Venerar e Adorar é a mesma coisa? – Parte II

7

O mesmo protestante de março (2/3/99 etc), agora envia 14 páginas tentando refutar a resposta daFrente Universitária Lepanto de 8/3/99 Se tiver paciência, entre e leia os argumentos dele, sempre baseados no “Livre Exame” e na livre interpretação… Trecho de seu novo e-mail: “Fica claro através dessas citações a intenção mais explicita de adoração aos santos por parte do Romanismo Então, Frederico, diante dessas afirmações, vocês adoram ou não Maria?”

Tréplica recebida em 31/5/99

Assunto: Idolatria

Prezado Frederico,

Após algum tempo de espera, fiquei muito contente pela resposta à tréplica que lhe enviei ainda no mês de março.

Confesso que fiquei mais perplexo com suas respostas do que anteriormente.

Não sei se tanta confusão é involuntária ou se faz parte da mentalidade romana de brincar com os termos a fim de confundir as pessoas, em vez de orientá-las na reta doutrina.
Se não vejamos:

Primeiro você diz que os católicos romanos não adoram as imagens dos santos, mas as veneram. Depois diz que não as adoram, mas lhes rendem culto de dulia. Em seguida, desconsiderando totalmente a proibição de prestar culto somente a Deus, ensinada nos dez mandamentos em Êxodo 20: 4,5: “Não farás para ti imagens de escultura nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes dará culto”. (Os itálicos são meus), você reafirma : “O culto de dulia é um culto de sujeição, mas não de adoração. E depois, numa flagrante contradição, propõe um tipo de adoração mais light: “Adoração de reverência”. Então quando você fala de reverência está falando de adoração mesmo, nesse sentido estou certo quando digo que, para vocês romanos, venerar é o mesmo que prestar culto e adorar.

“Quando alguém diz que adora feijoada, ele está a adorando em que sentido?” Você pergunta.

Ora, Frederico, quando alguém diz que gosta de feijoada está usando uma hipérbole. E quando alguém diz que adora Maria? Em que sentido está usando o verbo adorar? É uma hipérbole também?

Mas quando alguém começa a querer encontrar atributos divinos na feijoada, o assunto passa  a ser diferente.  O que você diria se alguém começasse a fazer imagens de feijoada, prestar-lhe culto e justificar essa atitude dizendo que a feijoada é onipotente, onipresente e onisciente, que a feijoada é redentora e salvadora. O que você diria se alguém começasse a reconhecer na feijoada atributos que são exclusivos de Deus? Se isso continuar, logo a feijoada será canonizada,  será reconhecida como Santa Feijoada e na prática logo passará a ser considerada a quarta pessoa da trindade.

Não estou querendo comparar a feijoada a algum santo. Seria ridículo atribuir alguma imagem antropomórfica à feijoada, salvo no caso de figura de linguagem apenas. Assim como também seria ridículo conferir atributos divinos a um ser humano, a um santo ou a uma imagem de escultura, como fica claro no Salmo 115: 3-6 (113 B, 11-16)  “Prata e ouro são os ídolos deles, obras das mãos dos homens. Têm boca, e não falam, têm olhos, e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz, e não cheiram. Suas mãos não apalpam, seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes os que os fazem e quantos neles confiam. (Itálicos meus).

Você mesmo disse o seguinte: “Já havia deixado claro que, para dizer que os católicos adoram os santos, eles teriam que dizer que S. Benedito não é S. Benedito, mas Deus.”
Mas, Prezado Frederico, é exatamente isso que vocês romanos fazem ao reconhecer nos santos atributos que só pertencem ao Deus altíssimo.
Veja o que disse Santo Afonso de Ligório no  livro “Glórias de Maria:

“Os pecadores só por intercessão de Maria recebem o perdão.
Todos os vossos servos alcançam por vossa intercessão a vida da graça e a glória eterna. Em vós acham os pecadores perdão…
Querendo ele remir o gênero humano depositou o preço da redenção nas mãos de Maria para que o reparta à sua vontade.

“Se o meu Redentor, por causa das minhas culpas, me lançar fora de seus pés, eu me prostrarei aos pés  de Maria, sua mãe, e deles não me afastarei enquanto dela não alcançar o perdão. Deus, antes de no mundo existir Maria, se queixava de não haver quem o impedisse de punir os pecadores; mas agora é Maria quem o aplaca. Muitas coisas se pendem a Deus, e não se alcançam. Pedem-se a Maria, e conseguem-se. Quando nos dirigimos a esta divina mãe, não só devemos ficar certo de seu patrocínio, mas às vezes seremos até mais depressa atendidos e salvos. Sóis onipotente, ó Maria, visto que seu Filho quer vós honrar, fazendo sem demora tudo quanto vós quereis Ouvi as minhas orações, e tende compaixão dos meus suspiros, ó minha Rainha, que  sóis  meu refúgio, minha vida, meu auxílio, minhas esperança, minha fortaleza! Ide Maria! O senhor decretou não conceder favor algum sem a mediação de Maria. Por isso nas mãos delas está nossa salvação. Ao mesmo tempo está fora de dúvida que pelos merecimentos de  Jesus Cristo foi concedida a Maria a grande autoridade de ser medianeira de nossa salvação.”

Fica claro através dessas citações a intenção mais explicita de adoração aos santos por parte do Romanismo. Então, Frederico, diante dessas afirmações, vocês adoram ou não Maria? Segundo seu comentário, deve-se dizer que o santo não é santo, mas Deus, para que a adoração fique caracterizada. Tais citações acima deixam claro a posição de Maria na Igreja Romana. Maria é reconhecida como uma divindade: “Divina mãe”; atributos exclusivos da divindade também são reconhecidos nela. Para os romanos, Maria tem o poder de interceder, de perdoar pecados, de salvar, de ser medianeira entre Deus e os homens, de atender orações, de ser salvadora e medianeira da salvação. Chega-se ao ponto de dizer que Maria  responde orações mais depressa do que o próprio Deus e de responder orações que Deus não responde e, pasme, de ser onipotente! O que dizer diante de tudo isso senão que os romanos estão transferindo atributos divinos, que só podem ser reconhecidos no Pai no Filho e no Espírito Santo, a Maria. De acordo com as Sagradas Escrituras, somente Cristo pode interceder por nós perante o trono de Deus o Pai.

“Muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito Eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! Por isso mesmo ele é o Mediador da nova aliança a fim de que, intervindo a morte para a remissão das transgressões que havia sobre a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. (Hb 9: 4-5) “Por que há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Homem.” (I Tm 2: 5) “Portanto , pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles.” (Hb 7:25) “Mas se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu filho nos purifica de todo pecado.” (I Jo 2.12) “Mas Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rm 5:8). “Filhinhos, escrevo-vos porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados.” (I Jo. 2;12) “Mas Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rm 5:8) “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será Salvo.” (AT 2: 21) “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.” (Jo 14: 13,14)

Ao demonstrar o reconhecimento de atributos divinos nos santos, fica derrubado o argumento de que os mesmo são só santos, intimamente os católicos romanos os vêem como divindade. É isso nada mais é do que adoração no sentido mais estrito da palavra.

A prática da Igreja de Roma é que se consagre solenemente as imagens através da bênção dos seus padres, colocando-as em suas igrejas e nos lares do seu povo, que lhes oferecem incenso e o povo é ensinado a inclinar-se diante delas e adorá-las.

Quanto ao sentido do verbo adorar do latim você está correto. Você disse: “No sentido verbal adorar (ad orare) significa simplesmente ‘honrar’ e não adorar.”

Mas em que sentido vocês adoram os santos, então?

Em seguida você passa a tecer considerações sobre o que você imagina ser “falsificações introduzidas na Bíblia após Lutero”.

São tantas as contradições, que nem sei por onde começar.

Você menciona a  “Bíblia Católica original”, mais especificamente a versão da Vulgata Latina, como se a igreja romana detivesse os direitos autorais das Sagradas Escrituras.
Primeiramente, o texto original dos versículos por você citados foram escritos em hebraico. Aliás a Bíblia sagrada foi escrita  em hebraico, aramaico e grego. Por mais privilegiada que seja qualquer tradução, a fim de efetuarmos uma exegese mais acurada, devemos começar sempre nossos estudos com as línguas originais, caso contrário nossa hermenêutica correrá o risco de claudicar de umas das pernas, depois podemos nos valer do auxílio de outras traduções.

Veja só o que o que texto original hebraico diz a propósito dessas passagens, e também algumas outras traduções famosas concernente a esses versículos citados do Livro de Gênesis:

(Quadro com as traduções dos termos – impossível de ser reproduzido em html)

Agora sim, podemos pensar em fazer uma exegese de verdade. Em seu e-mail anterior você diz que esperava sinceridade por minha parte, que muitas vezes falta nos protestantes.
Achei que não precisava pedir o mesmo a vocês romanos. Parece que vocês todos já são sinceros…  Mas, pela desonestidade com que você manipula os textos sagrados, devo pedir o mesmo.

No hebraico o verbo originalmente usado é histahavah.

De acordo com a revista Defesa da fé:

“Esse verbo também é usado em referência ao antigo hábito oriental de se prostrar diante de uma pessoa, com reverência … Essa prática não estava mais em uso no Novo Testamento (para não se  confundir com adoração) Cornélio se prostrou diante de Pedro, que foi corrigido de imediato.  Pedro  o alertou de que era homem, pois tal prática é reservada somente a Deus.  (At. 22:9)

“Quando o apóstolo João se viu perante um anjo, como descrito no capítulo 22 do livro de Apocalipse, versículos 8 e 9, também prostrou-se ante os seus pés “… E, quando as ouvi, prostrei-me ante os seus pés, para adorá-lo. Então ele me disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras da profecia deste livro. Adora a Deus. (Itálicos meus). ”

O mesmo ocorre na Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento, onde o verbo empregado é proskunew. O léxico grego do novo testamento define esse verbo como  prostrar-se ou adorar. Das 60 vezes que o verbo proskunew  aparece no Novo Testamento, apenas 2 vezes o sentido de “adoração” fica nebuloso: Mt 18,26 e Ap 3:9 (que parece mais uma reverência). Nos demais casos é de adoração, tanto a Deus-Pai (Mt 4:10; Jo 4.21-24; Ap 11:16; 19:10. 22:9) quanto a Jesus Cristo (Mt 2:2, 8; 8:2; 9:18; 14:33; Jo 9:38) … Da mesma forma o verbo aparece referindo-se a Satanás e à besta (Mt 4:9; Ap (9:20 e aos ídolos (At 7: 43).”

Como você disse adorare tem várias concepções e é por isso que Jerônimo preferiu o verbo adorare em vez de prostrar-se, como todas as demais traduções citadas. Não se trata de nenhuma falsificação uma vez que o verbo original hebraico implica os dois conceitos. Mas é claro que Jerônimo não estava querendo dizer que as pessoas estavam adorando umas às outras ao se prostrarem por terra, salvo no capítulo 33:3, onde o próprio Senhor aparecera a Abraão. Nesse caso a adoração é legítima porque se trata de uma teofania. O próprio senhor aparece a Abraão. Nos outros casos não se trata de adoração, no sentido estrito da palavra, se não Jerônimo ele mesmo estaria se contradizendo, uma vês que usou o mesmo verbo em Êxodo 20:4,5

“non facies tibi sculptile neque omnem similitudinem quae est in caelo desuper et quae in terra deorsum nec eorum quae sunt in aquis sub terra 20:5 non adorabis ea neque coles ego sum Dominus Deus tuus fortis zelotes visitans iniquitatem patrum in filiis in tertiam et quartam generationem eorum qui oderunt me “. (Itálicos meus)

Veja sua desonestidade flagrante, ou quando muito falta de conhecimento, ao dizer das “falsificações” introduzidas após Lutero. Você diz que o texto verdadeiro (como que se a tradução latina fosse o texto original)  traz o seguinte: “Ele mesmo (Jacó) adiantou-se, o adorou (a Esaú) sete vezes, prostrado por terra, até chegar o seu irmão”. (Gn 33,3)
“Texto adulterado: ‘inclinou-se a terra sete vezes’.””Texto católico: ‘E José era príncipe na terra do Egito, e, conforme a seu mando, se vendia trigo aos povos. E como o adorasses seus irmãos…’””Texto protestante: ‘Viera [sic] e inclinaram-se com a face em terra’.”Ora, ora Frederico, valha me Deus! Veja só a confusão que você está fazendo! Vamos recapitular: O verbo no original hebraico é histahavah, que pode ser, segundo os eruditos, prostrar-se ou adorar. A Septuaginta usa o verbo proskunew, que também significa prostrar-se ou adorar. Lutero traduziu como neigte sich zur Erde, und neigte sich siebenmal zur Erde, fielen sie vor ihm nieder zur Erde auf ihr Antlitz, cuja a idéia em português e prostrar-se ou inclinar-se. A famosa versão do rei Tiago (King James Version) assim traduz: he bowed himself toward the ground, and bowed himself to the ground, and bowed down themselves before him with their faces to the earth. Almeida e a Bíblia de Jerusalém empregam o verbo prostrar-se. Segundo sua opinião, as traduções que empregam o termo prostrar-se são falsificadas.

Que pena, Frederico! Gosto tanto da tradução da Bíblia de Jerusalém! O texto da Bíblia de Jerusalém, da Igreja Católica Romana, emprega o mesmo termo usado pela tradução de Almeida: prostrar-se. Então esse texto da Bíblia de Jerusalém, da Igreja Católica Apostólica Romana, com Imprimatur de sua Eminência Reverendíssima, Paulo Evaristo Cardeal Arns e tudo também é uma falsificação?

Convenhamos, isso causa calafrios! Brrrrrrrr

Não sei que tradução você usou. Todas as traduções citadas acima usam prostrar-se, exceto a Vulgata.

O texto que você diz ser verdadeiro usa os dois verbos: adorar e prostrar. “…o adorou sete vezes, prostrado por terra.” Este sim parece ser um texto pervertido. Convenhamos Frederico, usemos um termo ou outro, tanto faz, mas usar ambos… Bem fizeram os outros tradutores ao usar prostrar-se em vez de adorar. Evitando tanta confusão como esta que você está fazendo.

Imagine só as pessoas menos instruídas do que você, como não ficariam confusas! É isto que você deseja? É isto que a Igreja de Roma deseja?

Já que você é tão zeloso quanto a tradução das Sagradas Escrituras, deveria olhar com mais atenção o que sua igreja fez com o texto dos dez mandamentos, como explica o seguinte artigo de revista Defesa da Fé:

Não se pode negar que a Igreja de Roma tornou sem efeito o segundo mandamento no meio de se  povo e que ela ensina como doutrina cristã os seus próprios preceitos, que não passam de mandamentos de homens. Ela não se atreveu a retirar o mandamento de sua Bíblia, mas ela o afastou o quanto pôde da vista do povo. Considerando que suas práticas são contrárias à Bíblia, ela encobre a   sua culpa omitindo-se esse mandamento na sua versão do decálogo e de seus catecismos e livros de  texto! Então ela renumera os mandamentos, fazendo do terceiro o número dois, do quarto o número  três e assim por diante. E para encobrir esta deficiência, ela rasga o décimo mandamento em dois,  criando assim dois pecados diferentes de cobiça – o cobiçar da mulher do próximo e o cobiçar dos  bens do próximo. Como resultado deste sofisma, multidões de pessoas são enganadas e levadas a   cometer o pecado da idolatria.

É assim que a velha tática de valer-se de sofismas falaciosos da Igreja de Roma empurra milhões de almas desavisadas a cometer a idolatria.

Os católicos romanos tentam justificar o uso de imagens, fazendo distinção entre o que eles chamam de idolatria, que é devoção dada unicamente a Deus, hiperdulia, que é concedida a Maria, e dulia, uma forma inferior de devoção que é concedida aos santos. O povo, particularmente aqueles que são  analfabetos, dos quais os países católicos romanos possuem tantos, não entende nada dessas  diferenças técnicas feitas pelos teólogos. Eles adoram as imagens de Maria e os santos da mesma  forma pela qual adoram as imagens de Cristo, e geralmente com muito mais fervor. Eles adoram também o ‘Santo Sacramento’ que eles crêem ser o verdadeiro corpo, alma e divindade de Cristo. O único nome que encontramos para o seu costume é idolatria (…) No começo do século sétimo,  Gregório, o Grande (590-604), um dos papas mais fortes, aprovou oficialmente o uso de imagens nas  igrejas, mas insistiu que elas não fossem adoradas. Mas durante o século oitavo, ofereceram-se-lhes  orações e elas foram rodeadas de uma atmosfera de ignorante superstição, de modo que até os muçulmanos zombavam dos cristãos, chamando-os de adoradores de ídolos. Em 726, Leão III, o imperador bizantino tentou consertar o abuso em seus domínios, ordenando que as imagens e  quadros fossem colocados tão alto que os crentes não pudessem beijá-los. Mas quando fracassou  em conseguir seu intento, emitiu uma ordem proibindo o uso das imagens nas igrejas, chamando-as de pagãs e heréticas. Para apoiar a sua ação realizou um sínodo em Constantinopla, em 754, que deu a  sanção eclesiástica ao seu ato. Esta grande controvérsia veio a ser conhecida como a disputa  “iconoclasta”, uma palavra que significa “destruição de imagens”. Mas em 787, um concílio reuniu-se  em Nicéia (Bitínia), repudiou o concílio anterior e sancionou plenamente o culto às imagens e aos  quadros nas igrejas.

Também não posso deixar de tecer alguns comentários sobre o a tradição. A Bíblia não foi escrita pela tradição e sim pela inspiração do Espírito Santo, como afirma a o texto da Segunda Epístola de Pedro, capítulo 1, versículo 21:

“Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” Cf. At 1:16; Hb 10:15-17; 2 Pr 1:21. “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”. 2 Tm 3:16

Eis mais uma sutileza da Igreja de Roma e do papismo. Ao colocar a tradição acima da inspiração do Espírito Santo, Roma pode ditar o que bem entender. Tudo se justifica uma vez que Roma e seus papas é que ditam a verdade através da tradição humana que eles inventaram. Destarte uma profusão de doutrinas estranhas ao cristianismo são aceitas pelo romanismo sem hesitação. Além disso, o  “infalível” sumo pontífice se arroga o direito de dizer o que bem entende com base em suas elucubrações e na tradição que ele mesmo acha ser superior às Sagradas Escrituras.

É assim que, em nome de Deus, milhares de milhões de pessoas foram achacadas, execradas, perseguidas, torturadas, trucidadas, estranguladas e queimadas ainda vivas, deixando na história um rastro de sangue e cinzas que jamais pode ser apagado da memória da humanidade, sob pena de vermos se repetir na história o ressurgimento da inquisição e o recrudescimento de um tipo de catolicismo mais retrógrado e tridentino.

Roma fará de tudo para esconder esse passado nojento e podre. Seus padres ficam irritadíssimos quando se indaga sobre este aspecto mais abjeto de sua história. Apesar de toda aparência de piedade do atual marketing católico romano, continuam sendo como os fariseus dos tempos de Cristo: verdadeiros sepulcros caiados.

Ao colocar a tradição acima das Escrituras, Roma se equipara aos fariseus antigos, que defendiam a mesma idéia. Achavam que eram os verdadeiros intérpretes da lei de Moisés porque haviam recebido uma tradição oral que só eles possuíam. Achavam que essa tradição fora dada pelo próprio Moisés e por isso achavam que eram donos do sagrado e podiam manipular o povo com seus preceitos religiosos e humanos, afastando-os  da verdade e impondo-lhes um fardo religioso insuportável.

As escrituras falam de dois tipos de tradição: a tradição boa e a tradição má.

Você foi imparcial ao citar apenas textos que falam da tradição boa. Mas quero devolver-lhe alguns que falam da tradição má, aquela que sufoca as pessoas e as afastam de Deus.

“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata e ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais”  (1 Pe 1:8)
“Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos ancião? Pois lavam as mãos quando comem pão” (Mt 15:2
“Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição?” (Mt 15: 6)
“Por que, deixando o mandamento de Deus retendes a tradição dos homens…” (Mc 7:8)
“E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição.” (Mc 7:13)
“Invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas.” (Mc 7:13)
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.” (Cl 7:13)

Isto ainda não é tudo. De todos os argumentos citados em seu e-mail, o pior deles é o de dizer que a Bíblia condena o “livre exame”. Que asneira!!!!

Para tanto, perseguindo fielmente a prática sofista da “Santa” Madre Igreja, prossegue citando  versículos fora do contexto. O versículo da segunda Epístola de Pedro capítulo 1, versículo 20, não está dizendo que não devemos exercer o livro exame. O que diz é que a Bíblia foi inspirada por Deus e não por vontade humana, o versículo seguinte continua a explicação de Pedro: ” …porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”.
O versículo de 2 Pd 3:15 também não condena o “livre exame”, só está dizendo que as pessoas ignorantes deturpavam as coisas difíceis que o apóstolo Paulo escrevera para a própria perdição deles. Talvez, se houvessem eles crescido na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, manejando bem a palavra da verdade, libertar-se-iam de tanta ignorância.

Jesus, nosso terno Salvador, alertava os fariseus quando dizia “Examinai as Escrituras porque cuidais ter nela a vida eterna, e são elas que de mim testificam”.

Ao citar versículos  fora do contexto, você me faz lembrar de uma frase do falecido presidente Jânio Quadros ao então candidato ao governo do Estado de São Paulo, Franco Montoro, num debate da TV Bandeirantes. Com aquela voz rouca e peculiar, disse ele: “Você está usando as Escrituras, valendo-se de Belzebu.

A igreja de Roma tem medo de que as pessoas exerçam o livre exame, como você disse: “em que cada um segue sua cabeça e justifica suas opiniões”. Essa declaração sua deixa transparecer isso. Meu doce Jesus! Valei-me! O pior seria se cada um seguisse a cabeça de outrem e não justificasse sua opinião.

Quanto a Pedro ser o primeiro papa, também há controvérsias.

Jesus disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. A pedra a quem Jesus está se referindo e ele mesmo. A conjunção (e) nesse caso tem valor adversativo, como o kai grego. Na verdade Jesus estava dizendo a Pedro que, apesar de seu nome significar Pedra, ele (Jesus) é quem era a pedra sobre a qual edificaria sua igreja e as portas do inferno não prevaleceriam sobre ela.

Então você disse que o “primado” de Pedro ficava claramente expresso quando ele presidia a escolha de Matias; quando foi o primeiro a anunciar o evangelho no dia de Pentecostes; quando testemunha a mensagem de Cristo diante do Sinédrio; e quando  é quem fala primeiro no Concílio dos Apóstolos, em Jerusalém, e decide sobre a questão da circuncisão. “…então toda a assembléia silenciou”.

Quem primeiro anunciou o evangelho foi uma mulher, Maria Madalena: “Então saiu Maria Madalena anunciando ao discípulos: Vi o Senhor! E contava que lhes dissera estas coisas”. (Jo. 20:18)

Pedro presidiu a escolha de Matias, mas quem ficou com a vaga foi Paulo. Em 2 Coríntios, capítulo 12: 11-13, o próprio Paulo defende a legitimidade de seu apostolado quando diz:

“Tenho me tornado insensato; a isto me constrangestes. Eu devia ter sido louvado por vós; porquanto eu nada fui inferior a esses tais apóstolos, ainda que nada sou. Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos. Porque, em que tendes vós sido inferiores às demais igrejas, senão neste fato de não vos ter sido pesado? Perdoai-me esta injustiça.” (itálicos meus) Nesses versículos Paulo, além de dizer que não era inferior aos apóstolos, também reafirma que a igreja dos Coríntios não era inferior às outras.

Quanto à questão da circuncisão, o mais interessante, Frederico, é que o apóstolo Paulo, que considerava a si mesmo o menor dos apóstolos por haver perseguido a igreja, durante a visita de Pedro a Antioquia, resistiu-lhe face a face.

Imagine só a cena narrada pelo próprio apóstolo Paulo:

“Quando, porém, Céfas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Céfas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?”

Interessante, Frederico. O menor dos apóstolos repreende o detentor do primado de Roma, o primeiro papa que, segundo a doutrina romana, deve ser infalível. Ou será que Céfas, aliás Pedro, não estava assentado em sua cátedra em Roma, e por isso não podia se valer de sua infalibilidade? Incrível! O menor dos apóstolos agora estava repreendendo o infalível pontífice da Santa Igreja Católica Apostólica Romana com toda intrepidez, acusando-o de ser medroso, dissimulado e de não proceder corretamente segundo a verdade do Evangelho!!!!!!!

Desta vez, quem silenciou foi Pedro.

Também beira a blasfêmia a afirmação que você faz sobre Pedro, para consubstanciar a doutrina do papismo, tomando do Espírito Santo a missão de ser o Consolador e guiar a  Igreja até o fim dos tempos. Assim a Igreja de Roma transfere a autoridade do Espírito Santo aos papas, quando você diz: . “Se assim não fosse, nosso Senhor não teria podido dizer: ‘Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo’, devia ter dito que estaria apenas com S. Pedro até o fim de sua vida…”

Deus permanece conosco e com a igreja através de seu Espírito Santo, e não dos papas.

“Ora, estas coisas vos tenho dito para que, quando a hora chegar, vos recordeis de que eu vo-las disse. Não vo-las disse desde o princípio, porque eu estava convosco. Mas, agora, vou para junto daquele que me enviou, e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?

Pelo contrário, porque vos tenho dito estas cousas, a tristeza encheu vosso coração. Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.

Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo, do pecado, porque vou para o Pai, e não me vereis mais, da justiça, porque o príncipe deste mundo já está julgado. Tenho muito que vos dizer. mas vós não podeis suportar agora; quando  vier, porém, o Espírito da verdade, ele vós guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as cousas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber tudo que é meu e vo-lo há de anunciar. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.

Um pouco, e não me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis.”(Jo 15)

É o Espirito Santo de Deus quem consola, alegra, dirige, ensina, convence do pecado, da justiça, do juízo. Cabe ao Espírito Santo o papel de manter a igreja unida, guiando-a na verdade, e não aos papas. Só o Espírito Santo é perfeito e infalível por ser divino. Os papas são humanos e por isso erram, desviam o povo da verdade, e até os afastam da cruz de Cristo e da salvação ao introduzirem doutrinas que não estão de acordo com o bom senso e muito menos com as Sagradas Escrituras.

“Também não pode ser verdadeira sua afirmação de que os santos intercedem por nos, junto com Maria, porque esta é uma função sacerdotal de Cristo. Somente Cristo e o Espirito Santo podem interceder por nós perante o trono do Pai, porque são eles responsáveis pela expiação e justificação de nosso pecados.

“Muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito Eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! Por isso mesmo ele é o Mediador da nova aliança a fim de que, intervindo a morte para a remissão das transgressões que havia sobre a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. (Hb 9: 4-5)

Nem os santos nem Maria podem desempenhar esta função, que é atribuída ao senhor Jesus por ser ele nosso sumo sacerdote perante o trono da graça. Ele intercede por nós incansavelmente de dia e de noite. Por esta razão é que não podemos contar com a intercessão dos santos e de Maria.

Só Cristo pode ser o mediador porque somente ele morreu por nós na cruz do Calvário.

Não foi nenhum santo que por nós morreu nem Maria a mãe do Senhor,  Estava, sim, sofrendo aos pés da cruz, mas não derramou seu sangue por nós. Somente o sangue de Jesus pode nos purificar de todo o pecado. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e não Maria ou os santos.

“O que você acredita, que após a morte o homem fica debaixo da terra até o juízo final?” Pergunta você. Não, Frederico, não creio nessa doutrina do sono da alma tampouco. Mas tenho certeza de  que lá no céu as pessoas não serão tão ignorantes como são aqui na terra. Quanto a ser igreja ou fazer parte dela seus argumentos são os da unidade, da doutrina, etc. Quanto à unidade,  nunca vi tanta desunião na história da igreja de Roma. Ao ponto de, numa certa altura da história, haver três papas excomungando-se mutuamente. Você mesmo parece fazer parte de um movimento que não vê com bons olhos a abertura do Concílio Vaticano II (a partir do qual os protestantes deixaram de ser considerados  como hereges e passaram a ser considerados “irmãos separados”), a teologia da libertação e o movimento carismático. Parece até  que a Frente Universitária Lepanto é um braço da TFP. Esse tipo de catolicismo medieval que vocês defendem chora não pelas almas perdidas, mas porque não podem acender mais a fogueira da inquisição. Vocês choram não por causa da ameaça da pós- modernidade em si, mas porque as forças da pós-modernidade os impedem de reaver o que perderam. Vocês choram porque não podem mais coroar reis e se meterem com os governos. Choram  menos porque as famílias são ameaçadas por drogas, violência e desunião, e choram mais porque vêem ameaçada a tradição e a propriedade. Talvez  pela a posse das terras que a “Santa” Madre Igreja perdeu depois do advento da Reforma Protestante. Choram porque os  reis não precisam mais beijar os pés do santo padre  de Roma. Como não podem mais cortar a língua dos que se opõem, então os punem, impondo-lhes um “silêncio obsequioso” [sic], atrapalham o diálogo ecumênico, apoiam os interesses que favorecem a volta de uma igreja voltada para o passado. Por isso se opõem a qualquer força da modernidade não porque a modernidade em si lhes pareça má. Mas porque essas forças impedem a vontade que vocês têm de reaver o poder temporal.

Embora distintas, tais forças mantêm esse tipo de catolicismo, que impede as pessoas até de pensar, longe dos círculos atuais de poder.

Entre elas está o Protestantismo, o Marxismo, a Democracia, os movimentos de emancipação da mulher,  e os movimentos  que lutam pelo reconhecimento de seus direitos de cidadania etc…

Não me parece que a multidão dos fiéis romanos têm um só coração e uma só alma. (Lembre-se de nosso queridíssimo frei Leonardo Boff).

Quanto ao governo da igreja, também acho que a Igreja de Roma não passa no teste.

“Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito…” (I Tm 1: 1-4)

Isto é o que a Bíblia exige para o ministério. Quanto ao governo, se a Bíblia não ensina nenhuma hierarquia eclesiástica (não se vê a palavra papa, cardeal, etc..) Então cada denominação pode ter o governo que achar melhor para servir o Senhor. (A maioria delas tem um governo democrático, através do qual escolhem seus ministros).

Quanto à doutrina  é só enumerar as que  Roma foi agregando ao longo dos tempos, como, por exemplo: o culto aos santos, a adoração de imagens, o purgatório, a doutrinada de que Cristo morreu apenas pelo pecado original, o celibato obrigatório dos padres,  a adição de livros apócrifos ao cânone, a confissão de pecados ao sacerdote romano, a salvação pelas obras e méritos pessoais, as indulgências, a transubistanciação. E mais recentemente: a infalibilidade papal e a doutrina da assunção de Maria. Além de superstições pagãs como água benta,  terços e rosários e  relíquias de santos: ossos humanos, imagens que choram e vertem sangue, etc, etc, etc.. Sem contar as visões de pessoas de integridade mental duvidosa, que foram prontamente acolhidas pela igreja como revelação de Deus.

Sobre o panteísmo de Lutero, só me restou rir. Também conheço bem esta tática romana de tentar desmoralizar as pessoas, ao invés de suportar um debate bíblico e teológico (algo que lhe é extremamente penoso).

“Quem não crê como eu é destinado ao inferno. Minha doutrina e a doutrina de Deus são a mesma coisa. Meu juízo é o juízo de Deus.

Como dizem alguns teólogos: texto fora do contexto é pretexto. Nesse texto citado acima, Lutero demonstra sua profunda convicção teológica. O que me causaria espécie e espanto e se ele dissesse que as pessoas não deveriam crer como ele e sim como Buda, por exemplo. Seria espantoso se ele dissesse que seus ensinamentos não fossem de Deus, fossem do diabo, e que o Juízo dele fosse de Asmodeu  ou coisa que o valha. Fiquei profundamente admirando com a convicção de Lutero!

Ademais, você quis me convencer o tempo todo que as doutrinas de Roma e tudo o que ela ensina é de Deus (Roma locuta, causa finita). Ora Frederico, só vocês romanos podem ter o direito de  crer que o que vocês ensinam é de Deus? Isto me faz lembrar a filosofia popular do Tião Macalé: Preto não pode. Branco pode?

“Sim, eu digo: todas as casas de tolerância, que entretanto Deus condenou severamente, todos os homicídios, mortes, roubos e adultérios, são menos prejudiciais que a abominação da missa papista.”

Veja que Lutero não está dizendo que casas de tolerância, homicídios, mortes roubos ou adultério sejam legítimos para Deus. (Alguns compêndios de História Eclesiástica e de História Natural chegam até a dizer que esses vícios eram encontrados nos palácios  dos próprios papas, tamanha era a imoralidade do clero daqueles tempos de trevas). O que Lutero está condenando tampouco é a missa (como fica claro na Confissão de Fé de Augsburgo). O que ele efetivamente está dizendo é que a missa papista era uma abominação tamanha, que sobrepujava qualquer outro pecado. A missa papista é o paganismo mais requintado travestido de roupagem cristã.

Quando Lutero pergunta qual profeta não insultou a Deus, estava querendo dizer que todos eles tinham pecado. (Todos pecaram e carecem da glória de Deus), como vemos em Romanos. Veja que Moisés não entrou na terra prometida, Jacó era suplantador, Davi adulterou com Bate Seba e mandou matar Urias, Jonas fugiu do chamado de Deus e Isaías disse, no capítulo seis, quando teve uma visão do trono do Altíssimo: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” Essa passagem ilustra bem o que Lutero estava querendo dizer sobre a graça. Foi através da graça de Deus, e não de seus méritos, que Isaías, apesar de seus pecados, encontrou perdão. “… com a brasa tocou mina boca e disse: Eis que ele tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. (Isaías, 6)

Na verdade todos insultamos a Deus com nossas ofensas e pecados. “Perdoai as nossas ofensas…” Até mesmo os papas insultam a Deus quando usurpam da posição que só é Devida ao Espírito Santo.

“Se Deus não perdoasse os pecados, eu os jogaria pela janela”. Ora, Lutero estava dizendo que se Deus não pudesse perdoar os pecados, não teria a ninguém mais a quem recorrer. Ao contrário do que disse Santo Afonso de Ligório:

Se o meu Redentor, por causa das minhas culpas, me lançar fora de seus pés, eu me prostrarei as pés de Maria, sua mãe, e deles não me afastarei enquanto dela não alcançar o perdão.

“É verdade, diz Lutero, que seria quase lamentável que nós fizéssemos tudo o que Deus ordena, pois Deus faria isso por sua divindade; tornar-se-ia um Deus mentiroso, pois Deus faria isso por sua divindade e não poderia manter-se no posto. A palavra de São Paulo aos romanos seria atirada na lama, quando diz: ‘Deus tudo ordenou sobre o pecado, a fim de que pudesse ter piedade de nós. O Padre-nosso não serviria de nada, nem o Credo; a fé, a remissão dos pecados tornar-se-iam inúteis, supérfluas’. ”

O que Lutero quis dizer efetivamente é que se não houvesse pecado, então Deus seria um mentiroso: Todos pecaram e estão separados de Deus. E a palavra de São Paulo aos Romanos seria atirada na lama. É claro se alguém estava dizendo que não havia pecado, então tudo seria vão. Para que a lei, a graça, o Padre- nosso, o Credo, a fé, a remissão dos pecados deveriam existir, se não houvesse pecado?

“Ah! mas eis que tudo vai bem! Pequemos no interesse de Deus”.

Outra citação totalmente fora do contexto. Veja o que podemos construir, citando passagens fora do contexto.

“Comamos e bebamos porque amanhã morreremos”. “Os que dormiram em Cristo estão perdidos”.

Ou então:

“E judas suicidou-se. Tu vais e faze o mesmo O que tendes para fazer, faze o depressa Por que dizeis Senhor, Senhor e não fazeis a minha vontade?”

Veja o que podemos fazer com frases totalmente fora do contexto. Roma é  especialista nesse tipo de sofismas!

Lutero estava dizendo daquelas pessoas que andam na prática do pecado, pensado que estavam defendendo o interesse de Deus. Como a máxima jesuíta de que os fins justificam os meios.

Agora está e demais, Frederico!

Lutero é panteísta porque disse que Deus estava presente em todas as criaturas, na menor folha, na menor parcela do graveto?

Não consegui encontrar essa  frase nas citações que  você forneceu. Talvez não tenha procurado com atenção.

De qualquer maneira, você é realmente desonesto ou não sabe o que é panteísmo, ou ainda não conseguiu achar esta doutrina em Lutero e se apressou em citar qualquer coisa só para não me deixar sem resposta.

Isto pode enganar quem não sabe o que é panteísmo ou alguma pessoa ignorante, mas não a mim.

Isto é revoltante, o editor de Frente Universitária Lepanto, dizer que alguém é panteísta porque diz que Deus “está” presente na criação.

Talvez você não saiba, Frederico, mas panteísmo e quando confundimos Deus com a criação. Seria panteísmo se se dissesse que Deus é as criaturas, que Deus é a folha, ou que a folha é uma partícula de Deus, ou uma centelha de Deus ou coisa que o valha.

Eis uma definição de panteísmo para seu enlevo intelectual:

Panteísmo é a teoria que sustenta que todas as coisas finitas são meramente aspectos, modificações, ou partes de um ser eterno e auto-existente. Reputa Deus como uma unidade com o universo natural. Deus é tudo. Aparece em uma variedade de formas hoje em dia, algumas delas apresentando também elementos ateístas, politeístas ou teístas. Os devotos do panteísmo normalmente vêem suas crenças como uma religião, trazendo-lhes um tipo de submissão respeitosa …  (A tradução é minha)

Lutero não estava confundindo a criação com o criador.

Dizer que Deus está presente nas coisas não é o mesmo que dizer que ele é as coisas.

“Dizei entre as nações: Reina o Senhor. Ele firmou o mundo para que não se abale e julga os povos com eqüidade. Alegram-se os céus, e a terra exulte; ruja o mar e a sua plenitude. Folgue o campo e tudo que nela há; regozijem-se todas as árvores do bosque na presença do senhor…”  (Salmo 96: 10-13) (Itálicos meus)

Panteísmo, caro Frederico, é dizer que um pedacinho de pão é Deus.

“Arrebatado por esse declive, nosso doutor Martinho rola em enormidades, ousaríamos dizer, numa depravação intelectual que não foi ainda revelada, ao que parece, por nenhum de seus inúmeros biógrafos Jesus Cristo amante da Samaritana, de Madalena, da Mulher adúltera!

Livres-pensadores, ateus a quem citamos a passagem, assombraram-se. Seria para julgar que o doutor Martinho estava bêbado, quando se expandiu em semelhantes afirmações; mas não podemos admitir isso, pois ao menos nesse dia, seus fiéis discípulo [sic] teriam evitado recolher-lhe piedosamente às palavras”.

Caro, Frederico, tenho ouvido pessoas dizerem  que são amantes da arte, da literatura, do cinema, da teologia. Há um hino protestante muito tradicional, que eu gosto muito de cantar, intitulado “Jesus, amante de minha alma”. Devo tomar cuidado de não cantá-lo na presença de algum católico maldoso  para que as más línguas não venham a dizer que o mestre tem um caso gay comigo.

Você acha mesmo que  Lutero disse que Jesus tinha um relacionamento erótico com essas mulheres citadas? Convenhamos, se Lutero tivesse ensinado isso, todos os seus biógrafos deixariam escapar essa declaração? Como bem diz sua própria citação: “depravação intelectual que não foi ainda revelada, ao que parece, por nenhum de seus inúmeros biógrafos”.

Acho que nem precisaria dizer que Lutero simplesmente estava tentando dizer que Jesus amava aquelas  mulheres, assim como ama os pecadores. Insinuar que  Lutero teria dito que Jesus era um  namorado playboy dessas mulheres é o fim do mundo! Você acha que se Lutero fosse um bêbado, como vocês católicos gostam de insinuar, ele teria produzido uma quantidade tão grande de literatura? A pena era sua principal arma. Em um ano Lutero traduziu as Escrituras dos originais, ao mesmo tempo que criou toda a estrutura do alemão moderno. Acho que ele não teria tempo sequer para uns tragos a mais de vinho. Um bêbado não teria a sobriedade que Lutero demonstrava.

Essa tática de desmoralizar as pessoas pode funcionar para aqueles que não conhecem o conjunto todo da obra de Lutero.

Numa pesquisa da Revista Life , entre as quinze pessoas mais citadas deste milênio, Lutero ficou em terceiro Lugar, depois de Thomas Edison, em primeiro, e Cristóvão Colombo, em segundo.

Isto demonstra a tremenda influência de Lutero na cultura ocidental Para terminar, prezado Frederico, Você disse:

“Cada um tem a responsabilidade de procurar a verdade, isto é, procurar a verdadeira Igreja de Nosso Senhor. Encontrando-a, todo homem de reta intenção deve entrar nesse igreja, ser membro vivo deste [sic] igreja. Como seu divino fundador, a Igreja Católica tem aberta a porta da salvação para todo o ser humano. Só não entra quem não crer, mas a culpa será pessoal.”

Muito bonito, Frederico, mas não posso jamais aceitar este convite pela seguinte razão: Só Jesus Cristo, salva. Só ele é o caminho, e a verdade e a vida. Ele não é um caminho, ele é o caminho. Ele é a porta para a salvação, e não a Igreja de Roma. Jesus comprou-me com seu sangue precioso e não seria prudente rejeitar a salvação por ele proporcionada e adentrar por uma porta estranha cujo vestíbulo já  nos faz contemplar um cenário de sangue, cinzas, tortura, manipulação da consciência e engessamento intelectual , e cujo final  é de  trevas, pranto e ranger de dentes “Todo aquele que invocar o nome do senhor será salvo.”

Eu já aceitei  Cristo como meu único e suficiente Senhor e Salvador. Pela fé já o aceitei como Senhor da vida e Salvador da alma. Estou satisfeitíssimo com seu sangue e sua morte por mim no Calvário. Creio firmemente que seu sacrifício é perfeito e perfeitamente consumado. Não preciso de outro meio de salvação nem de outro salvador para a minha alma. Cristo me basta!

Só Cristo
Só a Escritura
Só a graça
Só a fé

Pela coroa real do salvador,

Gilson Marcon de Souza
P. S. Tenho mais textos sobre o panteísmo, se quiser posso lhe enviar.
Também faço votos que sua memória rígida não lhe cause mais transtornos (HD).

* Resposta

Respondido em 2/6/99

Prezado Gilson, Salve Maria!

Vejo que você resolveu mostrar seu ódio à Igreja de forma mais clara. É importante, nessa época de “ecumenismo”, conhecer o fundo da alma daqueles que negaram a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vou responder suas 14 páginas de forma objetiva, para facilitar o debate e não ficar em uma discussão sem fim.

Você afirma que minha resposta veio muito depois de sua acusação. Na verdade, meu e-mail foi enviado logo em seguida ao recebimento de seus argumentos contra a Igreja. Durante mais de um mês, você silenciou. Assim como, após uma semana em que a enviei novamente, manda um novo e-mail com acusações contra a Igreja. Para verificar a data em que eu enviei minha resposta anterior, basta olhar em “cabeçalho de internet”. Lá você encontrará as datas das mensagens.

Algumas contradições suas:

Em seu segundo e-mail, você transcreveu diversos trechos de dicionários tentando provar que adorar e venerar eram, no fundo, a mesma coisa. Agora, você reconhece: “Como você diz, adorare tem várias acepções…”

Em seu segundo e-mail, você reconheceu a intercessão dos santos em vida, mas não aceitava após a morte. Agora você diz: “Por esta razão é que não podemos contar com a intercessão dos santos e de Maria. Só Cristo pode ser o mediador…”

Para não ficar apenas nessas incoerências, vamos analisar seu longo texto por partes, pelo menos as mais importantes.

Você interpreta a Sagrada Escritura dizendo que ela proíbe imagens e cultos às elas. Entretanto, quando mostrei versículos em que fazer imagens é permitido, você passou a dizer que o proibido é “adorá-las”. Ora, isso estava escrito em nosso boletim… Será que você não o leu com atenção? Será que todo esse debate foi em vão?

O ponto, Gilson, é provar que os católicos adoram imagens e isso você não conseguiu.

Adorar, como já disse em todas as três respostas, é um ato interno da alma humana e não um ato externo. Nenhum católico confunde Nossa Senhora com Deus ou “confere atributos divinos” aos santos.
Nossa Senhora é muito mais do que disse Santo Afonso Maria de Ligório. E é o que os protestantes não percebem. Ela é medianeira universal de todas as graças que recebemos de Deus, por meio de Nosso Senhor, é co-redentora, é onipotência suplicante. Por uma palavra dela, o verbo de Deus se encarnou entre nós. Ela aplaca a justiça de Deus, recebe nossos pedidos e os entrega a Deus, intercedendo por nós como fez em vida, obtém de Nosso Senhor o perdão e as graças necessárias para não recairmos em nossos pecados, faz-nos crescer em virtude e santidade, cobre-nos com seu manto de méritos, assim como Rebeca cobriu Jacob com a pele de seu primogênito (Esaú) perante Deus Pai.

Em nenhum momento Santo Afonso ou qualquer outro santo disse que Nossa Senhora era Deus ou a quarta pessoa da santíssima trindade.

Adorar, Gilson, é um ato interno que consiste em amar e reconhecer a Deus como Deus e não a Nossa Senhora como Nossa Senhora.

Sobre o fato de que pessoas ignorantes podem confundir os cultos, digo que isso é uma interpretação pessoal sua, assim como todo o resto. É impressionante como você – e os protestantes em geral – costumam “interpretar” os corações dos homens e julgar contra eles com tanta facilidade. Nunca vi ou tive conhecimento de algum católico que achasse que os santos ou Nossa Senhora fossem deuses.
Eles rezam e pedem graças, ajoelham-se, rendem culto de dulia ou hiper-dulia, mesmo não conhecendo os nomes técnicos, mas eles sabem bem que Nosso Senhor é Deus e que os homens são criaturas, apesar de muitos virtuosos no caso dos santos: “já não sou eu quem vivo, mas Cristo quem vive em mim” (S. Paulo).

Quanto mais amamos ou veneramos um santo, tanto mais nos aproximamos de Deus. Não foi através de homens que Ele quis ser conhecido? Não foi através de uma mulher que Ele quis nascer? Qual é sua dificuldade em entender a existência de homens entre Nosso Senhor e nós? Não lhe mostrei a intercessão de Nossa Senhora, de Job e de Elias? Não é verdade que os judeus rezavam ao Deus de Abraão, Isaac e Jacob? Não é verdade que era Moisés quem pedia pelo seu povo? Não foi aos apóstoloes que Ele explicou as parábolas e não ao povo, de modo geral? É claro, o único intercessor entre Deus Pai e nós é Nosso Senhor, mas entre Nosso Senhor e nós, como Ele mesmo quis, existem diversos.

Cristo, que você diz seguir, nunca escreveu um livro, mas fundou uma religião.

Você pode argumentar que não está na Bíblia, mas essa é sua interpretação pessoal… Ora, como você sustenta o “livre exame”? E o “exame” dos católicos, que não aceitam o “livre exame”, como fica? Eu lhe mostrei um trecho claro que condena o “livre exame” e você não refutou. S. Pedro deixa claro que a interpretação pessoal é proibida, exatamente porque são trechos inspirados pelo Espírito Santo e que “ignorantes” podem deturpar para sua “própria perdição”.

Você, incoerentemente, diz que os ignorantes podem mesmo errar. Ora, e o Espírito Santo, ele não “iluminaria” os ignorantes? E quem vai decidir quem são os ignorantes? Qual das igrejas protestantes?
Você nega o papado, mas não respondeu minhas objeções. Primeiro, Pedro não se chamava ‘pedra’, mas Simão. Seu nome foi alterado. Cristo nunca teria dito uma frase ambígua como você afirma.
Sobre os trechos que confirmam o primado de S. Pedro, você esqueceu alguns que citei e não respondeu aos outros.

Primeiramente, para não dizer que você está adulterando os trechos (como você insinuou em relação a mim), vou imaginar um lapso de sua parte. Não foi S. Paulo o escolhido para o lugar de Judas, o traidor, mas Matias. Nas Sagradas Escrituras está claro que Matias foi escolhido e não Saulo, que ainda nem tinha se convertido… E foi S. Pedro quem liderou a escolha.

Maria Madalena foi a primeira a ver Nosso Senhor ressurrecto, mas quem oficializou à Igreja foi S. Pedro.

Sobre a circuncisão, Gilson, chega a ser estranha sua afirmação. Ora, se S. Paulo fosse “igual” a S. Pedro, ele não “resistiria”, mas pediria uma votação. Só pode resistir face a face quem não pode comandar a mudança. E mais, foi S. Pedro quem decidiu, por fim, e “toda a assembléia silenciou”. Pergunta-se: por que toda a “assembléia silenciou” quando S. Pedro decidiu? Será que sua “interpretação livre” não aceita o que está escrito?

E sobre a frase: “Pedro, tu me amas? Apascenta minhas ovelhas”. O que pensa dessas frases?

O fato de S. Pedro ter tido vergonha e ter sido severamente repreendido por S. Paulo é o mesmo que ocorreu em diversas épocas da história, quando vários santos “resistiram” contra erros dos Papas, que são humanos como nós.

A infalibilidade apenas existe em matéria de Fé e Moral, quando expressa através da fórmula oficial. Na vida particular, vários Papas cometeram erros enormes. Em matéria de doutrina, temos a mesma unidade.

Sobre as mortes causadas pelos católicos, chega a ser irônica sua posição. Você acusa a Igreja de tudo e se esquece que os protestantes mataram muito mais católicos. Basta lembrar da Inglaterra e Escócia…

Sobre o Espírito Santo estar conosco, você, mais uma vez, usa sua interpretação pessoal, dizendo que ele não está com o Papa, mas com a comunidade dos cristãos. É verdade, em parte. O Espírito Santo está com todos, mas especialmente com o sucessor de S. Pedro e Chefe da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ademais, como você pode ser contra a interpretação que os católicos fazem? Você não diz que cada um interpreta por sua conta a Bíblia?

Muito estranho esse seu “Espírito Santo” que em cada igreja protestante diz coisas diferentes… Não lhe parece um deus contraditório?

Acho estranho que você diga gostar “tanto da tradução da Bíblia de Jerusalém”. Por acaso você esquece que a Bíblia de Jerusalém tem Livros inteiros que vocês, protestantes, rejeitam?

O fato de algumas passagens da Bíblia de Jerusalém terem traduzido o termo “adorar” por “venerar” ou “prostrar” não muda a argumentação. Primeiramente, quem pode alterar qualquer tradução é apenas a Igreja e não um tradutor qualquer. Quando Lutero adulterou, ele alterou sem aprovação, isto é, em rompimento com a autoridade eclesiástica. O sentido usado pelos protestantes é diverso do sentido católico.

O que você não entende, Gilson, é exatamente isso: nós católicos temos uma Igreja, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo sobre S. Pedro. É esta Igreja que tem as chaves do Céu: “tudo que ligares na terra será ligado no Céu, tudo o que desligares na terra, será desligado no Céu.” “Os pecados a quem perdoarem, serão perdoados. Os pecados a quem os retiverdes, serão retidos”. Ora, se não houvesse a “confissão”, negada pelos protestantes, Nosso Senhor teria dito: “peçam perdão a mim (ou por meio de mim) que eu o perdoarei”. Ele foi claro em dar uma autoridade há alguns homens, encarregados de transmitir o evangelho.

Sobre os mandamentos, devo lembrar que a Bíblia não coloca número neles. Eles estão dispersos em 17 versículos, reunidos segundo os assuntos. “Amar a Deus sobre todas as coisas” é o mandamento correspondente à proibição de idolatria, pois é o sentido geral do mandamento.

O 9o e o 10o são separados porque a matéria é diversa. Ou você acha que cobiçar a mulher do próximo é o mesmo que cobiçar o jumento do próximo, como está na Bíblia, reunidos em um mesmo versículo?

A confusão, Gilson, como você deveria perceber, não vem através da Igreja quando resume, em seu catecismo, os 10 Mandamentos, mas através dos protestantes…

Sobre a Tradição, você também não refutou os meus argumentos. Já demonstrei como os discípulos defendiam a tradição.

Dizer que existiam tradições boas e más é muito superficial, pois a tradição que defendemos é a tradição cuja pedra angular é Nosso Senhor Jesus Cristo, transmitida pela sua Igreja. Ou seja, é a tradição boa, fonte de revelação como se percebe através de várias passagens das Sagradas Escrituras: S. Paulo: “Irmãos, ficai firmes e conservai as tradições que aprendestes, quer por palavra, quer por escrita nossa (2 Tess 2, 15).

Mais uma vez fica o seu problema. Como você pode condenar a interpretação que os católicos fazem dessa passagem? E onde ficaria seu “livre exame”? Ou, então, será que é a sua Igreja que tem a verdade dogmática e que impede interpretações diversas? Será que os protestantes não são mais dogmáticos do que os católicos? Ficam as perguntas. Afinal, você condena tão veementemente a interpretação católica…

Sobre os fariseus terem se arvorado em “sacerdotes”, cabe lembrar que essa passagem é clara na Bíblia, Deus escolheu uma das doze tribos de Israel para o ofício divino, a tribo de Levi. Por isso eram chamados os “levitas”. Moisés é quem escolheu, como intercessor e profeta que era.

O problema é que os judeus decaíram e não que não tinham autoridade para seu posto, como o próprio Nosso Senhor, em várias passagens, deixava claro. Eles eram “sepulcros caiados”, mas não deixavam de ser “sacerdotes”.

Você faz várias acusações contra mim e contra a TFP. Essas acusações nem merecem ser respondidas, pois são nitidamente pessoais e não doutrinárias. Todo o meu texto foi feito com argumentos e não apenas com suposições contra você ou mesmo contra o protestantismo.

Finalmente, sobre Lutero, vejo que você fez de tudo para defendê-lo. Entretanto, o que ele escreveu está escrito. Era assim que ele pensava, apesar de você procurar “interpretar” como melhor lhe parece. Você sabe como ele morreu? Seria bom estudar para conhecer o “fundador” de sua religião.

Em relação ao panteísmo, convido-o a visitar minha tese sobre a Pós-modernidade: http://www.angelfire.com/id/Viotti

Nesse site você entenderá o que é o panteísmo. De fato, filosoficamente, o panteísmo é confundir a criatura com o criador. Todavia, na prática, o panteísmo é dizer que deus está nos objetos ou que cada objeto tem uma partícula divina. As palavras de Lutero eram, no mínimo, dúbias demais para alguém conhecido como “reformador”.

Esperando ter respondido suas mensagens e desejando encerrar um debate sem fim com alguém que apenas deseja “interpretar” tudo segundo suas concepções, despeço-me

In Jesu et Maria
Frederico Viotti
Frente Universitária Lepanto

E-mail enviado em seguida – Frase falsa de Santo Afonso

Prezado G., Salve Maria!

Espero que tenha recebido o texto com as respostas.

Por via das dúvidas, resolvi consultar uma das frases que você atribuiu a Santo Afonso Maria de Ligório.

É muito estranho, mas você se confundiu na transcrição de uma letra da frase: “Se o meu Redentor, por causa das minhas culpas, me lançar fora de seus pés, eu me prostrarei aos pés de Maria, sua mãe, e  deles não me afastarei enquanto – – dela – – não alcançar o perdão”. Prezado Gilson, por coincidência, tenho um amigo que possui o livro em questão, da mesma editora e do mesmo ano. No livro, ao invés de “dela não alcançar o perdão”, está escrito “enquanto ela não me alcançar o perdão”.

A diferença está clara “dela” para “ela”. Será que foi distração? E olhe que foi a única frase que procurei, pois pareceu um pouco dúbia no sentido. Acho que um debate deve ser baseado na honestidade das citações! Se desejar continuar a discussão, procure não errar em pontos fundamentais de suas transcrições.

Seu em Cristo e Maria,

F.V.
Frente Universitária Lepanto

Artigo anteriorUm protestante que debate contra nós e diz que não se deve debater
Próximo artigoNossa Senhora: Mãe de Deus, A obediência de Nosso Senhor à Sua Mãe

7 COMENTÁRIOS

  1. SÓ YAOHUSHUA SALVA, por que mudaram o NOME que salva; nem Maria foi autorizada a colocar o nome no SALVADOR, foi o anjo Gabriel que trouxe a ordenança com relação ao NOME; os discípulos nunca chamaram-no de jesus, jeová, el chaday, a letra J não existe no hebraico, aramaico, grego ou latim; muda o nome muda a pessoa, quem clamar pelo meu NOME será salvo, e se eu clamar por jesus serei salvo? o nome do SALVADOR é hebraico, quem colocou o nome de jesus, qual a sua intensão? Izaias 52.1-6 está escrito que foi sem dinheiro o nosso resgate, que o nome verdadeiro seria blasfemado; quem está mentindo? RESPOSTA: Mateus 7.22.23 e APocalipce 18.4 – RECADO DO ETERNO – SAI FORA DELA POVO MEU. ENTRA NO SEU QUARTO QUANDO QUIZER FALAR COM YAOHUSHUA. NÃO HABITO EM TEMPLOS FEITOS POR MÃOS DE HOMENS.

  2. quem mudou o nome de YAOHUSHUA para jesus? com que autoridade a criatura pode mudar o nome do criador? Atos 4.12 não existe salvação abaixo dos ceus em outro NOME; Izaias 52-1-6 está escrito SEM DINHEIRO FOMOS RESGATADOS e o meu NOME SERIA BLASFEMADO TODOS OS DIAS; creio que quem mudou ou quem clama salvação em outro NOME está dirigindo o rebanho para o abismo; quem cobra dízimo que não é dinheiro (Deuteronomio 14.22-29) está enganando as pessoas; como está escrito em Apocalipce 21-8 – Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem (adulteram as escrituras, o NOME), e feiticeiros, e aos IDOLATRAS e a todos os MENTIROSOS (que cobram dizimo que nunca foi dinheiro – Deuteronomio 14.22-29), a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte; este recado é para TODAS AS IGREJAS que praticam a lei, as quais conforme está escrito em Gálatas 3.10 ESTÃO DEBAIXO DE MALDIÇÃO. RECADO DE YAOHUSHUA PARA O SEU POVO – OS ESCOLHIDOS – APOCALIPCE 18.4 – SAI FORA DELA POVO MEU; conseguí sair desse SISTEMA, conheci YAOHUSHUA e Ele me libertou. O ETERNO NÃO HABITA EM TEMPLOS FEITOS POR MAOS DE HOMENS, quem, afinal, está mentindo?

  3. A SOBERDA CATOLICA!PERDÃO DOS PECADOS POR HOMENS PECADORES!

    o Autor na soberdae de refutar os argumentos contra a idolatria patente n o romanismo,(que nao querem admitir masna pratica ´e isso que acontece),blasfema contra JEsus e “retira ‘criminosamente uma palavra que Jesus disse com clareza no evangelho .O escritor do site solta um erro teologico infantil e assgura que JESus não tem autoridade para Perdoar nosso pecados .Vamos ler o que o escritor disse.:
    _____________________________________________
    “(…)Ora, se não houvesse a “confissão”, negada pelos protestantes, Nosso Senhor teria dito: “peçam perdão a mim (ou por meio de mim) que eu o perdoarei”. Ele foi claro em dar uma autoridade há alguns homens, encarregados de transmitir o evangelho.”
    _______________________________________
    EM MAteus 9,2,MArcos 21-12 e Lucas 5.17-26 ,vemos JESUS< NOSSO DEUS .

    Eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: tem bom ânimo, filho, estão perdoados os teus pecados» (Mat 9.2- Marc 21-12- Luc 5.17-26). Sendo Jesus, o Messias prometido, logo tinha Ele o direito de perdoar pecado, e assim não é preciso ver, nesses acontecimentos, que Ele assumia a posição de «Deus». O Messias, o Servo de Yahweh, tinha a unção especial do Espírito Santo, de modo que pôde cumprir a sua missão com o máximo de suas potencialidades

    IRmao, JEsus perdoa teus pecados,ACEite em Sua vida.PEça perdao por ter escirto tamanha blasfemia!!

  4. Lutero foi reformador como CAlvino foi reformador, como John Huss foi reformador, como SAvarollaa foi reformador.OS Crentes evangelicos nao sao prostestantes, como os catolicos costumasm atirar!ORa, se eu tivesse nascido 100 anos , na epoca de John Huss, chamariam =-me de segidor de Huss? Nao ha logica nos catolicos que, por atirarem no escuro, querem atingir todas a s igrejas cirstas e taxa- las como “protestantes.” nao admitem que , dentro das igrejas ha joio e trigo Ha seitas e ha comunidades cristas serias. OS adventistas guardam o sabado algo anti bilbico; OS jeovistas nao creem que o Espirito Santo é Deus!OS crentes evangelicos na grande marioria, foram catolicos.Viram que ha muitas distorçoes dentro do romanismo e so havia uma soluçao:ABANDONAR A IGREJA DO PAPA. Muitos , por nao examinarem a Biblia, sao presas faceis admito de muitas seitas.MAS , quando o crente serve a Deus numa igreja crista, é uma maravliha!! O Crnete nao aceita a LUTERO< ACEita a CRISTO JESUS!!NAo precisamos de LUTero,LUTERO criou o protestantismo.SEr p´rotestante é ser da igreja de LUTERO<NAo sou da IGREJA DE LUTERO E no Brasil duvido e ate faço um desafio:NENHUM EVANGELICO QUER SABSER O QUE FOI OU DEIXOU DE SER LUTERO.Somos salvos e libertos da mentira de ROma pelo sangue de JEsus!! AMado, a eucaristia é idolatria maxima!! JEsus nao esta numa hostia,A Hostia apodrece se ficar mais de 4 horas dentro de um ostensorio!Como posso crer que JEsus esta na hostia, que apodrece, se JEsus nao se corrompe(SALMOS ); NAo admitimos que JEsus esta numa bolacha pois JEsus esta no Ceu ! AKlguem de meia inteligencia nao pde admitir que, na CEia JESUS COMEU A SI MESMO:::!!ISso é CRISTOFAGIA!!! O catolico adora uma hostia que é servida por maos humanas.!!JESUS NAO È SERVIDO POR MAOS DE HOMENS , por que em ATOs 17 diz." Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa;"Qual o simbolo o irmao se refer?jesus sibolo? REfaça seu comentario irmao catolico!!!HEresia é adorar uma hostia por que JEsus nao se adora com o olhar carnal!! Adoramos a JEsus com olhar espiritual,com a fé, sabendo que ELe nao voltou fisicamente pois ESTA NO CEU A INTERCEDER POR NOS.O Catolico comete grave falta com Deus,JESus disse que procura adoradores DELe que o "adorem em Espirito e em verdade."

    CAtolicos, vem para JEsus!!

    • Júnior,

      Já reparastes que na Bíblia Cristo fala: “Tomai todos e COMEI”, em vez de “Tomemos todos e COMAMOS”? Possibilidades: 1 – Ou você estava presente na hora; 2 – Ou você insinua que Jesus tinha um péssimo senso de concordância para comer e ainda assim falar usando a 3º pessoa do plural, em vez da 1º; 3º – Ou você se baseia em seu achismo para dizer que Cristo comeu a si mesmo. Eu, pessoalmente, acho que a terceira possibilidade é mais viável.

      Além disso, foi o próprio Jesus que nos mandou fazer isso em memória dEle: consagrar a ele o pão e o vinho, que são transubstanciados em corpo e sangue dEle. Sendo assim, que é você para criticar um ritual sagrado instituído pelo próprio Cristo?

      Quanto à confissão, acho que você não quis mesmo entender. Vou tentar te explicar: Jesus deu esta autoridade aos apóstolos quando estava prestes a subir aos céus. Ou seja, na sua passagem citada inoportunamente, Jesus ainda não havia dado esta autoridade aos discípulos. Com isso, lá vai seu argumento pro beleléu. Sem contar que, do ponto de vista da lógica, não é preciso Jesus perder seu poder de perdoar para poder dá-los aos apóstolos. Ou você considera que Jesus, semelhante às virgens da parábola, tinha um “estoque de poder” tão pequeno que não dava para Ele e para os apóstolos.

      Você não é da igreja de Lutero. É da igreja do irmão fulano. Então você é fulanista. Eu sou da Igreja do Papa, descendente de Pedro, a quem foi confiada as chaves do céu e sobre quem foi assentada a IGREJA DE JESUS CRISTO. Sou da Igreja do Papa, de Pedro, e principalmente, de CRISTO.

      Nossa adoração é ao Cristo material, em seu corpo e sangue, não em trigo e água, pois apenas após a consagração há adoração.

      Os PROTESTANTES que foram um dia católicos, baseando-se nos vários que eu conheço, não tinham uma fé ou vivência tão grande em Cristo ou na Igreja. Como poderiam achar erros em algo que eles nem conheciam?

      Júnior, não acho que você esteja tão longe da verdade. Certa vez, Jesus repreendeu os discípulos por eles terem proibido um homem de expulsar demônios em nome de Deus. Jesus disse: “Não lho proibais, porque não há ninguém
      que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de
      mim. Pois quem não é contra nós, é a nosso favor”. Sendo assim, apesar de sua teimosia em tentar derrubar a herança de Jesus na Terra (a Igreja, com I maiúsculo), considero você um irmão de fé, pois tenta agradar a Deus, mesmo que em outra denominação.

      Paz de Cristo, Júnior

  5. Meus amigos, por favor, não estão vendo que esse rapaz só quer causar confusão, ele já está bastante perturbado e quer perturbar outros. Por favor fiquem em paz e deixem ele em paz. Abraços!!! Juizo Gilson!!!

  6. Interessante como os protestantes inverteram tudo a partir do “pseudo reformador” chamado Lutero. Se preocupam tanto com a questão da idolatria e diminuiram o prórpio Cristo crendo que na Eucaristia não esta presente Jesus em corpo, alma e Divindade. Isso sim é uma heresia sem tamanho. Enquanto eles dizem que “não adoram imagens” reduzem Jesus a um símbolo. Não aceitam a primazia do papa mas quando tem alguma dúvida seguem a doutrina de seus pastores. Assim sendo, criaram milhares de “pastores papas” (ou seja, PAPORES) cada qual com sua doutrina particular. Como diria Boris Casoy “Isso é uma vergonha”

    Daniel Holz

Deixe uma resposta para Marcone SantosCancelar resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.