Nos meus tempos de criança, ganhei de meus pais dois livros que faziam o encanto da gente de minha idade. Um se intitulava: “As aventuras do Barão de Munchausen” e o outro “No país dos tolos”. Assim como eu, meus irmãos e primos se deleitavam com a comicidade das estórias e riam dos disparates que aquelas páginas traziam.
Quando leio o noticiário atual, lembro-me sempre dos dois livros, tal o ambiente no qual estamos imersos.
Contava o Barão aventureiro que ganhou uma batalha porque caiu em cima do inimigo montado numa bala de canhão. Como se vê, além de aventureiro, o Barão de Munchausen mentia como um jornal – para usar uma expressão alemã de hoje – do mesmo modo como a mídia faz a favor das esquerdas e contra as direitas. Ela tenta criar a ilusão de que tudo o que a esquerda faz tem apoio popular e falseia o aspecto autoritário “comunistizante” cada vez mais evidente sobre a população.
Um desses aspectos é exatamente a tentativa partida de segmentos ligados aos ditos “direitos humanos”, que cada vez mais favorecem os criminosos e agora quer punir e desmontar, não quem comete o crime, mas quem lhe serve de barreira. Sim, estou falando da campanha publicitária, fortemente apoiada pela mídia, que está havendo contra a Polícia Militar, no entanto um dos símbolos da ordem mais estimados pela população.
Quando as estatísticas estão apontando um aumento assustador da criminalidade, a mídia noticia os fatos alegando a excessiva dureza da PM. Quando a PM recrudesce sua atuação, esses segmentos dos “direitos humanos”, altamente apoiados pela mídia (e seus congêneres esquerdistas) berram alegando que está além das medidas.
O interessante é que, para os esquerdistas, os bandidos nunca passam da medida… Se um bandido é morto, faz-se um estardalhaço. Se um policial é morto, faz-se um silêncio “esquecedor”. Um bandido “mata” várias pessoas, mas a polícia comete “uma chacina”. O bandido mata por culpa da sociedade, mas a polícia mata por culpa própria etc. Isso tem sido comum.
Já o livro “No país dos tolos” havia uma das estórias que narrava um problema incrível. A prefeitura de um lugarejo, cujo nome não me lembro mais, construiu na cidade um imóvel para uma determinada repartição. Porém, terminada a obra, e só então, todos se deram conta de que o prédio não tinha janelas, e o seu interior ficou muito escuro.
A saída para o caso foi combinar um mutirão que resolvesse o problema. Na data marcada, todos os habitantes da cidade se apresentaram cada um com uma caixa vazia, ou com uma lata, havia até gente com alçapão de pegar passarinho, para resolver o problema da escuridão. Dada a ordem pelo prefeito, todos se mobilizaram para encher suas caixas ou o que fosse, com luz “colhida” fora do prédio, tapando-as em seguida e correndo para abri-las dentro do mesmo para, assim, enchê-lo de luz. E assim passaram o dia inteiro. Realmente era um país de tolos. Essa mesma impressão se sente diante de certos estapafúrdios hoje.
Tomando o próprio caso da PM. De repente a mídia traz um tsunami de pedidos, inclusive da ONU – nenhum da população, é bom frisar – para que a PM seja extinta porque está matando muitos bandidos. Ora, a mídia nunca chora um policial morto, nem sua esposa e filhos que ficam sem seu arrimo e protetor. Vai longe o tempo em que morrer em defesa do bem, das leis, era um grande mérito.
Imaginemos uma estória na qual um bando de criminosos invadisse uma cidade e matasse vários de seus habitantes. Dado o alarme, a polícia chega começa a abraçar os bandidos, oferecendo-lhes cerveja. Uma banda da polícia toca e todo mundo começa a dançar, inclusive a população, para ver se os criminosos, carregados de afagos, param de matar o pessoal. Seria uma estória típica do país dos tolos.
Ora, o que as esquerdas querem fazer no Brasil é mais ou menos isso. Que os bandidos sejam reconsiderados e tratados como se não o fossem e quem não é bandido seja tratado como sendo. Então, nós somos um país de tolos?
Digo com toda franqueza: Isso só vale para os brasileiros que quiserem acreditar nessa estória. Plinio Corrêa de Oliveira, já em 1983, descreveu com sua pena profética, clarividente e invencível, essa manobra, que naquele ano fazia seus primeiros ensaios. É importante o leitor se situar naquela época e ver como, mais uma vez, Dr. Plinio acertou na mosca.
Para não alongar, colocarei apenas um esquema do que ele escreveu no artigo “Quatro dedos sujos e feios”, publicado na “Folha de S. Paulo” do dia 16 de novembro daquele ano. O que vem entre colchetes é acréscimo nosso:
– O comunismo fracassou no Brasil: o PC é um anão de dar vergonha; – O sindicalismo [CUT etc.] também não adiantou de nada: seus chefes são comunistas, mas não domina as bases bonacheironas; – O mesmo quanto à infiltração comunista na Igreja [certos segmentos da CNBB, Comissão Pastoral da Terra etc.]: teve muito êxito nas cúpulas e no clero, mas não na miuçalha católica, a não ser em diminutas proporções; – Daí a nova tática: a apologia do crime, para suprir esses fracassos. Esquema da estratégia:
a) Pelas tubas da mídia [e das ONGs de “direitos humanos”], inculcar que ideia de que a onda de criminalidade não nasce tanto da maldade dos homens, mas das convulsões sociais originadas da fome. Elimine-se a fome, desaparecerá o crime. Como, aliás, também a prostituição.
b) A quem chamamos de criminoso, na verdade é uma vítima. O verdadeiro criminoso é o proprietário, sobretudo o grande: este é que rouba o pobre. O ladrão de penitenciária rouba um homem. O proprietário rouba o povo inteiro. E seu crime social é de uma maldade enorme.
c) À vista de tudo isso, um governo consciente de suas obrigações tem por dever desmantelar a repressão e deixar avançar a criminalidade. Pois a criminalidade não é senão a revolução social em marcha. Todo assassino, todo ladrão, todo estuprador não é senão um arauto do furor popular.
d) Então faz parte desse esquema fazer constar ao mundo inteiro que a explosão criminal no Brasil está sendo caluniada por reacionários ignóbeis. E que a criminalidade é a expressão do furor vindicativo das massas, que os sindicatos e a esquerda católica não souberam galvanizar.
e) Também faz parte desse esquema fazer entrar armas no Brasil. Quando os burgueses apavorados estiverem persuadidos de que não há saída para mais nada, suscitar de dentro da criminalidade um ou alguns líderes, a quem a propaganda chamará de líder carismático.
f) O jogo se completará pela voz de algum ou alguns bispos, ou talvez a CNBB, que dirá que, para evitar mal maior, é preciso que os burgueses se resignem a tratar com aqueles que [dentre os bandidos] têm um grau de banditismo menor.
g) E assim se constituirá um governo à Kerensky, bem de esquerda. O dia seguinte será do Lênin que a Propaganda escolher. Que Nossa Senhora Aparecida nos proteja e ajude a superar tal investida.