Quase 90% das cidades chinesas têm a atmosfera contaminada, algumas pesadamente, com perigo para a saúde de seus habitantes.
A percentagem é impressionante: das 74 aglomerações monitoradas pelo ministério de Meio Ambiente, apenas 8, ou quase 10%, estiveram abaixo da fronteira do perigo em 2014, noticiou o jornal parisiense “Le Figaro”.
A maior preocupação é com o PM2,5, critério que mede as partículas mais finas no ar, o monóxido de carbono e o ozono.
Trata-se de partículas especialmente pequenas e assassinas que danificam os sistemas respiratório e cardiovascular, a partir dos quais penetram até no cérebro, ameaçando as crianças em gestação, etc.
Há um ano, a Academia Chinesa de Ciências Sociais advertiu em relatório que Pequim, a capital do país, “apenas era vivível para os seres humanos”.
A frase dá a magnitude do desastre, sobretudo considerando o perigo a que se expuseram os cientistas que, ao reconhecerem o fato, contrariavam a propaganda internacional do regime.
Em 2012, registrou-se um auge de poluição por semana, gerando até perturbações no tráfico aéreo.
Os habitantes das zonas urbanas consultam diariamente os índices de poluição e na prática vivem resignados à bruma cinza e tóxica que os envolve.
A partir de 2013 multiplicaram-se as manifestações de cidadãos exasperados pelo ar poluído que recorreram à violência.
A pressão diplomática pede ao regime políticas humanitárias contra a intoxicação do ar. Mas o governo só se mexeu quando percebeu que os turistas estavam deixando de ir.
No outono de 2013, numa declaração que não se sabe se deve ser levada ao trágico ou ao cômico, o primeiro-ministro “declarou guerra” à poluição, anunciando verbas e objetivos.
O problema essencial é que a solução passa pelo fechamento das usinas termoelétricas que queimam carvão. E a China, que promete construir usinas nucleares de energia limpa no exterior, não pretende acabar com esses incansáveis geradores de fumaça tóxica.
As metas econômicas fixadas pelo Partido Comunista devem ser atingidas, qualquer que seja o preço a pagar. E o preço pode incluir a decapitação política e até física do responsável pela diminuição da produção.
Em novembro 2014, os EUA e a China assinaram um acordo prevendo compromissos contra a emissão de CO2 que pouco ou nada têm a ver com o problema. Ficou lindo para a mídia.
A área mais atingida é a de Pequim e redondezas: das dez comunas com o ar mais envenenado, sete ficam na província de Hebei, onde se concentra a indústria pesada que rodeia a cidade.
A média da medida do PM2,5 na região é de 93 microgramas por metro cúbico, e a meta tolerada, segundo a lei escrita que não é respeitada, é de 35 microgramas.
O sonho chinês de hegemonia mundial comunista passa por cima de qualquer outra consideração.