contra sua inteligência.”.
As pinturas das cavernas mostram que entre seus freqüentadores havia artistas que competem com os modernos. Há desenhos que reproduzem com realismo e vivacidade impressionante a vida cotidiana fala. Tratou-se de artistas de notável talento. eram humanóides ou simióides, mas homens de altas qualidades, embora muito decaídos.
“Então, de duas coisas uma: ou bem os homens ascenderam do estado selvagem até a civilização, ou bem nós estamos diante de linhagens degradadas.”
“Todas as religiões ligadas ao Cristianismo, inclusive a religião judaica, ensinaram que o homem foi criado por Deus num estado de perfeição, portanto de avançada civilização (…) aparece como sendo mais natural considerar os homens da idade de pedra como autênticos decadentes do que acreditar que eles estejam ainda num estado selvagem primitivo”.
Falam nesse sentido também os trabalhos antropológicos na Polinesia (poderíamos nós no século XXI acrescentar os índios amazônicos). Os evolucionistas pretendem que as tribos da Nova-Guiné (ou da Amazônia) vivem num estado primordial.
Mas, observa o Pe. Moreux, se hoje há homens que vivem como na pré-história, logo “a Idade de Pedra é de todas as épocas” e não uma fase da “evolução”.
“A Idade da Pedra” não se identifica com um período determinado do tempo, mas com um estado cultural, que normalmente se define com o termo “decadência”.
Decaídos de onde? Do quê?