Ressurgem as escolas exclusivas para meninos ou meninas. Elas favorecem o desenvolvimento de uns e de outras. E estão aumentando a cada ano. Hoje somam 240 mil escolas em 70 países no mundo.
Uma moda inspirada no espírito anárquico igualitário de Maio de 68 e no relativismo moral espalhado em nome de Concílio Vaticano II desqualificou as escolas single-sex (só para meninos ou só para meninas).
A revolução cultural-sexual da Sorbonne começou em marco de 1968 na Universidade de Nanterre, na periferia de Pais, reclamando toaletes comuns para homens e mulheres.
Hoje, essa reivindicação está no cerne da agenda LGBT e causa profundas divisões nos EUA, onde a população recusa a mistura de toaletes que admitiria aos transexuais.
As escolas sem distinção de sexo não deram os resultados prometidos pela utopia igualitária e danificaram várias gerações.
Por isso as escolas para sexo único voltam a ganhar espaço. Elas mostraram se adaptar melhor aos ritmos diferentes de cada gênero.
Elas são apoiadas por estudos que apontam diferenças no desenvolvimento cognitivo e social de meninos e meninas, informou o jornal “Gazeta do Povo”.
Também como vem sendo observado por pais de família e comentaristas do blog e nas redes sociais, criam um ambiente propício para a moralidade e os bons costumes.
“As aulas single-sex podem tornar mais fácil aos professores adaptar o ensino às características comportamentais dos alunos”, afirma o psicólogo da escola norte-americana Clover Park School District, Robert Kirschenbaum.
Nas escolas single-sex não há diferenças nos conteúdos, mas sim nos métodos, que são mais adequados aos perfis de meninos ou meninas.
O resultado é uma educação personalizada, que atende às necessidades específicas e gera resultados mais eficazes.
“Em um ambiente single-sex, principalmente nas idades de 13, 14 e 15 anos, há a oportunidade, tanto para os meninos como para as meninas, de serem eles mesmos por mais tempo”, disse o ex-diretor da faculdade Eton College, Tommy Little, no Fórum Global de Educação e Habilidades (GESF, Global Education and Skills Forum).
No Brasil, as escolas single-sex entraram em declínio depois da década de 1950, quando as instituições públicas passaram a ser mistas.
Mas elas não desapareceram. De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica, em 2010 existiam pelo menos 612 escolas públicas e privadas em regime não misto no país.
Em Curitiba (PR), o Colégio do Bosque Mananciais tem como objetivo atender aos ritmos e perfis distintos de meninos e meninas.
“A sociedade estava carente desse sistema educacional”, analisa Leandro Pogere, diretor da instituição.
“Encontramos nesse modelo aquilo que muitas famílias estavam buscando: maior foco no estudo, relacionamentos mais saudáveis e respeitosos, professores que compreendem o universo dos alunos com mais facilidade, os respeitam e motivam, e que auxiliam os pais”, afirma.
No ambiente escolar, a separação por sexo é total: meninos têm professores e as meninas têm professoras, com aulas em prédios distintos, que ficam separados por um bosque.
“Certamente todos já constatamos que há profissões comumente exercidas por homens e outras por mulheres. Na educação single-sex podemos encontrar uma solução, uma vez que trabalhamos as habilidades que comumente são encontradas no outro sexo”, conclui.
Nos EUA, o sistema single-sex, ainda restrito quase exclusivamente às escolas privadas de elite e religiosas, começa a ser usado no ensino público, principalmente em regiões de baixa renda.
Na escola primária Charles Drew, na Flórida, um quarto das turmas é separado por sexo. O alto desempenho observado em escolas single-sex compensa o baixo desempenho característico de uma escola periférica.
A avaliação estadual da escola subiu de nota D para C. Resultados similares foram encontrados em outras escolas públicas que adotaram turmas single-sex em centros urbanos como Nova York, Chicago e Filadélfia.
Segundo o Departamento de Educação dos EUA, o país contava em 2014 com 850 escolas públicas single-sex e cerca de 750 escolas públicas que oferecem pelo menos uma turma single-sex. Cfr. Blog do BG.
O modelo de educação personalizada ganhou força nos EUA em 2002, quando uma lei permitiu às agências educacionais locais usar fundos públicos — destinados a “programas inovadores”— para apoiar escolas que separavam estudantes por gênero.
Em 2002 só uma dúzia de escolas públicas oferecia o serviço. Menos de uma década depois, em 2011, pelo menos 506 instituições públicas tinham atividades desse tipo.
Só na Espanha — país de origem do criador da Educação Personalizada, Victor García Hoz — há pelo menos 219 centros de estudo oferecendo educação diferenciada.
A Suprema Corte da Espanha reconheceu esse direito a nove colégios da Andaluzia. Cfr. Solar Colegios.
Esse tipo de escola tende a se disseminar pela América Latina, diz o secretário geral da Associação Latino-americana de Centros de Educação Diferenciada (Alced), Ricardo Carranco.
Em 1995, a Escola Catamarã, em São Paulo, foi fundada sob o projeto pedagógico de Hoz.
Além dela, o Colégio do Bosque Mananciais, em Curitiba, virou símbolo da educação diferenciada por sexo no país.