Esta grande devoção teve, aliás, imenso incremento no período medieval.
Podemos então dizer que ela ‒ aperfeiçoada pela Contra-Reforma ‒ chegou até nós impregnada do perfume da Idade Média.
A presencia real de Nosso Senhor Jesus Cristo, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Sagrada Eucaristia está fundamentada nas próprias palavras de Cristo na Última Ceia: “Este é meu corpo, esta é minha sangue”.
A Fé na presença real de Cristo na Eucaristia foi professada universalmente por toda a Igreja desde sua fundação.
Só com o protestantismo que apareceram contestações, aliás mais próximas da chicana do que qualquer outra coisa. Foram sobejamente refutadas pelos Doutores e notadamente pelo Concílio de Trento.
Na crise da fé no século XX, reapareceram falsos teólogos que pretenderam reviver os erros protestantes com outro nome.
É o malfadado progressismo, que tem menos fundamento na verdade que os próprios protestantes. Todos esses erros acabarão ficando à margem da História, como já ficaram os de Calvino, Zwinglio, Melanchton ou Lutero.
Esse genuíno desenvolvimento do dogma católico gerou um grande movimento de piedade eucarística.
Um dos seus momentos culminantes foi a instituição da festa de Corpus Christi, em 1264.
Como o povo penetrado de verdadeira fé aspirava ver a Deus feito carne na Hóstia consagrada, foi introduzido na Missa o rito da elevação. Ele acontece logo depois da Consagração.
Durante a elevação, os medievais faziam soar um sino especial, e os fiéis espalhados pela catedral ou pela igreja acorriam para ver e adorar a Hóstia divina.
Também se acendia um círio num alto candeeiro. Posteriormente acendeu-se um castiçal pequeno, também chamado de palmatória, que assim ficava até a comunhão, para significar a presença real de Cristo na Eucaristia.
Nesses felizes tempos medievais em que florescia a fé foram compostos vários hinos ao Santíssimo Sacramento cantados até hoje, ou, pelo menos, até que a desordem progressista não os bloqueou. É de se esperar que essa sabotagem não dure muito.
Entre esse hinos fiéis reflexos do dogma católico figura o Ave Verum em posição de destaque.
A maioria dos autores concorda em atribuir a autoria a São Tomás de Aquino (+ 1274).
Ele fez outros hinos também famosíssimos, cheios de lógica e unção, consagrados a Cristo Sacramentado.
Citemos, pelo menos, o Pange língua, o Verbum supernum prodiens, o Sacris solemnis, o Adoro te devotee a não menos divinamente inspirada seqüência Lauda, Sion, Salvatorem.
Eis o texto do Ave Verum, com sua tradução ao português e sua partitura (gregoriano):
Ave verum corpus natum de Maria Virgine
Salve, ó verdadeiro corpo nascido da Virgem MariaVere passum, immolatum in cruce pro homine
Que verdadeiramente padeceu e foi imolado na cruz pelo homemCuius latus perforatum fluxit aqua et sanguine
De seu lado transpassado fluiu água e sangueEsto nobis praegustatum mortis in examine
Sê para nós remédio na hora tremenda da morteO Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae.
Ó doce Jesus, ó bom Jesus, ó Jesus filho de Maria.
Ouça o hino Ave Verum Cantado pelo coro da TFP Americana:
https://www.youtube.com/watch?v=fJEFjSdWZuQ