Abade
(+ 605)
S. JOÃO CLÍMACO nasceu, em 525, na Palestina. Tendo recebido ótima educação, dedicou-se ao estudo das ciências com tão bom resultado, que mestres e companheiros o honraram com o cognome de escolástico, título de grande distinção que era dado só a homens de extraordinário saber.
Com a idade de 16 anos apenas, se retirou para a solidão, perto do monte Sinai. Desde os dias dos Santos Antão e Hilário, o número de eremitas era considerável. João, receando não poder entregar-se à vida religiosa no meio de muitos monges, escolheu um lugar solitário, onde viveu sob a direção do venerável ancião Martírio.
Observando rigorosamente o silêncio, evitou os escolhos da vã loquacidade. A obediência garantiu-lhe grande tesouro de merecimentos, e tão consideráveis foram os progressos que fez nesta virtude, que parecia não ter vontade própria. Pela sujeição da vontade à do mestre, evitou os perigos que ameaçam àqueles que preferem seguir as inspirações do amor próprio.
Quatro anos passou João no noviciado, antes de fazer os santos votos e, quando afinal foi marcada a data em que se ofereceria a Deus, preparou-se pela oração e pelo jejum, para tão solene ato.
Martírio morreu em 560, e João retirou-se para o deserto de Tola, que se estende aos pés do monte Sinai. A cela em que residia, distava da igreja dos monges três léguas. Todos os sábados e domingos ia ao convento, para assistir à santa Missa e receber a santa Comunhão com os religiosos.
Por mais que quisesse esconder-se do mundo e fugir do contato com os homens, não lhe foi possível atingir este ideal; assim aconteceu que teve de atender o pedido de um jovem, chamado Moisés, para que o aceitasse como noviço.
S. João possuía o dom de conhecer e curar doenças da alma. Um monge de nome Isaac via-se atormentado por tentações contra a pureza e a luta contra a crise levou-o quase ao desespero. Neste estado lastimável, refugiou-se na solidão de João, pedindo ao santo eremita socorro e consolo. “Meu filho, disse-lhe Clímaco, o remédio está no coração, vamos rezar”. Prostraram-se no chão e desde aquele momento, ficou o monge livre da tentação.
A fama de santidade e o alto grau de perfeição que Clímaco possuía, não impediram que lhe surgissem inimigos, nas fileiras dos próprios monges. A humildade e paciência do Santo, porém, desarmaram as acusações caluniosas dos desafetos.
Em 600 foi João eleito Hegumen (abade) de todos os monges do monte Sinai e da redondeza. Dos 70 anos de idade, que contava, 50 anos tinha passado no deserto. Sua administração coincidiu com uma terrível seca e grande fome. Vendo a miséria que reinava, João entregou-se à oração, e Deus recompensou-o mandando chuva abundante e fertilizadora. Ao mesmo tempo recebeu Clímaco uma carta de S. Gregório Magno, em que o grande Papa se recomendava às orações do santo abade e com a carta, mandou-lhe uma avultada quantia, destinada ao hospital que existia perto de Sinai.
A pedido do abade João de Raito, superior de um convento situado perto do Mar Vermelho, João compôs pequena regra para a vida religiosa. Este livro contém os princípios da perfeição evangélica e é intitulado Climax, que quer dizer escala. Daí o cognome, que a hagiografia deu ao autor da obra: João Clímaco.
Uma outra obra que João escreveu, é um resumo de instruções para o Superior. Dos superiores exige, em primeiro lugar a pureza de corpo e alma, depois trabalho incessante na santificação da própria alma, firmeza e coragem, unidas a grande caridade e indulgência para com as fraquezas humanas.
Depois de ter dirigido o convento de Sinai quatro anos, João Clímaco pediu demissão do cargo, para poder preparar-se tranquilamente para a morte. Deixando em seu lugar o abade Gregório, voltou para o deserto de Tola, onde morreu aos 30 de março de 605. João Clímaco faleceu com 80 anos. Poucos dias depois o seguiu Gregório, conforme o pedido que tinha feito a Deus.