InícioHISTÓRIAPapa Pacelli - Pio XII, o Anti-Hitler

Papa Pacelli – Pio XII, o Anti-Hitler

Texto enviado por colaborador defendendo Pio XII: “Na condição de fazer parte da assim chamada Lista do Papa PIO XII e cumprir um dever de consciência, relato o seguinte: consegui escapar do terror nazista e campos de extermínio, sob os auspícios do Santo Padre Pio XII…”

Na condição de fazer parte da assim chamada Lista do Papa PIO XII e cumprir um dever de consciência, relato o seguinte:   consegui escapar do terror nazista e campos de extermínio, sob os auspícios do Santo Padre Pio XII, conforme a descrição da pesquisa e livro de Abraham Milgran, Editora Imago, com o título “Os Judeus do Vaticano”, também publicado no Brasil, onde apareço à pág. 50, juntamente com minha família, sob o n° 599, em reprodução da lista fornecida pelo Itamarati.

Este livro traz o relato da salvação de católicos não-arianos da Alemanha para o Brasil, entre 1939 e 1942. Sendo eu católico, filho de pai israelita, para os nazistas era considerado não-ariano.

Recentemente foi publicado no Brasil, o livro traduzido para o português, “O Papa de Hitler”, por John Cornwell – Imago Editora, 2000 -, onde o autor se utiliza de interpretações dos fatos e atos com absoluta parcialidade usando, tendenciosamente, conclusões na base do “tudo indica”, “descobri indícios”, valorizando informações mal analisadas, forçando argumentos, distorcendo verdades, confundindo certeza com verdade e prudência com omissão, não dando crédito à dúvida.

Quando descreve a figura do Papa, recolhe impressões: “ sublime egocentrismo papal” (pg. 13), “na aparência, sensibilidade felina e vaidade ‘feminina’, sugestão de narcisismo (pg. 13); “ o supremo autoritário”, “Quanto mais elevado o pontífice, menores e menos significativos os fiéis. Quanto mais santo e distante o pontífice, mais profano o mundo inteiro .”, “…à sua extraordinária ambição”, “…ter exercido uma influência fatal e culpável na História deste século…” (pg. 15); “ambigüidade deliberada”(Pg. 333);      chama-o de hipócrita (pg. 334) .

Certamente, não tem a isenção necessária para analisar a figura e a complexa situação e missão do Papa.

Na primeira página, ou seja, na capa, já escancara a maldade e sensacionalismo de um autor faccioso.  O livro de título Hitler’s Pope traz na capa a fotografia de Pacelli, na condição de diplomata, descendo a escadaria do Palácio Presidencial, entre dois soldados alemães, em 1929 (Hitler assumiu o poder em 1933).

Ao ler o livro de John Cornwell, com isenção,  e analisar os fatos sem as suas considerações forçadas e inverídicas, chegaríamos ao extremo oposto, ou seja, o Papa Pio XII, na verdade, sempre foi o anti-Hitler.

A título de comprovação, transcrevo algumas afirmativas deste autor, sem as  interpretações distorcidas e perniciosas.

CAPÍTULO: PRIMEIRA GUERRA

pg. 74

Em colaboração com a Cruz Vermelha Internacional e o governo suíço, negociou troca de prisioneiros feridos (3 ). Em decorrência de seus esforços, cerca de 65.000 prisioneiros voltaram para casa.

pg. 132

“apesar das confiantes declarações de Hitler, o VATICANO não era absolutamente favorável ao Partido nazista. A Santa Sé não endossava o nazismo implícito ou explícito do nacional socialismo.”

“No L’Osservatore Romano de 11/10/1930, o editorial declarou que a participação no partido nacional-socialista era “incompatível com a consciência católica”

pg. 148

“Assim que tomou conhecimento da carta de 22 julho, Pacelli respondeu com veemência num artigo em duas partes, publicado em 26 e 27 julho no L’Osservatore Romano. Primeiro, ele negou categoricamente a afirmação de Hitler de que a concordata representava uma aprovação moral para o nacional-socialismo.”

“tratado não implicava de jeito nenhum na aprovação do estado nazista pela Santa Sé; ao contrário…”

pg. 156

“Os protestantes, vendo o Vaticano negociar uma concordata com Hitler, procuravam agora e conseguiriam um acordo similar, baseado no modelo católico.”

obs.: o autor não dá nenhum valor político a este acordo protestante.

(A Santa Sé é julgada culpada pelo autor pelas atrocidades de Hitler. Os protestantes, que eram maioria na Alemanha, com o mesmo acordo, não foram julgados culpados ?)

pg. 162

“Pacelli tentara enganar Hitler…”

pg. 179

“Pacelli acrescentou que o Papa planejava assumir uma posição pública num discurso “contra as coisas que aconteceram na Alemanha”

pg. 200  – ENCÍCLICA:

1937 – “Mit brennnender Sorge”(Com profunda ansiedade)… uma condenação direta e franca do tratamento dispensado pelo Reich à Igreja, persiste para muitos católicos e não-católicos como símbolo da corajosa  franqueza papal.”

pg. 201 – ENCÍCLICA:

“que o parceiro da Igreja (Hitler) na concordata “semeara as ervas daninhas da suspeita, discórdia, ódio, calúnia e hostilidade secreta e ostensiva contra Cristo e sua Igreja”.

pg. 202

“Heydrich ordenou que todas as cópias do documento fossem confiscadas”.

“Os nazistas consideraram a encíclica como um ato subversivo. As empresas que colaboraram na impressão do documento foram fechadas, muitos dos seus empregados foram presos.”

Pg. 204

“As proibições talvez refletissem a ira nazista pela partida do Papa (Pio XII) de Roma para Castel Gandolfo, no início do mês, quando Hitler visitara a Cidade Eterna.”

Nas pg. 206 e 218/219 – aparecem várias histórias de resistência, por padres e católicos…

pg. 222

“Cardeal Theodor Innitzer (…) , esse príncipe da Igreja levou sua ousadia a ponto de receber Hitler calorosamente em Viena.

Pacelli ficou indignado com este ato de adesão local. Pacelli divulgou um aviso no L’Osservatore Romano declarando que a recepção a Hitler, oferecida pela hierarquia austríaca não tinha endosso da Santa Sé.”

Pg. 239

“a 3 de março, o Berliner Morgenpost declarou “a eleição de Pacelli não é aceita favoravelmente na Alemanha, já que ele sempre foi hostil ao nacional-socialismo”

pg. 252

“Pacelli não sentia a menor atração por fascistas ou nazistas, e apelidara Hitler de  “Atila motorizado”.

Pg. 249 – 262 –

“Pacelli, o Papa da Paz”

pg. 263

“Pacelli sentia-se preocupado com o impacto retaliatório que um protesto poderia provocar contra as populações católicas da Alemanha e da Polônia?”

Pg. 264

“Pacelli, finalmente falou. Foi sob a forma de uma encíclica “Treva sobre a Terra”. Divulgada em 20 outubro, saiu no L’Osservatore Romano em 28 outubro. “

Pg. 265

“havia palavras vigorosas …”nem grego, nem judeu, nem circuncidado, nem não-circuncidado”…”o sangue de muitos que foram cruelmente massacrados, embora não tivessem funções militares, clama aos céus, em particular da muito amada terra da Polônia.”

CAPÍTULO: PACELLI  E A CONSPIRAÇÃO ANTI-HITLER

Pg. 266

“Em novembro de 1939, Pacelli envolveu-se, de uma forma central e perigosa, no que foi provavelmente a conspiração mais viável para depor Hitler durante a guerra (30).”

“Uma parte fundamental do plano envolvia os serviços de Pio XII”

pg. 267

“não se pode subestimar o risco dessa conspiração para o Papa, a Cúria e para todas as pessoas associadas ao Vaticano”.

“historiador Harold Deutsch considerou que foi “um dos mais espantosos eventos na história moderna do Papado”.

“Pacelli foi longe demais (?). Os riscos eram imensos. Se Hitler tomasse conhecimento, é bem provável que tivesse se vingado de uma maneira brutal na Igreja Católica da Alemanha.”

“Pacelli sabia muito bem dos perigos e complexos problemas éticos envolvidos”

“em 6 novembro 1939, Müller foi informado de que o Papa estava disposto a fazer “tudo o que pudesse”.

“Tinha informação confiável de que os alemães planejavam uma violenta ofensiva no ocidente, em fevereiro. Mas a ofensiva poderia não ocorrer, se esses chefes militares derrubassem Hitler.”

Pg. 271

“Quanto à Pacelli, no julgamento do historiador Owen Chadwick, “o Papa arriscou o destino da Igreja na Alemanha, Áustria e Polônia. Talvez tenha arriscado mais. Provavelmente arriscou a destruição dos jesuítas alemães..”.

pg. 272

“seu ódio a Hitler era suficiente para que assumisse graves riscos com a própria vida.”

Pg. 275-277

“L’Osservatore Romano é condenado pelos fascistas, exemplares destruídos, jornaleiros espancados. Finalmente Pacelli foi emboscado em Roma, em conseqüência ele tornou-se um prisioneiro voluntário dentro do Vaticano.”

“A rádio Vaticano também se encontrava sob ameaça.”

“L’Osservatore  corria o risco de ficar restrito aos muros do Vaticano.”

“âmbito da ação de Pacelli era bastante limitado”

pg. 277

“os aposentos do Vaticano abrigaram os representantes de todos os países ocupados e hostis”

pg. 280

“A eletricidade do Vaticano era fornecida pela Itália”

(Obs.: a água também. O Papa, estando praticamente sitiado no Vaticano, além do que fez,  o que mais poderia fazer?)

pg. 348

“um número desconhecido de judeus de Roma escapou à prisão porque se esconderam em instituições religiosas extraterritoriais protegidas pela Santa sé, inclusive na própria cidade do Vaticano”

pg. 350

“o plano de Hitler para seqüestrar Pacelli..”.

CAPÍTULO: O TESTEMUNHO JUDAICO

pg. 355

“Apesar de tudo, houve judeus que concederam a Pacelli o benefício da dúvida – e que continuam a fazê-lo até hoje.

Em 29 novembro de 1945,  Pacelli reuniu-se com 80 representantes de refugiados judeus de vários campos de concentração da Alemanha, que se expressaram “sua grande honra por serem capazes de agradecer ao Santo Padre por sua generosidade com os perseguidos durante o período nazi-fascista”

“- que proporcionaram conforto e segurança a centenas de milhares de pessoas”

pg. 360

“ rabino Israel Zolli, que se refugiara no Vaticano e se tornaria o maior defensor judeu de Pacelli…”

pg. 419

“uma absolvição entusiasmada de Pacelli no livro de Pinchas E. Lapide (Londres, 1967). Lapide foi cônsul israelense em Milão no início da década de 1960, vasculhou os arquivos YAD VASHEM, os arquivos sionistas centrais e os Arquivos históricos Judaicos à procura de detalhes da ajuda do Vaticano aos judeus durante a guerra.

Calculou que PIO XII direta e indiretamente salvou a vida de 860 mil judeus.”

pg. 422

CHADWICK

“também não tenho dúvidas de que estaria disposto e contente em sacrificar sua vida (…), mas o que ele podia realmente fazer?”

CAPÍTULO: OS JUDEUS HÚNGAROS

pg. 364/365

“demonstra como os judeus húngaros foram salvos pela Santa Sé.”

CAPÍTULO:  OUTROS ESCRITORES

pg. 418

The Catholic Church and  Nazi Germany (N.York, 1964) de Guenter Lewy –  faz uma justa avaliação do dilema angustiante de Pacelli, admitindo que o protesto poderia agravar a situação para os judeus e também para os católicos.

O autor é conhecido também por outros livros fantasiosos que escreveu sobre papas.

Se, por um lado, recheia sua obra com acusações inverídicas, e com o mau cheiro de sua alma, alinhadas intencionalmente para escandalizar, porque no escândalo ele encontrou o nicho para ganhar dinheiro, dentro da melhor técnica nazista.

Em verdade, o Papa Pacelli Pio XII agia e precisava ser prudente e com responsabilidade, como não poderia deixar de ser naquela situação – sitiado e indefeso .

Com toda justiça e comprovadamente, o Papa Pio XII era o anti-Hitler.

Rolf Zelmanowicz
ZELMANOWICZ@aol.com

Ver outras informações em defesa de Pio XII

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