
É tido em geral quase como um dogma que religião e ciência nada têm em comum. Mas, ao mesmo tempo, muitos cientistas querem provar a falsidade da religião por meio da ciência. O que leva a concluir que eles se valem da ciência para disseminar o ateísmo.
Isso é contraditado pelos verdadeiros homens de ciência, que sabem distinguir o que é da ciencia e o que é da fé. Exemplificaremos com dois matemáticos famosos, vencedores da Medalha Fields, o maior prêmio concedido a cientistas dessa matéria, conforme artigos publicadas no site Religión en Libertad.
Matemático Enrico Bombieri
Em entrevista a Francesco Agnoli, publicada por Religión em Libertad, falando da relação entre ciência e metafísica, Bombieri afirma: “Para mim, a matemática é um modelo de verdade — embora um modelo bastante restringido por normas claras de consistência — que nos diz que uma Verdade absoluta (com V maiúsculo) deve existir, ainda que não possamos compreendê-la”.
Para ele, “a matemática, que é a ciência da verdade lógica, certamente nos ajuda a entender as coisas, e, portanto, é natural para um matemático que crê em Deus […] reconciliar o conceito da existência de Deus com a verdade que provém da matemática, embora esta seja limitada”.
O ilustre matemático acrescenta que “Pascal e Di Giorgio haviam entendido que Deus não é só um Deus platônico, abstrato, geométrico, aritmético ou simplesmente criador de um universo abandonado a si mesmo. Eles tinham a visão de um Deus que é mais difícil de entender, um Deus que é não só de potência, mas também de amor infinito. Só assim é possível, com humildade, aceitar o conceito cristão da Redenção”.
Comentando um discurso de Bento XVI, em 2006, que faz uma referência à matemática, Bombieri diz: “A consistência matemática do nosso universo é certamente uma razão para ver o Deus criador do universo, como bem expressou o Papa Bento XVI em seu discurso. Sem embargo, há algo mais. A matemática abstrata, enquanto ciência coerente da verdade lógica, reforça em nós a certeza da Verdade absoluta que é Deus. Deus é Criador, Amor infinito e Verdade infinita”. Isso na boca de um famoso cientista desfaz muitos mitos a respeito da distância entre a fé e a religião.
O articulista termina a entrevista com esta bem formulada conclusão: “A profundidade das reflexões do vencedor italiano da medalha Fields, que se pode apreciar nesta entrevista, é certamente o motivo pelo qual o frívolo mundo mediático prefere infelizmente dar espaço só a pseudo-intelectuais armados com textos superficiais e provocações banais. Esta entrevista foi uma muito apreciada exceção” a essa regra.(2)
Matemático Laurent Lafforgue
Falando da crise de identidade do mundo atual, ele explica que, “hoje, no âmbito jurídico, por exemplo, concebe-se o direito como uma construção formal e arbitrária. Abandona-se deliberadamente assim a questão da Verdade. Se se faz isso, é porque se perdeu ‘o sentido da verdade’. Perdemo-lo em grande parte no mundo moderno, porque buscamos a Verdade com o critério da objetividade perfeita. Desejaríamos uma máquina que encontrasse a verdade de maneira automática em nosso lugar. Como já não somos sensíveis à verdade, necessitamos de alguém que o seja por nós. Mas não existe um mecanismo para tal: as instituições, um regime político, uma constituição… Hoje vemos as conseqüências da perda da sensibilidade à verdade e, ao mesmo tempo, não temos receitas para voltar a encontrar essa sensibilidade. Nós, como cristãos, procuramos ser humildes sobre esse tema”. Isso no sentido de que “o cristianismo diz que, face à verdade, somos muito frágeis. Não só nosso sentido moral está ferido, pois somos pecadores, mas também a nossa inteligência está ferida. E, portanto, estamos expostos a todo momento ao erro. E para nos protegermos dele, esperando percorrer o caminho da verdade, não temos melhor recurso do que a oração, do que nos dirigirmos a Deus e rezarmos humildemente para que nos ilumine; porque temos experiência de erros monumentais, às vezes de maneira individual, outras de maneira coletiva. Assistimos hoje a coisas aberrantes […]. Nossa inteligência é tão débil como nossa vontade. Necessitamos nos dirigir a Deus e pedir-Lhe que nos ilumine. Isso não dispensa utilizar o rigor da razão, não nos dispensa de ser inteligentes”.
O entrevistador pergunta: “Se pudesse dizer sinteticamente se é possível um novo início, que diria?” Ao que responde o Prof. Laurent: “Só o Espírito Santo pode gerar um novo início. Só com as forças humanas é impossível. Na França, no ano passado, vimos o governo propor uma lei para desnaturar o matrimônio [reconhecer o casamento civil entre homossexuais], mas, ante a surpresa geral, produziu-se uma oposição muito forte. Milhões de pessoas se manifestaram nas ruas contra essa lei”. E conclui: “Para renovar a Europa [diríamos nós, o mundo], é preciso começar assim. É inimaginável que os políticos se convertam de repente. E não serão as instituições que os converterão. As coisas correm no nível das pessoas. […] Os grandes movimentos históricos nascem de fatos pequenos”.(3)
Notas:
- https://it.wikipedia.org/wiki/Enrico_Bombieri
- http://www.religionenlibertad.com/la-matematica-refuerza-la-certeza-de-la-verdad-absoluta-que-es-42238.htm
- http://www.religionenlibertad.com/laurent-lafforgue-matematico-de-relieve-europeo-la-verdad-es-que-sin. http://tracce.it/default.asp?id=266&id2=346&id_n=41523&ricerca=Laurent+Lafforgue

[…] movimentos históricos nascem de fatos pequenos”.(3) Título Original: Ciência e Fé Link: http://www.lepanto.com.br/catolicismo/ciencia-e-fe/ciencia-e-fe/ Site: Lepanto Editado por Henrique […]