1. O Socialismo é incompatível com o cristianismo e a Igreja Católica
O socialismo é incompatível com a doutrina católica, quer por sua concepção do universo e do homem, quer ainda porque atinge duas instituições que são pilares da civilização cristã, isto é, a propriedade e a família. Diz o Papa Pio XI: “[…]o socialismo, quer considerado como doutrina, quer considerado como fato histórico, quer como “ação”, se permanecer verdadeiramente socialismo, não pode conciliar-se com os ensinamentos da Igreja Católica, visto que seu conceito sobre a sociedade é de todo contrário à verdade cristã”1.
2. O socialismo viola a liberdade individual e a natureza humana
O socialismo visa eliminar as chamadas “injustiças” por meio da transferência de direitos e responsabilidades dos indivíduos e das famílias para o Estado. No processo, o socialismo realmente cria injustiças. Ele destrói a verdadeira liberdade: a liberdade de decidir todas as questões que estão dentro da nossa própria competência e de seguir o curso indicado pela nossa razão, nos limites das leis morais, incluindo os ditames da justiça e da caridade. Ademais, o socialismo é antinatural. Ele destrói a iniciativa pessoal − fruto do nosso intelecto e livre arbítrio − e o substitui pelo controle do Estado. Ele tende ao totalitarismo, com a repressão do governo e da polícia, onde é aplicado.
3. A igualdade socialista é falsa
Por natureza, todos os homens em um sentido são iguais, mas em outro sentido são desiguais. Iguais, eles o são porque criaturas de Deus, dotadas de corpo e alma, e remidas por Jesus Cristo. Assim, pela dignidade comum a todos, têm igual direito a tudo quanto à condição humana é próprio: vida, saúde, trabalho, Religião, família, desenvolvimento intelectual etc. Uma organização econômica e social justa e cristã repousa, desse modo, sobre um traço fundamental da verdadeira igualdade. Mas, além dessa igualdade essencial, há entre os homens desigualdades acidentais postas por Deus: de virtude, de inteligência, de saúde, de capacidade de trabalho, e muitas outras. Toda estrutura econômica e social orgânica e viva tem de estar em harmonia com essa ordem natural das coisas. Portanto, desde que todos tenham o justo e condigno, as pessoas bem-dotadas pela natureza devem poder, por seu trabalho honesto e sua economia, adquirir mais.
4. O socialismo viola a propriedade privada
O socialismo apela à “redistribuição da riqueza”, tirando dos “ricos” para dar aos pobres. Impõe impostos que punem aqueles que foram capazes de tirar o maior proveito dos seus talentos produtivos, capacidade de trabalho ou hábitos de poupança. Ele utiliza a tributação para promover o igualitarismo econômico e social, um objetivo que será plenamente alcançado, de acordo com o Manifesto Comunista, com a “abolição da propriedade privada”.

5. O socialismo se opõe à família tradicional
Desde os primórdios da História, a família e a propriedade privada existem em uma união natural indissolúvel. Como o direito de apropriar-se, a natureza humana gera outrossim o direito de constituir família. Com efeito, os gastos com a manutenção do lar e a educação condigna dos filhos tocam, naturalmente, ao seu chefe. Assim constitui-se em favor da família, sobre o trabalho de seu chefe, um direito natural mais próximo e mais grave do que os eventuais direitos da sociedade. Tal direito tem por objeto não só o que o homem ganha, mas também o que ele acumula. Porque o lar acarreta para seu chefe encargos maiores do que os do solteiro. Enquanto trabalhar, acumular e prosperar pode ser não raro para o solteiro mais um direito do que um dever, para o chefe de família é antes um dever do que um direito. Propriedade e família são, pois, instituições conexas e, mais do que isso, conaturais. Assim, negando o princípio da propriedade privada, o socialismo nega logicamente a família. Também nega que as relações sexuais se restrinjam ao casamento, isto é, na união indissolúvel entre um homem e uma mulher. Friedrich Engels − fundador do socialismo e do comunismo modernos, juntamente com Karl Marx − considerava a propriedade privada como o fundamento do casamento tradicional, daí a necessidade de rejeitá-la.
6. O socialismo se opõe ao direito dos pais na educação dos filhos
O socialismo, na mesma medida em que se radicaliza, quer que o Estado controle a educação das crianças. Quase desde o nascimento, as crianças devem ser entregues a instituições públicas, onde lhes será ensinado o que o Estado quer, independentemente dos pontos de vista dos pais. A teoria da evolução deve ser ensinada [em oposição à doutrina da origem dos seres por criação]. A oração deve ser proibida nas escolas.
7. A igualdade socialista conduz ao totalitarismo
A dita igualdade absoluta entre os homens é o pressuposto fundamental do socialismo. Por isso, ele visa acabar com toda e qualquer desigualdade de bens materiais, que deverão ser distribuídos entre todos os homens. No entanto, pela própria natureza das coisas essa desigualdade logo reaparecerá. Os mais saudáveis e mais esforçados trabalharão mais, por exemplo, e adquirirão mais bens do que outros. Acresce que o filho único herdará mais do que aquele que tiver dez irmãos. Como manter então essa igualdade sonhada? Ou se dará ao Estado um poder totalitário para reprimir a prosperidade dos mais capazes e dos mais esforçados, ou o regime estritamente igualitário não existirá. Ademais, ou se suprime não só a herança, mas também a família, ou os pais estarão continuamente tentados a acumular bens clandestinos para favorecerem seus filhos. O grande, o único, o verdadeiro proprietário e senhor será o Estado.
8. Socialismo e comunismo são graus de uma mesma ideologia
O comunismo não é senão uma forma extrema de socialismo. Do ponto de vista ideológico, não há diferença substancial entre os dois. Na verdade, a União Soviética, um país comunista, chamou-se “União das Repúblicas Socialistas Soviéticas” (1922-1991) e igualmente a China comunista, Cuba e Vietnã se definem como nações socialistas.
9. O socialismo promove o relativismo
Para o socialismo, não existem verdades absolutas nem moral revelada, que estabelecem normas de conduta aplicáveis a todos, em todos os lugares e sempre. Tudo evolui, incluindo o certo e o errado, o bem e o mal. Não há lugar para os Dez Mandamentos, nem na esfera privada, nem no discurso público.
10. O socialismo tende ao ateísmo e zomba da religião
A crença em Deus, que ao contrário de nós é infinito, onipotente e onisciente, choca-se de frente com o princípio da igualdade absoluta. O socialismo, por conseguinte, rejeita o mundo espiritual, alegando que só existe a matéria. Deus, a alma, e a vida futura seriam apenas ilusões. Para Karl Marx, a religião é o “ópio do povo”. Lênin, o fundador da União Soviética, vai mais longe: “A religião é uma espécie de aguardente espiritual de má qualidade, com a qual os escravos do capital afogam a sua imagem humana, a sua procura por uma vida mais ou menos digna do homem.”
Que Deus proteja o Brasil do socialismo.
- Encíclica Quadragésimo Anno. https://www.vatican.va/content/pius-xi/pt/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19310515_quadragesimo-anno.html ↩︎