Santa Relíquia conquistada por cruzados

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Jerusalém, 15 de julho de 1099. Após longo e árduo cerco, os cruzados conseguiram finalmente romper as muralhas da Cidade Santa e tomá-la de assalto aos infiéis muçulmanos.

Um grito de júbilo ressoou então por todo Próximo Oriente e repercutiu do outro lado do Mediterrâneo: o sepulcro sacrossanto, onde o corpo divino do Salvador repousou por três dias encontra-se agora em mãos dos soldados de Cristo. Diante desse lugar bendito entre todos, as legiões cristãs dobraram joelhos e prostraram-se por terra em sinal de veneração.

Entre os bravos cruzados que chefiaram tão bela epopeia, se encontrava o belga Roberto 11, conde de Flandres. Esbelto, forte e de uma coragem sobre humana, este valente guerreiro recebeu do Patriarca de Jerusalém, como recompensa por seus heroicos esforços, uma relíquia de valor inestimável: um pedaço da rocha do Calvário impregnada do sangue que Nosso Senhor vertera durante a Paixão.

Ao retomar do Oriente, o conde de Flandres mandou erigir em Bruges, capital do Condado, uma linda capela gótica para abrigar o relicário de ouro contendo as gotas do preciosíssimo sangue.

Em volta dessa relíquia venerável, os senhores feudais se reuniam para prestar o juramento de fidelidade ao suserano da região. A partir de então, surgiu o costume de se abrir à veneração pública o santo relicário.

Com o passar do tempo, tal solenidade transformou-se numa grandiosa procissão religiosa durante a qual toda a população da cidade se reúne para venerar o sangue que Cristo derramou por nós no alto da Cruz.

Séculos depois da libertação de Jerusalém pelos cruzados, ainda se comemora em Bruges aquela gesta memorável, que deu ensejo a que a cidade adquirisse tão preciosa relíquia.

Anualmente, sempre na festa da Ascensão do Senhor, clérigos, nobres e magistrados se unem aos burgueses e à gente miúda do povo para evocar, numa verdadeira explosão de cores e sons, a entrada solene do Conde e da Condessa de Flandres em Bruges, cena que vem reproduzida na foto abaixo.

Nela, o nobre casal aparece a cavalo, trajando a indumentária típica do medieval cristão.

A seu lado, coberta por linda capa rubra e trajando um faustoso vestido de seda dourada, a Condessa o acompanha no solene cortejo.Cabeça protegida pelo elmo encimado pela Cruz, cota de malha, olhar altivo e sereno, próprio a quem está compenetrado do valor transcendente do objeto que porta, o Conde segura firme às rédeas de sua montaria, como se estivesse pronto a reconquistar, mais uma vez se necessário, Jerusalém e os Lugares Santos.

Nas ruas da cidade, o povo se rejubila e manifesta entusiasmo. Repicam os sinos das igrejas, arautos tocam seus trompetes anunciando a chegada da relíquia, como se vê na foto acima.

Bruges retroage assim, por algum tempo, àquela época que ficou gravada na História como a doce primavera da Fé, época que viu florescer as universidades, construiu as catedrais e empreendeu as cruzadas!

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