Arcebispo de Sevilha, Confessor e Doutor da Igreja
(+ Sevilha, 636)
SANTO Isidoro, o mais insigne dos doutores da Igreja da Espanha, era natural de Cartagena e filho de pais ilustres e profundamente religiosos. O pai, Severiano, era prefeito de Cartagena; a mãe chamava-se Teodora. Os irmãos, Leandro, Bispo de Sevilha, Fulgêncio, Bispo de Cartagena e Florentina, recebem da Igreja as honras de Santos.
Desde menino se dedicava ao serviço eclesiástico, ao estudo da religião e às práticas de piedade. Chamado por Deus, devia Isidoro ser, na mão da divina Providência, um baluarte fortíssimo contra a barbaria e crueldade dos Godos. Junto com o irmão Leandro, então Bispo de Sevilha, trabalhou, com grande resultado, na conversão dos hereges arianos, que naquele tempo perseguiam a Igreja da Espanha e cuja intenção não era outra senão exterminar a Igreja Católica naquele país.
Por morte do irmão Leandro, em 600, foi Isidoro eleito seu sucessor. O programa do seu governo eclesiástico era apaziguar os diversos partidos católicos, restabelecer a ordem e harmonia entre os seus diocesanos. Era ele a alma dos sínodos diocesanos, que foram convocados para o mesmo fim. As decisões mais importantes, que naquela época foram dadas, são pela maior parte obra sua, e todas provam a sabedoria e o zelo apostólico do Santo. Quando, em 610, os bispos da Espanha, reunidos em Toledo, elegeram Primaz da Espanha o Arcebispo da mesma cidade, Isidoro, sem protesto e relutância assinou a data da eleição. O único desejo que nutria, era ver restabelecida a paz e concórdia na Igreja do seu país.
Como presidente do Concílio de Sevilha (619), condenou a seita dos acéfalos e eutiquianos. Tão clara e convincente lhe era a argumentação, que o Bispo Gregório, da Síria, o principal propagandista dos acéfalos, abjurou o erro e voltou à doutrina da Igreja Católica. Os eutiquianos reconheciam na pessoa de Jesus Cristo só uma natureza, quando a Igreja Católica ensina que em Jesus Cristo há duas naturezas, uma humana, outra divina.
No sétimo concílio de Toledo (633), o mais importante na história da Igreja da Espanha, foi Isidoro quem presidiu as sessões, honra e privilégio que o Primaz da Espanha lhe cedeu espontaneamente, dando assim prova pública de quanto o tinha em consideração.
Sempre submisso ao Papa de Roma, como representante de Cristo na terra, procurou implantar o mesmo respeito no coração dos diocesanos. Como indícios certos e indubitáveis do espírito de heresia, Isidoro havia o menosprezo das cerimônias da Igreja, das suas leis e decretos, o desprezo e ódio aos sacerdotes, bispos ao Papa. Para preservar os diocesanos deste espírito pernicioso, procurou incessantemente inspirar-lhes amor à Igreja, respeito às suas leis e veneração aos seus ministros.
Entre estes trabalhos apostólicos se passou a vida do santo Bispo.
Nos seis últimos meses da sua existência, a liberdade de Isidoro chegou a tal ponto, que sua casa era procurada e assediada pelos pobres, desde a manhã até alta noite. Sentindo chegar a morte, mandou chamar para perto de si dois Bispos. Com eles se dirigiu à igreja, onde das mãos de um recebeu o hábito da penitência, enquanto o outro lhe punha cinza na cabeça. Com as mãos elevadas ao céu, orou com muito fervor e pediu a absolvição dos seus pecados. Um dos Bispos deu-lhe a santa Comunhão. Terminada a ação de graças, Santo Isidoro recomendou-se às orações dos diocesanos, perdoou aos devedores e mandou distribuir sua fortuna entre os pobres. Ao povo recomendou, com muito empenho, conservar a paz e a união.
Isidoro morreu nos degraus do altar, em 4 de abril de 636, tendo sido 36 anos Arcebispo de Sevilha. O corpo foi depositado na Catedral de Sevilha, entre os irmãos Leandro e Florentina. As relíquias, transportadas no ano de 1063 para Leon, descansam ainda na igreja de São João Batista.
Santo Isidoro é o grande Santo da nação espanhola, o “grande mestre de escola da Idade Média” pela sua obra monumental: “Etimologia” em 20 volumes, uma verdadeira enciclopédia daquele tempo.