InícioSkanderbeg: herói da Cristandade e flagelo dos turcos

Skanderbeg: herói da Cristandade e flagelo dos turcos

Já relatamos em artigo anterior o nascimento e vida de Skanderbeg. Neste novo post falaremos um pouco da dedicação deste incomparável herói na luta contra os invasores turcos.

Em 1457, amargurou a Skanderbeg, o herói albanês, a defecção de seu sobrinho Hamsa, que se uniu aos implacáveis inimigos da fé e sequazes do Islã.

Naquele ano, o sobrinho renegado invadiu seu país, acompanhado do general turco Isabeg com numeroso exército. Skanderbeg tinha para defendê-lo apenas 12 mil homens.

Por isso, não enfrentou diretamente o inimigo, mas procurou atraí-lo para lugares isolados.

Em 2 de setembro desse ano, Skanderbeg, num combate sangrento, obteve a vitória nos arredores de Tomorniza, surpreendendo o exército turco enquanto este se entregava ao repouso.

Mais de 15 mil turcos foram mortos e 1500 feitos prisioneiros, entre eles o renegado Hamsa, a quem Skanderbeg poupou a vida, mas enviou-o a Nápoles para que estivesse preso com segurança.

Em carta de 17 de setembro de 1457, escreveu o Papa ao general albanês:

“Amado filho: perseverai do mesmo modo no futuro, em defesa da Fé Católica, pois Deus, por quem pelejais, não abandonará sua causa; Ele vos dará, estou seguro disso, a vós e aos demais cristãos, junto com a maior glória e triunfo, a vitória sobre os malditos turcos e demais infiéis”.(4)

O Sumo Pontífice mostrou seu júbilo pela vitória obtida, nomeando Skanderbeg Capitão General da Cúria na guerra contra os turcos.

Casco de Skanderbeg, em Viena
O elmo de Skanderbeg, Viena

Conclama os príncipes do Ocidente a uma Cruzada

Depois dessa vitória, o herói albanês escreveu aos príncipes do Ocidente, dizendo-lhes que não tinha condições de continuar sua guerra contra os turcos se não recebesse deles auxílio.

Que era chegado o tempo em que esses príncipes despertassem do sono a que até então tinham se entregado, renunciassem às suas discórdias e se coligassem para defender a liberdade do mundo cristão.

Somente Nápoles ouviu seu apelo e mandou algumas tropas.

A Albânia resistia havia dezenove anos ao poder dos sultões.

Apesar de algumas derrotas e enfraquecido pela defecção de certos aliados seus, Skanderbeg mantinha contínuo assédio às tropas turcas.

Maomé II resolveu então acabar de vez com essa resistência, enviando contra ele todos os seus generais. Mas quando três deles foram derrotados, o próprio Maomé pediu a paz em 1461.

Três anos após, o Papa Pio II pregou uma nova Cruzada. Skanderbeg derrotou sucessivamente dois generais dos mais importantes do sultão.

Depois, cedendo aos apelos do Papa, ajudou a repor no trono de Nápoles a Fernando, filho de Afonso V, que havia sido destronado por João de Anjou.

Com o apoio do Papa, vence o cerco de Kruja

Na primavera de 1466, um exército turco – composto, segundo uns, de 200 mil homens; segundo outros, de 300 mil – invadiu a Albânia, comandado pelo próprio Maomé II.

Replica do elmo e da espada de Skanderbeg no museu de Kruje, Albânia

Pouco depois, circulou pela Europa a notícia de uma derrota de Skanderbeg, devido à traição e abandono de muitos cristãos.

O pânico apoderou-se sobretudo dos italianos, tanto mais que a notícia vinha acompanhada de outra, a de que um exército turco já ameaçava a Hungria.

Felizmente a notícia da derrota do herói albanês era falsa.

Não podendo enfrentar exército tão numeroso, entregara-se à tática de guerrilha, que tantas vezes lhe tinha sido eficaz.

Estabeleceu uma forte posição nos bosques de Tumenistos, e desde lá fatigava o exército turco por meio de surpresas, falsos alarmes e fugas simuladas.

A tática foi empregada por tanto tempo, que foi desgastando o exército infiel, acostumado a travar uma guerra regular.

Cansado, Maomé retirou-se a Constantinopla para passar o inverno, deixando o general Balaban à frente de 80 mil homens fazendo o cerco de Kruja.

Como Skanderbeg, com seus poucos homens, não podia levantar o cerco, dirigiu-se à Itália em busca de socorro, armas e dinheiro.

O Papa e os cardeais o receberam entusiasticamente em Roma, e “com muitos presentes e uma considerável soma de dinheiro regressou Skanderbeg aos seus, alegre e animoso”, escreve seu primeiro biógrafo Bartelius.(5)

De volta à Albânia, Skanderbeg derrotou os turcos em abril de 1467, fazendo prisioneiro um irmão de Balaban.

Pouco depois alcançou outra vitória, ocasionando a morte do próprio Balaban.

Com isso as tropas turcas fugiram, e levantou-se o cerco de Kruja.

Grandeza de alma, lealdade e fé sincera

Mas o heroico guerreiro estava no fim.

“Vinte e quatro anos de luta contínua esgotaram aquela natureza de ferro. E, havendo sido atacado pelas febres, morreu em Alessio aos cinquenta e três anos, terminando assim a epopeia albanesa […].

“À grandeza de alma, à lealdade, a uma fé sincera, juntava ele uma inteligência extraordinária, uma penetração segura e uma sagacidade pouco comum […].

“Caridoso e humano, não parecia o mesmo homem na guerra; pois, fogoso, violento, às vezes impiedoso, chegava a assustar os mais valentes: até esse ponto o exaltavam seu ódio pelos turcos e seu amor à independência [da Albânia]”.(6)

À notícia de sua morte, seu mais feroz inimigo, o sultão Maomé II, exclamou: “Por fim, me pertencem a Europa e a Ásia. Ai da Cristandade, que acaba de perder sua espada e seu escudo!”.(7)

Mas Nossa Senhora tinha outros desígnios sobre a Cristandade.

Após as infidelidades do povo albanês e da morte de Skanderbeg, a imagem albanesa de Nossa Senhora do Bom Conselho transferiu-se milagrosamente, pelos ares, para Genazzano, na Itália, acompanhada por dois devotos que atravessaram a pé o Mar Adriático.
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Notas:
(1) Ludovico Pastor, Historia de los Papas, Gustavo Gili, Barcelona – Herrero Hermanos, México, 1910, vol. II, p. 422.
(2) www.masterclass. Spunti tratti da un’articolo di A. Raspagni sulla Rivista “Militaria”, nº 11, anno 2.
(3) V. Fallmerayer, Albanes. Clement 5. 7. Apud Pastor, op. cit. vol. II, p. 423.
(4) L. Pastor, op. cit., vol. II, p. 427.
(5) Cfr. L. Pastor, vol. IV, p. 82.
(6) Diccionario Enciclopedico Hispano-Americano, Barcelona, Montaner y Simón, Editores, 1896, tomo XVIII, p. 819.
(7) L. Pastor, op. cit., vol. IV, p. 84.

 

(Fonte: José Maria dos Santos, “Catolicismo”, abril de 2004)

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